20.4.09

Ano da França no Brasil sem os mártires da Guanabara


...daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam. Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? Então, a cada um deles foi dada uma vestidura branca, e lhes disseram que repousassem ainda por pouco tempo, até que também se completasse o número dos seus conservos e seus irmãos que iam ser mortos como igualmente eles foram. (Ap 6.9-11)


Começa oficialmente dia 21 de abril o Ano da França no Brasil, na programação das comemorações NENHUMA homenagem a presença dos reformados franceses no Brasil colonial. -- Veja a programação no Rio de Janeiro aqui. -- Um dos fatos mais importantes da história do Evangelho em terras nacionais é colocado de lado como algo sem relevância. Deveria no mínimo existir uma homenagem na Baia de Guanabara, cenário trágico dos primeiros mártires cristãos em terras brasileiras. Ao invés disso haverá um show de fogos na Lagoa Rodrigo de Freitas. Nicolas Sarkozy, um grande e honrado ímpio, chefe atual da França, não dá a menor importância aos santos franceses mortos no Rio de Janeiro em 1558, os chamados “mártires da Guanabrara”.

Os protestantes franceses eram chamados de huguenotes, que na realidade, simplesmente, eram cristãos calvinistas. Os huguenotes chegaram a ter 2.500 congregações evangélicas por volta de 1562 na França. Por volta de 1555 havia muito interesse político-econômico e religioso por parte da Europa com relação ao Brasil recém descoberto. Neste período a França montou sua primeira expedição comandada por Villegaignon, apelidado posteriormente de o “Caim das Américas” por seu ato de traição aos seus compatriotas e ao Evangelho. A intenção da França era implantar uma França fora da França, o que chamariam de França Antártica, formada em grande parte pelos calvinistas franceses.

Os cristãos reformados franceses participaram dessa expedição por causa de grandes perseguições religiosas em sua pátria, e sonhavam com uma terra livre para cultuar a Deus e evangelizar os nativos. A expedição era composta por 600 pessoas entre huguenotes, católicos romanos e vários marginais, criminosos ordenados judicialmente a auxiliar a expedição.

Fato importante: o primeiro culto evangélico em terras brasileiras aconteceu com os huguenotes, em 10 de março de 1557. A pregação foi no Salmo 27.4. Deste ano até 1560, muitos problemas internos, perseguições, confrontos e tensão aconteceram. Em 1558 muitos huguenotes retornaram em um navio francês, e os que permaneceram aqui foram hostilizados por Villeigaignon, que manifestou sua posição política acima da religiosa. Villeigaignon prometera aos cristãos calvinistas refúgio e ofereceu hostilidade e crueldade! A forma de martírio foi basicamente o afogamento.

Antes do ápice do martírio houve uma declaração de fé dos franceses calvinistas que ficou conhecida com a Confissão de Fé da Guanabara, local de martírio. Para saber mais sobre esse período leia o artigo de Franklin Ferreira, intitulado: A Presença dos Reformados Franceses no Brasil Colonial.

Talvez, para a França atual seja um episódio vergonhoso e digno de esquecimento, mas para os cristãos protestantes esses acontecimentos não devem cair no ostracismo, pois houve evangelismo, culto e testemunho desses irmãos do passado. Temos em mãos a história viva em forma de confissão de fé desses irmãos. -- Hebreus 6:10 Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois servistes e ainda servis aos santos.

A França hoje se envergonha do Evangelho! Muitos historiadores e antropólogos atribuem as origens e a influência da idéia basilar da república francesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” aos Tupinambás, índios brasileiros, observados como uma comunidade que vivia em liberdade, igualdade e irmandade, e não ao cristianismo e ao Evangelho, que supera em excelência qualquer idéia humanista de liberdade, igualdade e fraternidade! Pode-se dizer que a famosa citação “saída à francesa” aplica-se a este não reconhecimento. Francamente!

Os Tupinambás serviram de base para as idéias da Revolução Francesa ou há em todo homem uma semente de liberdade, igualdade e fraternidade colocada pelo Criador? Podemos encontrar nas páginas do livro de Atos dos Apóstolos liberdade, igualdade e fraternidade como em nenhum outro relato humano, acima do socialismo, comunismo ou comunidade tribal!

Atos 2:42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
Atos 2:46 Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração.

No Ano da França no Brasil é de suma importância trazer a memória os primeiros mártires franceses em solo brasileiro. Viva a memória dos santos franceses martirizados no Rio de Janeiro no século 16! A Igreja Reformada não pode esquecer seus mártires!

Em memória de: Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil e Pierre Bourdon.

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão. (1 Coríntios 15:58) .