4.12.16

DÍZIMO: VAMOS FALAR? [PARTE III] DOMÍNIO, LEI , GRANDE COMISSÃO E DÍZIMO


DÍZIMO: VAMOS FALAR? [PARTE III]
DOMÍNIO, LEI , GRANDE COMISSÃO E DÍZIMO
Estudo baseado em “Tithing and the church” / Gary North, 1994.
Por Raniere Menezes/Frases Protestantes, 2016.

E ordenou ao povo, que morava em Jerusalém, que desse a parte dos sacerdotes e levitas, para que eles pudessem se dedicar à lei do Senhor.
2 Crônicas 31:4.

O rei Ezequias entendia pelo menos duas coisas sobre o dízimo, em primeiro lugar, como rei, ele possuía autoridade delegada por Deus para governar sobre o dízimo pago por Israel, em segundo lugar, os levitas e sacerdotes tinham autoridade delegada por Deus para recolher os dízimos.

Em Israel não havia nenhum traço de voluntarismo moral, o dízimo em Israel era moralmente obrigatório, os versos de 5 a 10 mostram que Deus abençoava esta obediência:

E, depois que se divulgou esta ordem, os filhos de Israel trouxeram muitas primícias de trigo, mosto, azeite, mel, e de todo o produto do campo; também os dízimos de tudo trouxeram em abundância.
E os filhos de Israel e de Judá, que habitavam nas cidades de Judá, também trouxeram dízimos dos bois e das ovelhas, e dízimos das coisas dedicadas que foram consagradas ao Senhor seu Deus; e fizeram muitos montões.
No terceiro mês começaram a fazer os primeiros montões; e no sétimo mês acabaram.
Vindo, pois, Ezequias e os príncipes, e vendo aqueles montões, bendisseram ao Senhor e ao seu povo Israel.
E perguntou Ezequias aos sacerdotes e aos levitas acerca daqueles montões.
E Azarias, o sumo sacerdote da casa de Zadoque, lhe respondeu, dizendo: Desde que se começou a trazer estas ofertas à casa do Senhor, temos comido e temos fartado, e ainda sobejou em abundância; porque o Senhor abençoou ao seu povo, e sobejou esta abastança.
2 Crônicas 31:5-10

Não há razões para crer que esse sistema mudou na nova aliança. O dízimo esta relacionado ao domínio. Os cristãos não serão capazes de estender o domínio de Deus sem entender a essência do dízimo.  Assim, subordinação à igreja legítima, que se manifesta entre outras características, pelo pagamento do dízimo, traz os meios econômicos de dominação. A igreja, que é subordinada a Deus, reina na história.

Neste século, o Estado é percebido como o organismo principal de domínio, “cura” e “salvação”. Este tipo de Estado messiânico tem cooperado para retirar o domínio da Igreja. Isto é usurpação do inimigo, e devemos entender que satanás ocupa o mundo como um sem-terra, até o proprietário de direito expulsá-lo. Tendo este entendimento é também importante ressaltar que sempre é tempo de mudar, pois a santificação é progressiva.

Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis.
E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível.
Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar.
1 Coríntios 9:24-26

Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
Por isso todos quantos já somos perfeitos, sintamos isto mesmo; e, se sentis alguma coisa de outra maneira, também Deus vo-lo revelará.
Filipenses 3:14,15

A Grande Comissão faz parte dessa progressão. E esta Grande Comissão em Mateus 28.18-20 é um sistema que necessita de toda força e incentivo econômico e não deveria trabalhar só com 10% mas com 90%. Mas as pessoas geralmente se rebelam e consideram 10% um fardo pesado, demasiado oneroso. Quanto engano! Muitos acreditam que Deus não tem direito legal sobre eles. Também acreditam que Deus não tem nenhuma reivindicação econômica sobre eles; estão incorretos em ambos os pontos. E todos irão aprender isso no dia do seu julgamento.

Na prática, mesmo que neguem, muitas pessoas não estão satisfeitas com 90% para si, veem isso como uma violação da sua propriedade.

Agradecemos pela saúde, pelo alimento, pela força, pelo trabalho, mas o que damos a Deus? Assim como os israelitas da geração da conquista de Canaã não obedecemos.

E digas no teu coração: A minha força, e a fortaleza da minha mão, me adquiriu este poder.
Antes te lembrarás do Senhor teu Deus, que ele é o que te dá força para adquirires riqueza; para confirmar a sua aliança, que jurou a teus pais, como se vê neste dia.
Deuteronômio 8:17,18.

Os homens acham que são os únicos proprietários, acham que as suas ferramentas de produção são produto de suas próprias mãos, rendas, salários. Nao se veem devedores de Deus.

Uma objeção comum: “...mas Deus é dono de tudo e não precisa de nada, o que podemos dar a Ele que não seja Dele?” -- É exatamente o contrário, por Ele ser dono de tudo merece tributo, pode exigir o que quiser. E Deus estabeleceu o dizimo, entre outros tributos.

Quem legalmente recolhe o dizimo? Os magistrados civis que são ordenados por Deus (Rm 13), eles têm autoridade de recolher, são representantes de Deus, possuem autoridade representativa, os homens podem até se queixarem mas raramente se rebelam por medo da espada. O que dizer dos ministros de Deus? Não possuem autoridade porque não são ministros civis?

E as vossas sementes, e as vossas vinhas dizimará, para dar aos seus oficiais, e aos seus servos.
Também os vossos servos, e as vossas servas, e os vossos melhores moços, e os vossos jumentos tomará, e os empregará no seu trabalho.
Dizimará o vosso rebanho, e vós lhe servireis de servos.
1 Samuel 8:15-17.

Muitos dos que se alegram que a oferta deve ser livre dos 10% geralmente dão abaixo do percentual do dízimo. O dinheiro é a mais representativa forma de riqueza. E por isso que Jesus advertiu que os homens não podem servir a dois deuses simultaneamente, a Deus e a Mamom (Mt. 06.24). É por isso que Paulo advertiu que o amor ao dinheiro é a raiz de todo o mal (I Tm. 6. 10). O que um homem faz com o seu dinheiro revela suas prioridades.

A prioridade do homem caído é afirmar sua autonomia e menosprezar o julgamento de Deus na história e na eternidade. Acredita que tem o direito de decidir o que fazer com o seu dinheiro. E Deus diz quem está errado. E Deus faz suas reivindicações através das Escrituras proclamada através de sua igreja.

