17.11.25

O LUTERO NEGRO DE RECIFE EXISTIU OU É UMA LENDA?

 

O LUTERO NEGRO DE RECIFE EXISTIU OU É UMA LENDA?

O "Lutero Negro" surgiu como uma alcunha atribuída a Agostinho José Pereira, também conhecido como o Divino Mestre.

A origem dessa nomenclatura está ligada à passagem do naturalista inglês Charles B. Mansfield por Pernambuco em 1852. Mansfield referiu-se ao Divino Mestre como um “Lutero negro”, mesmo não sabendo seu paradeiro e tendo apenas ouvido relatos sobre sua fama e prestígio.

O nome "Lutero Negro" permanece em uso até hoje e estabeleceu uma analogia histórica curiosa. Ela compara o movimento de Agostinho – caracterizado por um cisma e uma iconoclastia radical – à ruptura radical promovida por Martinho Lutero contra a Igreja Católica Romana. Dessa forma, o apelido reconhece a dimensão histórica do movimento de Agostinho, posicionando-o na função de um reformador protestante.

Agostinho José Pereira, um negro forro e letrado, pregava nas ruas do Recife em 1846 e utilizava uma Bíblia com passagens grifadas que falavam de liberdade. Sua doutrina afirmava que sua conversão e entendimento das Escrituras vieram por revelação divina, negava o valor das imagens de santos, e contestava o fato de os católicos não cumprirem os mandamentos.

Contraponto Historiográfico

  • Os nomes “Divino Mestre,” “Lutero Negro do Brasil,” e “Agostinho José Pereira” podem ser fictícios.
  • Essa narrativa é descrita como parte de uma lenda urbana moderna ou um mito criado na internet por volta de 2015.
  • Segundo essa perspectiva, o termo "Lutero Negro" é uma metáfora moderna, sem base em fonte histórica confiável. Martinho Lutero era um reformador protestante europeu do século XVI, e a associação é considerada uma analogia simbólica, não histórica.
  • A criação desse mito é interpretada como uma forma de reparação simbólica, visando emocionar, reivindicar a identidade negra e desafiar o silêncio da historiografia oficial ao criar um herói negro que "a história esqueceu".

A alcunha "Lutero Negro" surgiu no século XIX, em 1852, a partir de Charles B. Mansfield, em referência a Agostinho José Pereira, devido à natureza reformadora e contestatória de seu movimento religioso. Contudo, há um debate contemporâneo que classifica Agostinho José Pereira e seu apelido como uma ficção histórica digital.

A relevância do nome "Lutero Negro" está, portanto, na analogia com a Reforma Protestante de Martinho Lutero, que questionou a autoridade da Igreja, assim como Agostinho José Pereira desafiou o catolicismo estatal brasileiro e a ordem escravocrata. Essa comparação é especialmente pertinente, pois Agostinho utilizou a leitura da Bíblia como ferramenta central para pregar a liberdade, um princípio de Sola Scriptura em chave libertadora, o que era visto como a "mais perigosa arma de resistência negra no século XIX".

Pai da Reforma Protestante Negra no Brasil: Ele é considerado o pai da Reforma Protestante Negra por ter liderado um movimento religioso genuinamente brasileiro, sem vínculos diretos com missionários ou grupos protestantes estrangeiros.

Se os historiadores confirmarem sua existência, este Agostinho da José Pereira será, portanto, um dos primeiros movimentos evangélicos modernos antes dos missionários congregacionais e presbiterianos no Brasil.

RANIERE MENEZES – FRASES PROTESTANTES