10.9.24

O Dilema do Porco-Espinho e a Comunhão Cristã em Hebreus 10:25



O Dilema do Porco-Espinho e a Comunhão Cristã em Hebreus 10:25

 

Alerta: Este artigo não é direcionado aos desigrejados militantes que buscam apenas não ter nenhum compromisso com a Igreja de Cristo e Seu Reino, mas sim pela verdade e contra os dominadores de rebanho.

 

As relações humanas são complexas, e a convivência entre as pessoas nem sempre é fácil. A parábola do porco-espinho, popularizada pelo filósofo Schopenhauer, ilustra bem essa complexidade. Da mesma forma que porcos-espinhos tentam se aquecer no frio, mas acabam se ferindo com seus espinhos, os seres humanos buscam proximidade, mas muitas vezes se machucam com as imperfeições uns dos outros. A Igreja é composta de pessoas, e as pessoas são falhas. Essa parábola reflete o que muitos de nós vivemos em nossos relacionamentos pessoais, incluindo a vida na igreja.

 

Por outro lado, Hebreus 10:25 nos lembra da importância de "não deixarmos de congregar-nos". Mas como equilibrar a necessidade de estar em comunidade, especialmente quando essa convivência pode gerar dor ou desconforto? Esse versículo oferece uma visão mais profunda sobre a necessidade de perseverança e de manter-se unido com outros fiéis, mesmo em meio aos desafios. Qual é o limite da convivência em uma comunidade institucionalizada? Existe algum limite?

 

O Dilema do Porco-Espinho

 

Na parábola de Schopenhauer, os porcos-espinhos tentam se aquecer uns aos outros em uma noite fria. No entanto, cada vez que se aproximam demais, acabam se ferindo com seus espinhos e, por isso, precisam encontrar uma distância ideal para evitar dor, sem perder o calor. Essa metáfora tem um significado para as relações humanas. Ela nos ensina que, embora a proximidade seja essencial para a sobrevivência e convivência, é necessário estabelecer limites para evitar machucar os outros ou ser machucado.

 

Na vida cristã, muitas vezes buscamos a proximidade uns dos outros na comunhão da igreja. Queremos compartilhar nossa fé, apoiar nossos irmãos e ser apoiados. Mas, assim como os porcos-espinhos, nem sempre conseguimos nos relacionar sem que haja fricções ou mal-entendidos. Esse é um dos aspectos do problema de convivência, além de outros, como a tolerância aos pecados e heresias em uma igreja. Muitos líderes religiosos agem como dominadores de rebanho e, na ponta do chicote, amarram o versículo de Hebreus 10:25. Até que ponto devemos aceitar abusos, imposições injustas, incredulidade, heresias e pecados em uma igreja? "Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que Ele comprou com o Seu próprio sangue" (Atos 20.28).

 

A Sabedoria de Hebreus 10:25

 

O versículo de Hebreus 10:25 nos admoesta a não abandonar a congregação, especialmente em tempos de dificuldade: "Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns, antes façamos admoestações uns aos outros, e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia." A mensagem vai além da frequência aos cultos; fala sobre perseverança e comunhão em meio aos desafios. O contexto é de forte perseguição religiosa externa, e muitos não suportariam, esvaziando as reuniões.

 

Assim como os porcos-espinhos precisam encontrar uma distância ideal para conviver, o alerta de Hebreus nos exorta que, apesar dos espinhos nas assembleias, o calor da unidade cristã é essencial. A igreja é composta por pessoas imperfeitas, mas isso não significa que devemos desistir da comunhão por razões não justificadas biblicamente. Pelo contrário, é na comunidade que encontramos encorajamento para crescer e enfrentar os desafios da vida cristã. Contudo, o texto se refere à perseguição, e não ao abuso de poder de líderes religiosos, que muitas vezes, com voz mansa e suave, oprimem o rebanho e ameaçam com isolamento quem discordar. Que fique claro: a Bíblia não permite o uso de Hebreus 10:25 como uma ameaça, como muitas vezes acontece.

 

Relacionamentos na Igreja: Entre Espinhos e Calor

 

A parábola do porco-espinho nos ensina a importância dos limites nos relacionamentos. Quanto ao congregar, não se deve abandonar uma congregação fiel por qualquer motivo; a razão deve ser bíblica, não por capricho. De modo geral, Hebreus 10:25 nos exorta sobre a necessidade de permanecer conectados com nossos irmãos de fé, mas de forma específica, o texto trata de um problema histórico grave de perseguição. Em ambas as situações, o desafio é encontrar o equilíbrio. Na igreja, é inevitável que haja momentos de atrito, desentendimentos ou frustrações, mas isso faz parte do processo de convivência, e tudo deve ser tratado com amor, misericórdia e justiça, aplicando disciplinas justas, como ensinadas em Mateus 18: "Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas, se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e, se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano" (Mateus 18.15-17). Sem manipulação política ou interesses pessoais de dominação. Jesus é o nosso Libertador, e nenhum homem pode nos escravizar. Somos livres, inclusive para cobrar que não se faça mau uso de Hebreus 10:25.

 

Hebreus nos encoraja a continuar congregando, a sermos pacientes uns com os outros e a buscar soluções para as dificuldades que surgem, confiando que Deus trará alívio contra perseguições injustas e reais à Igreja. A ideia aqui não é fugir ou se isolar quando as coisas se tornam difíceis, mas aprender a conviver com os espinhos de maneira saudável, sem perder o calor da unidade.