Homens em sua rebelião não aceitam este ensinamento. Eles irão preferir manter 100 por cento de uma base econômica para si. Não é de surpreender que encontramos cristãos que negam que a advertência profética de Ageu (Ag 1.3.11) não é válida para a Nova Aliança.

Muitos cristãos ainda procuram afirmar teologias que defendem autonomia do homem diante de Deus. Qualquer um que afirma, hoje, a obrigatoriedade de algo, não só do dízimo, está rompendo com as filosofias do seu tempo. Muitos cristãos são seduzidos pelas vãs filosofias que hoje o dízimo virou uma guerra teológica.

Outra objeção comum: fala-se em terrorismo psicológico para extrair o dízimo dos membros. Vamos à realidade: de fato, há os “terroristas” que extraem dízimos e ofertas (não só dízimos) como que a força, violentamente, usando de chantagens e outros argumentos persuasivos e motivações mercenárias. E de fato, esta não deve ser a maneira correta de trazer o dízimo a igreja local, é preciso pregar sobre a fidelidade à aliança e que obedeçam as leis de Deus reveladas na Bíblia, poucos pregam corretamente e poucos obedecem corretamente.


Na prática o antidizimista é economicamente um violador do pacto. Na pratica os adeptos de somente ofertas têm que pregar CONTINUAMENTE e muitas e muitas vezes, atormentando os membros com pedidos de doações e contribuições, sem ameaças e sanções negativas contra o membro que se recusa a doar, mas irritantemente por causa da necessidade do dinheiro. A abordagem é constante, e muita gente deve fugir das cadeiras por isso.

Continua...



Texto sem revisão.



20.11.16

QUEM CONTROLA O MARTELO? DÍZIMO: VAMOS FALAR? [PARTE II] Estudo baseado em “Tithing and the church” / Gary North, 1994.



QUEM CONTROLA O MARTELO?
DÍZIMO: VAMOS FALAR? [PARTE II]
Estudo baseado em “Tithing and the church” / Gary North, 1994.
Por Raniere Menezes/Frases Protestantes, 2016.

Quem controla o martelo? Se o dízimo não é moralmente obrigatório o temor das sanções de Deus tem diminuído, esta é a mensagem que a igreja de hoje transmite. Os juramentos, deveres e sanções relacionados estão perdendo força e a igreja não se distingue de uma instituição meramente voluntária. Exemplos?

O juramento do casamento, por exemplo. O divórcio sem culpa é a tônica aceitável no cenário atual. A exortação da Ceia ensinada por Paulo traz em si uma maldição para quem come ou bebe indignamente – 1 Co 11.27-32. – Mas não é mais considerado o seu peso de julgamento divino.

Estes dois exemplos, o divórcio e a Ceia são alguns indicadores do declínio da família e da igreja, hoje. Para Deus, qual é o juramento mais importante? O juramento da igreja ou o familiar? Quem sobreviverá ao julgamento final? Somente a igreja entrará na eternidade. Cf. Ap 21.1-2. A quem foi dada a autoridade de batizar as nações em nome de Cristo? Cf. Mt 28.18-20. Percebamos que não há neutralidade.

Os liberais afirmam a centralidade do Estado ou dos indivíduos, os conservadores afirmam a centralidade da família, ambos estão em conflito com Jesus. Mt 10.35-37. Como assim? A centralidade da família entra em conflito com Jesus? Os conservadores não proclamam os valores da família? Sim, mas quais são os valores da família? Quais tipos? E os valores da família islâmica? Não são valores? Como a família islâmica defende a violação da castidade de uma virgem solteira e grávida? A família se reúne e executa a filha depois que ela entrega seu bebê. Podemos não ser a favor disso, mas é fato que são valores de família. E nós somos contra os valores da família? Os valores só podem ter uma origem: a lei de Deus. Mas muitos ignoram Mateus 5.19.

Divórcio sem culpa, não ser contra o aborto, adultério como coisa normal. Esta é a ordem do dia. Se você se sente bem, faça! O que importa é o amor ao próximo. Esta é a mensagem de hoje. Mas e o amor a Palavra de Deus? O amor a sua Lei? Você não teme?

Como pessoas que não têm medo de sanções de Deus, os cristãos têm aceitado esta equação: Pecado original - sanções de Deus + graça comum = legitimação de jurisprudência civil.

Com tantos problemas maiores que são ignorados eclesiasticamente quem, hoje, vai impor sanções divinas contra membros que se recusam a dar o dízimo. Quem pregar terá a maioria contra e vai espantar a membresia. Basta atravessar para o outro lado da rua que encontrará uma igreja que se adeque ao seu entendimento ou basta criar um movimento interno na igreja para retirar e substituir quem insistir neste assunto.

O dízimo se tornou um termo politicamente incorreto, e como substituto da arrecadação monetária cria-se uma rotina de campanhas de arrecadação, seja com vendas de algum produto ou pedidos insistentes de ofertas. E muitas igrejas ao arrecadarem destinam para gastos em construção de prédios. E as agências missionárias sofrem com a má arrecadação e má distribuição.

Aqui talvez esteja a origem de tantos desigrejados, mas certamente a origem do pessimismo, das revoltas, da falta de confiança no trabalho da igreja e nos resultados futuros do cristianismo. Quando a igreja deveria estar focada em assuntos mais nobres, a exemplo do dever de apoiar agências cristãs que tenham bons ministérios. A igreja perdeu a força do punho para ameaçar com o juízo do martelo. Agem como Faraó quando disse:

Mas Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei...? -- Êxodo 5:2.

Centralizando apenas na questão do dízimo, a igreja hoje recebe as sobras, após os impostos e gastos pessoais dos membros e das famílias, após o pagamento das dívidas, após a alimentação, vestuário, despesas de estudos e entretenimento. Em sua maioria, na prática, dá-se o que sobra. Mas as ofertas suprem o que a igreja necessita?

Sobre ofertas, a igreja mesmo sobrecarregada de dívidas trata seus membros com discursos que imploram. Que o Espírito Santo os leve a DAR, livremente, com alegria. O discurso é encantador, mas o que acontece na prática? Por termos uma revelação maior que a Antiga Aliança deveríamos dar mais, mas damos menos. Triste constatação que pesa sobre gerações da Nova Aliança. Estatisticamente, a média geral das igrejas é 5%. Talvez sua igreja seja diferente. Quantos membros têm sua igreja? Quanto arrecada? Viveria sem as ofertas dos visitantes?

