11.10.24

A Besta do Apocalipse e Monstro das Águas de Ezequiel 32

A Besta do Apocalipse e Monstro das Águas de Ezequiel 32: A Queda dos Impérios pela Mão de Deus

 

Filho do homem, levanta uma lamentação sobre Faraó, rei do Egito, e dize-lhe: Eras semelhante a um filho do leão entre as nações, mas tu és como uma baleia nos mares, e rompias os teus rios, e turbavas as águas com os teus pés, e pisavas os teus rios. – Ezequiel 32.2

 

Sim, há uma besta que surge das águas no Antigo Testamento, e a besta em Apocalipse não é a única. O profeta Ezequiel profetiza sobre o Egito como uma baleia nos mares, em algumas versões e noutras, (כַּתַּנִּ֣ים) “monstro nos mares” (kat·tan·nim; tanim ou tatino) ou um “crocodilo monstruoso”, "serpente"; "dragão"; "mosntro marinho", enfim, uma besta fera aquática; um monstro marinho ou fluvial. Isso reforça a simbologia profética em nomear impérios como animais desde a antiguidade. 

 

Os futuristas adoram projetar o terror da besta para um horizonte sombrio, mas as feras vêm caindo há milênios e continuarão a cair. Seja o crocodilo monstruoso do Nilo ou a terrível besta romana no Mediterrâneo, todos os gigantes caem diante do tribunal de Deus. Biblicamente, todos os monstros marinhos foram derrotados, seja há 2.500 anos, seja há menos de 2.000 anos, e o destino de cada império caído foi profetizado e registrado nas Escrituras. Deus, o Senhor das armadilhas, puxa a rede e subjuga todas as feras. Os impérios afundam como monstros marinhos mortalmente feridos. -- Monstros das águas e a queda dos impérios pela mão de Deus. Do Nilo ao Mediterrâneo, Deus derruba os gigantes dos mares.

 

O Império Romano (ou o próprio imperador) em Apocalipse é retratado como uma Besta que agita o mar. A besta que sobe do mar em Apocalipse 13 não é o único monstro marinho da Bíblia; o Egito, em sua violência e poder na antiguidade, também é comparado a uma criatura poderosa das águas. Todos os impérios estão sob o controle e julgamento de Deus. As feras humanas, como essas nações, enfrentam seu fim diante d'Ele.

 



Tanto o símbolo de poder da besta romana ou a fera egípcia têm vestígios de uma simbologia mais antiga, no conceito de Leviatã, onde aparece no livro de Jó 41, como uma criatura monstruosa que habita o mar. Em textos hebraicos antigos, ele é descrito como uma serpente marinha gigantesca, um símbolo de caos primordial e inimigo das forças de Deus. A imagem do Leviatã foi interpretada de diversas formas ao longo dos tempos, com influências tanto da mitologia suméria quanto da mesopotâmica. Este é o arquétipo mais antigo que simboliza poder, caos e a ideia de uma força ou entidade dominante.

 


Não por acaso, Thomas Hobbes, resgatou esse símbolo em sua filosofia política, em sua obra “Leviatã” (1651). Hobbes usa o termo para representar o Estado soberano. Para ele, na ausência de uma autoridade central forte (um "Leviatã"), a humanidade vive em um estado de natureza que ele descreveu como "guerra de todos contra todos", onde a vida é "solitária, pobre, sórdida, brutal e curta". O Leviatã hobbesiano é o símbolo da necessidade de um governo central autoritário que mantém a ordem social. Tanto a besta em Apocalipse, quanto o monstro em Ezequiel, ambos são Leviatã, um romano, outro egípcio.

 

Em Ezequiel 32, os homens, comparados a bestas, são capturados na rede de Deus e caem vergonhosamente. Ele controla as nações, lançando uma contra a outra, e gigantes caem. No caso de Ezequiel, foi a Babilônia que destruiu o poderoso Egito, um destino selado por Deus, como o profeta previu. Posteriormente, a poderosa Babilônia caiu.

 

O Egito do tempo do profeta Ezequiel, derrotado, é como a besta das águas que dominava o Oriente Médio, mas caiu. Todo rei opressor paga o preço de sua ambição. O monstro crocodilo é despedaçado, o império afunda, e Deus declara o fim do poderoso Egito, 500 anos do Império Romano.