 

Lições para a Vida Cristã

 

Tanto a parábola do porco-espinho quanto o ensino de Hebreus 10:25 oferecem lições valiosas para nossa vida em comunidade:

 

1. A Proximidade é Necessária, Mas Requer Cuidado: Assim como os porcos-espinhos precisam de proximidade para sobreviver ao frio, nós, cristãos, precisamos da comunhão com o Espírito Santo e com a Igreja para crescer na fé. Mas essa proximidade exige paciência e sabedoria para lidar com as imperfeições dos outros.

 

2. Estabeleça Limites Bíblicos: Em qualquer relacionamento, é importante encontrar uma distância adequada para evitar conflitos desnecessários. Isso se aplica tanto à vida pessoal quanto à comunhão na igreja. As Cartas Pastorais são verdadeiros manuais para convivência, comunhão e unidade na fé. Não devemos admitir o mau uso de Hebreus 10:25.

 

3. Perseverança em Meio às Dificuldades: Hebreus 10:25 nos exorta a perseverar, especialmente quando as coisas ficam difíceis. Não devemos abandonar a comunhão por causa de atritos ou mal-entendidos. Muitas pessoas se tornam carrascas do próximo com muita facilidade; esse espírito religioso sem amor é assassino. Foi esse espírito que matou nosso Senhor.

 

4. A Comunhão é um Refúgio, Não uma Perfeição: A igreja é composta por pessoas imperfeitas, e é importante lembrar que a comunhão não é um lugar de perfeição, mas de crescimento e encorajamento mútuo, um lugar de fé, ensino, conselho e poder. Um lugar de cura e libertação, um lugar de adoração. No entanto, quando uma igreja se torna apenas um lugar de doutrina de homens, conselhos políticos e incredulidade, temos o dever de não congregar. "Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em uma língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja" (1 Coríntios 14.26).

 

O dilema do porco-espinho e a exortação de Hebreus 10:25 nos ensinam que as relações humanas, incluindo as relações na igreja, são complexas. A comunhão se torna um desejo sincero de corações regenerados, e não uma imposição institucional. Precisamos de proximidade, intimidade e comunhão com Deus e com os irmãos, mas também de limites bíblicos. Que possamos aprender a lidar com os espinhos da vida cristã, sem perder o calor e o apoio que a verdadeira comunhão nos oferece.

 

Ore, medite e pense em toda a experiência circunstancial do problema e como ela pode afetar sua vida e a de outros. Mantenha um diário e registre tudo que está acontecendo referente ao problema. Você está indo ao confronto por uma causa real ou por um espantalho? Observe seus padrões de comportamento e perceba seus limites. O inimigo vai encontrar brechas em cismas e rachas; observe quais atitudes ou pessoas drenam sua energia física e mental. Procure pessoas mais experientes e de confiança, e converse sobre a situação. Não seja um homem-bomba; resolva as questões mais difíceis com firmeza e esteja preparado para conversas difíceis e, muitas vezes, injustas. Se houver injustiça, esteja do outro lado. Não esteja do lado dos covardes e assassinos. Entregue o caso ao Advogado e não tente fazer o trabalho dEle. Seja claro na defesa da verdade, ore e peça a Deus para falar as palavras certas na hora certa. Busque o momento e local adequados para que tudo seja resolvido com paz. Prepare-se emocionalmente: reconheça que pode ser desconfortável, mas é necessário. Tenha um plano de saída: se a conversa se tornar muito intensa, saiba como encerrá-la respeitosamente.

 

Viva um evangelho autêntico, uma vida cristã integral, com pessoas que vivem a verdade, que vivem a fé, onde você se sinta respeitado, onde haja paz, onde você não se sinta com ressentimento e frustração. Tenha e busque relações mais autênticas, nas quais você tenha a liberdade e a confiança para proclamar a verdade. Certamente, ao tomar algumas dessas atitudes, haverá redução de conflitos desnecessários. Enquanto o problema não for resolvido da melhor forma, evite tratar disso em locais inadequados e minimize o contato por um tempo. Se possível, reduza a frequência e duração das interações com essa pessoa ou pessoas confrontadoras. Lembre-se de que você não é um Lutero, que enfrentou o maior poder religioso e político do século XVI. Tente entender por que a pessoa está agindo contra sua posição, mas não comprometa seus limites nem os da Palavra. Considere encerrar seu ciclo em uma denominação se não houver conciliação. Se o desrespeito persistir ou se tornar abusivo, não hesite em buscar um lugar de paz, se necessário.

 

Ore e estude, esteja preparado para os argumentos e prepare respostas assertivas para as objeções. É difícil encontrar equilíbrio entre a defesa da fé e um debate que não seja carregado emocionalmente. Respire, tenha calma. Fuja de escândalos e tropeços. É possível dialogar de maneira não confrontacional, expressando o desejo de paz, por zelo pela verdade e pela Igreja. Se a conversa se tornar improdutiva, encerre-a respeitosamente. Tenha recursos de apoio em mãos, se necessário; tenha informações, artigos, livros ou outros materiais que possam esclarecer melhor sua posição. Estando do lado da verdade, em nenhuma hipótese permita que alguém use Hebreus 10:25 contra sua decisão de se afastar da assembleia.

 

Não Abandonando o Contexto: Aprofundando em Hebreus 10:25

 

Vincent Cheung escreveu ironicamente um artigo intitulado "Não abandone o contexto", um corretivo para quem faz multiuso de "não deixemos de congregar" e "não abandonemos a igreja". Não abandone o contexto de Hebreus 10; não deixe de examinar o contexto. O versículo de Hebreus 10:25, "Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações uns aos outros, e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia", muitas vezes é interpretado apenas como um comando direto para a frequência à igreja. Mas qual é o verdadeiro contexto e aplicação deste versículo? Ao analisarmos, percebemos que ele vai além de uma simples admoestação para comparecer às reuniões religiosas.