Igrejas que vivem de doações voluntárias raramente são exigentes. Se não podem exigir o básico, que é o sustento financeiro do ministério, temerão exigir assuntos mais complexos. Elas se tornam mendigas e mendigos não podem exigir nada.

Há alguns discursos sobre "sacrificar", e muitos são altamente distorcidos e mercenários, mas vamos considerar o sacrifício no bom sentido, o mais bíblico possível. Que sacrifício seria menor do que no Antigo Testamento? É algo estranho que detecta o espírito de hoje.

Uma objeção: As pessoas do Antigo Testamento eram rurais e tribais, e hoje somos urbanos, globais. Devemos usar leis tão antigas e primitivas hoje? Claro que não, somos adultos, conscientes. A igreja merece 10% de nossa renda? Não! Isso é primitivo, foi abolido, por favor! Hoje só ofertas, apenas ofertas, baseadas em nossa decisão e voluntariamente.

A soberania pertence a quem? Quem controla o martelo? O povo dá, e o povo tira, bendito seja o nome do povo? Oram em nome de Deus e recolhem em nome das pessoas? A igreja é um mercado livre? O valor está no cliente?

Como os tempos mudaram, estamos em declínio. Houve um tempo, há três séculos, quando os cristãos acreditavam que só existiam três maneiras de sair de uma igreja: morte, excomunhão ou carta de transferência. Excomunhão hoje é algo politicamente incorreto. Excomunhão é algo ultrapassado.

O poder do martelo não esta mais na igreja. A igreja deixou cair o martelo há mais de um século. A igreja vive hoje um sistema de contratos, não de pacto com Deus, apesar de invocar seu nome. A sagrada comunhão da Ceia tornou-se um mero memorial, e então a igreja do pacto tornou-se um contrato. O sacramento não é levado a sério na prática. A comunhão semanal virou comunhão mensal e a mensal pode virar anual ou trimestral. O vinho é substituído por suco de uva, e os dízimos se transformaram em ofertas.

Enquanto as igrejas pararam de pregar o dizimo moralmente obrigatório, o Estado multiplicou por quatro.

CONTINUA...

13.11.16

DÍZIMO: VAMOS FALAR? [PARTE I] Estudo baseado em “Tithing and the church” / Gary North, 1994. Por Raniere Menezes/Frases Protestantes, 2016.


DÍZIMO: VAMOS FALAR? [PARTE I]
Estudo baseado em “Tithing and the church” / Gary North, 1994.
Por Raniere Menezes/Frases Protestantes, 2016.

O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução. Provérbios 1:7.

Um assunto por vezes muito debatido, grandemente discutido, ora combatido, ora silenciado, e outras vezes transformado em tabu. Certamente bibliotecas de textos foram produzidas sobre o tema. E o que há de novo para que eu escreva este artigo? Nada! Assim como, guardando as devidas proporções, não há nada de novo em Deuteronômio. Este livro do Pentateuco foi dado para lembrar o povo de Israel da Lei de Deus; para RELEMBRAR.

Desde já, precisamos ter o seguinte discernimento: Não devemos deixar de buscar o que é certo por causa do mau uso do dinheiro e das atitudes dos maus obreiros. A Bíblia alerta contra os mercenários, diz: “Em sua cobiça, tais mestres os explorarão com histórias que inventaram. Há muito tempo a sua condenação paira sobre eles, e a sua destruição não tarda”. 2 Pedro 2:3. A destruição não tardará para os falsos mestres. O mau uso é um caso a parte, que deve ser combatido com energia pelos cristãos.

Infelizmente, o dízimo é um assunto que tem dividido os cristãos por todos os lugares em muitas épocas. Não é um assunto fácil, pois envolve dinheiro. Mas precisamos falar.

Há quem defenda e quem seja contra. Há vários pontos de vista, se o percentual de 10% é fixo, se pode ser livre, se pode ser menos, se é somente válido para o Antigo Testamento e por aí vai. Uma das perguntas mais importantes que temos que fazer ao tratarmos este assunto é se há CONTINUIDADE do Antigo Testamento, o A.T. que se relacione com algum tipo de obediência e dever no Novo Testamento, N.T. Devemos fazer uma busca sincera como cristãos que professam que:

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça 2 Timóteo 3:16.

Pois tudo o que foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança. Romanos 15:4.

Não precisamos nos ater muito tempo no sistema doutrinário do dízimo, o qual muitos já conhecem, mas vejamos os fundamentos.

ORIGEM – ESCRITURAS SAGRADAS, ANTIGO TESTAMENTO

Abraão e Jacó praticaram o dízimo. Gn 14.20, 28.22:

E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo.
E abençoou-o, e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, o Possuidor dos céus e da terra;
E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo.
Gênesis 14.18-20

E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.
Gênesis 28.22

Dízimo refere-se a dar 10% das posses ou renda a Deus. Entenda-se dar a Deus, dar aos representantes de Deus (escolhido por Deus e aceito pelo povo de Deus). Exemplo de Abraão e Jacó e seus descendentes.

Após o exílio de Jacó em Padã-Arã, ele construiu um altar em Betel, e ele ofereceu o dízimo ao Senhor segundo seu voto em Gn 28. 20-22:

E chamou o nome daquele lugar Betel; o nome, porém daquela cidade antes era Luz.
E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir;
E eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus;
E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo.

Gênesis 28.19-22. (Cf. também Gn 35. 1-7). Quando os descendentes de Jacó semelhantemente retornaram de seu exílio, eles reconstruíram o altar em Jerusalém, mas eles foram grosseiramente negligentes em oferecer seus dízimos. Ver Neemias 13. 10-13:

Também entendi que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de maneira que os levitas e os cantores, que faziam a obra, tinham fugido cada um para a sua terra.
Então contendi com os magistrados, e disse: Por que se desamparou a casa de Deus? Porém eu os ajuntei, e os restaurei no seu posto.
Então todo o Judá trouxe os dízimos do grão, do mosto e do azeite aos celeiros.
E por tesoureiros pus sobre os celeiros a Selemias, o sacerdote, e a Zadoque, o escrivão e a Pedaías, dentre os levitas; e com eles Hanã, filho de Zacur, o filho de Matanias; porque foram achados fiéis; e se lhes encarregou a eles a distribuição para seus irmãos.
Neemias 13:10-13

LIVRO DE MALAQUIAS

No profeta Malaquias capítulo 3.8, está escrito uma acusação do profeta contra seu povo. Malaquias acusa o povo de roubo por não dar o dízimo:

Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. 

