10.9.24

O Dilema do Porco-Espinho e a Comunhão Cristã em Hebreus 10:25



O Dilema do Porco-Espinho e a Comunhão Cristã em Hebreus 10:25

 

Alerta: Este artigo não é direcionado aos desigrejados militantes que buscam apenas não ter nenhum compromisso com a Igreja de Cristo e Seu Reino, mas sim pela verdade e contra os dominadores de rebanho.

 

As relações humanas são complexas, e a convivência entre as pessoas nem sempre é fácil. A parábola do porco-espinho, popularizada pelo filósofo Schopenhauer, ilustra bem essa complexidade. Da mesma forma que porcos-espinhos tentam se aquecer no frio, mas acabam se ferindo com seus espinhos, os seres humanos buscam proximidade, mas muitas vezes se machucam com as imperfeições uns dos outros. A Igreja é composta de pessoas, e as pessoas são falhas. Essa parábola reflete o que muitos de nós vivemos em nossos relacionamentos pessoais, incluindo a vida na igreja.

 

Por outro lado, Hebreus 10:25 nos lembra da importância de "não deixarmos de congregar-nos". Mas como equilibrar a necessidade de estar em comunidade, especialmente quando essa convivência pode gerar dor ou desconforto? Esse versículo oferece uma visão mais profunda sobre a necessidade de perseverança e de manter-se unido com outros fiéis, mesmo em meio aos desafios. Qual é o limite da convivência em uma comunidade institucionalizada? Existe algum limite?

 

O Dilema do Porco-Espinho

 

Na parábola de Schopenhauer, os porcos-espinhos tentam se aquecer uns aos outros em uma noite fria. No entanto, cada vez que se aproximam demais, acabam se ferindo com seus espinhos e, por isso, precisam encontrar uma distância ideal para evitar dor, sem perder o calor. Essa metáfora tem um significado para as relações humanas. Ela nos ensina que, embora a proximidade seja essencial para a sobrevivência e convivência, é necessário estabelecer limites para evitar machucar os outros ou ser machucado.

 

Na vida cristã, muitas vezes buscamos a proximidade uns dos outros na comunhão da igreja. Queremos compartilhar nossa fé, apoiar nossos irmãos e ser apoiados. Mas, assim como os porcos-espinhos, nem sempre conseguimos nos relacionar sem que haja fricções ou mal-entendidos. Esse é um dos aspectos do problema de convivência, além de outros, como a tolerância aos pecados e heresias em uma igreja. Muitos líderes religiosos agem como dominadores de rebanho e, na ponta do chicote, amarram o versículo de Hebreus 10:25. Até que ponto devemos aceitar abusos, imposições injustas, incredulidade, heresias e pecados em uma igreja? "Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, que Ele comprou com o Seu próprio sangue" (Atos 20.28).

 

A Sabedoria de Hebreus 10:25

 

O versículo de Hebreus 10:25 nos admoesta a não abandonar a congregação, especialmente em tempos de dificuldade: "Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns, antes façamos admoestações uns aos outros, e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia." A mensagem vai além da frequência aos cultos; fala sobre perseverança e comunhão em meio aos desafios. O contexto é de forte perseguição religiosa externa, e muitos não suportariam, esvaziando as reuniões.

 

Assim como os porcos-espinhos precisam encontrar uma distância ideal para conviver, o alerta de Hebreus nos exorta que, apesar dos espinhos nas assembleias, o calor da unidade cristã é essencial. A igreja é composta por pessoas imperfeitas, mas isso não significa que devemos desistir da comunhão por razões não justificadas biblicamente. Pelo contrário, é na comunidade que encontramos encorajamento para crescer e enfrentar os desafios da vida cristã. Contudo, o texto se refere à perseguição, e não ao abuso de poder de líderes religiosos, que muitas vezes, com voz mansa e suave, oprimem o rebanho e ameaçam com isolamento quem discordar. Que fique claro: a Bíblia não permite o uso de Hebreus 10:25 como uma ameaça, como muitas vezes acontece.

 

Relacionamentos na Igreja: Entre Espinhos e Calor

 

A parábola do porco-espinho nos ensina a importância dos limites nos relacionamentos. Quanto ao congregar, não se deve abandonar uma congregação fiel por qualquer motivo; a razão deve ser bíblica, não por capricho. De modo geral, Hebreus 10:25 nos exorta sobre a necessidade de permanecer conectados com nossos irmãos de fé, mas de forma específica, o texto trata de um problema histórico grave de perseguição. Em ambas as situações, o desafio é encontrar o equilíbrio. Na igreja, é inevitável que haja momentos de atrito, desentendimentos ou frustrações, mas isso faz parte do processo de convivência, e tudo deve ser tratado com amor, misericórdia e justiça, aplicando disciplinas justas, como ensinadas em Mateus 18: "Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão. Mas, se ele não o ouvir, leve consigo mais um ou dois outros, de modo que ‘qualquer acusação seja confirmada pelo depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e, se ele se recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano" (Mateus 18.15-17). Sem manipulação política ou interesses pessoais de dominação. Jesus é o nosso Libertador, e nenhum homem pode nos escravizar. Somos livres, inclusive para cobrar que não se faça mau uso de Hebreus 10:25.

