SOLA SCRIPTURA e
Política
Raniere Menezes
Uma autoridade cristã verdadeira deseja de coração governar
seguindo os princípios bíblicos, e neste caminho, honrar e servir a Cristo. Não é um governar só de
fachada como os fariseus, que no fundo buscam somente interesses próprios. Mas
servir com justiça. A autêntica política cristã é sempre Escriturística.
Quem se diz cristão e ao mesmo tempo se diz neutro em
política o é: ou por princípio (como os anabatistas) ou por oportunismo, pois é
declarado que Cristo é o Soberano dos reis da terra. Cristo tem sob seu cetro todas as autoridades de qualquer religião e
sobre todos os incrédulos, para exercer justiça e guardar a ordem entre os
homens. Para nós, cristãos, seu povo, Ele deve ser sobremaneira exaltado e
honrado como Soberano. E isso só é possível se SEGUIRMOS SUA PALAVRA. Como está
em Mateus 7.21-27:
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas
aquele que faz a vontade de meu Pai,
que está nos céus.
Muitos me dirão
naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome
não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos
de mim, vós que praticais a iniqüidade.
Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica,
assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha;
E desceu a chuva, e
correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu,
porque estava edificada sobre a rocha.
E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei
ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;
E desceu a chuva, e
correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi
grande a sua queda.
Mateus 7:21-27
Necessariamente devemos ser ESCRITURÍSTICOS em tudo,
inclusive na política. Devemos fazer
política segundo a vontade de Deus revelada nas Escrituras. O perigo da política
não é a política em si, mas o zelo antibíblico. Muitas vezes, religiosos
consideram que suas ações injustas estão a serviço do Reino de Cristo e tudo
não passa de um zelo antibíblico. Aí está o perigo. Ao cristão não há a
liberdade de abandonar as coisas da vida política comum da sociedade. Não há
como dizer, "não tenho nada a ver com isso!"
Na história tivemos momentos no AT e NT nos quais pessoas aplicaram
políticas em nome do judaísmo e do cristianismo mas que não agiam conforme às
SAGRADAS ESCRITURAS. E toda manifestação política religiosa corre esse risco
ainda hoje. Esses religiosos até podem causar impressões de muita piedade em
sua forma, mas habita em seu seio um zelo fanático que não agrada a Deus, mesmo
que em nome do povo de Deus ou de Cristo.
Coré, Datão e Abirão, em seu zelo pelo sacerdócio confrontaram
Moisés e Arão. Lemos isso em Números 16 e 17. Em seu zelo pelo povo de Deus,
Saul matou os gibeonistas, porém o Senhor vingou esta injustiça, como lemos em
II Samuel 21. Por zelo religioso fanático os "mais piedosos"
crucificaram a Jesus e perseguiram Paulo de cidade em cidade, o resultado para
eles, a destruição de Jerusalém pelos romanos como juízo de Deus.
Na história da Igreja temos as Cruzadas organizadas pelo
zelo religioso dos Católicos Romanos e consequentemente centenas ou milhares de
cristãos morreram nos campos de guerra da Ásia Menor e Síria. Por zelo fanático
os anabatistas, em nome de Cristo, encontraram na espada os juízos de Deus. Por
zelo fanático o Protestantismo cometeu erros.
Outros fatos poderiam ser relatados para demonstrar que o
perigo não está no envolvimento social político em si, mas no zelo não bíblico
pelo Reino de Cristo. O avanço na política cristã não é pela força física e
violência, mas pelo poder do Evangelho; pelo poder do Espírito de Deus.
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Referência: Que es politica cristiana frente a la del mundo,
A. Janse, 1978. FELIRE.