A maior parte dos falsos mestres usa esta passagem para saquear o povo sem instrução ou que cobiçam lucros. E esses mestres são peritos em atingir o ponto fraco da ambição de muitos. Mas não vamos tratar sobre eles, vamos examinar o texto de Malaquias. E o contexto de Malaquias informa que o povo roubou também nas ofertas. Portanto, há em Malaquias uma diferença entre “contribuição voluntária” e “contribuição obrigatória”.

Continuemos em Malaquias, os dízimos eram trazidos à casa do tesouro, que era um tipo de setor administrativo-financeiro ligado ao templo e administrado pelos levitas. 1 Cr 9.26:

Porque havia naquele ofício quatro porteiros principais que eram levitas, e tinham o encargo das câmaras e dos tesouros da casa de Deus.

Havia dízimos e ofertas, basicamente estas coisas foram constituídas para a manutenção do templo, dos sacerdotes e levitas. Ao negligenciar seus dízimos e ofertas as pessoas no contexto de Malaquias geravam dificuldades financeiras para aqueles que se dedicavam ao trabalho espiritual. Este ponto é importante para a práxis econômico-financeira do ministério dos sacerdotes e levitas.

No verso 9, por causa do roubo da nação, o Malaquias profetizou uma maldição: Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. – Destaque para “toda” nação. A nação foi culpada por causa de alguns e dos maus sacerdotes: Se não ouvirdes e se não propuserdes, no vosso coração, dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e também já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração. (Ml 2.2).

Malaquias 3:10,11 – Falta de chuvas nas lavouras e pragas

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.

E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos.

Nos versos 10 e 11 do capítulo 3 há uma descrição das consequências da maldição corporativa, condições climáticas e pragas. As pessoas desse contexto poderiam usar a desculpa e de não dar o dizimo por causa das dificuldades econômicas, mas não dar o dízimo foi a causa e não o efeito. Roubaram o que pertence a Deus, foi exatamente a desobediência que colocou o povo debaixo de maldição. Esta negligência (devocional) não podia ser justificada por causa da safra ruim (seca e pragas). Mas Deus revela que os desastres naturais são resultados da desobediência.

LIVRO DE AGEU

Ageu 1:6-11

Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vestis-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado.
Assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.
Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me agradarei, e serei glorificado, diz o Senhor.
Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu dissipei com um sopro. Por que causa? disse o Senhor dos Exércitos. Por causa da minha casa, que está deserta, enquanto cada um de vós corre à sua própria casa.
Por isso retém os céus sobre vós o orvalho, e a terra detém os seus frutos.
E mandei vir a seca sobre a terra, e sobre os montes, e sobre o trigo, e sobre o mosto, e sobre o azeite, e sobre o que a terra produz; como também sobre os homens, e sobre o gado, e sobre todo o trabalho das mãos.

Ageu 2:16-19

Antes que sucedessem estas coisas, vinha alguém a um montão de grão, de vinte medidas, e havia somente dez; quando vinha ao lagar para tirar cinquenta, havia somente vinte.
Feri-vos com queimadura, e com ferrugem, e com saraiva, em toda a obra das vossas mãos, e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor.
Considerai, pois, vos rogo, desde este dia em diante; desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do Senhor, considerai essas coisas.
Porventura há ainda semente no celeiro? Além disso a videira, a figueira, a romeira, a oliveira, não têm dado os seus frutos; mas desde este dia vos abençoarei.

A nação já havia estado sob maldição durante o ministério de Ageu. Ageu 1:3-6:

A razão porque estavam focados em construir suas próprias casas, enquanto o templo de Deus restava incompleto.
Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
Porventura é para vós tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica deserta?
Ora, pois, assim diz o Senhor dos Exércitos: Considerai os vossos caminhos.
Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, porém não vos fartais; bebeis, porém não vos saciais; vestis-vos, porém ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o num saco furado.

DESOBEDIÊNCIA OBSTINADA DOS ANTIGOS -- “desde os dias dos vossos pais”

Em Malaquias 3.7 Deus acusa o povo de não guardar suas ordenanças, “desde os dias dos vossos pais”:

Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?

Tanto em Ageu como em Malaquias Deus exige que se coloque a sua honra ante ao conforto pessoal. Cf Ag 1.7-8. Em Malaquias para reparar o dano da relação Deus-Israel o povo devia trazer novamente todos os dízimos a casa do Senhor. Cf. Ml 3.10. Aqui não é algo opcional ou voluntário, seu comando não deve ser desobedecido ou ignorado com base na preferência ou qualquer justificativa. Todos os dízimos, toda nação. (v.9). Toda nação foi acusada de roubo. E o dever teria de ser restaurado.

Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao Senhor em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas. -- Números 18:24ª

Nos versos 10 e 11 de Malaquias 3 há uma promessa condicional, o povo obedece e Deus abençoa a terra dando chuva e controlando as pragas das safras. E no mesmo contexto há a exigência da santidade, a necessidade da santidade é exigida no Antigo Testamento. Neste contexto de Malaquias 2.13; 3.3-4, o povo de Israel foi favorecido como sempre fora ao longo do Antigo Testamento:

E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. - Gênesis 12:3

E a sua posteridade será conhecida entre os gentios, e os seus descendentes no meio dos povos; todos quantos os virem os conhecerão, como descendência bendita do Senhor. -- Isaías 61:9

E há de suceder, ó casa de Judá, e casa de Israel, que, assim como fostes uma maldição entre os gentios, assim vos salvarei, e sereis uma bênção; não temais, esforcem-se as vossas mãos. -- Zacarias 8:13

Baseado em Malaquias, Deus exigiu uma restauração do culto e da piedade, uma reforma do ministério, uma reforma de devoção (que envolvia o dízimo). O compromisso devia ser renovado e significava retornar as ordenanças de Deus.

Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? -- Malaquias 3:7.

