A Besta do Apocalipse e Monstro das Águas de Ezequiel 32: A Queda dos Impérios pela Mão de Deus
Filho do
homem, levanta uma lamentação sobre Faraó, rei do Egito, e dize-lhe: Eras
semelhante a um filho do leão entre as nações, mas tu és como uma baleia nos
mares, e rompias os teus rios, e turbavas as águas com os teus pés, e pisavas
os teus rios. – Ezequiel 32.2
Sim, há uma besta que surge das águas no Antigo Testamento, e a besta em Apocalipse não é a única. O profeta Ezequiel profetiza sobre o Egito como uma baleia nos mares, em algumas versões e noutras, (כַּתַּנִּ֣ים) “monstro nos mares” (kat·tan·nim; tanim ou tatino) ou um “crocodilo monstruoso”, "serpente"; "dragão"; "mosntro marinho", enfim, uma besta fera aquática; um monstro marinho ou fluvial. Isso reforça a simbologia profética em nomear impérios como animais desde a antiguidade.
Os
futuristas adoram projetar o terror da besta para um horizonte sombrio, mas as
feras vêm caindo há milênios e continuarão a cair. Seja o crocodilo monstruoso
do Nilo ou a terrível besta romana no Mediterrâneo, todos os gigantes caem
diante do tribunal de Deus. Biblicamente, todos os monstros marinhos foram
derrotados, seja há 2.500 anos, seja há menos de 2.000 anos, e o destino de
cada império caído foi profetizado e registrado nas Escrituras. Deus, o Senhor
das armadilhas, puxa a rede e subjuga todas as feras. Os impérios afundam como
monstros marinhos mortalmente feridos. -- Monstros das águas e a queda dos
impérios pela mão de Deus. Do Nilo ao Mediterrâneo, Deus derruba os gigantes dos
mares.
O Império
Romano (ou o próprio imperador) em Apocalipse é retratado como uma Besta que
agita o mar. A besta que sobe do mar em Apocalipse 13 não é o único monstro
marinho da Bíblia; o Egito, em sua violência e poder na antiguidade, também é
comparado a uma criatura poderosa das águas. Todos os impérios estão sob o controle
e julgamento de Deus. As feras humanas, como essas nações, enfrentam seu fim
diante d'Ele.
Tanto o símbolo
de poder da besta romana ou a fera egípcia têm vestígios de uma simbologia mais
antiga, no conceito de Leviatã, onde aparece no livro de Jó 41, como uma
criatura monstruosa que habita o mar. Em textos hebraicos antigos, ele é
descrito como uma serpente marinha gigantesca, um símbolo de caos primordial e
inimigo das forças de Deus. A imagem do Leviatã foi interpretada de diversas
formas ao longo dos tempos, com influências tanto da mitologia suméria quanto
da mesopotâmica. Este é o arquétipo mais antigo que simboliza poder, caos e a
ideia de uma força ou entidade dominante.
Não por
acaso, Thomas Hobbes, resgatou esse símbolo em sua filosofia política, em sua
obra “Leviatã” (1651). Hobbes usa o termo para representar o Estado soberano.
Para ele, na ausência de uma autoridade central forte (um "Leviatã"),
a humanidade vive em um estado de natureza que ele descreveu como "guerra
de todos contra todos", onde a vida é "solitária, pobre, sórdida,
brutal e curta". O Leviatã hobbesiano é o símbolo da necessidade de um
governo central autoritário que mantém a ordem social. Tanto a besta em
Apocalipse, quanto o monstro em Ezequiel, ambos são Leviatã, um romano, outro egípcio.
Em Ezequiel
32, os homens, comparados a bestas, são capturados na rede de Deus e caem
vergonhosamente. Ele controla as nações, lançando uma contra a outra, e gigantes
caem. No caso de Ezequiel, foi a Babilônia que destruiu o poderoso Egito, um
destino selado por Deus, como o profeta previu. Posteriormente, a poderosa
Babilônia caiu.
O Egito do
tempo do profeta Ezequiel, derrotado, é como a besta das águas que dominava o
Oriente Médio, mas caiu. Todo rei opressor paga o preço de sua ambição. O
monstro crocodilo é despedaçado, o império afunda, e Deus declara o fim do
poderoso Egito, 500 anos do Império Romano.
