8.3.22

Aconselhamento bíblico: Saúde mental em meio aos acontecimentos desta década, desgastes emocionais entre política, pandemia e guerra



Aconselhamento bíblico:

Saúde mental em meio aos acontecimentos desta década, desgastes emocionais entre política, pandemia e guerra.

Raniere Menezes – 07/03/2022

 

Espere no Senhor.

Seja forte! Coragem!

Espere no Senhor.

Salmos 27:14

 

As crises atuais parecem em efeito cascata e dominó, como lidar com isto biblicamente?

 

A massificação do "fique em casa" até achatar a curva, máscaras, passaportes etc,  polarização política, guerra na Europa em "tempo real" nas redes sociais, pressões econômicas. Como encontrar saúde mental neste cenário recebendo tanta informação? As imagens de milhares de refugiados da Ucrânia vão permanecer por muito tempo na memória e na Internet.

 

O que nos ameaça psicologicamente? Não precisa estudar a Pirâmide de Maslow para responder que as prioridades da necessidade humana, de vital importância, são: água, alimentação, sono e abrigo, as demais necessidades serão adicionadas naturalmente.

 

Quem está inserido no contexto local de uma guerra recebe uma carga emocional negativa profunda, realmente quem está neste momento abrigado em subterrâneos, com alimentação e água escassas, tendo que sobreviver fisicamente e cuidar de crianças, adultos e da própria vida em situação das ameaças que uma guerra produz, é uma situação extremamente complexa. Já aqueles que têm amigos e parentes que estão vivendo a guerra, mesmo distante, acabam absorvendo os medos e angústias, não sentem na pele, mas sentem o coração apertado. E por último, parte do mundo conectado com as notícias e imagens da guerra sentem empaticamente emoções das pessoas envolvidas mais diretamente com o conflito armado. A cobertura midiática amplifica as notícias 24h todos os dias e proporciona fadiga de informações.

 

Esta penetração de informações através de múltiplos canais de comunicação tem uma variedade e quantidade diárias realmente excessivas, a multiplicação é exponencial, a frequência é intensa e a magnitude é acumulativa. A midiaficação só aumenta e cria uma sobrecarga de informações. Muita informação pode prejudicar a saúde mental. Manter-se informado é algo bem diferente de sobrecarregar-se. Excesso de informações sobre pandemia, guerra, crises, tragédias podem desencadear ansiedade, stress, medo, frustração, angústia, ira, depressão e outras reações como exaustão, fadiga e sobrecargas emocionais. É preciso perceber os sinais de nossas reações e não sucumbir. A Bíblia aconselha a não ter ansiedade por nada, não andar ansiosos por coisa alguma.

 

A necessidade de segurança física de uma pessoa numa guerra difere totalmente de uma pessoa distante que recebe notícias da guerra, porém o medo que o conflito se espalhe e se transforme numa guerra mundial pode gerar em algumas pessoas a necessidade de buscar mais proteção contra possíveis ameaças, é gerado aquele sentimento de estocar alimentos, água, medicamentos, procurar um lugar seguro, enfim um tanto semelhante ao que aconteceu na pandemia atual. Buscar segurança (física, recursos, cuidar de outros e da propriedade) é bom e legitimo, mas quando acontecem excessos de preocupações além das corriqueiras e diárias, surgem apreensões e consequências negativas. Incertezas e mudanças são as maiores certezas que podemos ter. Devemos buscar um discernimento equilibrado que não podemos controlar tudo que acontece em nossa vida e mundo, é algo demasiado pesado para um mortal. Peça a Deus equilíbrio para não se sobrecarregar com excesso de informação.




 

Parafraseando Mateus 6.25-27: Não fiquem preocupados a respeito de coisas: O que comer, o que beber e o que vestir... Olhem os passarinhos! Eles não se preocupam com a comida - eles não precisam semear, colher, ou guardar comida - pois o Pai celeste de vocês os alimenta. E para Deus, vocês valem mais do que os passarinhos. Todas as preocupações juntas não poderão acrescentar um único momento à vida de vocês.

 

Todo dia é dia de aprender algo novo, é possível sim descobrir, aprender mais como preservar a saúde mental, mesmo em meio a adversidades, problemas,  tribulações e provações. Existe um autocuidado bíblico, diferente de um egoísmo presunçoso, porém algo relacionado a humildade, paciência, esperança, fé, mansidão. Cuidar de si pelos princípios bíblicos naquilo que penso, sinto e faço, certamente será radiado em atitudes para com outras pessoas. Devemos confiar em suas promessas e pedir: Eu amo o Senhor, porque ele me ouviu quando lhe fiz a minha súplica. Salmos 116.1. Amar o Senhor porque ele nos ouve não seria egoísmo de nossa parte? Não. Deus se revela de modo relacional, é o Deus das montanhas e dos vales, de perto e de longe, imanente e transcendente. -- Sustenta-me, segundo a tua promessa, e eu viverei; não permitas que se frustrem as minhas esperanças. Salmos 119.116. Deus promete ser apoio, força da vida; não permite que outros pensem que a esperança na palavra seja em vão. Alguém pergunta numa guerra, tragédia ou guerra, ‘onde está Deus?’, Deus não poderia estar em outro lugar senão no céu e seus discípulos estão em todos os lugares o servindo e servindo ao próximo. Não precisar procurar longe.