 

O contexto histórico de Ezequiel 32 situa-se durante o período do exílio babilônico dos israelitas, por volta do século VI a.C., quando o profeta Ezequiel recebe uma série de visões e mensagens sobre o destino de várias nações, incluindo o Egito. A profecia em Ezequiel 32 ocorre no décimo segundo ano após a deportação do rei Joaquim (598 a.C.), o que coloca o cenário em torno de 585 a.C., logo após a queda de Jerusalém nas mãos de Nabucodonosor, o rei da Babilônia. Curiosamente, o rei que sonhou com as quedas de todos os impérios.

 


No século VI a.C., o poderio naval do Egito estava em declínio, refletindo a perda gradual de sua influência militar e econômica no Mediterrâneo e no Oriente Próximo. Embora o Egito ainda fosse uma potência regional, principalmente durante o reinado da 26ª Dinastia (Dinastia Saíta), ele já não tinha o domínio marítimo que havia exercido em séculos anteriores. Durante esse período, o Egito enfrentava pressões internas e ameaças externas, especialmente da Babilônia e da Pérsia.

 

O Poder Naval Egípcio

 

Cerca de 1550 a.C. – 1070 a.C. Os faraós expandiram seu poder com navios no Mediterrâneo e no Mar Vermelho, além do Rio Nilo. No entanto, no século VI a.C. (tempo de Ezequiel), o cenário era diferente. O Egito já não exercia controle total sobre o Mediterrâneo Oriental, especialmente após o avanço dos fenícios e, mais tarde, o crescimento do Império Persa. A Fenícia, com suas cidades portuárias como Tiro e Sidom, tinha se tornado a potência naval dominante.  

 

Nos rios, particularmente no Nilo, o Egito continuava a ser uma potência significativa, usando o rio para transporte de mercadorias e tropas, bem como para a pesca. O Nilo sempre foi importante para o controle interno do país. No século VI a.C., o poderio naval do Egito, tanto nos mares quanto nos rios, estava em decadência. No Mediterrâneo, os egípcios já não eram a potência dominante, sendo superados pelos fenícios e, em seguida, pelos persas. Nos rios, principalmente no Nilo, o Egito ainda mantinha um controle considerável, mas seu poder naval militar era limitado, mas ainda assim, um crocodilo feroz.

 

O Egito na época de Ezequiel

 

Naquela época, o Egito ainda era uma potência regional significativa, embora estivesse em declínio. O país havia sido governado por várias dinastias poderosas ao longo de séculos, mas enfrentava ameaças internas e externas. No período descrito em Ezequiel 32, o Egito estava sob o governo da 26ª Dinastia, conhecida como Dinastia Saíta, com Faraó Hophra (Apries) no poder.

 

Hophra havia ascendido ao trono em 589 a.C., e durante seu reinado, ele se envolveu em diversos conflitos, tentando influenciar a política do Oriente Próximo. Ele se aliou ao reino de Judá na esperança de formar uma coalizão contra a crescente ameaça da Babilônia, governada por Nabucodonosor II. O Egito, sob Hophra, ofereceu apoio militar a Judá durante o cerco babilônico a Jerusalém, mas esse auxílio foi ineficaz, e Jerusalém acabou sendo destruída em 586 a.C.

 

Declínio e Derrota do Egito

 

Ezequiel 32 prevê a queda do Egito e de seu governante, o Faraó, de maneira semelhante ao que já havia acontecido com outras nações, como a Assíria. Historicamente, o Egito de Hophra foi derrotado por Babilônia, que se consolidava como a maior potência do Oriente Próximo na época. Embora o Egito não tenha sido completamente destruído, como outras nações, sofreu graves perdas militares e perdeu influência política na região.

 

O Significado de Ezequiel 32

 

O capítulo 32 de Ezequiel apresenta o Egito como um grande opressor, representado por figuras como um jovem leão e um crocodilo, símbolos de força e ferocidade. Mas, a profecia indica que a grandeza do Egito seria humilhada pela mão de Deus, usando Babilônia como instrumento de juízo. O Faraó seria capturado e destruído, e a nação, devastada.

 

Esse declínio egípcio estava inserido em um contexto de mudanças de poder na região, com a ascensão da Babilônia e a queda de outras potências antigas. A profecia de Ezequiel pode ser vista como uma expressão do julgamento divino não apenas sobre o Egito, mas sobre todas as nações que desafiaram a soberania de Deus e se opuseram a Seu povo.