O contexto
histórico de Ezequiel 32 situa-se durante o período do exílio babilônico dos
israelitas, por volta do século VI a.C., quando o profeta Ezequiel recebe uma
série de visões e mensagens sobre o destino de várias nações, incluindo o
Egito. A profecia em Ezequiel 32 ocorre no décimo segundo ano após a deportação
do rei Joaquim (598 a.C.), o que coloca o cenário em torno de 585 a.C., logo
após a queda de Jerusalém nas mãos de Nabucodonosor, o rei da Babilônia.
Curiosamente, o rei que sonhou com as quedas de todos os impérios.
No século VI
a.C., o poderio naval do Egito estava em declínio, refletindo a perda gradual
de sua influência militar e econômica no Mediterrâneo e no Oriente Próximo.
Embora o Egito ainda fosse uma potência regional, principalmente durante o
reinado da 26ª Dinastia (Dinastia Saíta), ele já não tinha o domínio marítimo
que havia exercido em séculos anteriores. Durante esse período, o Egito enfrentava
pressões internas e ameaças externas, especialmente da Babilônia e da Pérsia.
O Poder
Naval Egípcio
Cerca de 1550
a.C. – 1070 a.C. Os faraós expandiram seu poder com navios no Mediterrâneo e no
Mar Vermelho, além do Rio Nilo. No entanto, no século VI a.C. (tempo de
Ezequiel), o cenário era diferente. O Egito já não exercia controle total sobre
o Mediterrâneo Oriental, especialmente após o avanço dos fenícios e, mais
tarde, o crescimento do Império Persa. A Fenícia, com suas cidades portuárias
como Tiro e Sidom, tinha se tornado a potência naval dominante.
Nos rios,
particularmente no Nilo, o Egito continuava a ser uma potência significativa,
usando o rio para transporte de mercadorias e tropas, bem como para a pesca. O
Nilo sempre foi importante para o controle interno do país. No século VI a.C., o
poderio naval do Egito, tanto nos mares quanto nos rios, estava em decadência.
No Mediterrâneo, os egípcios já não eram a potência dominante, sendo superados
pelos fenícios e, em seguida, pelos persas. Nos rios, principalmente no Nilo, o
Egito ainda mantinha um controle considerável, mas seu poder naval militar era
limitado, mas ainda assim, um crocodilo feroz.
O Egito na
época de Ezequiel
Naquela
época, o Egito ainda era uma potência regional significativa, embora estivesse
em declínio. O país havia sido governado por várias dinastias poderosas ao
longo de séculos, mas enfrentava ameaças internas e externas. No período
descrito em Ezequiel 32, o Egito estava sob o governo da 26ª Dinastia,
conhecida como Dinastia Saíta, com Faraó Hophra (Apries) no poder.
Hophra havia
ascendido ao trono em 589 a.C., e durante seu reinado, ele se envolveu em
diversos conflitos, tentando influenciar a política do Oriente Próximo. Ele se
aliou ao reino de Judá na esperança de formar uma coalizão contra a crescente
ameaça da Babilônia, governada por Nabucodonosor II. O Egito, sob Hophra,
ofereceu apoio militar a Judá durante o cerco babilônico a Jerusalém, mas esse
auxílio foi ineficaz, e Jerusalém acabou sendo destruída em 586 a.C.
Declínio e
Derrota do Egito
Ezequiel 32
prevê a queda do Egito e de seu governante, o Faraó, de maneira semelhante ao
que já havia acontecido com outras nações, como a Assíria. Historicamente, o
Egito de Hophra foi derrotado por Babilônia, que se consolidava como a maior
potência do Oriente Próximo na época. Embora o Egito não tenha sido
completamente destruído, como outras nações, sofreu graves perdas militares e
perdeu influência política na região.
O
Significado de Ezequiel 32
O capítulo
32 de Ezequiel apresenta o Egito como um grande opressor, representado por
figuras como um jovem leão e um crocodilo, símbolos de força e ferocidade. Mas,
a profecia indica que a grandeza do Egito seria humilhada pela mão de Deus,
usando Babilônia como instrumento de juízo. O Faraó seria capturado e
destruído, e a nação, devastada.
Esse
declínio egípcio estava inserido em um contexto de mudanças de poder na região,
com a ascensão da Babilônia e a queda de outras potências antigas. A profecia
de Ezequiel pode ser vista como uma expressão do julgamento divino não apenas
sobre o Egito, mas sobre todas as nações que desafiaram a soberania de Deus e
se opuseram a Seu povo.