 

A Natureza da Igreja Terrena hoje: Divina e Imperfeita

 

De início, é essencial entender que a igreja, como instituição, foi projetada por Deus e é fundamentada e construída por Cristo. Portanto, minar seu valor ou impedir seu progresso é se opor a Cristo. Entretanto, também devemos reconhecer que cada congregação local é imperfeita, composta por seres humanos falhos. Ainda assim, essa imperfeição não invalida a legitimidade da igreja. Essa compreensão é fundamental para o restante da discussão.

 

O Contexto de Hebreus 10:25

 

Frequentar a igreja regularmente é, em princípio, uma prática bíblica desejável e louvável. Mas alegar que a frequência é sempre boa, independentemente das circunstâncias ou doutrinas, seria um erro. Hebreus 10:25 tem sido usado repetidamente para pressionar as pessoas a se comprometerem com uma igreja, sem considerar o contexto em que essa ordem foi dada. Isso, no mínimo, é um abuso de poder religioso. A mesma imposição interpretativa que diz a todos que saem de uma comunidade: "Saiu porque não era do nosso meio", ou ainda, "A fé é para poucos", e quem fica é "o remanescente fiel" e "Poucos são eleitos, muitos são chamados"... e por aí vai.

 

A Bíblia, embora poderosa, muitas vezes é utilizada fora de contexto para servir a interesses pessoais. Quando um versículo é isolado de seu significado original, ele pode ser distorcido para justificar ideias ou ações contrárias à verdade. Um exemplo é o mandamento "Honra a teu pai e a tua mãe", que tem sido usado por pais para manipular seus filhos. Mas esse mandamento, assim como Hebreus 10:25, deve ser entendido no contexto da lei de Deus, que impõe limites à autoridade. Biblicamente, o filho não deve obedecer a uma ordem não bíblica e injusta dos pais.

 

Contexto e Sabedoria: O Perigo de Conselhos Tolos

 

Outro exemplo de má interpretação bíblica é o provérbio "Na multidão de conselheiros há segurança". Esse versículo tem sido usado para forçar indivíduos a seguir conselhos imprudentes. Mas a sabedoria de Provérbios pressupõe que os conselheiros sejam piedosos e sábios, e não pessoas sem temor a Deus.

 

A Superioridade de Cristo: O Tema Central de Hebreus

 

Para compreender plenamente Hebreus 10:25, precisamos considerar o tema central da carta: a superioridade de Cristo sobre o sistema judaico. O autor de Hebreus destaca que Cristo é superior a Moisés, aos profetas e aos sacerdotes, e que sua aliança é melhor e definitiva. O contexto da carta é dirigido aos judeus que estavam tentados a abandonar Cristo e voltar às antigas práticas religiosas. A Igreja Primitiva rompeu radicalmente com o judaísmo, de modo irreversível, e nada poderia reparar esse afastamento, nem mesmo a perseguição.

 

O chamado para não abandonar a congregação está profundamente enraizado nesse contexto. Os cristãos judeus estavam em risco de deixar a fé em Cristo e retornar às suas antigas tradições. A exortação de Hebreus 10:25 não é uma ordem genérica para a frequência à igreja, mas um apelo para permanecer firme em Cristo e na comunidade de fé, especialmente em tempos de perseguição e dificuldades.

 

O Contexto Restritivo do Versículo

 

A compreensão do contexto de Hebreus 10:25 é crucial para aplicá-lo corretamente. Ele foi escrito em um momento em que muitos judeus-cristãos estavam sob intensa pressão para abandonar o cristianismo e retornar ao judaísmo. A exortação, portanto, não é simplesmente sobre frequentar uma igreja local, mas sobre permanecer na comunhão dos santos e na fé em Cristo, diante da tentação de recuar. Esta exortação é válida hoje para aqueles que pensam em abandonar o Evangelho para retornar à Igreja Católica Romana. Hebreus 10:25 está muito mais conectado à ilustração do cão que vomita e depois come o vômito.

 

Quando aplicamos esse versículo aos dias de hoje, devemos considerar o contexto em que ele foi escrito. Não se trata de um chamado irrestrito para comparecer a qualquer igreja, independentemente de sua doutrina ou prática, mas de um encorajamento a perseverar na fé cristã e na comunhão com outros crentes.

 

Conclusão

 

Hebreus 10:25 é uma exortação poderosa para não abandonarmos a comunhão com outros crentes, especialmente em tempos de dificuldade. Sua aplicação, contudo, deve ser feita com discernimento, considerando o contexto original e as circunstâncias daqueles que o leem hoje. A verdadeira obediência a este versículo não reside em frequentar uma congregação por obrigação, mas em participar ativamente de uma comunidade de fé centrada em Cristo e na verdade do evangelho.

 

O versículo exige fidelidade a Cristo e não deve ser explorado por líderes da igreja para manipular o povo a tolerar heresia e abuso. Ou a Igreja de Satanás poderia usar esse versículo também? No contexto, ele fala que não devemos abandonar a assembleia por medo da perseguição das autoridades. Como isso é relevante quando muitas igrejas abandonaram a palavra de Deus há muito tempo? De que adianta não abandonar a assembleia se, durante a reunião, não se faz o que é certo?