O contexto de Malaquias era apoiar o ministério sacerdotal e levítico com dízimos. Se há uma relação do A.T. com o N.T. esse apoio ministerial é continuado. Não pode ser negado que há uma relação de CONTINUIDADE em relação às promessas e bênçãos do A.T. com o N.T., mas com relação ao dízimo, será que era exclusivo a uma época e um sistema ministerial? Houve descontinuidade total do dízimo? Sem dúvida há CONTINUIDADE em muitos aspectos do A.T. no N.T.

LEIS DO A.T. NO N.T.

Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo".
1 Pedro 1:15,16.

O apóstolo Pedro está citando uma lei do A.T.:

Diga o seguinte a toda comunidade de Israel: Sejam santos porque eu, o Senhor, o Deus de vocês, sou santo. Levítico 19:2.

Pedro usa outra lei do A.T. para tratar sobre o sacerdócio:
Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. 1 Pedro 2.9.

Agora, se me obedecerem fielmente e guardarem a minha aliança, vocês serão o meu tesouro pessoal dentre todas as nações. Embora toda a terra seja minha, vocês serão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa’. Essas são as palavras que você dirá aos israelitas". Êxodo 19:5,6.

Pois vocês são povo consagrado ao Senhor, ao seu Deus. Dentre todos os povos da face da terra, o Senhor os escolheu para serem o seu tesouro pessoal. Deuteronômio 14:2.

E hoje o Senhor declarou que vocês são o seu povo, o seu tesouro pessoal, conforme ele prometeu, e que vocês terão que guardar todos os seus mandamentos. Ele declarou que lhes dará uma posição de glória, fama e honra muito acima de todas as nações que ele fez, e que vocês serão um povo santo para o Senhor, para o seu Deus, conforme ele prometeu. Deuteronômio 26:18,19.

Pactualmente o que é aplicado a Israel é aplicado a Igreja. Fato indiscutível é que Pedro cita a Lei. A questão é se a Igreja é o novo Israel de Deus ou não. Se há CONTINUIDADE e como ela se aplica. Uma objeção comum é que a prática do dízimo era algo ligado exclusivamente a Israel que no N.T., por termos uma revelação maior daquilo que era apenas “sombra”, tem-se a orientação do Espírito Santo para “dar tudo que possuímos” e não apenas uma décima parte das posses, pois tudo pertence a Deus. – A partir dessa objeção se tem duas opções a seguir: Negar a TRANSIÇÃO da Revelação Progressiva do A.T. para o N.T. ou submeter a aceitação de uma CONTINUIDADE do A.T. com o N.T. (tendo como parâmetro o dízimo ou oferta livre).

O problema é que esta “oferta livre”, que tem como base a “totalidade das posses” (pois tudo pertence a Deus), na PRÁTICA torna-se um conflito para o ofertante e entra em contradição com o A.T. Quer dizer que no A.T. 90% das posses do povo não era de Deus? 90% pertencia ao povo e 10% a Deus? Evidente que o entendimento do dízimo no A.T. era amplo e bem aplicado. Com base nisto, é apropriado perguntar, por que os crentes do N.T. estão isentos dos 10% mas não dão 100%? Quem afirma que é 100% aumentou com que base? Uma resposta retórica, “porque tudo é de Deus”, esta é a base. Porém não dá tudo, e muitas vezes abaixo de 10%. Uma parte dizimal poderia ser pelo menos o parâmetro mínimo.

Certa vez, concordei com um pastor que ensinava desse modo, pelo “parâmetro mínimo”, mas na prática a doação não aumentou. E o ministério torna-se insuportavelmente desgastante pela falta constante de captação de recurso para manutenção do ministério.

Por outro lado, no N.T., não há revogação do dízimo estabelecido por Deus no A.T. – Uma objeção contemporânea comum é que não há afirmação explícita do dízimo no N.T., mas também não há revogação. É fato, Deus estabeleceu o dizimo e não ha revogação. Será que deixou de ser um princípio divino? Exemplo de princípio, a Igreja como herança e propriedade de Deus é semelhante a Israel do A.T.

A vocês, o Senhor tomou e os tirou da fornalha de fundir ferro, do Egito, para serem o povo de sua herança, como hoje se pode ver. Deuteronômio 4:20.

Vocês são povo consagrado ao Senhor, ao seu Deus. Dentre todos os povos da face da terra, o Senhor os escolheu para serem o seu tesouro pessoal. Deuteronômio 14:2.

E este povo eleito dedicava a Deus os primeiros frutos e o dízimo, como uma devoção pactual, uma dedicação a Deus por toda colheita, renda e até a vida. As primícias, os primogênitos do rebanho, e não o resto. Não o que sobra, mas a primeira parte ao Senhor. Este é o princípio. E em todas as épocas os eleitos são sua possessão. É importante que o cristão reconheça que não se deve recusar a dar o dízimo com a justificativa que reter o dízimo é dar tudo ao Senhor. Reter o dízimo não é dar tudo ao Senhor.

Quem defende o dízimo, por princípio defende também a mordomia cristã, a qual ensina que devemos dar tudo a Deus. Devemos dar nossa vida, família, tempo, trabalho e renda. Como dizer que dá tudo e nega o dízimo? O dízimo é como uma oferta dos primeiros frutos de todas as coisas. Este é o princípio, estabelecido e não revogado.

JESUS, não aboliu, suprimiu ou menosprezou o dízimo.
Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Vocês devem praticar estas coisas, sem omitir aquelas.

Mateus 23.23.

Paulo disse que abriu mão do "DIREITO" de receber o apoio financeiro ministerial, observe que falou em “DIREITO”. Apesar de que em outro momento aceitou um apoio financeiro. -- Como vocês sabem, filipenses, nos seus primeiros dias no evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja partilhou comigo no que se refere a dar e receber, exceto vocês; pois, estando eu em Tessalônica, vocês me mandaram ajuda, não apenas uma vez, mas duas, quando tive necessidade. Filipenses 4:15,16.

Paulo não diz aos cristãos para reterem o apoio financeiro dos ministros, pelo contrário ensina que o trabalho ministerial é digno de salário integral. Quem serve como soldado a sua própria custa? Como era o sustento ministerial no A.T.? Como é no N.T.? Uma coisa é certa, não se pode negar apoio financeiro aos ministros legítimos do Evangelho, negar este apoio é reter seu salário, legítimo. Enganar neste apoio é como roubar a Deus. É um direito. Leia atentamente:

... Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.
Não sabeis vós que os que administram o que é sagrado comem do que é do templo? E que os que de contínuo estão junto ao altar, participam do altar?
Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho.
1 Coríntios 9:12-14.

