Como compreender o paradoxo de um Reino já presente, mas ainda por vir, em um mundo marcado por tensões entre pecado e redenção? Essa é uma questão central na escatologia cristã, especialmente sob a perspectiva pós-milenista.
O Paradoxo do "Já e Ainda Não"
O conceito de "já, mas ainda não" permeia tanto o amilenismo quanto o pós-milenismo. Ele afirma que o Reino de Deus já está presente na Terra por meio da obra de Cristo e do Espírito Santo, manifestando-se na Igreja e na vida dos crentes. Contudo, a plenitude desse Reino aguarda a segunda vinda de Cristo para sua consumação final.
Essa tensão reflete a realidade da coexistência do pecado e da redenção:
- Pecado: O mal continua presente, manifestando-se em injustiças, sofrimentos e rebelião contra Deus.
- Redenção: A obra de Cristo na cruz oferece esperança, transformação e a promessa de vitória sobre o mal.
O Reino de Deus na História
O Reino não é uma abstração, mas uma realidade concreta que opera na história. As parábolas do grão de mostarda e do fermento (Mateus 13:31-33) ilustram seu crescimento progressivo, enraizado na soberania de Deus. Esse crescimento, embora marcado por avanços e retrocessos, é sustentado pela fidelidade de Deus.
A escatologia pós-milenista rejeita visões catastrofistas e apocalípticas, enfatizando o progresso do Reino no tempo e no espaço. Passagens como 1 Coríntios 15:25-26 mostram Cristo reinando até que todos os seus inimigos sejam derrotados, indicando um reinado ativo e contínuo.
Implicações Missiológicas e Culturais
A missão da Igreja, segundo o pós-milenismo, vai além da evangelização individual. Ela inclui discipular nações (Mateus 28:19-20), transformando culturas e sociedades de acordo com os valores do Reino. Essa visão integra o mandato cultural de Gênesis 1:28, e a Grande Comissão.
Historicamente, momentos como a Reforma Protestante e os avivamentos do século XVIII demonstram o impacto do Reino em todas as esferas da existência humana, desafiando a dicotomia entre espiritual e secular.
A Tensão entre Mal e Soberania
Embora Satanás, derrotado na cruz, ainda exerça influência limitada no mundo, o pós-milenismo sustenta que o mal está subordinado ao plano soberano de Deus. Essa tensão entre pecado e justiça é comparada a uma espiral ascendente: períodos de declínio moral e espiritual são seguidos por renovações e avanços do Reino.
O Salmo 22 e Isaías 9:7 reforçam essa visão ao apontar para um futuro em que todas as nações reconhecerão a soberania de Cristo. Assim, o otimismo pós-milenista não é ingênuo ou baseado em circunstâncias humanas, mas fundamentado na fidelidade de Deus e em Sua Palavra.
O Papel da Igreja
O pós-milenismo desafia a Igreja a viver com uma expectativa ativa, engajando-se na transformação do mundo com confiança na soberania de Deus. Esse engajamento inclui a proclamação do evangelho e a aplicação prática dos valores do Reino em todas as esferas da sociedade.
Como afirma Habacuque 2:14, "a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar". Essa esperança motiva a ação da Igreja no presente e aponta para a consumação redentora da história.
RM - FRASES PROTESTANTES