Concílio
de Niceia I, a primícia dos 4 primeiros concílios ou quando Atanásio atanazou
Ário
Os ensinos essenciais
do cristianismo estão contidos nos quatro primeiros concílios ecumênicos. A
doutrina da Trindade tratada em Niceia I e Constantinopla I, e a doutrina da Encarnação
em Éfeso e Calcedônia.
É importante
lembrar que o protestantismo destaca sete concílios, os sete primeiros, como possuidores
de autoridade doutrinal e de valor histórico para o desenvolvimento das
doutrinas.
Os concílios
significativos para toda Igreja surgiram nos momentos mais críticos da Igreja,
sempre em meio a crises e heresias. Niceia é um ponto nuclear de uma época e
possui uma unidade consistente com os outros concílios posteriores. As controvérsias
trinitarianas e cristológicas são delimitadas em Niceia. Baseado em fundamentos
apostólicos.
O concílio
foi instituído pelo imperador romano Constantino em 325 DC, e ganhou
reconhecimento jurídico e proteção do Estado, pois as decisões religiosas
tratadas em Niceia tinham influência para todo império.
A principal
disputa doutrinária foi sobre o RELACIONAMENTO do Filho e do Pai. Até então
havia um entendimento comum de RELAÇÃO DE SUBORDINAÇÃO entre Filho e Pai,
entendimento desenvolvido desde Orígenes e Tertuliano. Esta era a base do
conflito dogmático antes do arianismo, e usada pelo arianismo para confundir a
Igreja.
Ário, o
personagem da controvérsia de Niceia, defendia a absoluta unidade de Deus -- Só
Deus é o princípio não criado. A essência da Divindade não pode ser dividida
nem comunicada aos outros. -- É um tipo de monoteísmo rígido, de grande
aceitação na época difundido pelos arianos. O arianismo colocava o Logos como
criatura, que teve um princípio. A não-coeternidade era a base do arianismo.
A corrente
ortodoxa contra o arianismo era defendida pelos dois personagens principais, o
bispo Alexandre e Atanásio, então diácono. Ambos muito firmes em sustentar que
o Filho é autoexistente, eternamente gerado da essência do Pai.
Enquanto o
arianismo ensinava que o Filho foi criado da não existência, que o Filho não
era da mesma substância do Pai, Atanásio dizia ser Ele HOMOOUSIOS com o Pai, DA
MESMA SUBSTÂNCIA. HOMOOUSIOS se transformou na bandeira da ortodoxia.
Essa disputa
teológica sobre a Divindade de Cristo não foi fácil nem foi resolvida da noite
para o dia. O conflito dominou a história até o ano de 381 DC, no concílio de
Constantinopla.
Em 325 DC o
concílio de Niceia determinou que o arianismo era heresia, mas com o passar dos
anos, até 381 DC, apesar dos documentos oficializados em Niceia, o termo
aprovado HOMOOUSIOS recebeu desaprovação até gerar a necessidade de outro
concílio.
Outro
importante personagem foi Eusébio de Cesareia, que era bispo, e se colocou
contra outro bispo, Alexandre, pois não concordava com o termo HOMOOUSIOS, e isso tendia a favor do arianismo. Eusébio
queria que o termo fosse mudado para HOMOIOUSIOS (de "substância similar",
não "da mesma substância" como Alexandre e Atanásio defendiam). A
diferença era apenas a letra "i", mas de grande mudança doutrinária.
Alguém já disse que o cristianismo quase foi dividido por causa da menor letra
do alfabeto grego.
Os nicenos
também eram conhecidos por Homoousianos, tamanha era a força do argumento
teológico. No segundo concílio, de Constatinopla, os arianos e simpatizantes
estavam bem mais fortes e preparados para mudar a história, mas o que foi
aprovado em Niceia I foi CONFIRMADO em Constantinopla I, e a Divindade de
Cristo transformou-se num patrimônio comum para todas as igrejas, do Oriente ao
Ocidente. A ortodoxia de Niceia I prevaleceu e decretou o fim do arianismo.
Esses dois
concílios formam o "Símbolo Niceno-Constantinopolitano", o credo mais
conhecido e importante da história do Cristianismo. Sua função anti-herética é
válida até hoje e até a volta de Cristo.
Atanásio
dizia que, se o mundo todo ficasse contra essa verdade, ele ficaria sozinho
contra o mundo. No dicionário informal "Atanazar" significa
"dificultar, complicar, importunar, azucrinar, atrapalha e
perturbar." Conversando com um amigo, ele disse que tinha um professor que
quando ia narrar sobre os acontecimentos dessa época dizia que "Atanásio
atanazou a Ário." Com certeza o arianismo foi atanazado por Atanásio!
Graças a Deus por esse atanazador!
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