 

Hebreus nos encoraja a continuar congregando, a sermos pacientes uns com os outros e a buscar soluções para as dificuldades que surgem, confiando que Deus trará alívio contra perseguições injustas e reais à Igreja. A ideia aqui não é fugir ou se isolar quando as coisas se tornam difíceis, mas aprender a conviver com os espinhos de maneira saudável, sem perder o calor da unidade.

 

Lições para a Vida Cristã

 

Tanto a parábola do porco-espinho quanto o ensino de Hebreus 10:25 oferecem lições valiosas para nossa vida em comunidade:

 

1. A Proximidade é Necessária, Mas Requer Cuidado: Assim como os porcos-espinhos precisam de proximidade para sobreviver ao frio, nós, cristãos, precisamos da comunhão com o Espírito Santo e com a Igreja para crescer na fé. Mas essa proximidade exige paciência e sabedoria para lidar com as imperfeições dos outros.

 

2. Estabeleça Limites Bíblicos: Em qualquer relacionamento, é importante encontrar uma distância adequada para evitar conflitos desnecessários. Isso se aplica tanto à vida pessoal quanto à comunhão na igreja. As Cartas Pastorais são verdadeiros manuais para convivência, comunhão e unidade na fé. Não devemos admitir o mau uso de Hebreus 10:25.

 

3. Perseverança em Meio às Dificuldades: Hebreus 10:25 nos exorta a perseverar, especialmente quando as coisas ficam difíceis. Não devemos abandonar a comunhão por causa de atritos ou mal-entendidos. Muitas pessoas se tornam carrascas do próximo com muita facilidade; esse espírito religioso sem amor é assassino. Foi esse espírito que matou nosso Senhor.

 

4. A Comunhão é um Refúgio, Não uma Perfeição: A igreja é composta por pessoas imperfeitas, e é importante lembrar que a comunhão não é um lugar de perfeição, mas de crescimento e encorajamento mútuo, um lugar de fé, ensino, conselho e poder. Um lugar de cura e libertação, um lugar de adoração. No entanto, quando uma igreja se torna apenas um lugar de doutrina de homens, conselhos políticos e incredulidade, temos o dever de não congregar. "Portanto, que diremos, irmãos? Quando vocês se reúnem, cada um de vocês tem um salmo, ou uma palavra de instrução, uma revelação, uma palavra em uma língua ou uma interpretação. Tudo seja feito para a edificação da igreja" (1 Coríntios 14.26).

 

O dilema do porco-espinho e a exortação de Hebreus 10:25 nos ensinam que as relações humanas, incluindo as relações na igreja, são complexas. A comunhão se torna um desejo sincero de corações regenerados, e não uma imposição institucional. Precisamos de proximidade, intimidade e comunhão com Deus e com os irmãos, mas também de limites bíblicos. Que possamos aprender a lidar com os espinhos da vida cristã, sem perder o calor e o apoio que a verdadeira comunhão nos oferece.

 

Ore, medite e pense em toda a experiência circunstancial do problema e como ela pode afetar sua vida e a de outros. Mantenha um diário e registre tudo que está acontecendo referente ao problema. Você está indo ao confronto por uma causa real ou por um espantalho? Observe seus padrões de comportamento e perceba seus limites. O inimigo vai encontrar brechas em cismas e rachas; observe quais atitudes ou pessoas drenam sua energia física e mental. Procure pessoas mais experientes e de confiança, e converse sobre a situação. Não seja um homem-bomba; resolva as questões mais difíceis com firmeza e esteja preparado para conversas difíceis e, muitas vezes, injustas. Se houver injustiça, esteja do outro lado. Não esteja do lado dos covardes e assassinos. Entregue o caso ao Advogado e não tente fazer o trabalho dEle. Seja claro na defesa da verdade, ore e peça a Deus para falar as palavras certas na hora certa. Busque o momento e local adequados para que tudo seja resolvido com paz. Prepare-se emocionalmente: reconheça que pode ser desconfortável, mas é necessário. Tenha um plano de saída: se a conversa se tornar muito intensa, saiba como encerrá-la respeitosamente.