 

A Bíblia diz que, em uma reunião da igreja, alguém ensina, alguém tem uma revelação, alguém fala em línguas, e outro profetiza. Isso acontece na sua igreja? Se não, por que continuar se reunindo? E nas igrejas que afirmam ter revelações, línguas e profecias, há uma série de abusos que afrontam a Palavra.

 

Durante a pandemia de 2020, muitas igrejas fecharam suas portas e suspenderam suas assembleias, seja por medo do vírus ou da perseguição governamental. As igrejas não devem suspender as assembleias por medo de perseguição, mas muitas têm medo de ensinar o que a Palavra de Deus diz sobre milagres de cura. Que diferença faz se essas igrejas continuam se reunindo?

 

Muitas igrejas têm perseguido aqueles que praticam o que a Palavra de Deus ensina sobre milagres de cura. Que diferença faz se essas igrejas abandonam a assembleia? É tudo uma farsa. O versículo nos orienta a não abandonar a assembleia para permanecermos fiéis a Jesus Cristo. Mas se as próprias igrejas rejeitaram há muito tempo os ensinamentos de Jesus Cristo, então permanecer fiel a Ele pode significar abandonar a assembleia dessas igrejas.

 

Os cristãos não devem continuar se reunindo por medo de perseguição das igrejas. Tenham coragem de abandonar a assembleia, mesmo que essas igrejas os condenem. Cristãos, se as igrejas não ensinam as promessas de cura de Deus e não praticam o ministério de cura milagrosa em nome de Jesus, mesmo que os ameacem com perseguição, não se reúnam. Vocês, na verdade, têm o direito de confrontar essas igrejas com a Palavra de Deus.

 

As igrejas estão agora na mesma posição daqueles que perseguiram os primeiros discípulos. Usar um versículo como Hebreus 10:25 para ameaçar alguém seria tão absurdo quanto os judeus que perseguiam os crentes utilizarem o mesmo versículo para forçar os cristãos a frequentarem suas sinagogas ou a Igreja Católica perseguir evangélicos para que retornassem.

 

O versículo trata da fidelidade a Jesus, não à igreja. Se uma igreja é infiel a Jesus, rejeitando Seus mandamentos e promessas, continuar a se reunir nela é comprometer a verdade. Quando você vai levar Jesus Cristo a sério? Quando a pandemia acabar, não se reúna em igrejas que pregam a descrença e a doença. Não vá a uma igreja apenas porque diz "cristã" na porta. Ouça o que ela ensina. Observe o que ela faz. Se não segue a Jesus nessa questão da cura, abandone a assembleia. Alguns falam sobre cura, mas só da boca para fora. Se não há milagres de cura frequentes lá, não frequente. Reúna-se em um lugar onde realmente acreditem no evangelho.

 

Esteja atento, Hebreus 10:25 é frequentemente usado para reforçar a importância de não abandonar a assembleia dos fiéis. Mas será que ele está sendo interpretado corretamente nas igrejas de hoje? Será que seu verdadeiro propósito está sendo distorcido para manipular os membros a se submeterem a heresias ou abusos?

 

A Assembleia que Não Cumpre Seu Propósito

 

De que adianta continuar se reunindo se, durante a assembleia, a igreja se recusa a fazer o que é certo? A Bíblia descreve uma assembleia onde cada membro participa ativamente: um ensina, outro traz uma revelação, alguém fala em línguas, e outro profetiza (1 Coríntios 14:26). Mas isso acontece nas igrejas hoje? Se não, por que continuar com essas reuniões?

 

Abandonar a Assembleia ou a Igreja?

 

Hebreus 10:25 é claro: devemos continuar a nos reunir para sermos fiéis a Cristo, não à instituição. Mas, se a própria igreja abandonou os verdadeiros ensinamentos de Cristo, ser fiel a Jesus pode, sim, significar abandonar a assembleia dessas igrejas. Não devemos temer a perseguição de líderes que se afastaram da Palavra, que ignoram ou distorcem os ensinamentos de Jesus.

 

Se as igrejas perseguem aqueles que buscam viver a fé plenamente, praticando e ensinando sobre as promessas de cura e milagres, que diferença faz se essas igrejas continuam se reunindo? De que adianta manter uma rotina de assembleias que, na prática, negam os princípios fundamentais do evangelho?

 

O Verdadeiro Compromisso: Fidelidade Primordial a Cristo, Não à Igreja/CNPJ

 

A grande força da Igreja Católica Romana é exigir lealdade incondicional à Igreja e ameaçar aqueles que estão fora. Muitos pastores episcopais fazem o mesmo. O compromisso com Jesus Cristo não é o mesmo que um compromisso cego com a igreja institucional. Hebreus 10:25 fala de fidelidade a Jesus, não a uma igreja que abandonou seus princípios. Continuar a se reunir em uma igreja que rejeita os ensinamentos de Cristo, como o poder de cura, pode ser uma forma de comprometer-se com o erro.

 

É preciso coragem para deixar para trás igrejas que não vivem plenamente o evangelho. Se uma igreja rejeita as promessas de Deus, como a cura em nome de Jesus, os cristãos devem questioná-la e, se necessário, afastar-se.

 

Um Novo Olhar para a Assembleia

 

O verdadeiro significado de Hebreus 10:25 vai além de simplesmente frequentar uma igreja. Trata-se de uma convocação para permanecer fiel a Cristo, mesmo que isso signifique deixar uma igreja que se afastou dos ensinamentos bíblicos. Escolha com sabedoria onde se reunir, examine o que ela ensina e faz.