 

O Que Aconteceu com o Egito?

 

Após o período de Hophra e a transição para o governo de Amasis II, o Egito entrou em uma fase de declínio irreversível. Ele permaneceu como uma potência regional menor e nunca mais recuperou a influência que havia exercido nos séculos anteriores. A invasão persa em 525 a.C. sob Cambises II trouxe o Egito para o domínio do Império Aquemênida, marcando o fim efetivo de sua independência por vários séculos.

 

O capítulo 32 de Ezequiel apresenta uma profecia poderosa sobre o destino do Egito, usando imagens fortes e vívidas para descrever a queda de Faraó e sua nação.

 

Ezequiel anuncia que a destruição de Faraó seria inevitável, como um animal selvagem apanhado em uma rede. A profecia descreve o destino sombrio que aguardava o Egito: seu sangue encharcará a terra, sua carne será devorada pelos animais e toda a nação será coberta por um manto de tristeza. Essa visão antecipava o julgamento de Deus que caiu sobre o Egito, semelhante ao que já havia ocorrido com a Assíria.

 

Pecadores e Perturbadores, Imperadores ferozes

 

A profecia revela uma verdade profunda: grandes pecadores, como Faraó, são grandes perturbadores. Nações poderosas, como Roma e Assíria, e líderes ambiciosos, como Hitler e Napoleão, também agiram de maneira semelhante, causando caos e destruição ao usarem sua força sem princípios. Eles invadiram territórios, destruíram nações e perturbaram a paz. Assim, o pecado e a opressão trazem sempre consigo a violência e o juízo de Deus.

 

O Juízo é Inevitável

 

Por mais poderosos que sejam, as bestas que perturbam a ordem de Deus encontram sua derrota no final. Deus, como descrito na profecia, estende sua "rede" e captura o poderoso Faraó. Isso simboliza que, mesmo nos momentos de maior ou menor poder, os opressores enfrentam o julgamento inevitável de Deus. Sua queda é certa, e eles não podem escapar do destino que suas próprias ações trouxeram sobre si.

 

A Ruína dos Orgulhosos

 

A profecia também revela que a ruína dos grandes pecadores será visível a todos. Faraó, descrito como um monstro marinho, será deixado exposto, com seu cadáver espalhado pelos campos e montanhas, em um espetáculo de desolação, como aconteceu com Mussolini. Essa imagem serve como advertência de que a destruição dos ímpios será evidente e inevitavelmente humilhante. Assim como o Faraó, líderes que abusam de seu poder serão publicamente envergonhados, e suas conquistas serão lembradas como símbolos de ruína.

 

O capítulo de Ezequiel 32 traz uma poderosa lição sobre a natureza do pecado, a opressão e o julgamento de Deus. Grandes pecadores, verdadeiras bestas,  podem, por um tempo, dominar e perturbar, mas sua derrota e desgraça são inevitáveis. O Egito, outrora uma nação temida e poderosa, enfrentaria a completa devastação nas mãos de Babilônia, e sua queda serviria como um aviso para todas as nações: a justiça de Deus não falha, e aqueles que abusam de seu poder enfrentarão a sua mão.

 


Um pouco mais sobre as bestas das águas

 

No primeiro século d.C., o poder naval do Império Romano era bastante desenvolvido e desempenhava um papel importante na defesa e manutenção de suas vastas rotas marítimas. Durante esse período, o Império Romano controlava o Mediterrâneo, que era conhecido como "Mare Nostrum" (nosso mar), devido à hegemonia romana nas águas que cercavam seu território. O domínio naval romano no Mediterrâneo e em outras áreas permitiu ao império expandir e manter seu poder militar, econômico e político. Não por acaso, a besta em Apocalipse 13 surge do mar, uma força naval que combateu outra potência naval, Cartago.

 

A besta romana era formidável, o espetáculo teatral chamado Naumaquia, trazia a lembrança aos espectadores das arenas alagadas a simulação de batalhas navais. Imagine a engenharia para alagar estádios, como o Coliseu, e transformar a arena em lago artificial! E havia mortes reais e carnificina entre gladiadores e prisioneiros, isso como entretenimento do povo romano. João, em Apocalipse, não poderia definir tão bem o símbolo da besta que vem do mar. A marinha romana transportava legiões em frotas ao longo do império. O controle absoluto do Mediterrâneo permitiu a Roma manter a segurança de seus territórios e expandir seu domínio.