Para quem ainda pensa que o dízimo do A.T. é somente uma lei obsoleta da Antiga Aliança e que foi abolida pela Nova Aliança, observe que Paulo afirma o DIREITO do ministro legítimo em receber apoio financeiro. Que vivam do Evangelho. Como os antigos sacerdotes eram sustentados?

Em 1Timoteo 5.17,18, Paulo escreve: Os presbíteros que lideram bem a igreja são dignos de dupla honra, especialmente aqueles cujo trabalho é a pregação e o ensino, pois a Escritura diz: "Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal", e "o trabalhador merece o seu salário". A “dupla honra” está contexto direto com “o trabalhador merece seu salário”. Ou seja, dupla honra pode significar “receber em dobro”. O contexto é sobre dinheiro, não honra. Vimos antes que é um DIREITO. Cabe uma pergunta neste ponto, é um dinheiro devido ou uma oferta voluntária? Pagar um ministro digno não é um ato de generosidade ou nobreza por parte dos cristãos, é uma obrigação. Para os dias de hoje parece uma palavra politicamente incorreta, mas é o que ensina as Escrituras. Não tenha receio da palavra “obrigação”, temos muitas exigidas por Deus em sua Palavra.

Há um mito que no N.T. há um silêncio total e absoluto sobre o dízimo. Primeiro, se levarmos em consideração a TRANSIÇÃO do A.T. para o N.T., não encontramos no N.T. uma abolição, mas pelo contrário encontramos indícios para reafirmar o dízimo.

Ser contra o dízimo por causa dos falsos mestres e mercenários é um erro. Por algo ser falso não justifica eliminar o verdadeiro. O discurso do dinheiro virou tabu para os verdadeiros mestres, por causa dos maus obreiros? E muitos bons ministros sentem medo ou vergonha de falar em dízimo.

Não devemos brigar ou causar divisão porque os cristãos estão divididos em relação ao tema, mas numa coisa todos devemos concordar: DAR. E todos devemos tomar cuidado contra os perigos da cobiça, avareza e ganância. O dever de sustentar financeiramente um ministério genuinamente cristão faz parte, importante, do Reino de Deus.

John Piper vai além e diz que uma porcentagem fixa (como 10%) está fora de questão para muitos, ele cita as classes médias e altas americanas como injustas quando estipulam apenas 10%, num mundo onde 10 mil pessoas morrem de fome por dia e muito mais que morrem na incredulidade. A questão não é o percentual, mas quanto se pode gastar individualmente e de modo compromissado. Que isto fique bem claro, a questão não é o percentual mas o comprometimento baseado no princípio. Se alguém é contra o ensino do dízimo mas tem comprometimento em DAR, na prática é um dizimista inconsciente.

James M. Boice diz que no N.T. as obrigações são maiores, as obrigações das leis são intensificadas em vez de diminuídas. Em circunstâncias razoáveis qualquer cristão deve dar mais que 10%. Para surpresa de muitos, no A.T. se exigia vários dízimos e somando dava uns 23%. Dar 10% é bastante leve em comparação ao A.T., por isso para muitos teólogos deve ser considerado apenas um ponto de partida.

Ele ordenou ao povo de Jerusalém que desse aos sacerdotes e aos levitas a porção que lhes era devida a fim de que pudessem dedicar-se à Lei do Senhor. 2 Crônicas 31:4.
Atenção à prudência cristã, não temos nenhuma de apoiar um herege, pelo contrário devemos fazer oposição ao seu ensino. -- Se alguém chega a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em casa nem o saúdem. Pois quem o saúda torna-se participante das suas obras malignas. 2 João 1:10,11. – Não devemos sustentar ministérios heréticos.

Infelizmente muitos pastores não acreditam no aviso de Malaquias. Poucos tentam pregar corretamente, e muitos pregam para tirar proveito mercenário. São os dias de hoje. Mesmo as igrejas que pregam o dízimo não tem coragem de disciplinar um membro que se recusa a entregar o dízimo. Esta é uma cultura aceita e concretizada, hoje. Parece haver dois tipos de igrejas, as que não aplicam a lei de Deus, e as que pregam sobre a lei mas não a aplicam eclesiasticamente, pois parece inútil, uma luta inglória. É algo impopular e espanta membros. E o ministro está arriscado a ser dispensado. Portanto, um assunto perigoso e delicado.

Há muitas distorções sobre o dizimo, parece um assunto maldito. Se tem quem defenda o ensino, vai parecer mercenário ou ignorante. Há quem pague com uma mão aberta e a outra no bolso, e ainda pensa, “se todo mundo da igreja der o dízimo, a arrecadação vai subir, e o pastor vai ter aumento” ou algo do tipo, o interesse sobre o assunto é sempre econômico, cruelmente econômico. Quando o interesse deveria ser devocional, missional ou ministerial. A verdade é que muitos pastores têm medo de pregar a advertência em Malaquias. Este livro está ou não em vigor? Se não está qual o motivo? Os pastores devem voltar a pregar sobre o dízimo, pois têm responsabilidades diante de Deus e dos homens. Este é o alerta derivado de Malaquias. E certamente há muitas igrejas que praticam corretamente o dízimo.

Onde Jesus, que nos precedeu, entrou em nosso lugar, tornando-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque. Hebreus 6.20

Pode-se até dizer que Levi, que recebe os dízimos, entregou-os por meio de Abraão. Hebreus 7:9.

Quero dizer isto: A lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não anula a aliança previamente estabelecida por Deus, de modo que venha a invalidar a promessa. Pois, se a herança depende da lei, já não depende de promessa. Deus, porém, concedeu-a gratuitamente a Abraão mediante promessa. Gálatas 3:17,18.

Paulo deixa claro que a aliança de Deus com Abraão foi cumprida e culminada em Cristo.
Assim também as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. A Escritura não diz: "E aos seus descendentes", como se falando de muitos, mas: "Ao seu descendente", dando a entender que se trata de um só, isto é, Cristo. Gálatas 3:16.