 

Se a sua igreja não segue Jesus com integridade e não vive a fé com base nas promessas de Deus, como a cura milagrosa, é hora de considerar abandonar essa assembleia. Busque um lugar onde o evangelho não seja apenas uma palavra, mas uma prática diária, manifesta em milagres e cura.

 

O chamado de Hebreus 10:25 é para mantermos nossa fidelidade a Cristo, e não a uma igreja que se esqueceu do verdadeiro evangelho. Escolha a assembleia que honra Jesus em toda a sua plenitude.

 

"Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados, a fim de que conheçam a esperança para a qual Ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dEle nos santos e a incomparável grandeza do Seu poder para conosco, os que cremos, conforme a atuação da Sua poderosa força. Esse poder Ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à Sua direita nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir. DEUS COLOCOU TODAS AS COISAS DEBAIXO DE SEUS PÉS E O DESIGNOU CABEÇA DE TODAS AS COISAS PARA A IGREJA, que é o Seu corpo, a plenitude dAquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância" (Efésios 1:18-23).


RM-FRASES PROTESTANTES

Revisado com IA.

9.9.24

Lucas 16:8: A Parábola do Administrador Infiel (Mais Esperto que o Diabo)


Lucas 16:8: A Parábola do Administrador Infiel (Mais Esperto que o Diabo)

“Os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz”.

Lucas 16:8 é um versículo intrigante da parábola do administrador infiel, onde Jesus ensina sobre sabedoria e planejamento. O versículo diz:

 

"E louvou o senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente; porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz." – Parafraseando: E o patrão desse administrador desonesto o elogiou pela sua esperteza. E Jesus continuou: — As pessoas deste mundo são muito mais espertas (mais astutos) nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz.

 

A expressão "filhos da luz" refere-se aos seguidores de Jesus, transformados pela luz da Palavra e guiados por Cristo, que é a Luz do mundo. Já os "filhos do mundo" são aqueles que vivem focados apenas no presente e nas coisas terrenas, sem preocupação com o Reino.

 

Para compreender o significado deste versículo, vamos entender o contexto da parábola:

 

Na história, um administrador injusto, prestes a ser demitido por má gestão, rapidamente reduz as dívidas dos devedores de seu senhor. Ele faz isso para garantir que, ao perder seu emprego, essas pessoas lhe ofereçam ajuda e seu mestre ainda seja grato. Surpreendentemente, o senhor elogia a esperteza do administrador, mesmo reconhecendo sua astúcia.

 

Esse elogio levanta questões sobre o que Jesus realmente quis ensinar com essa parábola. Vamos explorar algumas verdades extraídas desse versículo.

 

Elogio à Esperteza, Não à Desonestidade

 

O administrador não foi elogiado por sua falta de honestidade, mas pela sua rapidez em garantir seu próprio interesse. Jesus usa essa história para ensinar que os "filhos deste mundo" (pessoas que focam apenas nas questões materiais) muitas vezes são mais espertos em lidar com seus interesses terrenos do que os "filhos da luz" (cristãos) são com os assuntos espirituais. Que isto fique claro, esse versículo não significa que Jesus justifica ser desonesto ou injusto, mas o modo de agir, a dinâmica direcionada às coisas terrenas e deveríamos ter maior empenho nas coisas do Reino. É isto!

 

O ponto de Jesus é mostrar que, se os cristãos fossem tão estratégicos, focados, dedicados, espertos em relação às coisas do Reino de Deus quanto as pessoas do mundo são com suas questões terrenas, muito mais poderia ser realizado. Isso é um alerta para quem faz as coisas do Reino de qualquer jeito.

 

Sabedoria e Planejamento

 

A parábola enfatiza a importância de antecipar problemas e planejar soluções. Embora o administrador tenha agido de modo astuto, sua prudência em garantir seu futuro foi elogiada. Jesus não defende a imoralidade da ação (e nem há clareza se houve de fato um crime – talvez a agiotagem e juros), mas ressalta a necessidade de usar sabedoria para planejar o futuro.

 

Da mesma forma, os cristãos devem ser sábios e estratégicos, não para acumular riquezas materiais, mas para investir em tesouros espirituais, utilizando sabiamente os recursos que Deus lhes deu para o Reino, para as missões, para o sustento e ajuda de missionários, ministérios, projetos para o Reino.

 

Os Filhos Deste Mundo Versus os Filhos da Luz

 

Jesus compara os filhos deste mundo, que são pragmáticos e estratégicos em garantir seus interesses, com os filhos da luz, que muitas vezes não aplicam a mesma sabedoria em suas vidas espirituais. Essa comparação é um convite para que os cristãos sejam mais ativos e diligentes em seu trabalho no Reino de Deus. Faça o seu melhor, dê o seu melhor, para o Senhor.

 

A Visão de Longo Prazo

 

A parábola destaca a importância de pensar no longo prazo. Jesus não está justificando a desonestidade, mas incentivando Seus seguidores a usar sabiamente os recursos temporais, como dinheiro e influência, para acumular tesouros espirituais.

 

Assim como o administrador usou sua posição para garantir seu futuro imediato, os cristãos devem usar seus recursos para promover o bem, ajudar o próximo e avançar os propósitos do Reino de Deus. Não para ganhos egoístas (como fazem os mercenários da fé), mas para os propósitos de Deus. Jesus nos chama a administrar com diligência os recursos que Ele nos confiou, garantindo não apenas nosso bem-estar terreno, prosperidade, mas também para o Reino. Como filhos da luz, somos chamados a agir com sabedoria e cuidado, utilizando nossas oportunidades para promover o Reino de Deus e acumular tesouros eternos.

