A expansão mencionada na Bíblia da Grande Comissão é, antes de tudo, espiritual, transcendentemente além das barreiras da política. A expansão da Grande Comissão se desdobra para influenciar mudanças políticas, e apenas de maneira indireta. À medida que o Evangelho se propaga, tocando vidas em diversos estratos da sociedade, naturalmente emerge um alinhamento com princípios bíblicos nas políticas adotadas por essas pessoas que amam o Evangelho (não qualquer um que diga que ama, mas que seja praticante). Contudo, o cerne da expansão é, sem dúvida, espiritual - abarcando a disseminação de ideias e poderes sobrenaturais, incluindo o operar de milagres.
Focar exclusivamente no âmbito político, alerta-nos a Escritura, seria incorrer no mesmo erro condenado por Jesus: preocupar-se mais com as coisas dos homens do que com as coisas de Deus. A obsessão cristã pela política, portanto, representa uma inclinação natural da velha natureza, transformando-se em ídolo e substituto para a verdadeira promessa de poder presente no evangelho - uma promessa rejeitada por aqueles espiritualmente fracos e/ou rebeldes devido à incredulidade.
Jesus, ao proclamar: "Vai contar a João o que vocês têm visto e ouvido", ressalta a essência do Evangelho: a restauração da visão aos cegos, a mobilidade aos coxos, a purificação aos leprosos, a audição aos surdos, a ressurreição aos mortos e as boas novas aos pobres. Este é o Jesus que muitos cristãos, equivocadamente, preferem negligenciar. Anseiam por um Cristo político que salve nações, quando o verdadeiro Jesus não apenas prega, mas também cura e liberta por meio de milagres. Ele é o único e verdadeiro caminho, e se não O aceitamos como Ele é, não há alternativa para a salvação ou para a transformação da sociedade.
Um programa genuinamente empenhado em mudar a sociedade por meio de Jesus Cristo prioriza a pregação do Evangelho, a cura dos enfermos, a expulsão de demônios, profecias e a manifestação de sinais e maravilhas, antes de cogitar uma abordagem direta à política, educação, e outros campos. A remodelação da sociedade, no sentido de influenciar suas políticas, deve surgir como efeito do expansionismo impulsionado pelo poder espiritual.
A abordagem política não deve ser adotada pelos cessacionistas, pois sua incredulidade nos milagres mina a própria essência do Evangelho. A doutrina bíblica do expansionismo, quando entendida corretamente, não deve levar a uma reflexão imediata sobre suas implicações políticas. Satã não teme a política e leis, pois regulamentar o comportamento humano sem transformar os corações não o ameaça em nada. Os cristãos se afastaram do programa espiritual delineado por Jesus Cristo e precisam redirecionar seu foco para o crescimento do poder espiritual antes de contemplar qualquer outra ação meramente política.
A necessidade de uma perspectiva espiritual antes do engajamento político
O texto registrado em Atos 1:6-8, o qual os discípulos questionam Jesus sobre a restauração do reino a Israel, destaca a ênfase da Palavra de Deus como padrão absoluto e público da verdade. Isso, porém, não significa que a visão cristã deva ser reduzida à política, nem que a causa cristã seja servida por um envolvimento excessivo na esfera política. A doutrina de que os cristãos devem se envolver na sociedade para moldar a cultura frequentemente resulta em uma consequência negativa da espiritualidade se não houver transformação real nos agentes políticos (e geralmente é o que acontece até então).
É inegável que os apóstolos utilizaram as leis existentes para facilitar seu trabalho, mas o perigo reside em perder de vista a verdadeira visão e poder de Jesus Cristo ao tornar-se excessivamente político. Confiar exclusivamente na política equivale a confiar nos homens, e tal confiança invariavelmente leva à decepção (e geralmente é o que acontece até então). A causa cristã, quando avança pela política, opera apenas até onde os não-cristãos permitem. As leis de uma democracia refletem a providência ordinária, moldada pela cooperação e compromisso humano, ao contrário do poder imediato de Deus, que opera por meio de milagres.
A fé em Jesus Cristo, com seu poder sobrenatural, é a única força que não depende da cooperação humana ou da tolerância política de não-cristãos. A obsessão desmedida pela política indica uma perda de perspectiva espiritual e poder genuíno. A verdadeira mudança requer uma mente renovada e a reativação do poder de Deus por meio do arrependimento, da oração e do ensino. A visão de Jesus sobre a propagação do Evangelho pelo poder sobrenatural é eficaz em qualquer geração e em qualquer contexto político.
Além dos ideais políticos
As pessoas frequentemente projetam seus ideais políticos e éticos da Palavra de Deus, buscando alinhamento entre a boa política e a dogmática cristã. Mas, é crucial entender que o reino de Deus não é uma democracia, mas uma monarquia, um reinado eterno com Jesus Cristo como Rei supremo. A analogia com a democracia, que pode ser válida em certos aspectos da vida cristã, não pode ser estendida para transformar a essência monárquica do reino de Deus.
A liberdade de expressão, tão valorizada em democracias, não encontra paralelo no Reino de Deus. A proibição de proferir blasfêmia, ensinar heresia ou expressar incredulidade pode chocar aqueles imbuídos de valores democráticos, mas essa é a realidade do Reino de Deus. Mesmo sob uma ditadura, a liberdade de expressão na igreja revela limites estritos para salvaguardar a ortodoxia e a integridade da fé cristã. Numa democracia ou ditadura, a lealdade dos cristãos é ao Rei Jesus.
A verdadeira expansão do Reino vai além da política, é um crescimento em busca do poder espiritual e milagroso, impulsionado pelo Evangelho. A política, quando empregada, deve ser subjugada à soberania do Rei Jesus, reconhecendo que a verdadeira transformação ocorre não por meio da força política, mas pela restauração espiritual. O reino de Deus é uma monarquia eterna, e a busca pela verdadeira mudança na política começa com a renovação da mente e o poder do Espírito Santo em nossas vidas.
RM-FRASES PROTESTANTE
Texto baseado nos textos sobre política de Vincent Cheung