20.4.09
Missões na Índia, ontem e hoje.
Por causa da novela Caminhos das Índias, uma produção da Rede Globo, o público brasileiro, em grande parte, entra em contato com a cultura hindu como nunca antes visto. Este fato influencia a moda, música, literatura, culinária, etc. Em paralelo, o sincretismo religioso politeísta influencia o misticismo nacional, e tudo parece absolutamente normal aos telespectadores. A novela estreou em janeiro desse ano e já faz grande sucesso em audiência. O que é visível e marcante é que a cultura hindu é muito diferente da ocidental. O que mais se destaca nessa cultura, sem dúvida é a religiosidade hindu, 80% da população da Índia é hinduísta. Projetando um olhar cristão, salta aos olhos a carência de evangelismo neste lugar do mundo. O cristianismo está em terceiro lugar logo atrás do islamismo (que chegou por lá no século VII com a invasão árabe).
A Índia tem a segunda maior população do planeta, com aproximadamente 1 bilhão de habitantes, perde só para a China, mas com previsão de ultrapassar em algumas décadas, atingindo a marca de mais de 1 bilhão e meio de pessoas. Há cidades com mais de 15 milhões de habitantes.
Segundo fontes levantadas pelas Missões Portas Abertas há quatro correntes do cristianismo na Índia: ortodoxa, católica romana, protestante e grupos indígenas. Os cristãos formam 2,33% da população, dos quais mais da metade é católica. O restante está dividido em diferentes denominações. Ainda segundo informações da MPA o nominalismo é o maior problema enfrentado pela igreja, em grande parte devido à falta de treinamento e discipulado. Um dos melhores métodos de evangelização são as redes de rádio cristãs, que alcançam milhares de pessoas com a Palavra de Deus. A Associação de Missões da Índia (India Missions Association) coordena cerca de 50 agências evangélicas que atuam no país.
A perseguição aos cristãos hoje é uma realidade na índia. Há um clima tenso entre hindus, sikhs, muçulmanos e cristãos. Existem ataques a igrejas, seqüestros, prisões, torturas, assassinatos e ameaças constantes praticadas pelos hindus. Há leis anticristãs que proíbem a conversão de hindus ao cristianismo. Os “dalits” (pobres) que se convertem são os mais perseguidos. Na novela não há nenhuma relevância sobre essas perseguições aos cristãos, e, ironicamente, o Brasil se posiciona como um país cristão. Empregos e empréstimos governamentais são negados àqueles que se convertem ao cristianismo. Há muitos casos relatados sobre a perseguição aos cristãos neste pais.
A Igreja de Cristo tem uma extensa história na Índia, segundo uma antiga tradição, por volta do século I, discípulos de Jesus estabeleceram igrejas na região e posteriormente foram martirizados. Já no século XVII, com a influência da Companhia Inglesa das Índias Orientais, que reteve o avanço dos mulçumanos, temos o excelente trabalho missionário de William Carey. A sua biografia vale a pena ser lida por todos os cristãos.
Carey cumpriu toda sua missão em 41 anos dedicados a Índia do século XVIII. No ínicio de seu ministério missionário sofreu perseguições até de seus compatriotas ingleses que não permitiam intervenção religiosa cristã para não atrapalhar os negócios na região. Logo se viu sem apoio, sem dinheiro, mas pela providência conseguiu aos poucos se firmar e colocar suas metas em prática. Pagou um preço alto ao perder um filho, sua esposa, porém nunca recuou. Anos depois de sua chegada a Índia, Carey recebeu o apoio de dois missionários e suas esposas. Traduziu as Escrituras em 44 línguas da região, produziu gramáticas e dicionários, fundou dezenas de igrejas e escolas, fundou seminários, jornais. Exerceu um papel importante para acabar com a tradição hindu de queimar as viúvas com seus maridos mortos, o “suttee” ou “sati”, Foi também responsável pela cessação do sacrifício de crianças, que eram atiradas às águas do rio Ganges. Fundou a sociedade de agricultura na Índia, foi responsável pela tradução da Bíblia em Sânscrito, Bengali, Marati, Telegu e nos idiomas dos Siques. Inspirou outras missões, dentre elas: a Associação Missionária de Londres, em 1795; a Associação Missionária da Holanda, em 1797; a Associação Missionária Americana, em 1810; e a União Missionária Batista Americana, em 1814. Não por acaso ele é considerado o pai das missões modernas. Uma de suas frases mais marcantes foi: “Espere grandes coisas de Deus, faça grandes coisas para Deus”.
Mas quando a gente olha para esses números pífios de hoje, 2,33% de cristãos, ainda divididos entre católicos romanos e ortodoxos com a metade desses números, dá uma grande tristeza no coração. E para completar a desgraça, há um forte nominalismo entre os cristãos, ou seja, o que sobra? O que tem feito as 50 agências evangélicas que atuam na Índia? Curioso é saber que a igreja na Índia é perseguida e ao mesmo tempo boa parte de uma minoria religiosa cristã é apenas nominal! Realmente esse mundão é muito estranho! O certo é que o Evangelho já teve seus avanços e recuos nesse lugar, e podemos confiar que haverá novos avanços missionários com frutos mais duradouros!
Não menos que todas as nações o Senhor das nações requer!
O que podemos fazer (no mínimo)? Quero aqui replicar um apelo feito pelas Missões Postas Abertas:
Precisamos pelo menos orar para que o evangelismo continue dentro desse país e que Deus envie missionários para lá. Os missionários cristãos enfrentam ameaças e perseguições constantes. Ore pela proteção deles e peça provisão divina para as muitas viúvas de mártires cristãos. A Igreja tem sido marcada com o derramamento de sangue. Ore para que o martírio de cristãos seja um forte testemunho para os indianos. Os casos de martírios são amplamente divulgados em todo o país, o que tem levado muitos à fé cristã. Muitos radicais hindus opõem-se violentamente ao cristianismo. Ore para que ocorra o abrandamento da oposição hindu e para que o cristianismo ganhe a simpatia de líderes hindus influentes.
Se você quiser ver fotos de resultados de perseguições na Índia coloque no Google para pesquisar as palavras: “perseguição igreja na índia” e clique em pesquisar imagens. É possível ver casas de cristãos destruídas, carros incendiados e pessoas mortas ou feridas. Algo parecido acontece também na China, na Nigéria, no Sudão e em muitos lugares que nem sabemos. Neste exato momento, muito provavelmente há irmãos em Cristo escondidos no meio do mato para escapar de seus perseguidores religiosos. Este é o nosso mundo atual. E isto você não vai ver passar na novela das oito!
Aqui vale uma última reflexão: ser evangélico no Brasil, muitas vezes é símbolo de status e tranqüilidade, em alguns países pode te custar a vida! Estamos muito presos e satisfeitos com os nossos templos e nem ao menos oramos por nossos irmãos perseguidos e martirizados.
Imagens: templos cristãos perseguidas e destruídos.