6.7.24

Glória em Armas: Generais de Davi - Joabe A Conquista de Rabá - 2 Samuel 12

Conquista de Rabá

Tomada de Rabá, hoje Amã, Jordânia, Israel

Glória em Armas: Generais de Davi - Joabe

A Conquista de Rabá


2 Samuel 12:26-31

"E Joabe pelejou contra Rabá, dos filhos de Amom, e tomou a cidade real."


A narrativa da conquista de Rabá, retomada em 1 Crônicas 20:2, nos leva ao vale estreito do alto Jaboque, onde Rabá estava situada. A cidade se estendia em ambos os lados do riacho, com sua cidadela localizada no penhasco do lado norte. Termos como "cidade real" e "cidade das águas" são utilizados para se referir à cidade propriamente dita, enquanto "cidade" em 2 Samuel 12:28-29 provavelmente se refere à cidadela, a parte mais fortemente fortificada. Duas fortificações naturais com água e penhascos.


Joabe: Um General Contraditório mas Leal a Davi


Joabe, após capturar a cidade baixa, enviou mensageiros antes de atacar a cidadela. Este gesto pode ser visto como uma tentativa de evitar a inveja e garantir o favor do rei. Apesar de suas ações muitas vezes questionáveis, Joabe demonstrou modéstia e humildade ao considerar a honra de seu mestre. Mesmo os homens mais imperfeitos podem exibir boas qualidades e realizar ações notáveis. 


Um pouco sobre Joabe: Ele foi o principal comandante militar do exército de Davi, desempenhando um papel crucial na consolidação do reino de Israel através de suas muitas vitórias. Ele liderou o ataque que capturou Jerusalém dos jebuseus, o que o estabeleceu como chefe do exército (1 Crônicas 11:6). Além disso, participou de várias campanhas militares significativas, incluindo guerras contra os amonitas e edomitas, e a supressão da rebelião de Absalão, filho de Davi.


Joabe, uma figura destacada no Antigo Testamento da Bíblia, era sobrinho do rei Davi e serviu como comandante do seu exército. Filho de Zeruia, irmã de Davi, e irmão de Abisai e Asael (1 Crônicas 2:16), Joabe estava intimamente ligado à família real e desempenhou um papel crucial em muitos eventos da vida de Davi. Sua história é marcada por uma lealdade feroz, habilidades militares notáveis e ações controversas, incluindo assassinatos e decisões que desafiaram diretamente as ordens de Davi.



Geografia do local

Um Começo Presunçoso, Um Fim Desastroso dos Amonitas


Na cidade de Rabá, um grande conflito foi iniciado de forma desenfreada e orgulhosa (2 Samuel 10:1-4). O rei dos amonitas foi morto em batalha e a confiança do povo em Moloque (Malcom) foi frustrada. A terrível retribuição caiu sobre eles, mostrando a futilidade de sua confiança em um falso deus. Os amonitas eram terríveis guerreiros sanguinários e adoradores de Moloque, um deus que exigia sacrifício de crianças. Enquanto poderosos, orgulhos de suas conquistas, até enfrentarem um general de Davi.


A Severidade de Davi


A severidade excessiva de Davi, ao colocar os filhos de Amom na escravidão e extermínio, refletia um coração ainda endurecido pelo arrependimento. Esta crueldade, aparentemente não sancionada por Deus, era uma expressão do temperamento atual de Davi e da excitação da indignação popular. A conduta cruel dos amonitas (1 Samuel 11:2; Amós 1:8), as práticas comuns da época, um zelo intenso contra a idolatria e a convicção de ser um instrumento de vingança divina (Salmo 149:7) podem amenizar, mas não justificar plenamente, suas ações. Uma coisa é certa, para não cometermos o erro do anacronismo. Para entender a história de Davi e outras figuras históricas de maneira justa e precisa, é essencial analisar suas ações dentro do contexto de sua época, considerando os costumes, crenças e normas sociais que prevaleciam. Isso nos permite uma compreensão mais rica e precisa da história, sem os preconceitos e julgamentos impostos por valores contemporâneos.