 

A ideia central é que muitas pessoas desperdiçam os recursos de Deus por meio da infidelidade. O senhor da parábola elogia a ousadia do administrador, mas não deixa claro se a redução das dívidas era legítima ou não.

 

Uma das lições principais é que o esforço e a dedicação que os filhos do mundo aplicam em seus interesses terrenos muitas vezes faltam aos filhos da luz em seu trabalho para o Reino de Deus. O administrador usou sua esperteza, fez um "feirão de dívidas", removendo juros e concedendo descontos, não para seu próprio benefício diretamente, mas para agradar seu senhor, e ao mesmo tempo criando condições favoráveis a si mesmo.

 

Embora o mundo frequentemente use sua astúcia para interesses egoístas, os seguidores de Jesus são chamados a utilizar seus talentos e recursos para o Reino de Deus, que é a verdadeira riqueza. Que possamos usar nosso tempo, nosso talento, nosso dinheiro e energia no Reino.


RM-FRASES PROTESTANTES

8.9.24

O Reinado do Messias: Paz e Prosperidade Sob a Luz do Salmo 72


O Reinado do Messias: Paz e Prosperidade Sob a Luz do Salmo 72

 

O Salmo 72 é a revelação do Reino Justo e Eterno que aponta para Jesus Cristo. É uma oração que expressa o desejo de que Deus conceda sabedoria e justiça ao rei para que ele governe com retidão, defendendo os pobres, fazendo justiça aos oprimidos e trazendo prosperidade ao seu povo. Esse salmo não só exalta um governante ideal, mas também celebra o poder e a bondade de Deus, que abençoa um rei justo e compassivo. -- - "Que corra a justiça como as águas, e a retidão como um ribeiro perene." Amós 5:24.

 

 

Embora o salmo seja atribuído a Salomão (um rei terreno), ele aponta para algo maior: o reinado do Messias. Salomão, conhecido por sua sabedoria, era uma prefiguração de Cristo, o verdadeiro Rei dos reis. Enquanto Salomão foi abençoado com sabedoria para governar, o Salmo 72 reflete um reinado perfeito, que somente o Messias poderia realizar em sua totalidade. Salomão tocou na orla da sabedoria e conhecimento, que é Cristo (Cl 2.3).

 

O Papel do Governante Justo

 

A sociedade humana depende de leis, e cabe ao governante aplicá-las. Poucos têm a capacidade de liderar, e aqueles que o fazem devem agir com sabedoria e justiça. O reinado ideal do Messias é um modelo de compaixão e retidão. Sua compaixão pelos pobres não contradiz sua justiça; ao contrário, elas se complementam, revelando um amor que confronta o mal e promove o bem.

 

A justiça do Messias é descrita como uma montanha iluminada pelo sol, onde a força e a beleza coexistem. Sua compaixão pelos necessitados eleva seu caráter acima de qualquer governante terreno, sendo a marca mais nobre de seu reinado.

 

As Bênçãos de Seu Reino

 

Sob o governo do Messias, o povo experimenta as maiores bênçãos: paz, prosperidade e uma vitalidade espiritual incomparável. Sua influência moral é tão poderosa quanto o sol que ilumina o mundo. Seu legado perdura para sempre, impactando todas as gerações.

 

Esse reino não se limita a Israel. O Salmo 72 profetiza que o Messias dominará "de mar a mar" e "até os confins da terra", recebendo honras de reis e nações. Ele é verdadeiramente "Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Apocalipse 19:16), e seu domínio é universal. O reinado de Salomão é uma pequena sombra de um reinado superior e perfeito, e mesmo sendo apenas uma sombra deixou o maior legado possível a um povo.

 

O Reino Eterno do Messias

 

O reinado do Messias não é apenas uma esperança futura, mas uma realidade espiritual presente. Cristo, exaltado à destra de Deus, já governa com poder e autoridade, e seu reino continua a crescer à medida que o evangelho é pregado. Esse poder divino tem a capacidade de transformar o mundo, trazendo justiça e paz.

 

O Salmo 72 nos oferece uma visão do reino do Messias: um governo que transcende qualquer soberano humano. Embora Davi e Salomão fossem grandes reis, a verdadeira grandeza do reino vem de sua dependência de Deus. Cristo, o Rei incomparável, governa com justiça perfeita, sempre equilibrando misericórdia e retidão.

 

O reinado do Messias é inabalável e destinado a crescer sem limites. Seu governo começa aqui na terra e se estende pela eternidade, sem necessidade de sucessores, pois Cristo reinará para sempre. Esse é o legado de um governante justo, cujas leis e compaixão moldam um mundo de paz e prosperidade.

 

O Reino de Cristo é uma monarquia perfeita que vai além das limitações humanas. Este salmo aponta para um reinado muito mais grandioso - o do Messias prometido.

 

Um Rei de Justiça e Compaixão

 

No coração deste reino ideal está um governante que equilibra perfeitamente a justiça e a compaixão. Diferentemente dos líderes terrenos que muitas vezes favorecem um aspecto em detrimento do outro, o Rei Messias incorpora ambos em sua plenitude. Sua justiça não é fria ou impessoal, mas temperada com uma profunda compaixão pelos necessitados e oprimidos.

 

Este equilíbrio é descrito poeticamente como uma montanha alpina iluminada pelo sol poente - de um lado, a justiça se apresenta austera e imponente; do outro, resplandece com beleza e misericórdia. É uma justiça que não apenas pune o mal, mas ativamente promove o bem.