A Nova Aliança tem origem nesta promessa da Antiga Aliança. A herança abraâmica é a base da lei mosaica. O que Deus prometeu a Abraão é crucial para estabelecer a autoridade da igreja. Esta é uma doutrina familiar aos comentadores protestantes, desde Lutero até o presente, mas as suas implicações para a eclesiologia nem sempre foram claramente reconhecidas. É importante resgatar a importância do dízimo em suas implicações eclesiológicas e de modo equilibrado.

Qual a ligação do ministério de Abraão com Melquisedeque? Ele estava sob autoridade eclesiástica? Se sim, qual a marca de subordinação? O DÍZIMO. Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, rei-sacerdote de Salém, um homem sem genealogia.

Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Hebreus 7:3

E Jesus Cristo, filho de Judá, em vez de Levi, traçou sua função sacerdotal em Melquisedeque, não em Levi nem em Arão. Seu sacerdócio é mais elevado do que o deles. Hebreus iguala o sacerdócio de Jesus com o sacerdócio de Melquisedeque. Isto é importante? Em que sentido é importante? O sacerdócio de Melquisedeque é superior ao levítico?

As relações entre A.T. e N.T. são muitas, senão vejamos. A refeição da comunhão da Nova Aliança esta relacionada a Antiga Aliança.

E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. Gênesis 14:18.

A Ceia do Senhor está ligada a páscoa, obviamente, porém os elementos, o pão e o vinho de Melquisedeque são anteriores a páscoa. Em nossos dias, é comum ouvir de antidizimistas que não estão mais debaixo da lei mosaica, então não tem obrigação de dar o dízimo (e ponto final?). Mas o N.T. não baseia o dízimo na lei mosaica, mas em Hebreus 7 é estabelecida sua autoridade. O antinomianismo não deve ser prevalecente na igreja hoje. 

Hebreus 7 estabelece a autoridade do Sumo Sacerdote Jesus Cristo, que está relacionada ao sacerdócio de Melquisedeque. Abraão deu o dízimo a Melquisedeque, um representante judicial ou ministerial, de certo fora um ato de submissão e devoção a Deus.

A igreja perdeu sua ligação com Abraão? A igreja é herdeira das promessas abraâmicas?

Tanto quanto a Bíblia revela, o dízimo começou com Abraão entregando a Melquisedeque. O dízimo está relacionado nas duas alianças ou apena uma? O dízimo é para Deus, representado por sua Igreja, uma agência legítima. Quem aplica os sacramentos de Deus? A igreja. A família não é a instituição central da sociedade cristã; a Igreja é. A família não vai se estender para eternidade (Mt 22:30.); A igreja, sim (Ap 21: 1-2). Teologicamente, havia igreja no A.T.? Sim. O entendimento da revelação progressiva e da doutrina pactual faz com que enxerguemos a graça, a salvação, a igreja, no A.T.

A igreja hoje em sua maioria parece caminhar para uma instituição estritamente voluntária, contratual e não instituição da aliança. Apenas mais uma instituição voluntária entre muitas. Isso também é refletido na mesa da comunhão, que está se transformando em um ritual ocasional que se apega apenas a uma recordação. Na prática a igreja é hoje mais um clube social sem fins lucrativos, ela não é reconhecida como uma autoridade representativa. Elas agem como não históricas, como liberais.



A igreja moderna não acredita que a igreja manifesta um padrão moral e judicial para o mundo, assim como Israel manifestou seu padrão sob a Aliança mosaica. Na prática hoje achamos que não há nenhuma relação judicial divina no tribunal civil, nas urnas de eleições politicas. As frases transformaram-se em meras formalidades, a exemplo dos juramentos judiciais e políticos. Ou como nas frases devocionais nas cédulas de dinheiro, como, “Deus seja louvado”. Invocar o nome de Deus tornou-se uma mera convenção.
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Continua...





Texto sem revisão.



13.9.16

Protestantes no deserto (1715-1787) - Na França

Protestantes no deserto (1715-1787)
Raniere Menezes




Quando o Édito de Nantes foi revogado os protestantes da França foram exilados, fugiram ou se retrataram. Mas entre os que se retrataram alguns continuaram a praticar o cristianismo não romanista em segredo. Liam a Bíblia, cantavam salmos e realizavam reuniões secretas. Famílias inteiras cantavam no deserto.

Reuniões clandestinas cheias de vigor e fervor por causa das perseguições católicas. Na clandestinidade essas igrejas formaram uma organização de igrejas reformadas com sínodos por toda França. Havia treinamento de novos pastores e liderança era nomeada e reconhecida pelos sínodos. Essas igrejas cobriam extenso território em segredo. Era um ministério arriscado.

Para a formação de pastores, os huguenotes (calvinistas franceses) fundaram um seminário na Suíça, em Lausanne. A formação era intensiva, no máximo dois anos, os estudos eram financiados por vários países protestantes.

Neste período havia toda uma adaptação da fé protestante na clandestinidade. Bíblias pequenas para esconder mais fácil (até nas roupas das mulheres), cadeiras dobráveis para mudanças rápidas.




Os cultos eram ilegais, mas as assembleias praticavam sua fé em segredo. Igrejas por vezes com 2 mil, 3 mil membros. A noite eles ocupavam bosques, fazendas e lugares remotos. Reuniam todas as classes sociais. Seguiam a liturgia de Genebra, e ouviam longos sermões. Havia batismos e casamentos. As reuniões do deserto geralmente incluíam aulas de catecismo, no entanto o catecismo era praticado mais nas reuniões de famílias. O catecismo era de ortodoxia calvinista. A instrução das crianças era concluída na idade de 15 anos, havia uma profissão de fé nesta idade.



Os sermões se espalhavam através de manuscritos e circulavam cartas pastorais, havia também cópias de orações, livros, indicação de teologia. Havia muito contrabando de livros e pregadores circulavam em segredo. Havia o risco constante de prisão ou morte.

As bíblias e os hinários eram reduzidos em tamanho e também se arrancava as capas dos livros e das bíblias para evitar que alguém reconhecesse os livros proibidos. Móveis eram adaptados para esconderijos os púlpitos eram desmontáveis. As igrejas possuíam grande mobilidade.