A conquista de Rabá e a punição dos amonitas, como descrito em 1 Crônicas 20:1-3, ilustram a complexidade das ações humanas e a luta entre o bem e o mal, muitas vezes com extrema violência. Joabe, um general com ações contraditórias, e Davi, um rei com momentos de severidade extrema, nos lembram da necessidade de compaixão, gentileza e perdão, demonstrado em outros momentos de guerra. Quando sentimos nossa própria necessidade do amor perdoador do Senhor, somos mais capazes de demonstrar misericórdia e compreensão aos outros. Neste caso, dos amonitas, eles receberam extremo tratamento severo. Alguns interpretes julgam que Davi poderia estar vivendo um luto de um filho ou mesmo em período de luxúria com amante, independentemente do seu estado de espírito, nada acontece na terra sem decreto do céu. Diante dos fatos dos acontecimentos, a conquista de Rabá foi violenta.




Ruínas preservadas em Amã

A Conquista de Rabá: A Cidade das Águas ou Cidade Real


2 Samuel 12:27

"Então Joabe enviou mensageiros a Davi, e disse: Lutei contra Rabá, e tomei a cidade das águas."


A Geografia de Rabá


Rabá, a cidade moderna de Amã -- A Cidadela de Amã é um local histórico no meio do centro de Amã, na Jordânia. Conhecido em árabe como Jabal al-Qal'a, a colina em forma de "L" é um dos sete cavaleiros (montanhas) que originalmente constituíam Amã.--, estava estrategicamente localizada em um vale cercado por colinas baixas e redondas. O desfiladeiro que leva à cidade faz uma curva repentina para o norte e se abre em uma planície estreita, coberta por grama. Um riacho serpenteia pelo meio da cidade, tornando-a verdadeiramente uma "cidade das águas". Este riacho não apenas embelezava a cidade, mas também servia como uma fonte vital de água para seus habitantes. Possivelmente, Joabe obstruiu a passagem de água para a cidade sitiada, antes do ataque final.



A Importância Estratégica da Cidade das Águas


A "cidade das águas" refere-se à parte baixa de Rabá, assim chamada devido ao riacho que fluía através dela. A cidade alta, que incluía a cidadela, ficava em uma colina ao norte do riacho. A tomada da cidade baixa por Joabe foi um golpe estratégico, pois cortou o suprimento de água da cidadela, que não poderia resistir por muito tempo sem essa fonte essencial.


A Estratégia de Joabe


Joabe, após capturar a cidade baixa, enviou mensageiros a Davi com uma proposta significativa. Ele sugeriu que Davi reunisse o restante do povo e viesse sitiar a cidade alta, para que a honra da captura final recaísse sobre o rei Davi. Esta atitude demonstrava a consideração de Joabe pela glória de seu mestre. Embora fosse um homem ambicioso, Joabe estava disposto a transferir a glória de suas conquistas para Davi, mostrando um grau de lealdade e fidelidade.


Na conquista de Rabá, Joabe empregou diversas estratégias militares decisivas: cercou a cidade para cortar o acesso aos recursos vitais dos amonitas, utilizou um ataque estratégico capturando primeiro a cidade baixa e depois sugerindo a Davi liderar o ataque à cidadela, aplicou uma estratégia de desgaste ao bloquear o suprimento de água, e demonstrou diplomacia militar ao enviar mensageiros ao seu rei antes do ataque. Essas ações não apenas destacaram sua habilidade militar, mas também sua astúcia política ao assegurar o sucesso da operação e fortalecer sua posição com Davi.


Contexto Histórico e Cultural


A prática de monopolizar honras militares era comum entre os déspotas orientais. Joabe, consciente desta tradição, preferiu que Davi comandasse o ataque final. Ele sabia que a captura da cidadela seria um momento decisivo, e queria que Davi fosse reconhecido como o grande conquistador. Este gesto também refletia a prática histórica de renomear cidades em homenagem a grandes líderes, como Alexandria e Constantinopla.