 

Bênçãos Nacionais e Universais

 

Sob o governo deste Rei ideal, a nação - e por extensão, o mundo - experimenta bênçãos extraordinárias:

 

1. Paz Universal: Não uma mera ausência de conflito, mas uma ação ativa baseada na boa vontade entre uma grande população avivada pelo Espírito Santo.

2. Avivamento Espiritual: Uma renovação de indivíduos e povos, renovando as pessoas com a justiça e poder de Deus. -- Um período de renovação espiritual onde o povo de Deus experimenta uma restauração intensa da fé, da santidade e da intimidade com o Senhor. Tal mover ocorre quando Deus desperta o coração das pessoas para se arrependerem dos pecados, buscarem a Sua presença com mais fervor e renovarem o compromisso com Sua vontade. 2 Crônicas 7:14, diz: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra." O povo de Deus se volta para a leitura, estudo e obediência à Palavra. Como no reinado de Josias (2 Reis 22-23), quando ele encontrou o Livro da Lei e iniciou reformas em Israel. A busca pela santidade é outra característica central do avivamento espiritual. As pessoas buscam viver de acordo com os princípios de Deus e se afastar das práticas pecaminosas (Isaías 1:16-18).

Nos tempos de avivamento, há uma renovada ênfase na oração fervorosa e no clamor por transformação, como demonstrado no Livro de Atos, onde os discípulos oraram continuamente antes de serem cheios do Espírito Santo no Pentecostes (Atos 1:14). O Espírito Santo é o agente principal do avivamento, trazendo convicção, transformação e poder. No Pentecostes, em Atos 2, o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja, resultando em ousadia, milagres e o crescimento. O verdadeiro avivamento traz mudanças tangíveis na vida das pessoas e na sociedade. Um exemplo disso é visto em Nínive, quando o povo se arrependeu após a pregação de Jonas (Jonas 3). É um tempo em que Deus opera poderosamente para renovar a fé e a vida de Seu povo, resultando em um grande impacto tanto dentro quanto fora da igreja.

3. Prosperidade dos Justos: Uma sociedade onde a retidão emana da ação do Espírito Santo,  as consequências são amplas para todo mundo. Estas bênçãos não se limitam a um único povo ou nação. O salmo prevê um domínio que se estende "de mar a mar", abrangendo toda a terra.

 

Um Legado Eterno

 

Enquanto os reinos terrenos ascendem e caem, o legado deste Rei perdura. Seu impacto não se limita ao seu tempo de vida física, mas continua "enquanto existirem o sol e a lua". É um reinado que transcende o tempo e o espaço, influenciando gerações futuras. A perspectiva imediatista e limitada das gerações na linha da história da Igreja é um erro lamentável, pois a Palavra infalível e imutável de Deus revela Seu legado vitorioso no tempo, na história e na eternidade.

 

O salmo deixa claro que este reino não é uma mera construção humana, mas um estabelecimento do próprio Deus. O Rei ideal é formado e ungido pelo próprio Deus, merecendo assim os mais altos louvores.

 

Uma Visão para Hoje

 

O Salmo 72 nos revela a ação do Rei Todo-poderoso que já está presente, desde já e eternamente, e nos oferece princípios valiosos para refletir sobre os reinos desse mundo. Deus revelou o que requer do homem e dos povos, e julgará os governantes injustos, pois exige que os líderes equilibrem justiça com compaixão, que busquem o bem-estar de todos, especialmente dos mais vulneráveis, e que entendam que seu legado vai além de seu mandato imediato e que serão julgados pelo Rei dos reis (Sl 2).

 

Temos em nosso mundo e nossa história muitas divisões e injustiças, mas a Palavra de Deus deve reger a Criação e o Salmo 72 nos oferece uma visão ampla do que poderia ser – do que é, e do que um dia será - quando a justiça e a compaixão reinam supremas. Em diferentes culturas e tradições temos reis que praticaram justiça como seu legado, apesar da imperfeição, um raio de justiça ilumina o mundo. Davi foi um rei descrito como "homem segundo o coração de Deus" (Atos 13:22). Ele mostrou arrependimento verdadeiro por seus pecados e buscou governar com justiça, especialmente em seus primeiros anos de reinado (1 Samuel 13:14; 2 Samuel 5-7). Conhecido por sua sabedoria, Salomão pediu a Deus sabedoria para governar seu povo com justiça, e seu pedido foi concedido (1 Reis 3:9-12). Ele é lembrado por julgamentos justos, como o famoso caso das duas mães disputando um bebê (1 Reis 3:16-28). Um dos últimos reis de Judá, Josias é elogiado por suas reformas religiosas e por restaurar a adoração a Deus depois de um longo período de idolatria. Ele encontrou o Livro da Lei e conduziu o povo a um avivamento espiritual (2 Reis 22-23).

 

Ciro, o Grande (Ciro II da Pérsia), fundador do Império Persa, é muitas vezes lembrado por sua política de tolerância religiosa e governança justa. Ele é elogiado na Bíblia por libertar os judeus do cativeiro babilônico e permitir que retornassem a Jerusalém (Isaías 45:1; Esdras 1:1-4).

 

Alfredo, o Grande, rei dos anglo-saxões no século IX, é celebrado por suas reformas judiciais, militares e educacionais. Ele defendeu a justiça e governou com sabedoria, sendo um dos poucos reis a receber o título "Grande" na história britânica. Seja na história, seja na mitologia, a justiça é exaltada. O rei Artur é um exemplo de lenda, o rei é retratado como um governante justo e nobre que uniu a Grã-Bretanha e estabeleceu a Távola Redonda, onde seus cavaleiros discutiam e seguiam princípios de justiça e honra. Esses reis, históricos e lendários, são lembrados por buscar governar de maneira justa.

