21.9.24

O Banquete Vazio: O Fim de Senaqueribe e os Sonhos dos Tiranos


O Banquete Vazio: O Fim de Senaqueribe e os Sonhos dos Tiranos

 

Será também como o faminto que sonha, que está a comer, porém, acordando, sente-se vazio; ou como o sedento que sonha que está a beber, porém, acordando, eis que ainda desfalecido se acha, e a sua alma com sede; assim será toda a multidão das nações, que pelejarem contra o monte Sião. Isaías 29.8

 

Isaías 29:8 faz parte de um capítulo em que o profeta condena a rebeldia de Jerusalém e das nações que se opõem a ela, prevendo o castigo da ira de Deus quem se levanta contra seu povo sem sua ordem. Nesse versículo oito, o profeta inspirado pelo Espírito Santo usa a metáfora do homem faminto e sedento, que sonha com comida e bebida, mas ao despertar percebe que ainda está faminto.

 

Esse trecho faz referência à desilusão das nações que tentam invadir e destruir Jerusalém e também, numa segunda aplicação, não menos importante, todos que se levantam contra a Santa Igreja de Deus. Historicamente, o contexto de Isaías 29 está ligado ao cerco de Jerusalém por nações estrangeiras, como a Assíria. Senaqueribe, rei assírio, foi um dos inimigos mais temidos, cujo exército se preparava para tomar a cidade. No entanto, as profecias de Isaías indicam que, apesar do aparente poder dessas nações, elas fracassariam, assim como o homem que sonha em comer, mas acorda ainda vazio. Esta metáfora é sensacional. -- Quanto mais o tirano busca devorar o Reino de Deus, mais faminto ele se torna, pois a ilusão da posse é o maior de seus flagelos. Todos os sonhos dos tiranos terão o fim de Senaqueribe. E todos que marcham contra Sião serão mortos com a barriga rocando de fome. Não exista grande que não caia aos pés de Cristo.

 

Imagine um exército poderoso, marchando com extrema fúria e ambição, certo de que a vitória sobre o Monte Sião está ao seu alcance. Eles veem o saque diante de si, como um banquete prometido. Mas quando estendem a mão para tomá-lo, tudo se desfaz, como um sonho. Glória Deus!

 

É como o homem faminto que, em seu sono, imagina-se à frente de uma mesa farta, mas ao acordar, encontra apenas o vazio, sua fome ainda maior. Ou como a pessoa sedenta, que sonha em beber água fresca, mas desperta com a garganta seca, ainda mais aflita. E muitos além da sede terrena, despertaram no lugar eterno de extrema sequidão.

 

Assim será o destino de todas as nações que ousarem atacar Sião: elas se iludem com a certeza de sua vitória, mas quando despertam, encontram apenas derrota e frustração, aprisionadas pelo vazio de suas ilusões.

 

A Fome da Alma e a Vontade do Nada

 

Oh, como a humanidade se embriaga com seus sonhos de conquista! Como os poderosos — reis e tiranos — marcham com suas hordas, acreditando que o mundo é uma mesa posta para seu banquete! Mas eis a verdade crua que Isaías revela: não há banquete, não há saciedade. Quando despertam de suas ilusões, estão mais famintos do que antes, mais vazios, mais fracos. O que é essa fome que não cessa, senão a própria sede pelo impossível diante dos decretos de Deus?

 

Senaqueribe, com toda sua arrogância, foi ao encontro de Sião, acreditando que a cidade santa seria sua presa fácil. Ele, como tantos antes e depois dele, não entendeu que há algo em Sião que transcende o desejo mundano. O Monte Sião é o símbolo daquilo que é intangível, do divino que escapa às garras humanas. E, no entanto, esses reis sedentos, esses homens cheios de vontade de poder, sonham em tomá-lo, até os dias de hoje. Pobres sonhadores! Ao acordar, suas almas gritarão por aquilo que nunca poderão alcançar, como Isaías tão poeticamente nos mostra: "Será como quando um homem faminto sonha que está comendo, mas acorda e sua alma está vazia."

