O LUTERO NEGRO DE RECIFE EXISTIU
OU É UMA LENDA?
O "Lutero
Negro" surgiu como uma alcunha atribuída a Agostinho José Pereira,
também conhecido como o Divino Mestre.
A origem
dessa nomenclatura está ligada à passagem do naturalista inglês Charles B.
Mansfield por Pernambuco em 1852. Mansfield referiu-se ao Divino Mestre
como um “Lutero negro”, mesmo não sabendo seu paradeiro e tendo apenas
ouvido relatos sobre sua fama e prestígio.
O nome "Lutero
Negro" permanece em uso até hoje e estabeleceu uma analogia histórica curiosa.
Ela compara o movimento de Agostinho – caracterizado por um cisma e uma iconoclastia
radical – à ruptura radical promovida por Martinho Lutero contra a Igreja
Católica Romana. Dessa forma, o apelido reconhece a dimensão histórica do
movimento de Agostinho, posicionando-o na função de um reformador protestante.
Agostinho
José Pereira, um negro forro e letrado, pregava nas ruas do Recife em 1846 e
utilizava uma Bíblia com passagens grifadas que falavam de liberdade. Sua
doutrina afirmava que sua conversão e entendimento das Escrituras vieram por revelação
divina, negava o valor das imagens de santos, e contestava o fato de os
católicos não cumprirem os mandamentos.
Contraponto Historiográfico
- Os nomes “Divino Mestre,”
“Lutero Negro do Brasil,” e “Agostinho José Pereira” podem ser fictícios.
- Essa narrativa é descrita
como parte de uma lenda urbana moderna ou um mito criado na
internet por volta de 2015.
- Segundo essa perspectiva, o
termo "Lutero Negro" é uma metáfora moderna, sem base em fonte
histórica confiável. Martinho Lutero era um reformador protestante europeu
do século XVI, e a associação é considerada uma analogia simbólica, não
histórica.
- A criação desse mito é
interpretada como uma forma de reparação simbólica, visando emocionar,
reivindicar a identidade negra e desafiar o silêncio da
historiografia oficial ao criar um herói negro que "a história
esqueceu".
A alcunha
"Lutero Negro" surgiu no século XIX, em 1852, a partir de
Charles B. Mansfield, em referência a Agostinho José Pereira, devido à natureza
reformadora e contestatória de seu movimento religioso. Contudo, há um debate
contemporâneo que classifica Agostinho José Pereira e seu apelido como uma ficção
histórica digital.
A
relevância do nome "Lutero Negro" está, portanto, na analogia com
a Reforma Protestante de Martinho Lutero, que questionou a autoridade da
Igreja, assim como Agostinho José Pereira desafiou o catolicismo estatal
brasileiro e a ordem escravocrata. Essa comparação é especialmente pertinente,
pois Agostinho utilizou a leitura da Bíblia como ferramenta central para
pregar a liberdade, um princípio de Sola Scriptura em chave libertadora,
o que era visto como a "mais perigosa arma de resistência negra no século
XIX".
Pai da
Reforma Protestante Negra no Brasil: Ele é considerado o pai da Reforma
Protestante Negra por ter liderado um movimento religioso genuinamente
brasileiro, sem vínculos diretos com missionários ou grupos protestantes
estrangeiros.
Se os
historiadores confirmarem sua existência, este Agostinho da José Pereira será,
portanto, um dos primeiros movimentos evangélicos modernos antes dos
missionários congregacionais e presbiterianos no Brasil.
RANIERE
MENEZES – FRASES PROTESTANTES
