Sir e Souras, olhem lá fora trezentos mil carros brigando por um pedaço de asfalto. Olhe para os shoppings lotado de pessoas com desejos, que incluem comprar vestidos de milhares de reais e tvs gigantes. Olha junto comigo estas redes de fast food reduzindo o máximo de custos para crescer, mesmo que para isso seja necessário colocar veneno no pão porque se ninguém ficar sabendo, está tudo bem. Quando for por aí com seu carro preste atenção nas crianças faveladas pedindo dinheiro no sinal, não é difícil de encontrar, tenha dó, aguarde o sinal verde, e vá embora. Veja no Jornal Nacional uma notícia de genocídio na África (narrada para o Homer Simpson), a Fátima Bernardes terá expressão triste, a próxima notícia, quem sabe sobre o Natal, e a dona Fátima será só sorrisos. Vamos até a mesma TV que emburrece para acompanhar a crise nos Estados Unidos, lugar mais desenvolvido do mundo; as pessoas lá são egoístas, muitas estão perdendo o emprego e o lar, e a dignidade. Aconteceu com o Bush, o líder do país mais desenvolvido, é um dos seres humanos mais odiados da história.
Afinal, o desenvolvimento que estão nos impondo está certo? Pense nisso neste final de ano. É realmente importante que todos tenham carro, um emprego, encham carrinhos de supermercado, satisfaçam desejos, etc? Não somos capazes de nos organizar melhor? De usar nossa racionalidade melhor?
Não quero saber de respostas, só quero que, depois de mais uma volta em torno do sol, possamos acreditar que podemos ser diferentes.
Rafael Slonik