 

Eis o castigo mais terrível de todos: não a derrota nas mãos de outros homens, mas o desafia Deus, o confronto com o próprio vazio da alma contra Aquele que enche todas as coisas. A alma faminta, sempre desejando mais, sempre esperando que o próximo banquete, a próxima conquista, o próximo ato de poder traga satisfação — essa alma está condenada. Pois a fome não é pelo alimento, a sede não é pela água; é pelo próprio ego, por um sentido que escapa àqueles que vivem apenas pela vontade do poder.

 

Numa terceira aplicação pastoral, além da histórica e teológica, o que Isaías nos revela é a tragédia humana em se rebelar contra Deus e Seu Ungido. As nações que se erguem contra Sião não lutam apenas contra uma cidade; elas lutam contra o próprio Deus. Seus sonhos de grandeza são como fumaça, dissipados pela luz da manhã. O banquete que pensavam devorar desaparece, e o que resta é apenas o gosto amargo do fracasso. Assim será com todos os tiranos da história que se levantam contra o povo de Deus. Em algum momento parecem em vantagem, mas a derrota e humilhação são certas. o desejo pecaminosol é a maior tragédia humana.

 

Senaqueribe, poderoso rei da Assíria, derrotado volta para sua casa em Nínive, e em adoração pagã ao seu deus Nisroque, é morto por seus filhos a espada, Adrameleque e Serezer. E Esar-Hadom, outro filho, reinou em seu lugar. (2Rs 19.37; Is 37.38). -- Oh, como o poder dos homens se revela frágil diante do insondável! Senaqueribe, o grande rei assírio, que marchou sobre Jerusalém com a certeza de um predador que já sente o sabor de sua presa, com água na boca, não previu o golpe invisível que o esperava. Em uma única noite, 185 mil de seus homens caíram — abatidos não pelas armas de seus inimigos, mas por algo muito sobrenatural.

 

Os críticos, sempre ávidos por explicações terrestres, falam de pragas e doenças. Mas o que importa se foi uma peste ou a mão de um anjo? A verdade é clara: Senaqueribe foi quebrado, não pela força das muralhas de Jerusalém, mas pela própria futilidade de seu poder.

 

E como termina esse rei tirano, que acreditava ser o dono dos destinos dos homens? Morto por seus próprios filhos, traído pelo sangue que ele mesmo cultivou. O império que ele sonhava forjar desmoronou ao seu redor, como os sonhos de conquista que desaparecem ao amanhecer. O poder que ele tanto buscava o devorou, transformando-o em nada mais que uma lembrança — uma nota irônica na história, onde até os maiores se curvam diante de Deus.

 

Que lição amarga! Aquele que desafia Deus e marcha contra o Santo encontrará não glória, mas o vazio — o fim inevitável que espera por todos os que acreditam que podem dobrar o mundo à sua vontade. Senaqueribe, o tirano que sonhou com glória, mas despertou em ruínas.

 

Cegamente, muitos querem abraçar o vazio, e olhar para o abismo sem medo. E Isaías, em sua profecia, nos dá o primeiro vislumbre dessa verdade brutal: os que buscam no mundo o que apenas o espírito pode conceder estão destinados a acordar de seus sonhos e se deparar com a horrível realidade de sua fome eterna. Que o Senhor nos livre dessa cegueira! O Monte Sião não pode ser conquistado, pois ele representa o que está além da carne, além da matéria, além do poder terreno. É o símbolo daquilo que nos escapa quando ainda estamos presos à terra. O desejo pecaminoso é um sonho inatingível, a terrível ilusão dos desejos vãos.

