8.1.17

Breve análise de redes sociais do Apóstolo Paulo


Breve análise de redes sociais do Apóstolo Paulo - Por Raniere Menezes

Albert-László Barabási é uma das maiores referências da atualidade quando o assunto é ciência de redes. Existiram muitos teóricos que falaram de redes bem antes da existência da Internet e Redes Sociais, e bem antes de Barabási. Os estudos das redes envolvem matemática, física, ciências da computação, sociologia, biologia, química e muitas outras áreas. Há muito material disponível sobre ciência de redes disponíveis na Internet.

A abordagem de Barabási é muito interessante porque ele insere na história das redes sociais o Apóstolo Paulo, no século I. Ele destaca que Paulo percorreu milhares de quilômetros, anos apos anos, dando um total de 16mil km em 12 anos. É amplamente reconhecido que a propagação do cristianismo no primeiro século deve-se especialmente a missão e evangelismo de Paulo.

Inicialmente Saulo (posteriormente, Paulo) era um perseguidor feroz de cristãos, judeu ortodoxo, falava várias línguas, possuía nacionalidade judia e romana, e domínio cultural do mundo grego. Viajava de comunidade em comunidade perseguindo, caçando, aprisionando e matando cristãos. Conhecedor de três culturas, homem viajado, foi escolhido por Deus para defender a mensagem do Evangelho que antes combatia.

Paulo usou sua vasta cultura para espalhar o Evangelho no primeiro século, de Jerusalém a Roma, alcançou o maior numero possível de pessoas. Foi o maior teólogo e missionário do cristianismo. O mediterrâneo era uma área geográfica toda interligada por estradas, a providência de Deus interligou todo mundo antigo através da expansão grega e romana. Obviamente, os cientistas sociais não cristãos não entendem dessa forma. Mas é como as Escrituras Sagradas ensinam.

Barabási em sua teoria diz que tudo esta ligado a tudo, seja no comércio, ciência e vida cotidiana. Voltado à missão de Paulo, quando ainda era Saulo e combatia o cristianismo, ele viajou de comunidade em comunidade perseguindo cristãos. Este foi seu primeiro conhecimento de rede adquirido. Quando então transformou-se em Paulo, o Saulo convertido ao cristianismo, ele sabia bem como espalhar a mensagem, com base em seu conhecimento das comunidades, esta é a teoria de Barabási.

Para um melhor entendimento das expansões judaicas e cristãs é também muito importante compreender as antigas DIÁSPORAS (significa dispersões de povos, por motivos políticos ou religiosos, é um tipo de deslocamento ou migração forçada ou incentivada de uma população). Os judeus foram dispersos pelo mundo muitas vezes na história, o mesmo aconteceu com os cristãos, a maioria das vezes por perseguição. – Mais uma vez entra o entendimento da providência que foge da compreensão dos céticos. Deus, em sua providência, ao longo da história pode usar perseguições para dispersar o seu povo e com isso sua mensagem pode ser levada para os lugares mais distantes. As antigas diásporas judaicas e cristãs colaboraram em formar uma ampla rede distribuída por todo mundo antigo (o mundo greco-romano).

Movimentos de expansão a parte das diásporas, temos o COMÉRCIO, especialmente o marítimo e as redes políticas de domínios, a exemplo da expansão e domínio de Alexandre, o qual fez intercâmbio artístico e comercial da Grécia ao Egito, e, é claro, o Império Romano, com suas fronteiras gigantes.

Explicar a expansão do cristianismo somente pela ótica sociológica é insuficiente. Sabemos que biblicamente e pela fé que Paulo era um servo de Cristo Jesus e cumpria a Grande Comissão de Mateus 28. Ele tinha em mente alcançar judeus e gentios. Geograficamente seu plano era levar o Evangelho de Jerusalém para todas as nações (segundo a Grande Comissão). E foi especialmente chamado para esta missão.

Uma análise das viagens missionárias de Paulo mostra que ele avançava por certas regiões e depois retornava.  Havia a preocupação de Paulo em fortalecer as igrejas que haviam sido plantadas (Atos 15:36), mas é evidente que Paulo tinha também a preocupação de ir sempre mais longe. Um exemplo claro disso está em Romanos 15:24 e 28 onde vemos a intenção de seguir até a Espanha. Seu método era plantar igrejas e discipular.

Algo que os cientistas sociais não conseguem entender é que Paulo era movido e orientado pelo Espírito Santo. Paulo não foi por acaso o maior teólogo e maior missionário do cristianismo. Em menos de dez anos, entre os anos 47 e 57, ele plantou igrejas em quatro províncias do Império Romano: Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia proconsular. Depois de dez anos plantando igrejas, ele escreve aos romanos que já não tem campo de atividade naquelas regiões (Rm 15.23). Não havia transporte rápido, não havia comunicação veloz como temos hoje e Paulo fez o que fez em uma década.

Dr. Augustus Nicodemos* fez um interessante comentário sobre a escolha dos centros estratégicos por parte de Paulo. Ele percorria as estradas romanas anunciando o Evangelho e organizando os discípulos nas principais cidades das províncias imperiais, que eram centros estratégicos. Ele estava movido pela urgência da convicção de que o reino de Deus havia raiado e a vinda do Senhor Jesus era iminente, de que o Evangelho deveria ser pregado a todas as nações e ele tinha pouco tempo para fazer isso. Então, ele concentrou suas atividades nesses pontos estratégicos do Império Romano. Tessalônica tornou-se a base missionária para a província da Macedônia; Corinto a base para a província da Acaia; e Éfeso, a sua base para a Ásia proconsular. – E sobre o modo de organizar as igrejas locais, Paulo organizava seus convertidos em comunidades, as igrejas locais. O seu objetivo era promover os meios pelos quais eles fossem edificados, instruídos, celebrassem a Ceia, cultuassem a Deus e se envolvessem no próprio projeto de expansão do cristianismo. Paulo os batizava, elegia presbíteros dentre eles a quem encarregava do rebanho (At 14.21-23), e depois de algum tempo voltava para supervisioná-los (At 15.36; 16.4-5; 18.23).

Podemos concluir com uma breve reflexão: o que podemos fazer pela transmissão do Evangelho com o uso das redes sociais da Internet? O que podemos fazer nos dias de hoje para fortalecer o discipulado?

***
Paulo, Plantador de Igrejas: Repensando Fundamentos Bíblicos da Obra Missionária, por Dr. *Augustus Nicodemus Lopes -- http://www.monergismo.com/textos/missoes/missoes_augustus.htm