 

Centenas e milhares de pessoas que trabalham na ajuda humanitária numa guerra ou numa tragédia climática, por exemplo, escolheram não paralisar e nem fugir, mas reagir ajudando, seja em oração, seja em doações financeiras e materiais, seja ainda em estar junto das pessoas como voluntárias. Para os cristãos que participam ativamente no apoio voluntário (em tragédias, guerras, pandemias) é algo extenuante, mas gratificante, proteger, acolher, aconselhar, consolar, como consequência da Metanoia (do verbo grego antigo μετανοεῖν, translit. metanoein: μετά, metá, 'além', 'depois'; νοῦς, nous, 'pensamento', 'intelecto'), ‘mudança de mentalidade’. No lugar do medo entra a coragem para reagir, para resistir. Não é ajudar por ajudar como sendo uma terapia, mas como serviço de graça e gratidão. Como seres criados a imagem e semelhança do Criador temos criatividade, talentos, dons e capacidades para transformar trevas em luz, pela virtude do poder do Espírito Santo.

 

O cristão tem que saber ler seu tempo, o mundo hoje vive biblicamente uma idolatria, a idolatria da pós-modernidade. É um inimigo fluido, pois é um Golias que grita que não existe verdade (a pós-modernidade desenvolve axiomas que rejeitam qualquer axioma). O desejo de destruição paira em todas as áreas do secularismo (destruir ou reconstruir os pilares da tradição cristã). Nietzsche dizia que Deus estava morto, o pós-modernismo diz que o homem está morto. O homem como criatura de Deus "morre" junto com Deus. É o fim do homem como um conceito universal.

 

Cesar Vidal, pregador cristão, numa palestra disse: O homem como um ser lógico é rejeitado e também a lógica é rejeitada. -- Exemplo: Rejeitar a verdade objetiva e colocar a ideologia acima. Tudo depende de um alto grau de subjetividade de interpretações. Estamos vendo isto todos os dias, seja na pandemia, sejam nas guerras e disputas políticas. Já se transformou em clichê falar em “guerras de narrativas”. A realidade parece que não existe. Se a realidade morreu, todos os absurdos são válidos. A preocupação com os ovos de tartarugas supera outras preocupações biológicas. Parece que não existe realidade objetiva, mas depende de filtros subjetivos de interpretações.

 

Há um processo sociológico para destruir os pilares estabelecidos, para gerar indivíduos desenraizados, destruidores-desumanizadores, destruidores da realidade familiar, suas raízes e sua biologia. A tradição cristã possui grandes histórias, é preciso relembrar. Princípios e valores da fé cristã são as melhores armas para combater o bom combate, combater mentiras, estar vigilante, alertas em resistência, confiar na Palavra de Deus. Lembrar que Deus é soberano, a história está nas mãos de Dele (Dn 2.20,22). Não se acovardar perante injustiças, a igreja tem que responder os desafios do seu tempo com coragem. Maior o que está conosco do que o que está no mundo. Deus não nos deu espirito de medo e covardia. Quem somos e qual nossa missão? Somos discípulos bem-aventurados? A igreja é um grupo social completamente distinto de qualquer outro grupo. – (Mt 5.13-15) Sal da terra e luz do mundo.

 

A igreja preserva a sociedade. O mundo quer que o sal fique no saleiro. Mas é preciso cumprir a função do sal. Não é uma luz, mas a luz. Para iluminar as trevas. As portas do inferno não prevalecem. Hebreus 11 demonstra que a igreja vence todas as épocas. Temos uma grande multidão de testemunhas e estamos numa corrida longa, o pecado nos persegue tenazmente e devemos olhar firmemente para o autor e consumador da nossa fé, Jesus. Que suportou a cruz por nós, não fazendo caso da extrema humilhação e está assentado no trono de Deus. Ele suportou tamanha oposição dos pecadores para que a gente não se canse nem desmaie. Devemos correr com paciência, administrar as forças. O caminho do Mestre é: Cruz, ressurreição e exaltação (assentados com Ele nos lugares celestiais). Temos uma missão e uma identidade.

 

Um módulo de psicologia e cristianismo que estudei com Carlos “Catito” Grzybowski por volta de 2003 ele falou algo que nunca esqueci, mais ou menos assim, acho que ele narrou uma história de um grande terremoto e que as pessoas momentos após uma grande destruição sísmica andam sem direção em desespero e algumas entram em choque e paralisam, num destes eventos, o Catito contou que um cristão encontrou uma pessoa em estado de choque emocional e apenas sentou do seu lado, não emitindo nenhuma palavra, apenas permanecendo ao lado da pessoa. A solidariedade pode ser apenas um gesto simples, em silêncio, em oração. Deste modo, em qualquer situação, seja pandemia, desastres, guerras, perdas, crises, o cristão tem a direção do Espírito Santo.

 

A Igreja tem uma capacidade diferenciada de adaptação, flexibilidade e resiliência, em qualquer geração e cultura. Há níveis de maturidade para um discípulo, um neófito está vivendo aquele momento de descoberta, há pessoas que gradualmente estão se desenvolvendo ao longo do tempo aos pés da Cruz de Cristo e outros que se aprofundaram e levam uma vida de aprendizagem e continua aprendendo, sempre. Deus sempre pode fazer mais, Ele é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre! Amém! Efésios 3.20-21.

 

Estejam vigilantes, mantenham-se firmes na fé, sejam homens de coragem, sejam fortes.

1 Coríntios 16.13.

 

Foto: Credit: Sofia Koczmar/Twitter