 

Senaqueribe, era um conquistador incansável, marchava sobre terras estrangeiras como um deus vingador, decidido a proteger o império assírio de todas as ameaças que ousassem desafiar sua glória. Babilônia, sempre inquieta, ousou erguer-se contra sua vontade, e conheceu a brutal realidade do poder desse rei. Senaqueribe cercava cidades muradas por meses e sufocava lentamente os povos como uma jiboia que abraça sua presa exausta. Esse rei tirano era guiado por violência pura e carnificina sem remorso. Ele não apenas tomava uma cidade, mas a devorava. Por onde passava deixava calamidade, destruição, ruínas e sangue, humanamente ele era o rei dos reis. E ia além, sua vitória não estava completa até que ele profanasse o templo do deus dos inimigos. O grande ídolo de Marduque, deus dos babilônios, foi arrastado para Nínive, como um troféu, uma prova incontestável de que os deuses da Babilônia eram impotentes diante da força de um homem que caminhava como um titã sobre a terra. Assim, Senaqueribe não apenas acabava com uma cidade, ele quebrava o espírito de um povo. Quando ele cercou Jerusalém esperava o mesmo feito. -- O exército assírio, em toda sua arrogância, foi detido diante dos portões de Jerusalém, como uma onda furiosa que se quebra contra um rochedo inabalável.

 

O grande Senaqueribe, o conquistador invencível, aquele que ousou desafiar reinos e deuses, encontrou seu fim de uma maneira irônica. Louvando no santuário de seu glorioso deus mudo Nisroque, acreditando estar sob a proteção das deidades que ele tanto venerava, foi ali, entre as figuras desses "protetores", que ele foi esmagado. Grande escudo divino o acompanhava! Morto pelas mãos de seus próprios filhos, enquanto buscava consolo na proteção de estátuas silenciosas — Deus ri daqueles que acreditam poder desafiá-lo (Sl 2).

 

A vida humana é permeada por sonhos que nos embalam em promessas vazias. Assim como o homem faminto que sonha com um banquete diante de si, nós, mortais e pecadores, corremos atrás de ilusões que desaparecem no momento em que acordamos para a dura realidade. Eis aqui o cerne da angústia pecaminosa: a busca incessante por aquilo que nunca realmente podemos alcançar.

 

Isaías 29:8 nos traz a metáfora perfeita dessa realidade. Os inimigos de Jerusalém, ávidos por sua destruição, acreditavam que sua vitória era certa, como o faminto que, em sonho, se vê à frente de uma mesa farta. No entanto, ao despertar, descobrem que tudo não passava de fantasia, e sua fome, antes adormecida, agora clama ainda mais alto. Assim será a multidão das nações que pelejam contra o Monte Sião — desejam, planejam, sonham, mas ao final, acordam vazios, derrotados pela ilusão de seus desejos vãos. Por toda história isso se repete e a fome e sede só aumentam. -- Um último alerta aos tiranos, assim como o faminto em seu delírio, o tirano persegue sombras, acreditando que o mundo é sua presa, mas desperta com as mãos vazias.

 

Mesmo o povo de Deus, muitas vezes se afastam dessa verdade como uma perigosa apostasia. Que Deus nos ajude a questionar as ilusões que podemos cair, dogmas que destroem a fé no poder sobrenatural de Deus. Não estamos distantes desse conflito que pode confundir nossa alma. Cuidado com o que busca, pois há desejos que jamais serão saciados. A insaciabilidade do desejo humano, essa ânsia pelo inalcançável, é a verdadeira tragédia da nossa condição pecaminosa. Na batalha por Sião, aqueles que lutam contra o que é Santo não apenas perdem a guerra externa, mas a interna, condenados a viver eternamente insatisfeitos. Traga a memória a metáfora de Isaias, "será como quando um homem faminto sonha que está comendo, mas acorda e sua alma está vazia” — essa imagem pungente nos lembra que viver em busca do inatingível é o maior castigo. Despertemos, então, do sonho enganoso, antes que sejamos consumidos por essa fome incessante que jamais será saciada.

 

Que Deus nos ajude a desejar seu banquete celestial cada vez mais, pois as migalhas dessa vida apenas nos fazem descobrir que a fome é sua única realidade. Que essa mensagem poderosa do Espírito Santo sirva para os inimigos da Igreja que marcham sobre Sião como Senaqueribe com sede de conquista, mas suas almas nunca beberão da fonte da Água Viva.


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