 

A promessa de Deus de justiça é perene e norte para todas as gerações e povos, desde a vida pessoal, social e espiritual. Sua compreensão é fundamental para a ética das nações e dos governantes. A justiça é um atributo do próprio Deus. Ele é justo e reto em seus caminhos e julgamentos. Salmo 89:14: "Justiça e direito são a base do teu trono; amor e fidelidade te acompanham." -- "Ele é a Rocha, cujas obras são perfeitas, pois todos os seus caminhos são justos. Deus fiel, que não comete injustiça; justo e reto é ele."* Deuteronômio 32:4

 

Devemos amar e buscar a justiça

 

Devemos buscar a justiça em nossas ações e atitudes pessoais. Isso envolve viver de acordo com os princípios de Deus e tratar os outros com justiça. -- Ele te mostrou, ó homem, o que é bom; e o que é que o Senhor pede de ti? Senão que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus Miquéias 6:8. -- Provérbios 21:3: "Fazer justiça e juízo é mais aceitável ao Senhor do que sacrifício." – Fazer justiça no âmbito pessoal e social é algo universal e não é exclusividade de nenhuma filosofia ou ideologia política, com ênfase na defesa dos pobres, oprimidos e marginalizados. Deus exige que seus seguidores ajam com justiça para com os outros. -- Isaías 1:17, diz: "Aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Defendam o direito do órfão, e pleiteiem a causa da viúva."

 

Devemos equilibrar justiça com a misericórdia e a compaixão. Deus não é apenas justo, mas também misericordioso, e espera que seus eleitos pratiquem a justiça com um coração cheio de amor e bondade. -- "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da menta, do endro e do cominho, e haveis omitido o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé." Mateus 23:23. Como diz Tiago 2:13: "Porque a misericórdia triunfa sobre o juízo."

 

Justiça e Salvação

 

A justiça de Deus está espiritualmente ligada à salvação oferecida por meio de Jesus Cristo. Através de Cristo, a justiça de Deus é revelada e os eleitos são justificados e reconciliados com Deus. Como revelado em Romanos 3:22: "Esta justiça de Deus vem mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem”. -- "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus." 2 Coríntios 5:21.

 

Justiça no Reino de Deus

 

A justiça é nuclear do Reino de Deus, que será estabelecido PLENAMENTE na Segunda Vinda de Cristo. O reino de Deus é descrito como um reino de justiça, paz e retidão. E começa hoje, agora, e para sempre. A ordem é buscar como prioridade o Reino, como revelado em Mateus 6:33: "Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." E em Isaías 9:7: "Aumento do seu governo e a paz não terão fim, sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre." – Desde agora e para sempre! A promessa de um Reino de justiça eterno começa hoje. Não haverá paz nem prosperidade sem justiça, e Cristo é o nosso sol da justiça. Jesus é a justiça perfeita (Mt 5.17). E Ele quem anuncia o juízo aos povos (Is 42.1). 

 

Em Cristo, a justiça e misericórdia entram a perfeição, demonstrada ao curar os enfermos e perdoar seus pecados. -- Mateus 9:13: "Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício; porque eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." -- João 8:10-11: "Endireitando-se Jesus e não vendo ninguém além da mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. Então, lhe disse Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais." Este justo juiz que ergueu aquela mulher de seus acusadores julgará toda humanidade. Seu julgamento será baseado na justiça perfeita e na verdade. -- Atos 17:31: "Porquanto tem fixado um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que destinou, e deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos." -- 2 Timóteo 4:8: *"Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda."

 

Jesus ensinou que a justiça deve ser entendida à luz do amor de Deus e a verdade eterna. Ele resumiu toda a lei e os profetas em dois mandamentos: amar a Deus e amar ao próximo, mostrando que a verdadeira justiça está enraizada no amor e no serviço aos outros. -- Mateus 22:37-40: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas."

 

Jesus é a Verdade encarnada e, portanto, a justiça é inseparável da verdade que Ele é. Ele revela a verdade de Deus e vive de acordo com ela, demonstrando que a justiça está fundamentada na verdade. -- João 14:6: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." -- João 8:32: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

 

Através de Sua morte e ressurreição, Jesus trouxe a justiça para os pecadores, oferecendo a redenção e a reconciliação com Deus. Ele pagou o preço pelos pecadores, oferecendo uma justiça que é ao mesmo tempo perfeita e misericordiosa. -- Romanos 3:24-26: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs para propiciação, pelo seu sangue, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus na sua tolerância deixado impunes os pecados anteriormente cometidos." -- 2 Coríntios 5:21: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus."

 

Jesus trouxe justiça ao libertar os oprimidos e os cativos, curando os enfermos e proclamando a liberdade. Sua missão incluiu restaurar e libertar aqueles que estavam em situações de injustiça, escravidão espiritual e sofrimento. -- Lucas 4:18: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me a sarar os quebrantados de coração, a pregar a liberdade aos cativos, e a restauração da vista aos cegos; a pôr em liberdade os oprimidos." Jesus é o juiz justo, o restaurador dos injustiçados e a encarnação da verdade e do amor. Este é o padrão perfeito de Rei que os reis desse mundo devem seguir. Sua justiça não é apenas uma realidade futura, mas uma experiência presente, transformando vidas e oferecendo esperança a TODOS que se voltam para Ele.


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