A Escatologia dos Blogs: Os Blogs Morreram há Anos
Dizem que os blogs morreram há anos. O Google, com
suas mudanças de algoritmo, foi coveiro e o padre exorcista na cerimônia.
Agora, a inteligência artificial tem acabado com a hegemonia de pesquisar pelo
Google, redesenhando novamente o mapa de como consumimos informação na
internet.
Mas aqui estamos nós, os blogueiros pessoais, ainda
respirando.
Somos os sobreviventes dessa escatologia digital.
Orbitamos num limbo estranho, dentro de uma cápsula do tempo que ninguém mais
visita com frequência. Não aparecemos nas primeiras páginas do Google. Não
viralizamos. Não geramos engajamento mensurável.
E sabe de uma coisa? Está tudo bem.
Seu Espaço
Porque este é o meu espaço. Minha cápsula. Meu
depósito de ideias. Um lugar meu sem regras impostas por algoritmos canibais
por atenção. Sem limite de caracteres. Sem stories que desaparecem em 24 horas.
Sem feeds infinitos que engolem os pensamentos em segundos.
Apenas continue escrevendo.
Um blog pessoal é um bom lugar para compartilhar
seus pensamentos. Não para uma audiência fantasmagórica de milhões, mas para
você mesmo daqui a dez anos. É um lugar para onde você pode voltar quando
quiser lembrar de algo que escreveu há mais de uma década. Aquele insight que
teve sobre algo. Aquela fase pela qual passou. Aquela pessoa que você era.
Pegadas
Digitais
É um lugar onde você deixou uma pegada digital que
realmente significa alguma coisa — não um like, não um retweet, mas um
pensamento (in) completo, articulado, seu.
Meu blog pessoal é meu caderno aberto e público.
Longe das redes sociais e seus ruídos. Longe da performatividade obrigatória.
Longe da necessidade constante de ser relevante, viral, otimizado.
Os blogs podem ter morrido para o mundo. Mas para
quem ainda escreve neles, eles são mais vivos do que nunca.
Então, sim: os blogs morreram.
Vida longa aos blogs.