O Que
Aconteceu com o Egito?
Após o
período de Hophra e a transição para o governo de Amasis II, o Egito entrou em
uma fase de declínio irreversível. Ele permaneceu como uma potência regional
menor e nunca mais recuperou a influência que havia exercido nos séculos
anteriores. A invasão persa em 525 a.C. sob Cambises II trouxe o Egito para o
domínio do Império Aquemênida, marcando o fim efetivo de sua independência por
vários séculos.
O capítulo
32 de Ezequiel apresenta uma profecia poderosa sobre o destino do Egito, usando
imagens fortes e vívidas para descrever a queda de Faraó e sua nação.
Ezequiel
anuncia que a destruição de Faraó seria inevitável, como um animal selvagem
apanhado em uma rede. A profecia descreve o destino sombrio que aguardava o
Egito: seu sangue encharcará a terra, sua carne será devorada pelos animais e
toda a nação será coberta por um manto de tristeza. Essa visão antecipava o
julgamento de Deus que caiu sobre o Egito, semelhante ao que já havia ocorrido
com a Assíria.
Pecadores e
Perturbadores, Imperadores ferozes
A profecia
revela uma verdade profunda: grandes pecadores, como Faraó, são grandes
perturbadores. Nações poderosas, como Roma e Assíria, e líderes ambiciosos,
como Hitler e Napoleão, também agiram de maneira semelhante, causando caos e
destruição ao usarem sua força sem princípios. Eles invadiram territórios, destruíram
nações e perturbaram a paz. Assim, o pecado e a opressão trazem sempre consigo a
violência e o juízo de Deus.
O Juízo é
Inevitável
Por mais
poderosos que sejam, as bestas que perturbam a ordem de Deus encontram sua
derrota no final. Deus, como descrito na profecia, estende sua "rede"
e captura o poderoso Faraó. Isso simboliza que, mesmo nos momentos de maior ou
menor poder, os opressores enfrentam o julgamento inevitável de Deus. Sua queda
é certa, e eles não podem escapar do destino que suas próprias ações trouxeram
sobre si.
A Ruína dos
Orgulhosos
A profecia
também revela que a ruína dos grandes pecadores será visível a todos. Faraó,
descrito como um monstro marinho, será deixado exposto, com seu cadáver
espalhado pelos campos e montanhas, em um espetáculo de desolação, como
aconteceu com Mussolini. Essa imagem serve como advertência de que a destruição
dos ímpios será evidente e inevitavelmente humilhante. Assim como o Faraó,
líderes que abusam de seu poder serão publicamente envergonhados, e suas
conquistas serão lembradas como símbolos de ruína.
O capítulo
de Ezequiel 32 traz uma poderosa lição sobre a natureza do pecado, a opressão e
o julgamento de Deus. Grandes pecadores, verdadeiras bestas, podem, por um tempo, dominar e perturbar, mas
sua derrota e desgraça são inevitáveis. O Egito, outrora uma nação temida e
poderosa, enfrentaria a completa devastação nas mãos de Babilônia, e sua queda
serviria como um aviso para todas as nações: a justiça de Deus não falha, e
aqueles que abusam de seu poder enfrentarão a sua mão.
Um pouco mais sobre as bestas das
águas
No primeiro
século d.C., o poder naval do Império Romano era bastante desenvolvido e
desempenhava um papel importante na defesa e manutenção de suas vastas rotas
marítimas. Durante esse período, o Império Romano controlava o Mediterrâneo,
que era conhecido como "Mare Nostrum" (nosso mar), devido à hegemonia
romana nas águas que cercavam seu território. O domínio naval romano no
Mediterrâneo e em outras áreas permitiu ao império expandir e manter seu poder
militar, econômico e político. Não por acaso, a besta em Apocalipse 13 surge do
mar, uma força naval que combateu outra potência naval, Cartago.
A besta
romana era formidável, o espetáculo teatral chamado Naumaquia, trazia a
lembrança aos espectadores das arenas alagadas a simulação de batalhas navais.
Imagine a engenharia para alagar estádios, como o Coliseu, e transformar a
arena em lago artificial! E havia mortes reais e carnificina entre gladiadores
e prisioneiros, isso como entretenimento do povo romano. João, em Apocalipse,
não poderia definir tão bem o símbolo da besta que vem do mar. A marinha romana
transportava legiões em frotas ao longo do império. O controle absoluto do
Mediterrâneo permitiu a Roma manter a segurança de seus territórios e expandir
seu domínio.
