21.12.09

Textos fantásticos sobre o Natal e o princípio regulador de culto (PARTE II)


Esta é a estação do ano na qual, querendo ou não, somos compelidos a pensar sobre o nascimento de Cristo. Considero um dos maiores absurdos que possam ocorrer debaixo do céu pensar que exista algo religioso na celebração do Natal. Não há nenhuma probabilidade de que nosso Salvador Jesus Cristo tenha nascido nesse dia, e sua celebração é de origem puramente papista; sem sombra de dúvida, os católicos têm o direito de santificá-lo, mas eu não vejo como protestantes coerentes podem considerá-lo sequer sagrado.
Charles Haddon Spurgeon, “The Incarnation e Birth of Christ”, 23/12/1855.


Não somos supersticiosos a respeito de tempos e estações. Com certeza não cremos no arranjo eclesiástico atual chamado Natal. Em primeiro lugar, por não crermos na missa; ao contrário, nós a abominamos, quer seja cantada em latim quer em inglês. Em segundo lugar, por não encontrarmos nenhuma garantia bíblica para guardar qualquer dia como o aniversário do Salvador; conseqüentemente, sua observância é uma superstição por não possuir autoridade divina. Essa superstição encontrou guarida no dia do aniversário do nosso Salvador, ainda que não haja a menor possibilidade de descobrir sua ocorrência. [...] Foi só no final do século III que em algumas partes da igreja passou-se a celebrar o nascimento de nosso Senhor; não muito tempo depois da igreja ocidental ter estabelecido o exemplo que a igreja oriental o adotou. [...] Provavelmente o fato é que os dias “santos” foram arranjados de forma a substituir os festivais pagãos. Não nos arriscamos a afirmar, caso houvesse algum dia no ano do qual pudéssemos estar certos de ser o dia do nascimento do Salvador, que ele seria o 25.o dia de dezembro. ... Sem levar em consideração o dia, entretanto, demos graças a Deus pelo dom de seu querido Filho.
Charles Haddon Spurgeon, “Joy Born at Bethlehem”, 24/12/1871.


... Quando se puder provar que a celebração do Natal, do Pentecostes e de outros dias santos papistas foi instituída por estatuto divino, também nós os celebraremos, mas até então não o faremos. É nossa obrigação rejeitar as tradições humanas e observar as ordenanças do Senhor. Perguntamos a respeito de cada rito e rubrica [litúrgica]: “Esta é uma lei do Deus de Jacó?”, e se a resposta não for afirmativa, ela não possuirá autoridade entre nós que caminhamos na liberdade cristã.
Charles Haddon Spurgeon, Treasury of David [Tesouro de Davi], s/d, Salmos 81.4.


P. 49.Quais são algumas das festas sazonais da Igreja de Roma?
R. Existem várias, dentre as quais as mais proeminentes são o Natal, o dia de Nossa Senhora, a Quaresma, a Páscoa e a Festa da Assunção.
P. 50. Qual é o significado do Natal?
R. É uma festa celebra no 25.o dia de dezembro, em honra do nascimento de Cristo. Nesse dia são rezadas três missas: à meia-noite, ao nascer do sol e a terceira no período da manhã.
P. 51 Quando essa festa foi instituída?
R. Decretos espúrios atribuem sua instituição a Telésforo, bispo de Roma, na primeira metade do século segundo; entretanto, os pais [da igreja] dos primeiros três séculos não a mencionam.
[...]
P. 55. Essa festa tem base bíblica?
R. Não. As Escrituras nada dizem a respeito do dia e do mês do nascimento de Cristo, e os melhores escritores admitem que o dia preciso não pode ser obtido de qualquer fonte. Cristo ordenou aos discípulos a comemoração de sua morte, mas nada ordenou a respeito de seu nascimento.
John M’Donald (ministro da Igreja Presbiteriana Reformada da Escócia [Reformed Presbyterian Church of Scotland]; membro da Sociedade Reformada escocesa), Romanism Analysed in the Light of Scripture, Reason, and History (1894).


Não há base bíblica para a observância do Natal e da Páscoa como dias santos, mas o contrário (v. Gl 4.9-11; Cl 2.16-21), e essa costume é contrário aos princípios da fé reformada, conduzem á adoração vã, e estão em desarmonia com a simplicidade do Evangelho de Jesus Cristo.
Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana nos Estados Unidos (presbiterianos do Sul), Deliverance on Christmas and Easter (1899).


P. 7. A instituição do Natal ou a Páscoa não constitui uma intrusão ousada contra a prerrogativa divina da designação de dias festivos?
R. Trata-se da depreciação da sabedoria divina e da afirmação de nosso direito e habilidade de melhorar seus planos.
James Harper (professor do Seminário Teológico de Xenia, Igreja Presbiteriana Unida [United Presbyterian Church], An Exposition in the Form of Question and Answer of the Westminster Assembly’s Shorter Catechism (1905).


Os dias de festa, comumente designados “dias santos”, não têm base bíblica, e por isso não devem ser observados.
Sínodo Presbiteriano Reformado, Constitution of the Associate Reformed Presbyterian Church (1937).


