O Banquete Vazio: O Fim de Senaqueribe e os Sonhos dos Tiranos
Será também como o faminto que sonha, que está
a comer, porém, acordando, sente-se vazio; ou como o sedento que sonha que está
a beber, porém, acordando, eis que ainda desfalecido se acha, e a sua alma com
sede; assim será toda a multidão das nações, que pelejarem contra o monte Sião. Isaías 29.8
Isaías 29:8 faz parte de um capítulo
em que o profeta condena a rebeldia de Jerusalém e das nações que se opõem a
ela, prevendo o castigo da ira de Deus quem se levanta contra seu povo sem sua
ordem. Nesse versículo oito, o profeta inspirado pelo Espírito Santo usa a
metáfora do homem faminto e sedento, que sonha com comida e bebida, mas ao
despertar percebe que ainda está faminto.
Esse trecho faz referência à desilusão
das nações que tentam invadir e destruir Jerusalém e também, numa segunda aplicação,
não menos importante, todos que se levantam contra a Santa Igreja de Deus.
Historicamente, o contexto de Isaías 29 está ligado ao cerco de Jerusalém por
nações estrangeiras, como a Assíria. Senaqueribe, rei assírio, foi um dos
inimigos mais temidos, cujo exército se preparava para tomar a cidade. No
entanto, as profecias de Isaías indicam que, apesar do aparente poder dessas
nações, elas fracassariam, assim como o homem que sonha em comer, mas acorda
ainda vazio. Esta metáfora é sensacional. -- Quanto mais o tirano busca devorar
o Reino de Deus, mais faminto ele se torna, pois a ilusão da posse é o maior de
seus flagelos. Todos os sonhos dos tiranos terão o fim de Senaqueribe. E todos
que marcham contra Sião serão mortos com a barriga rocando de fome. Não exista
grande que não caia aos pés de Cristo.
Imagine um exército poderoso,
marchando com extrema fúria e ambição, certo de que a vitória sobre o Monte
Sião está ao seu alcance. Eles veem o saque diante de si, como um banquete
prometido. Mas quando estendem a mão para tomá-lo, tudo se desfaz, como um
sonho. Glória Deus!
É como o homem faminto que, em seu
sono, imagina-se à frente de uma mesa farta, mas ao acordar, encontra apenas o
vazio, sua fome ainda maior. Ou como a pessoa sedenta, que sonha em beber água
fresca, mas desperta com a garganta seca, ainda mais aflita. E muitos além da
sede terrena, despertaram no lugar eterno de extrema sequidão.
Assim será o destino de todas as
nações que ousarem atacar Sião: elas se iludem com a certeza de sua vitória,
mas quando despertam, encontram apenas derrota e frustração, aprisionadas pelo
vazio de suas ilusões.
A Fome da Alma e a Vontade do Nada
Oh, como a humanidade se embriaga com
seus sonhos de conquista! Como os poderosos — reis e tiranos — marcham com suas
hordas, acreditando que o mundo é uma mesa posta para seu banquete! Mas eis a
verdade crua que Isaías revela: não há banquete, não há saciedade. Quando
despertam de suas ilusões, estão mais famintos do que antes, mais vazios, mais
fracos. O que é essa fome que não cessa, senão a própria sede pelo impossível
diante dos decretos de Deus?
Senaqueribe, com toda sua arrogância,
foi ao encontro de Sião, acreditando que a cidade santa seria sua presa fácil.
Ele, como tantos antes e depois dele, não entendeu que há algo em Sião que
transcende o desejo mundano. O Monte Sião é o símbolo daquilo que é intangível,
do divino que escapa às garras humanas. E, no entanto, esses reis sedentos,
esses homens cheios de vontade de poder, sonham em tomá-lo, até os dias de hoje.
Pobres sonhadores! Ao acordar, suas almas gritarão por aquilo que nunca poderão
alcançar, como Isaías tão poeticamente nos mostra: "Será como quando um
homem faminto sonha que está comendo, mas acorda e sua alma está vazia."
