2.1.11

Evangelho, verdadeiro ou falso, dá para saber?

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A doutrina em questão tem sido chamada de “a livre oferta”, “a oferta bem intencionada”, e “a oferta sincera” do evangelho (veja “Nota” abaixo). Minha posição é que ela faz de Deus um tolo esquizofrênico. Ela é anti-bíblica e irracional, e assim, deve ser rejeitada e combatida.


Deixe-me oferecer uma breve declaração e explicação aqui.


Porque não sabemos de antemão quem estão contados entre os eleitos e os não-eleitos, e porque a Escritura nos ordena pregar a toda pessoa, não devemos tentar determinar por nós mesmos quem são os eleitos e os não-eleitos, e então, pregar o evangelho somente àqueles a quem consideramos os eleitos. Antes, devemos pregar indiscriminadamente o evangelho a todos os homens.


Por outro lado, é errado e pecaminoso pregar o evangelho como se houvesse uma chance para até mesmo os não-eleitos obterem fé e serem salvos, como se Deus estivesse sinceramente lhes dizendo que Ele deseja sua salvação e que eles podem ser salvos (Lucas 10:21; João 6:65). Não conhecemos o conteúdo preciso do decreto de Deus na eleição (no que diz respeito a quem são os eleitos e quem são os não-eleitos), de forma que não devemos agir como se o conhecêssemos. Contudo, isso não significa que devamos falar como se a eleição fosse falsa quando pregamos o evangelho.


Pelo contrário, em nossa mensagem, devemos deixar claro que Deus ordena seriamente que toda pessoa, seja eleita ou não-eleita, creia no evangelho, fazendo assim toda pessoa moralmente obrigada a crer –– aqueles que assim o fizerem serão salvos, e aqueles que não o fizerem serão condenados. Mas não devemos apresentar isto como uma “oferta sincera” de salvação da parte de Deus para até mesmo os não-eleitos. A fé vem somente como um dom soberano de Deus, e Deus decidiu imutavelmente reter este dom dos não-eleitos, e os endurecer ativamente; portanto, oferecer sinceramente a salvação aos não-eleitos, como se Deus desejasse que eles fossem salvos e como se fosse possível para eles serem salvos, seria mentir para eles em nome de Deus. Não há uma oferta real ou sincera de salvação aos não-eleitos, mas somente uma ordem séria e real que eles nunca podem obedecer, e que Deus imporá contra eles com o fogo do inferno.


Novamente, isto não nos impede de pregar indiscriminadamente o evangelho a todos os homens, visto que não é o nosso direito nem o nosso dever escolher os eleitos e pregar somente a eles, ou escolher os não-eleitos e excluí-los. O ponto é que não devemos apresentar o evangelho como uma oferta sincera de forma alguma, como se o “desejo” de Deus pudesse diferir do Seu decreto, como se Deus pudesse decretar ou tivesse decretado contra o Seu “desejo” (quando a Escritura ensina que Ele decreta o que Ele deseja –– isto é, Seu “bom propósito” –– e o que Ele deseja, Ele decreta e faz certo), e como se fosse possível para até mesmo os não-eleitos serem salvos; antes, devemos apresentar o evangelho como uma ordem séria a todos, e como se fosse requerido de todos o crer (Atos 17:30), e como se Deus intentasse chamar os eleitos e endurecer os não-eleitos pela mesma pregação do evangelho (2 Coríntios 2:15-16).


Em outras palavras, o conteúdo e a pregação do evangelho pode e deve ser completamente consistente com as doutrinas da eleição e da reprovação, bem como com todas as outras doutrinas relacionadas. Para muitos, afirmar a “oferta sincera” é meramente uma escusa para crer como um Calvinista, mas pregar como um Arminiano.


[A “Oferta Sincera” do Evangelho, Parte 1 por Vincent Cheung]