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Fonte e imagens:
museeprotestant.org

7.9.16

Calvino contra a Astrologia: Um dos debates quentes do século XVI


Calvino contra a Astrologia: Um dos debates quentes do século XVI
Por Raniere Menezes

A astrologia é uma antiga tradição. Para muitos no século XVI a astrologia era entendida também como um juízo de Deus anunciado pelas estrelas. E é uma das tradições mais antigas da humanidade, e ainda causa de controvérsias e admiração. Há relatos milenares entre os caldeus, egípcios, mesopotâmios e em sociedades mais recentes na linha do tempo da história.

Não confundir astrologia com astronomia. O desenvolvimento da astronomia cientifica contribuiu para enriquecer de informações a astrologia, embora distintas. Depois de Ptolomeu a astronomia se desenvolveu notavelmente dentro do islã (Calvino reconheceu isto). No Renascimento destaca-se o astrônomo Galileu, com o uso do telescópio. A astronomia aproximou-se cada vez mais da matemática, que permitia calcular órbita, distâncias etc. Grandes astrônomos merecem destaque como Copérnico, Brahe, Galileu, Kepler e outros. Astrologia tem a ver com horóscopo, e astronomia é ciência.

Até hoje os noticiários destacam comentários de astrólogos sobre eclipses e passagens de cometas. De fato, corpos celestes são fascinantes. O mapeamento do céu sempre foi usado para reconhecer estações, navegação, marés, tempo de semear, de colher e outras observações. As conjecturas da astrologia relacionam-se e são fortalecidas por histórias mitológicas que enriquecem as imaginações especulativas. O homem tem desejo de conhecer o futuro, prever desastres, epidemias, mortes e outros acontecimentos.

Na França do século XVI as igrejas discutiam sobre a astrologia como hoje discutimos sobre a influência do entretenimento em nossas igrejas. Muitos consideram coisa normal. João Calvino combatia teologicamente qualquer “causa-efeito” relacionado às estrelas do céu. As estrelas não afetam em nada eventos humanos trágicos ou felizes, afirmava. O cotidiano das pessoas não tem nada a ver com astrologia. Teologicamente só se deve reconhecer as predeterminações de Deus em seus Decretos Eternos.

A astrologia não tem nem base cientifica nem teológica, é biblicamente improcedente. No século XVI a astrologia era usada até judicialmente (pasme!), para distinguir o certo do errado, para julgar indivíduos. Em 1548, Calvino fez uma advertência contra a astrologia judicial. O texto de Calvino em Genebra foi publicado pelo editor Jean Girard em 1549 sob o título "Tratado ou advertência contra a astrologia judiciária e outras curiosidades que influenciam o mundo hoje”. Republicado em 1842 para a biblioteca Charles Gosselin, em um volume dedicado às obras de Calvino. Mais recentemente, Olivier Millet editou uma publicação anotada em 1985.

O movimento da Reforma Protestante entrou numa batalha contra a astrologia no século XVI. Neste tempo, em quase todos os círculos sociais, o povo gostava de horóscopo, almanaques, "généthliaques" (espécie de mapa astral, peças escritas para o nascimento de uma criança). Com o advento da impressão em papel, a distribuição de literatura deu mais força a astrologia.

Nesse contexto cultural Calvino usou de toda energia e ironia para escrever seu Tratado contra a astrologia. O povo simples era alvo fácil dos horóscopos, mas também gente letrada e influente. E a igreja sofreu influência desses escritos. Calvino citou a mesma passagem que o Apóstolo Paulo escreveu aos Gálatas 1.6-7:

Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.

Calvino comentou que havia uma curiosidade louca de adivinhar o futuro pelas estrelas por parte de seus contemporâneos. E que isso não passava de uma superstição diabólica e perniciosa para a humanidade. E que havia gente com boas intenções quase enfeitiçada.

Ele não condenava a astronomia, pelo contrário, dizia que o conhecimento astronômico deve ser reconhecido, o conhecimento da ordem natural, mas a especulação é condenada. As estrelas podem ser sinais para nos mostrar a estação da sementeira ou plantação, mas é especulação consultar as estrelas para usar um vestido novo, ou fazer negócios num determinado dia e outro não, criticava o teólogo francês.

Calvino reprovava a prática de "généthliaques prédéterministes", um tipo de mapa astral. Ele questionava: “Pessoas que nasceram no mesmo dia teriam a mesma vida? Gêmeos tem o mesmo destino?” Ele chamava os astrólogos de os "fazedores" de horóscopos. Possivelmente o que mais incomodava Calvino é que os astrólogos justificavam o seu determinismo como sendo juízo de Deus. E também, diziam, que havia semelhança da prática deles com a carta do Apocalipse, que contém sinais do céu e profecias futurísticas. Calvino rebatia que profecias não tem relação com as estrelas.

O teólogo argumentava: “Quando José previu a fome do Egito havia alguma relação com as estrelas? Pelo contrário, havia uma revelação miraculosa”. Concluiu que, os egípcios sondavam as estrelas como meio de adivinhação e não sabiam da fome que viria. E Deus advertiu Faraó num sonho e José revelou seu sonho, mas nenhum astrólogo conseguiu prever o futuro. As estrelas não têm domínio sobre nós, sentenciava o reformador. Usou outro exemplo, o de Jeremias. Deus revelou ao profeta Jeremias que não devemos ser como os pagãos, temendo os sinais do céu. Jeremias exortou seu povo a confiar na providência divina e não ser seduzido com as loucuras dos caldeus e egípcios.

João Calvino realçava que o homem carrega todos os males dentro de si. Seus pecados que acendem a ira de Deus, atraindo sobre si guerras, fome, granizo, geada etc....e mais: aqueles que buscam orientação e felicidade através da previsão das estrelas retiram a confiança em Deus. Ao crente cabe descansar no conhecimento e nas mãos de Deus, e será abençoado por ele, servindo-o de boa consciência. Este é o caminho do discernimento e sabedoria apontado pelo teólogo.

Há o exemplo dos Efésios que em Atos é relatado. Aqueles que querem seguir o Evangelho devem queimar seus livros mágicos, mesmo que valham uma fortuna. -- Atos 19.19:

Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata.

Calvino aconselha em seu Tratado que se mantenha o inestimável tesouro do Evangelho em boa consciência, pois o temor de Deus é sabedoria contra todos os erros. Deus tem nos ensinado como santificar-nos e servi-lo humildemente. Que os letrados se engajem em bons e úteis estudos e não em curiosidades frívolas, que servem apenas para divertir os tolos. O nosso propósito é o temor de Deus.

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Fonte: museeprotestant.org