Estou sozinho na biblioteca e aparentemente não haverá ninguém no Salão Machen até a seta-feira de manhã. São 21h30 da quarta-feira. Você pode achar tudo lúgubre. Bem, eu gosto disso. É uma alteração deliciosa da rotina. Tive dois excelentes dias na biblioteca. A segunda-feira foi ocupada com reuniões antes do almoço. Espero passar o dia todo de amanhã aqui. Nem mesmo um convite de jantar de “Natal” (como eles o chamam). Detesto-o completamente.
John Murray (professor do Seminário de Westminster, da Igreja Presbiteriana Ortodoxa [Orthodox Presbyterian Church], “Letter to Valerie Knowlton, Dec. 24, 1958,” in Collected Writings, Vol. 3 (1958).


É justamente essa atitude de indiferença em relação à Constituição que nos conduziu ao estado atual da PCUS. Anteriormente, como se encontra declarada na Deliverance on Christmas and Easter [Declaração sobre o Natal e a Páscoa], de 1899, havia uma preocupação meticulosa pela permanência como padrões, e a interpretação estrita da Escritura a respeito desse assunto. Agora acontece o reverso a ponto da adoção do calendário litúrgico da tradição antiga, sem qualquer base bíblica.
Morton Smith (professor do Seminário Teológico de Greenville, da Igreja Presbiteriana dos EUA [Presbyterian Church in America]), How is the Gold Become Dim, 1973.


Dias santos. A Igreja Presbiteriana Livre rejeita o costume moderno da celebração do Natal e da Páscoa, prevalecente na Igreja da Escócia. Ela considera a observância desses dias como um sintoma da tendência a favor do episcopado na Igreja da Escócia. No tempo da Reforma na escócia essas festas foram retiradas da igreja não só como algo desnecessário, mas antibíblico.
Comitê designado pelo Sínodo da Igreja Presbiteriana Livre [Free Presbyterian Church], History of the Free Presbyterian Church of Scotland. 1893-1970 [1974])


Recentemente, as denominações que nunca usaram o calendário [litúrgico], foram induzidas pelo Conselho Nacional de Igrejas [National Council of Churches] a adotar a prática... Como se podem defender essas formas não-bíblicas de culto? o princípio puritano, isto é, o mandamento bíblico, é que no culto não se deve adicionar nada e nem subtrair das exigências divinas... [O professor] James Benjamin Green, Studies in the Holy Spirit [Estudos sobre o Espírito Santo] (Revell, 1936), incentivou os cristãos a celebrar o Pentecoste: “Existem três grandes dias no ano cristão: o Natal, a Páscoa e o Pentecoste, e não somos verdadeiros para com nossa fé quando permitimos que o domingo do Pentecoste seja preterido... Ele está postado entre o Natal e a Páscoa. Esses três dias são os mais importantes do ano cristão”.
É incrível que o professor de um seminário presbiteriano fosse tão romanista e anti-reformado. A Escritura nos dá as regras do culto, e, repito, delas não devemos nada subtrair, nem algo lhes acrescentar. Não devemos nos mover para a esquerda e nem para a direita, A Escritura não nos autoriza a celebração do Pentecoste. O mesmo é verdadeiro em relação ao Natal. Ele começou como uma festa de bêbados e continua dessa forma em muitas festas no ambiente de trabalho. Os puritanos fizeram dessa celebração um crime civil. Entretanto, um argumento para a celebração do Pentecoste era: “Não celebram todos os cristãos o Natal e a Páscoa?” Não, os cristãos não o celebram. A família de meu pai e os membros de sua igreja nunca celebraram o Natal, tampouco o fizeram as duas administrações Blanchard no Wheaton College. Porém, o que dizer da Páscoa? Certamente devemos celebrá-la, não é? Sim, de fato. Devemos, como ordena a Escritura, celebrá-la não apenas uma vez por ano, mas 52 vezes.
Gordon H. Clark (professor do Covenant College, da Igreja Presbiteriana Reformada), The Holy Spirit.


O Natal, a Sexta-Feira Santa e a Páscoa são dias santos romanos. Isso significa que sua fonte é a tradição católica romana, não a Escritura... Houve ocasiões na história das igrejas reformadas na quais a verdade da sobre os dias santos receberam atenção reverente. Antes da chegada de João Calvino a Genebra, no tempo da grande Reforma, descontinuaram-se ali a guarda dos dias santos romanos. Isso se deu sob a liderança de Guillaume Farel e Pierre Viret. Outrossim, Calvino concordava inteiramente. É fato notório que ao chegarem essas datas tradicionais, Calvino não lhes dava a menor atenção. Apenas continuava sua exposição dos livros da Bíblia. Os reformadores, Knox e Zuínglio, concordaram com Calvino. Bem como as igrejas reformadas da Escócia e da Holanda. No Sínodo de Dort, em 1574, anuiu-se que apenas o sábado semanal deveria ser observado, e a guarda de outros dias seria desestimulada. Essa pratica bíblica foi mais tarde contemporizada. No entanto, isso não altera o fato de que as igrejas reformadas eram favoráveis originariamente ao princípio bíblico. A posição original das igrejas reformadas era escriturística Este é um assunto importante.
G. I. Williamson, ministro da Igreja Presbiteriana Ortodoxa [Orthodox Presbyterian Church], On the Observance of Sacred Days [Sobre a guarda de dias santos] [n.d.]).


AGRADECIMENTO ESPECIAL A ROGÉRIO PORTELLA pela tradução e voluntariedade.
Apêndice histórico do artigo: O Princípio Regulador do Culto e o Natal, por Brian Schwertley.