29.8.24

Quando o Impossível se Torna Possível: O Milagre no Deserto -- Fazei neste vale muitas covas... 2 Reis 3

Quando o Impossível se Torna Possível: O Milagre no Deserto

Fazei neste vale muitas covas...


A Bíblia tem histórias que desafiam nossa compreensão, confundem os ateus e nos ensinam lições profundas sobre fé, obediência e as surpreendentes maneiras como Deus opera. Dois relatos bíblicos em particular, encontrados em 2 Reis 3, ilustram como a intervenção divina e as estratégias humanas se entrelaçam, resultando em milagres e vitórias inesperadas.


Segundo o comentário da Confissão de Fé de Westminster, Deus opera milagres através de Sua soberana vontade e poder, intervindo de maneira extraordinária na ordem natural do mundo que Ele mesmo criou. No capítulo V, que trata da providência, a Confissão afirma que, embora Deus sustente, dirija e governe todas as Suas criaturas e ações por meio de causas secundárias (as leis naturais que Ele estabeleceu), Ele também pode agir além ou contra essas leis naturais para cumprir Seus propósitos. Isso é visto como uma manifestação do poder divino que não está limitado ou confinado às leis ordinárias da natureza.


Deus opera milagres ao suspender ou modificar as causas secundárias de forma temporária e direta, demonstrando Sua soberania e poder absoluto sobre toda a criação. Esses atos miraculosos são excepcionais e servem para revelar a glória de Deus, confirmar Sua palavra e realizar Seus decretos eternos.


O Milagre no Vale Seco: Obediência e Fé


Por que caminho subiremos? Então disse ele: Pelo caminho do deserto de Edom...

E partiu o rei de Israel, e o rei de Judá, e o rei de Edom; e andaram rodeando com uma marcha de sete dias, e o exército e o gado que os seguia não tinham água...


Em 2 Reis 3:16-17, Deus dá uma ordem aparentemente ilógica: “Fazei neste vale muitas covas.” Para os reis de Israel, Judá e Edom, que enfrentavam a escassez de água no deserto de Edom, a ordem parecia absurda e contra intuitiva. Não havia nuvens no céu, nenhum sinal de chuva, e ainda assim, Deus prometeu que o vale se encheria de água sem que vissem vento ou chuva. Esta situação desafiadora revela uma verdade: Deus muitas vezes age de maneiras que ultrapassam nossa lógica e compreensão. A verdadeira questão não é entender o “como”, mas confiar no “quem” – o Deus que sempre cumpre Suas promessas.


Preparem este vale com valas para reter água, tanto para homens quanto para animais. Aqueles que esperam as bênçãos de Deus devem estar prontos para recebê-las. Vocês não verão vento nem chuva, mas o vale será preenchido com água. Deus não está limitado a meios comuns; Ele pode abençoar de formas inesperadas, e esse vale será cheio de água, o que torna o milagre ainda mais impressionante.


Matthew Henry comenta, -- Eliseu ordena que encham o vale com poços para receber água, mostrando que aqueles que esperam as bênçãos de Deus devem se preparar, assim como no vale de Baca, transformando até mesmo lugares áridos em fontes de vida (Sl 84:6). Não é necessário questionar de onde vem a água, pois Deus não está limitado a causas secundárias. Aqueles que sinceramente buscam o orvalho da graça de Deus o receberão e, através dele, serão feitos mais que vencedores.


Os soldados hebreus, em um ato de fé submissa, obedeceram sem questionar. Cavaram as valas, preparando o terreno para o milagre de Deus. Na manhã seguinte, o impossível aconteceu: o vale estava cheio de água. Mais impressionante ainda foi o efeito desta água aos olhos dos inimigos moabitas. -- Deus não somente lhe dará milagrosamente água, mas também entregará seus inimigos em suas mãos. Os moabitas foram com força máxima para tentar acabar com Israel, pois o esperado seria encontrar um exército exausto naquele ponto do deserto. -- Quando todos os moabitas ouviram que os reis tinham subido para lutar contra eles, reuniram todos os que podiam vestir armaduras e marcharam, e se puseram na fronteira.