Joabe, general de Davi

A Heroicidade do General Joabe


Joabe é lembrado como um dos mais formidáveis e leais generais de Davi, cuja ambição e métodos muitas vezes colocaram-no em situações moralmente complexas e politicamente arriscadas. Sua vida destaca a complexidade das lealdades e políticas na corte de Davi e as difíceis decisões enfrentadas por líderes em tempos de guerra e conflito. -- Embora extremamente leal a Davi, Joabe agia muitas vezes de forma independente e violenta, criando tensões. Ele era um defensor ardente do reino, mas sua abordagem pragmática e implacável frequentemente entrava em conflito com os desejos do rei. -- Joabe não hesitou em confrontar Davi em várias ocasiões, como quando criticou o rei por lamentar a morte de Absalão e desmotivar o exército que acabara de vencer a rebelião (2 Samuel 19:5-7).


Joabe cometeu várias ações controversas durante sua vida. Ele assassinou Abner, o comandante do exército de Saul, em vingança pela morte de seu irmão Asael e possivelmente por razões políticas (2 Samuel 3:27). Durante a rebelião de Absalão contra Davi, Joabe matou Absalão, desobedecendo a ordem expressa de Davi para poupar a vida do seu filho (2 Samuel 18:14). Além disso, Joabe matou Amasa, que havia sido nomeado por Davi como comandante do exército em seu lugar, reafirmando sua própria posição de liderança militar (2 Samuel 20:10).


A proposta de Joabe em Rabá é digna de admiração. Ele estava pronto para transferir a glória de suas próprias conquistas para seu rei, mostrando um exemplo singular de heroísmo. Apesar de suas falhas, Joabe amava seu príncipe e se esforçava para elevar sua glória. A grandeza de Rabá, uma metrópole irrigada pelo rio Jaboque, fazia dela um prêmio valioso, e Joabe estava disposto a deixar Davi receber o crédito por sua captura.


As práticas e normas sociais eram muito diferentes. Por exemplo, práticas como a retribuição severa e o uso de prisioneiros de guerra para trabalhos forçados ou punições extremas eram comuns e aceitáveis na época. Práticas que eram normais ou até mesmo exigidas no passado podem ser vistas como violações graves dos direitos humanos hoje. Métodos de guerra, como cercos e conquistas, incluíam práticas severas que eram consideradas normais. Os líderes eram frequentemente julgados pela sua capacidade de conquistar e manter territórios. A maneira como o poder era conquistado, mantido e exibido diferia. A exibição de troféus de guerra, como coroas e despojos, era uma prática comum para demonstrar domínio e sucesso militar.


Julgar a história anacronicamente é um erro, o que pode levar a uma compreensão distorcida dos eventos e das pessoas envolvidas. Também perda de contexto. Ignorar o contexto histórico específico pode resultar em interpretações incorretas das motivações e ações das figuras históricas.


A Captura de Rabá


2 Samuel 12:29

"Então Davi reuniu todo o povo, foi até Rabá, pelejou contra ela e a tomou."


A expedição a Rabá foi um momento crucial para Davi. Em meio a suas aflições pessoais, esta missão proporcionou uma oportunidade para revitalizar sua glória militar. Joabe, ao chamar Davi para liderar o ataque final, pode ter considerado isso como uma maneira de aliviar o rei de suas preocupações e restaurar sua imagem perante o povo. A mente militar e política de Joabe ponderou algo assim para não se precipitar e ganhar glória pela conquista. – Ao tentar superar ou ofuscar seu rei, Joabe correria o risco de despertar insegurança e ciúmes, o que poderia ser prejudicial para sua própria posição e carreira. Agiu com prudência, lealdade, sutileza e estratégia ao evitar desafiar diretamente a autoridade estabelecida. E ainda permitiu ganhar o favor do rei e, assim, fortalecer sua própria posição.


Motivações para Reunir o Povo


Davi reuniu todo o povo de Israel, possivelmente por várias razões: para reforçar as tropas de Joabe, que estavam enfraquecidas após o longo cerco e a captura da cidade das águas; para garantir que todos os soldados participassem dos despojos abundantes da cidade; e para assegurar a completa derrota dos amonitas e a execução da justiça em toda a terra de Israel.


A Conquista da Acrópole


Davi, liderando um exército renovado, atacou a parte mais fortificada de Rabá, a acrópole, e a tomou. Esta conquista final foi não apenas uma vitória estratégica, mas também um símbolo da restauração da liderança e da força de Davi.