 

Viva um evangelho autêntico, uma vida cristã integral, com pessoas que vivem a verdade, que vivem a fé, onde você se sinta respeitado, onde haja paz, onde você não se sinta com ressentimento e frustração. Tenha e busque relações mais autênticas, nas quais você tenha a liberdade e a confiança para proclamar a verdade. Certamente, ao tomar algumas dessas atitudes, haverá redução de conflitos desnecessários. Enquanto o problema não for resolvido da melhor forma, evite tratar disso em locais inadequados e minimize o contato por um tempo. Se possível, reduza a frequência e duração das interações com essa pessoa ou pessoas confrontadoras. Lembre-se de que você não é um Lutero, que enfrentou o maior poder religioso e político do século XVI. Tente entender por que a pessoa está agindo contra sua posição, mas não comprometa seus limites nem os da Palavra. Considere encerrar seu ciclo em uma denominação se não houver conciliação. Se o desrespeito persistir ou se tornar abusivo, não hesite em buscar um lugar de paz, se necessário.

 

Ore e estude, esteja preparado para os argumentos e prepare respostas assertivas para as objeções. É difícil encontrar equilíbrio entre a defesa da fé e um debate que não seja carregado emocionalmente. Respire, tenha calma. Fuja de escândalos e tropeços. É possível dialogar de maneira não confrontacional, expressando o desejo de paz, por zelo pela verdade e pela Igreja. Se a conversa se tornar improdutiva, encerre-a respeitosamente. Tenha recursos de apoio em mãos, se necessário; tenha informações, artigos, livros ou outros materiais que possam esclarecer melhor sua posição. Estando do lado da verdade, em nenhuma hipótese permita que alguém use Hebreus 10:25 contra sua decisão de se afastar da assembleia.

 

Não Abandonando o Contexto: Aprofundando em Hebreus 10:25

 

Vincent Cheung escreveu ironicamente um artigo intitulado "Não abandone o contexto", um corretivo para quem faz multiuso de "não deixemos de congregar" e "não abandonemos a igreja". Não abandone o contexto de Hebreus 10; não deixe de examinar o contexto. O versículo de Hebreus 10:25, "Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações uns aos outros, e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele dia", muitas vezes é interpretado apenas como um comando direto para a frequência à igreja. Mas qual é o verdadeiro contexto e aplicação deste versículo? Ao analisarmos, percebemos que ele vai além de uma simples admoestação para comparecer às reuniões religiosas.

 

A Natureza da Igreja Terrena hoje: Divina e Imperfeita

 

De início, é essencial entender que a igreja, como instituição, foi projetada por Deus e é fundamentada e construída por Cristo. Portanto, minar seu valor ou impedir seu progresso é se opor a Cristo. Entretanto, também devemos reconhecer que cada congregação local é imperfeita, composta por seres humanos falhos. Ainda assim, essa imperfeição não invalida a legitimidade da igreja. Essa compreensão é fundamental para o restante da discussão.

 

O Contexto de Hebreus 10:25

 

Frequentar a igreja regularmente é, em princípio, uma prática bíblica desejável e louvável. Mas alegar que a frequência é sempre boa, independentemente das circunstâncias ou doutrinas, seria um erro. Hebreus 10:25 tem sido usado repetidamente para pressionar as pessoas a se comprometerem com uma igreja, sem considerar o contexto em que essa ordem foi dada. Isso, no mínimo, é um abuso de poder religioso. A mesma imposição interpretativa que diz a todos que saem de uma comunidade: "Saiu porque não era do nosso meio", ou ainda, "A fé é para poucos", e quem fica é "o remanescente fiel" e "Poucos são eleitos, muitos são chamados"... e por aí vai.

 

A Bíblia, embora poderosa, muitas vezes é utilizada fora de contexto para servir a interesses pessoais. Quando um versículo é isolado de seu significado original, ele pode ser distorcido para justificar ideias ou ações contrárias à verdade. Um exemplo é o mandamento "Honra a teu pai e a tua mãe", que tem sido usado por pais para manipular seus filhos. Mas esse mandamento, assim como Hebreus 10:25, deve ser entendido no contexto da lei de Deus, que impõe limites à autoridade. Biblicamente, o filho não deve obedecer a uma ordem não bíblica e injusta dos pais.

 

Contexto e Sabedoria: O Perigo de Conselhos Tolos

 

Outro exemplo de má interpretação bíblica é o provérbio "Na multidão de conselheiros há segurança". Esse versículo tem sido usado para forçar indivíduos a seguir conselhos imprudentes. Mas a sabedoria de Provérbios pressupõe que os conselheiros sejam piedosos e sábios, e não pessoas sem temor a Deus.