Eis o castigo mais terrível de todos:
não a derrota nas mãos de outros homens, mas o desafia Deus, o confronto com o
próprio vazio da alma contra Aquele que enche todas as coisas. A alma faminta,
sempre desejando mais, sempre esperando que o próximo banquete, a próxima
conquista, o próximo ato de poder traga satisfação — essa alma está condenada.
Pois a fome não é pelo alimento, a sede não é pela água; é pelo próprio ego,
por um sentido que escapa àqueles que vivem apenas pela vontade do poder.
Numa terceira aplicação pastoral, além
da histórica e teológica, o que Isaías nos revela é a tragédia humana em se
rebelar contra Deus e Seu Ungido. As nações que se erguem contra Sião não lutam
apenas contra uma cidade; elas lutam contra o próprio Deus. Seus sonhos de
grandeza são como fumaça, dissipados pela luz da manhã. O banquete que pensavam
devorar desaparece, e o que resta é apenas o gosto amargo do fracasso. Assim
será com todos os tiranos da história que se levantam contra o povo de Deus. Em
algum momento parecem em vantagem, mas a derrota e humilhação são certas. o
desejo pecaminosol é a maior tragédia humana.
Senaqueribe, poderoso rei da Assíria,
derrotado volta para sua casa em Nínive, e em adoração pagã ao seu deus
Nisroque, é morto por seus filhos a espada, Adrameleque e Serezer. E
Esar-Hadom, outro filho, reinou em seu lugar. (2Rs 19.37; Is 37.38). -- Oh,
como o poder dos homens se revela frágil diante do insondável! Senaqueribe, o
grande rei assírio, que marchou sobre Jerusalém com a certeza de um predador
que já sente o sabor de sua presa, com água na boca, não previu o golpe
invisível que o esperava. Em uma única noite, 185 mil de seus homens caíram —
abatidos não pelas armas de seus inimigos, mas por algo muito sobrenatural.
Os críticos, sempre ávidos por
explicações terrestres, falam de pragas e doenças. Mas o que importa se foi uma
peste ou a mão de um anjo? A verdade é clara: Senaqueribe foi quebrado, não
pela força das muralhas de Jerusalém, mas pela própria futilidade de seu poder.
E como termina esse rei tirano, que
acreditava ser o dono dos destinos dos homens? Morto por seus próprios filhos,
traído pelo sangue que ele mesmo cultivou. O império que ele sonhava forjar
desmoronou ao seu redor, como os sonhos de conquista que desaparecem ao
amanhecer. O poder que ele tanto buscava o devorou, transformando-o em nada
mais que uma lembrança — uma nota irônica na história, onde até os maiores se
curvam diante de Deus.
Que lição amarga! Aquele que desafia Deus
e marcha contra o Santo encontrará não glória, mas o vazio — o fim inevitável
que espera por todos os que acreditam que podem dobrar o mundo à sua vontade. Senaqueribe,
o tirano que sonhou com glória, mas despertou em ruínas.
Cegamente,
muitos querem abraçar o vazio, e olhar para o abismo sem medo. E Isaías, em sua
profecia, nos dá o primeiro vislumbre dessa verdade brutal: os que buscam no
mundo o que apenas o espírito pode conceder estão destinados a acordar de seus
sonhos e se deparar com a horrível realidade de sua fome eterna. Que o Senhor nos
livre dessa cegueira! O Monte Sião não pode ser conquistado, pois ele
representa o que está além da carne, além da matéria, além do poder terreno. É
o símbolo daquilo que nos escapa quando ainda estamos presos à terra. O desejo
pecaminoso é um sonho inatingível, a terrível ilusão dos desejos vãos.