A Coroa do Rei


Davi tomou a coroa do rei amonita, que pesava um talento de ouro e era adornada com pedras preciosas. Este peso, embora extraordinário, indica o valor e a riqueza da coroa, que pode ter sido usada simbolicamente em cerimônias e não como um adereço cotidiano. Ao colocar a coroa em sua própria cabeça, Davi demonstrou a transferência de poder e a submissão dos amonitas a Israel.


Os Despojos de Rabá


Davi levou os despojos da cidade em grande abundância, reforçando o tesouro de Israel e demonstrando a riqueza adquirida com a vitória. Esta ação serviu para recompensar seus soldados e fortalecer ainda mais seu reino.


A Justiça e as Punições


Após a captura, Davi impôs severas punições aos amonitas. As palavras "colocou-os sob serras" e "os fez passar pelo forno de tijolos" indicam métodos cruéis de punição, possivelmente como retribuição pelas crueldades infligidas pelos amonitas, especialmente em práticas idólatras e sacrifícios de crianças a Moloque. Tais atos, embora vistos como justiça retributiva na época, são entendidos como bárbaros à luz dos ensinamentos cristãos.


As práticas e normas sociais eram muito diferentes, com a retribuição severa e o uso de prisioneiros de guerra para trabalhos forçados ou punições extremas sendo comuns e aceitáveis. O que era normal ou exigido no passado, como métodos severos de guerra e cercos, é visto hoje como violação dos direitos humanos. Líderes eram julgados pela habilidade de conquistar e manter territórios, exibindo troféus de guerra, como coroas e despojos, para demonstrar domínio e sucesso militar.


A captura de Rabá por Davi simboliza a restauração de sua glória e liderança. A lealdade de Joabe ao transferir a honra da conquista para Davi é notável, demonstrando sabedoria política. A severidade das punições imposta aos amonitas, embora um reflexo dos costumes da época, não deve ser vista como um exemplo a ser seguido pelos cristãos, seria uma aplicação anacrônica. Esta narrativa nos lembra da complexidade das ações humanas e da importância de liderar com respeito pelos valores de Deus. O Antigo Testamento foi escrito em um contexto cultural e histórico muito diferente do nosso. Essas passagens frequentemente descrevem consequências severas para a desobediência. E Deus é imutável, justo, soberano e poderoso.


Pensamentos Conclusivos


A conquista de Rabá e a estratégia de Joabe oferecem lições valiosas sobre liderança, lealdade e a importância de reconhecer e elevar a glória dos outros. A cidade das águas, com sua localização estratégica e recursos vitais, era um alvo significativo, e a sabedoria de Joabe em capturá-la demonstra sua habilidade militar e seu profundo senso de honra e lealdade a Davi. A história nos lembra da necessidade da capacidade de reconhecer e celebrar as realizações dos outros. Apesar da vida controversa de Joabe, em muitos momentos sempre provou sua lealdade ao rei.


Declínio e morte de Joabe


No final do reinado de Davi, Joabe apoiou Adonias na disputa pela sucessão ao trono, em vez de Salomão, o escolhido por Davi (1 Reis 1:7). Quando Salomão se tornou rei, ele ordenou a execução de Joabe por seus crimes passados e por apoiar Adonias. Joabe foi morto no altar, onde buscou refúgio, por Benaia, um dos principais oficiais de Salomão (1 Reis 2:28-34).


O declínio de Joabe é uma lição sobre lealdade, poder, impetuosidade e as consequências de nossas ações. Apesar de seu longo serviço e contribuições significativas ao reinado de Davi, a escolha de Joabe de apoiar Adonias mostrou uma falha mortal em seu julgamento e lealdade ao desejo final de Davi. Sua execução por ordem de Salomão ilustra a importância de alinhar-se corretamente com as lideranças estabelecidas e as consequências de decisões políticas erradas. Além disso, a morte de Joabe no altar, um local de refúgio sagrado, ressalta que nem mesmo os lugares de proteção divina podem absolver alguém das ações passadas e da justiça terrena. A história de Joabe nos ensina sobre a complexidade da liderança, a necessidade de discernimento nas alianças e a inevitabilidade de enfrentar as consequências de nossos atos.


RANIERE MACIEL MENEZES - FRASES PROTESTANTES