Deus Condena Quem Fala Mal de Político? Bem, Depende...
A Bíblia é mais afiada que uma espada de samurai! Encontramos nela uma chuva de críticas, cortes rápidos, Tramontina, “xingamentos” e até mesmo algumas rosnadas leoninas proféticas dirigidas a figuras políticas e religiosas. João, em Apocalipse, não segurou as rédeas ao chamar Nero de "A Besta", e Jesus, com sua mansidão inquestionável, não hesitou em chamar os líderes religiosos de "Filhos do Diabo" e largou o chicote no lombo dos mercenários. Jesus chamou Herodes de "aquela raposa" (Lucas 13.32). Certas figuras de linguagem a Bíblia não ameniza para se tornar mais palatável, a exemplo do texto em Isaías que compara a justiça humana com trapos imundos, uma referência ao sangue menstrual, uma comparação chocante e repugnante para muitos.
Mas, espera aí, e quanto aos nossos amáveis reformadores? Bem, eles não economizavam adjetivos “suaves” ao se referir aos monarcas e papas que não compartilhavam sua fé. Era uma metralhadora de xingamentos e rosnados em nome da verdade! “Traficante sem vergonha”, “Enganadores diabólicos”, “Lobos em pele de cordeiro”, “Anticristo”... E isto era dito em panfletos distribuídos ao povo. Os reformadores em alguns casos eram zombadores virulentos. Enquanto o papa era o anticristo, os bispos eram sodomitas. – Lutero dizia que o papa é um louco furioso, um falsificador da história, um mentiroso, um blasfemo, um profanador, um tirano do Imperador, dos reis e do universo inteiro, um defraudador, um velhaco, um espoliador dos bens eclesiásticos e seculares (...). Porco, burro, rei dos asnos, cão, rei dos ratos, lobo, urso-lobo, homem-lobo, leão, dragão, crocodilo, larva, besta, etc. -- Não podemos nos esquecer das palavras dos reformadores Lutero e Calvino, aqueles corajosos defensores da verdade, não hesitaram em usar palavras fortes quando necessário. Podemos questionar seus protestos?
Mas e nós, pobres mortais, cristãos contemporâneos? Será que temos o direito de xingar com propriedade? Essa é uma questão para os debates teológicos mais calorosos! Afinal, a verdade pode ser dita de modo áspero em alguns casos e, bem, em outros nem tanto. A linguagem, essa velha aliada dos debates, merece nossa atenção. Xingar e rotular pessoas não é lá a melhor forma de apresentar argumentos. Vamos pensar nisso: aqueles que apoiam a homossexualidade chamam os opositores de homofóbicos. Mas a verdade é que nem todos os que são contra a homossexualidade odeiam os homossexuais. Simples assim!
E quanto à Lei da obediência aos pais e à autoridade civil (Êxodo 20 e Romanos 13)? Sim, devemos honrar e obedecer, mas até que ponto? Afinal, a autoridade civil não é absoluta, e nossa lealdade suprema é a Deus. Por isso os mesmos Puritanos que escreveram isto decapitaram o rei de sua época:
Confissão de Fé de Westminster, CAPÍTULO XXIII, DO MAGISTRADO CIVIL, seção primeira, “Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis que lhe são sujeitos, e a este fim, os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores” (Rm 13:1-4; 1Pe 2:13-14). Que os magistrados exerçam seus cargos com justiça para o bem, e que por questão de consciência haja obediência ou resistência civil.
É interessante observar como a abordagem de comunicação, linguagem e obediência podem variar dependendo do contexto e da audiência. Enquanto a Bíblia nos instrui a sermos respeitosos em nossas interações (1 Pedro 3:15), também vemos exemplos de momentos em que profetas, apóstolos e até mesmo Jesus usaram linguagem forte para confrontar autoridades. Jesus, por exemplo, confrontava os líderes religiosos de sua época com palavras duras, chamando-os de "hipócritas" e "raça de víboras" (Mateus 23:13-36).
Da mesma forma, os profetas do Antigo Testamento frequentemente usavam linguagem forte para denunciar a injustiça e a idolatria de Israel e outras nações. É importante distinguir entre confrontar o pecado e ser ofensivo por motivos pessoais. Embora a Bíblia contenha exemplos de linguagem forte e confrontadora, devemos sempre exercer sabedoria e discernimento ao aplicar esses princípios em nossas próprias interações.
A relação entre obediência civil e responsabilidade moral destaca a complexidade dessa interação. Enquanto a Bíblia enfatiza a obediência aos governantes, também levanta questões sobre a legitimidade de certas exigências e a necessidade de discernimento individual.
Muitas vezes esquecemos que vivemos em um mundo hostil, cercados por aqueles que são inimigos de Deus, mesmo que pareçam amigáveis durante uma conversa. A Escritura nos lembra que Deus enxerga além das aparências e vê as pessoas ímpias como uma geração de víboras, bestas ignorantes, mulas teimosas e cães depravados. Contrário ao que muitos pensam, "xingar" nem sempre é uma falácia informal. Se um termo depreciativo é usado dentro de um argumento válido e é uma conclusão lógica desse argumento, não é uma falácia, desde que haja justificativa racional para aplicá-lo. Se imperadores e papas receberam elogios carinhosos reversos, imagina políticos corruptos e religiosos mercenários!
RM-FRASES PROTESTANTES