 


A figura da besta que emerge do mar em Apocalipse 13 pode ser compreendida dentro de uma leitura que considera as forças políticas e militares do Império Romano. Analogias com o monstro marinho em Ezequiel 32, que simboliza o poder do Egito, também podem ser usadas para estabelecer uma correlação entre as representações de poderes opressores ao longo das Escrituras.

 

Em Apocalipse 13:1, João descreve a visão de uma besta que emerge do mar com dez chifres e sete cabeças. Na simbologia apocalíptica, o mar frequentemente representa nações gentias ou povos estrangeiros, e a besta simboliza um poder político, militar ou imperial. Dentro dessa ótica, essa besta é interpretada como o Império Romano, que no primeiro século dominava o mundo conhecido, particularmente o Mediterrâneo (literalmente o “mar” ao redor do qual o império se estendia).

 

Em Ezequiel 32:2-3, o profeta Ezequiel se refere ao Egito como um grande monstro marinho (frequentemente entendido como um crocodilo ou Leviatã), que seria capturado por Deus e retirado das águas. Aqui, o monstro marinho representa o poder imperial egípcio, que na época de Ezequiel era visto como uma grande ameaça ou potência opressora.

 

Assim como o Império Romano, o Egito tinha forte influência política e econômica e dependia das suas vias fluviais e marítimas (como o Nilo e o Mediterrâneo). Na narrativa de Ezequiel, a retirada do monstro das águas é um símbolo da derrocada do poder egípcio e da sua impotência diante do julgamento de Deus.

 

Em ambos os textos, o mar (ou rio) é o ponto de origem de uma potência política e militar que exerce dominação e controle sobre os povos. Lembrando ainda, que, o mar é uma metáfora recorrente para as nações e povos gentios. Tanto o Egito quanto Roma surgiram como poderes opressivos que utilizaram seu domínio sobre as águas.

 

Ambas as figuras são julgadas por Deus. Em Ezequiel, o monstro egípcio é retirado das águas e destruído, simbolizando a queda do Egito. De modo semelhante, a besta do mar em Apocalipse 13 enfrenta o julgamento final de Deus, simbolizando a eventual queda de Roma.

 

Ambos emergem do mar, que simboliza não apenas uma origem de povos gentios, mas também o poder naval e econômico de impérios que usavam as águas como meio de dominação. Tanto o Egito quanto Roma, em suas respectivas épocas, foram potências que exerceram dominação política, econômica e militar, controlando rotas comerciais e influenciando o cenário internacional. O controle das águas, seja por meio do Mediterrâneo (Roma) ou do Nilo (Egito), é um elemento comum de poder, importante a ser considerado em ambas as referências.

 

O monstro aquático do Egito é derrotado, assim como a besta romana é finalmente destruída em Apocalipse, representando a vitória do Reino de Deus sobre os poderes opressores da Terra.


Como serpentes ocultas nas sombras, como dragões que se enroscam nas profundezas dos mares, assim são os poderes que assombram o mundo. A palavra usada em Jeremias 51:34 ecoa com o peso do passado: Nabucodonosor, rei de Babilônia, devorou-me, transformou-me em um vaso vazio. Como um chacal (ou serpente venenosa), engoliu minhas delícias, e depois lançou-me fora, saciado de mim. Babilônia, um dragão voraz, implacável.


Hoje, alguns dos dragões que devem levantar as orações do povo de Deus: as ditaduras no Oriente Médio, a nomenclatura russa, o pequeno dragão venezuelano que ruge alto demais, o tirano da Coreia do Norte e o ainda impenetrável dragão Xi. Que o Senhor faça pesar Sua mão sobre todos eles, como o vento dispersa a palha.


Mas no fim, assim como Nabucodonosor ergueu seus olhos ao céu em Daniel 4, reconhecendo a majestade do Altíssimo, assim também cada um desses reis terrenos há de ver que seus impérios são nada perante o domínio eterno. Ele, que governa de geração em geração, não será questionado, nem impedido. Tudo se submete à Sua vontade, seja nos céus ou na terra. Que diante de Seu poder, a arrogância dos dragões se dissipe como cinzas ao vento.

 

RM-FRASES PROTESTANTES