A figura da besta
que emerge do mar em Apocalipse 13 pode ser compreendida dentro de uma leitura
que considera as forças políticas e militares do Império Romano. Analogias com
o monstro marinho em Ezequiel 32, que simboliza o poder do Egito, também podem
ser usadas para estabelecer uma correlação entre as representações de poderes
opressores ao longo das Escrituras.
Em
Apocalipse 13:1, João descreve a visão de uma besta que emerge do mar com dez
chifres e sete cabeças. Na simbologia apocalíptica, o mar frequentemente representa
nações gentias ou povos estrangeiros, e a besta simboliza um poder político,
militar ou imperial. Dentro dessa ótica, essa besta é interpretada como o
Império Romano, que no primeiro século dominava o mundo conhecido,
particularmente o Mediterrâneo (literalmente o “mar” ao redor do qual o império
se estendia).
Em Ezequiel
32:2-3, o profeta Ezequiel se refere ao Egito como um grande monstro marinho
(frequentemente entendido como um crocodilo ou Leviatã), que seria capturado
por Deus e retirado das águas. Aqui, o monstro marinho representa o poder
imperial egípcio, que na época de Ezequiel era visto como uma grande ameaça ou
potência opressora.
Assim como o
Império Romano, o Egito tinha forte influência política e econômica e dependia
das suas vias fluviais e marítimas (como o Nilo e o Mediterrâneo). Na narrativa
de Ezequiel, a retirada do monstro das águas é um símbolo da derrocada do poder
egípcio e da sua impotência diante do julgamento de Deus.
Em ambos os
textos, o mar (ou rio) é o ponto de origem de uma potência política e militar
que exerce dominação e controle sobre os povos. Lembrando ainda, que, o mar é
uma metáfora recorrente para as nações e povos gentios. Tanto o Egito quanto
Roma surgiram como poderes opressivos que utilizaram seu domínio sobre as águas.
Ambas as
figuras são julgadas por Deus. Em Ezequiel, o monstro egípcio é retirado das
águas e destruído, simbolizando a queda do Egito. De modo semelhante, a besta
do mar em Apocalipse 13 enfrenta o julgamento final de Deus, simbolizando a
eventual queda de Roma.
Ambos
emergem do mar, que simboliza não apenas uma origem de povos gentios, mas
também o poder naval e econômico de impérios que usavam as águas como meio de
dominação. Tanto o Egito quanto Roma, em suas respectivas épocas, foram
potências que exerceram dominação política, econômica e militar, controlando
rotas comerciais e influenciando o cenário internacional. O controle das águas,
seja por meio do Mediterrâneo (Roma) ou do Nilo (Egito), é um elemento comum de
poder, importante a ser considerado em ambas as referências.
O monstro aquático
do Egito é derrotado, assim como a besta romana é finalmente destruída em
Apocalipse, representando a vitória do Reino de Deus sobre os poderes
opressores da Terra.
Como serpentes ocultas nas sombras, como dragões que se enroscam nas profundezas dos mares, assim são os poderes que assombram o mundo. A palavra usada em Jeremias 51:34 ecoa com o peso do passado: Nabucodonosor, rei de Babilônia, devorou-me, transformou-me em um vaso vazio. Como um chacal (ou serpente venenosa), engoliu minhas delícias, e depois lançou-me fora, saciado de mim. Babilônia, um dragão voraz, implacável.
Hoje, alguns dos dragões que devem levantar as orações do povo de Deus: as ditaduras no Oriente Médio, a nomenclatura russa, o pequeno dragão venezuelano que ruge alto demais, o tirano da Coreia do Norte e o ainda impenetrável dragão Xi. Que o Senhor faça pesar Sua mão sobre todos eles, como o vento dispersa a palha.
Mas no fim, assim como Nabucodonosor ergueu seus olhos ao céu em Daniel 4, reconhecendo a majestade do Altíssimo, assim também cada um desses reis terrenos há de ver que seus impérios são nada perante o domínio eterno. Ele, que governa de geração em geração, não será questionado, nem impedido. Tudo se submete à Sua vontade, seja nos céus ou na terra. Que diante de Seu poder, a arrogância dos dragões se dissipe como cinzas ao vento.
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