Senaqueribe,
era um conquistador incansável, marchava sobre terras estrangeiras como um deus
vingador, decidido a proteger o império assírio de todas as ameaças que
ousassem desafiar sua glória. Babilônia, sempre inquieta, ousou erguer-se
contra sua vontade, e conheceu a brutal realidade do poder desse rei. Senaqueribe
cercava cidades muradas por meses e sufocava lentamente os povos como uma jiboia
que abraça sua presa exausta. Esse rei tirano era guiado por violência pura e
carnificina sem remorso. Ele não apenas tomava uma cidade, mas a devorava. Por
onde passava deixava calamidade, destruição, ruínas e sangue, humanamente ele
era o rei dos reis. E ia além, sua vitória não estava completa até que ele
profanasse o templo do deus dos inimigos. O grande ídolo de Marduque, deus dos
babilônios, foi arrastado para Nínive, como um troféu, uma prova incontestável
de que os deuses da Babilônia eram impotentes diante da força de um homem que
caminhava como um titã sobre a terra. Assim, Senaqueribe não apenas acabava com
uma cidade, ele quebrava o espírito de um povo. Quando ele cercou Jerusalém
esperava o mesmo feito. -- O exército assírio, em toda sua arrogância, foi
detido diante dos portões de Jerusalém, como uma onda furiosa que se quebra
contra um rochedo inabalável.
O
grande Senaqueribe, o conquistador invencível, aquele que ousou desafiar reinos
e deuses, encontrou seu fim de uma maneira irônica. Louvando no santuário de
seu glorioso deus mudo Nisroque, acreditando estar sob a proteção das deidades
que ele tanto venerava, foi ali, entre as figuras desses
"protetores", que ele foi esmagado. Grande escudo divino o
acompanhava! Morto pelas mãos de seus próprios filhos, enquanto buscava consolo
na proteção de estátuas silenciosas — Deus ri daqueles que acreditam poder
desafiá-lo (Sl 2).
A vida humana é permeada por sonhos
que nos embalam em promessas vazias. Assim como o homem faminto que sonha com
um banquete diante de si, nós, mortais e pecadores, corremos atrás de ilusões
que desaparecem no momento em que acordamos para a dura realidade. Eis aqui o
cerne da angústia pecaminosa: a busca incessante por aquilo que nunca realmente
podemos alcançar.
Isaías 29:8 nos traz a metáfora
perfeita dessa realidade. Os inimigos de Jerusalém, ávidos por sua destruição,
acreditavam que sua vitória era certa, como o faminto que, em sonho, se vê à
frente de uma mesa farta. No entanto, ao despertar, descobrem que tudo não
passava de fantasia, e sua fome, antes adormecida, agora clama ainda mais alto.
Assim será a multidão das nações que pelejam contra o Monte Sião — desejam,
planejam, sonham, mas ao final, acordam vazios, derrotados pela ilusão de seus
desejos vãos. Por toda história isso se repete e a fome e sede só aumentam. -- Um
último alerta aos tiranos, assim como o faminto em seu delírio, o tirano
persegue sombras, acreditando que o mundo é sua presa, mas desperta com as mãos
vazias.
Mesmo o povo de Deus, muitas vezes se afastam
dessa verdade como uma perigosa apostasia. Que Deus nos ajude a questionar as
ilusões que podemos cair, dogmas que destroem a fé no poder sobrenatural de
Deus. Não estamos distantes desse conflito que pode confundir nossa alma.
Cuidado com o que busca, pois há desejos que jamais serão saciados. A
insaciabilidade do desejo humano, essa ânsia pelo inalcançável, é a verdadeira
tragédia da nossa condição pecaminosa. Na batalha por Sião, aqueles que lutam
contra o que é Santo não apenas perdem a guerra externa, mas a interna, condenados
a viver eternamente insatisfeitos. Traga a memória a metáfora de Isaias,
"será como quando um homem faminto sonha que está comendo, mas acorda e
sua alma está vazia” — essa imagem pungente nos lembra que viver em busca do
inatingível é o maior castigo. Despertemos, então, do sonho enganoso, antes que
sejamos consumidos por essa fome incessante que jamais será saciada.
Que Deus nos ajude a desejar seu
banquete celestial cada vez mais, pois as migalhas dessa vida apenas nos fazem descobrir
que a fome é sua única realidade. Que essa mensagem poderosa do Espírito Santo
sirva para os inimigos da Igreja que marcham sobre Sião como Senaqueribe com
sede de conquista, mas suas almas nunca beberão da fonte da Água Viva.
RM-FRASES PROTESTANTES
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