A Ilusão que Leva à Derrota: Estratégia e Engano


E levantaram-se de madrugada, e o sol brilhou sobre as águas, e os moabitas viram as águas do outro lado, vermelhas como sangue.


Os moabitas, ao verem o reflexo do sol nas poças de água, confundiram o reflexo avermelhado com sangue. Eles concluíram que os exércitos aliados haviam se destruído entre si e, confiantes, correram para saquear o que pensavam ser um campo de batalha repleto de cadáveres. Esse erro fatal, nascido de uma ilusão, os levou diretamente à derrota nas mãos dos israelitas. – Comentário de Benson diz: Ao verem a água, os moabitas perceberam que os raios do sol a tornavam vermelha, refletindo como se fosse sangue. Isso os levou a concluir que os exércitos dos três reis haviam lutado entre si e se matado, já que sabiam que não havia água naquele local antes. Convencidos de que o sangue era dos reis mortos, os moabitas, sem enviar batedores, avançaram desordenadamente para saquear o que acreditavam ser um campo de batalha sem inimigos. No entanto, estavam enganados, e essa precipitação os levou à sua própria destruição. -- Também havia uma mão divina, fortalecendo-os em seus erros e endurecendo-os para sua destruição.


O Senhor Deus, como havia previsto por meio de Seu profeta, fez com que as forças da natureza, ordenadas por Ele, trabalhassem de maneira predeterminada para cumprir sua vontade soberana.


Essa narrativa nos ensina sobre os perigos de confiar demais em nossas percepções e agir precipitadamente sem considerar as possíveis armadilhas. Na vida, muitas vezes somos vítimas de ilusões semelhantes, tomando decisões baseadas em primeiras impressões, apenas para descobrir mais tarde que fomos enganados. Deus confunde seus inimigos, sempre.


A Devastação e o Terror: A Realidade da Guerra


Após a derrota inicial dos moabitas, os israelitas implementaram uma estratégia de devastação sistemática. Destruíram cidades, cortaram árvores frutíferas, entupiram poços e cobriram a terra com pedras. Essa ação não foi apenas uma demonstração de poder, mas também uma tática para garantir que Moabe não pudesse se reerguer rapidamente.


A guerra culminou em um ato trágico e desesperado: o sacrifício do filho do Rei de Moabe como holocausto sobre o muro da cidade. Este ato foi uma tentativa de invocar a ajuda de um ídolo, deus inútil, ou, pelo menos, causar horror nos inimigos. O sacrifício pagão causou repulsa entre os israelitas.


O que podemos extrair para nossas vidas hoje?


Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito – Rm 15.4


As histórias bíblicas não são apenas relatos históricos, mas fontes de lições práticas. Sobre cavar poços, primeiramente nos ensinam a confiar em Deus, mesmo quando Suas instruções parecem não fazer sentido. Como os reis que cavaram valas em um deserto seco, devemos estar dispostos a preparar nossos corações para receber as bênçãos divinas, mesmo quando as circunstâncias parecem adversas. Devemos orar por milagres e crer no sobrenatural ou Deus não realiza mais milagres? Obediência em Sua Palavra e fé, é isto que Deus quer do Seu povo.


Essas narrativas também nos exortam sobre os perigos de ilusões e decisões precipitadas. Devemos ser cuidadosos em nossas percepções e não nos deixarmos enganar pelas aparências. A verdadeira sabedoria vem de buscar a orientação de Deus em todas as coisas. Não ser enganado pelo que vê, mas acreditar nas promessas de Deus.


Também somos lembrados das realidades atrozes da guerra e da necessidade de manter nossa fé em meio ao caos. A misericórdia de Deus é infinita, e Ele nos chama a viver de maneira justa e piedosa, mesmo em meio aos desafios mais difíceis.


Esses relatos nos desafiam a ter fé, a agir com discernimento, e a confiar que Deus sempre faz o impossível acontecer quando seguimos Suas promessas. Que possamos, como os reis de Israel, Judá e Edom, ter a coragem de cavar valas em nossos desertos e esperar com fé pelo milagre que só Ele pode realizar.


RM-FRASES PROTESTANTES