O AMOR SENTIMENTAL É MENOS IMPORTANTE
Amor é mais serviço do que sentimento.
O amor cristão não é vítima de nossas emoções, mas servo de nossa vontade.
John R. W. Stott
Poucos dias atrás encontrei um antigo amigo na rua, paramos
cinco minutos para colocar o assunto em dia, quando soube que um amigo comum
estava debilitado numa cama por consequência da AIDS. Usuário de muitas drogas
e viciado em prostituição. Quando soube que essa pessoa estava esquelética numa
cama sendo ajudado pela mãe me emocionei e disse que queria visitá-lo e levar o
Evangelho para ela. Fiquei realmente triste com a situação, mas na mesma
rapidez que conversei com o amigo na rua, logo esqueci. As semanas se passaram
e não fui visitá-lo. De que valeu minha emoção? Não fiz nada por ele! Daí nasce
outra emoção em mim: indignação comigo mesmo, por ser tão fraco. Se Deus
permitir o visito em poucos dias. Se ele ainda não morreu ou perdeu a
consciência!
Racionalizar para mim mesmo e dizer que estou ocupado demais
para amar o próximo é um pensamento anti-cristão. Me emocionei quando soube da
sua situação, mas nem orei por ele no mesmo dia. O amor pleno é prático, não da
boca para fora ou de olhos cheio d'água. O sentimento em si não é algo ruim, é bom. Mas o amor não pode se
limitar as emoções. O amor é muito mais ação do que emoção. O amor de Cristo
nos incomoda e sua providência nos coloca em várias situações para colocarmos o
amor em prática, e muitas vezes falhamos nessas provas.
Para terminar,
lembro de algo marcante numa dessa lições da providência divina. Estava com meu filho
pequeno andando de mãos dadas numa calçada próximo a um shopping, quando
encontramos um mendigo sentado na calçada com uma perna expondo um ferimento.
Como estava muito perto a minha reação foi afastar meu filho da passagem
interrompida pelo homem, foi quando este homem levantou o braço e me mostrou um
brinquedo feito de madeira e falou umas palavras. Não entendi o que ele disse e fui passando, quando
ele repetiu e entendi: "pegue o brinquedo, é presente para o garoto." Constrangido peguei o presente, agradeci, meu filho agradeceu e fomos para
o shopping. Fiquei mal por uns dias pensando naquela cena e nunca mais voltei
para fazer algo por este homem. A providência nos coloca em cada uma. E o que
mais me incomoda é que joguei o brinquedo de madeira no lixo do shopping por
causa dos ferimentos da perna daquele homem. Meu Deus, como somos fracos! Eu
ainda pedi a Deus que o abençoasse, mas não dei nenhuma moeda. Que amor é esse? Inútil.
Essa breve reflexão
serve de alerta para que eu fique mais atento e que de algum modo ajude outras
pessoas que passam pela mesma experiência ao ler esta reflexão. Precisamos amar de fato e não apenas
de palavras. Que Deus nos ajude!
Pare para pensar quantas vezes clicamos numa imagem na Internet de crianças famintas ou feridas e sentimos um aperto no coração, mas em poucos segundos já não lembramos mais daquilo. Que amor é esse? Compaixão visual, virtual e mero sentimento vazio, sem obras. Uma coisa é certa, tem muita gente que precisa de nós e podemos fazer algo. Podemos fazer muito com pouco!
Pare para pensar quantas vezes clicamos numa imagem na Internet de crianças famintas ou feridas e sentimos um aperto no coração, mas em poucos segundos já não lembramos mais daquilo. Que amor é esse? Compaixão visual, virtual e mero sentimento vazio, sem obras. Uma coisa é certa, tem muita gente que precisa de nós e podemos fazer algo. Podemos fazer muito com pouco!
Raniere Menezes