 

A Superioridade de Cristo: O Tema Central de Hebreus

 

Para compreender plenamente Hebreus 10:25, precisamos considerar o tema central da carta: a superioridade de Cristo sobre o sistema judaico. O autor de Hebreus destaca que Cristo é superior a Moisés, aos profetas e aos sacerdotes, e que sua aliança é melhor e definitiva. O contexto da carta é dirigido aos judeus que estavam tentados a abandonar Cristo e voltar às antigas práticas religiosas. A Igreja Primitiva rompeu radicalmente com o judaísmo, de modo irreversível, e nada poderia reparar esse afastamento, nem mesmo a perseguição.

 

O chamado para não abandonar a congregação está profundamente enraizado nesse contexto. Os cristãos judeus estavam em risco de deixar a fé em Cristo e retornar às suas antigas tradições. A exortação de Hebreus 10:25 não é uma ordem genérica para a frequência à igreja, mas um apelo para permanecer firme em Cristo e na comunidade de fé, especialmente em tempos de perseguição e dificuldades.

 

O Contexto Restritivo do Versículo

 

A compreensão do contexto de Hebreus 10:25 é crucial para aplicá-lo corretamente. Ele foi escrito em um momento em que muitos judeus-cristãos estavam sob intensa pressão para abandonar o cristianismo e retornar ao judaísmo. A exortação, portanto, não é simplesmente sobre frequentar uma igreja local, mas sobre permanecer na comunhão dos santos e na fé em Cristo, diante da tentação de recuar. Esta exortação é válida hoje para aqueles que pensam em abandonar o Evangelho para retornar à Igreja Católica Romana. Hebreus 10:25 está muito mais conectado à ilustração do cão que vomita e depois come o vômito.

 

Quando aplicamos esse versículo aos dias de hoje, devemos considerar o contexto em que ele foi escrito. Não se trata de um chamado irrestrito para comparecer a qualquer igreja, independentemente de sua doutrina ou prática, mas de um encorajamento a perseverar na fé cristã e na comunhão com outros crentes.

 

Conclusão

 

Hebreus 10:25 é uma exortação poderosa para não abandonarmos a comunhão com outros crentes, especialmente em tempos de dificuldade. Sua aplicação, contudo, deve ser feita com discernimento, considerando o contexto original e as circunstâncias daqueles que o leem hoje. A verdadeira obediência a este versículo não reside em frequentar uma congregação por obrigação, mas em participar ativamente de uma comunidade de fé centrada em Cristo e na verdade do evangelho.

 

O versículo exige fidelidade a Cristo e não deve ser explorado por líderes da igreja para manipular o povo a tolerar heresia e abuso. Ou a Igreja de Satanás poderia usar esse versículo também? No contexto, ele fala que não devemos abandonar a assembleia por medo da perseguição das autoridades. Como isso é relevante quando muitas igrejas abandonaram a palavra de Deus há muito tempo? De que adianta não abandonar a assembleia se, durante a reunião, não se faz o que é certo?

 

A Bíblia diz que, em uma reunião da igreja, alguém ensina, alguém tem uma revelação, alguém fala em línguas, e outro profetiza. Isso acontece na sua igreja? Se não, por que continuar se reunindo? E nas igrejas que afirmam ter revelações, línguas e profecias, há uma série de abusos que afrontam a Palavra.

 

Durante a pandemia de 2020, muitas igrejas fecharam suas portas e suspenderam suas assembleias, seja por medo do vírus ou da perseguição governamental. As igrejas não devem suspender as assembleias por medo de perseguição, mas muitas têm medo de ensinar o que a Palavra de Deus diz sobre milagres de cura. Que diferença faz se essas igrejas continuam se reunindo?

 

Muitas igrejas têm perseguido aqueles que praticam o que a Palavra de Deus ensina sobre milagres de cura. Que diferença faz se essas igrejas abandonam a assembleia? É tudo uma farsa. O versículo nos orienta a não abandonar a assembleia para permanecermos fiéis a Jesus Cristo. Mas se as próprias igrejas rejeitaram há muito tempo os ensinamentos de Jesus Cristo, então permanecer fiel a Ele pode significar abandonar a assembleia dessas igrejas.

 

Os cristãos não devem continuar se reunindo por medo de perseguição das igrejas. Tenham coragem de abandonar a assembleia, mesmo que essas igrejas os condenem. Cristãos, se as igrejas não ensinam as promessas de cura de Deus e não praticam o ministério de cura milagrosa em nome de Jesus, mesmo que os ameacem com perseguição, não se reúnam. Vocês, na verdade, têm o direito de confrontar essas igrejas com a Palavra de Deus.

 

As igrejas estão agora na mesma posição daqueles que perseguiram os primeiros discípulos. Usar um versículo como Hebreus 10:25 para ameaçar alguém seria tão absurdo quanto os judeus que perseguiam os crentes utilizarem o mesmo versículo para forçar os cristãos a frequentarem suas sinagogas ou a Igreja Católica perseguir evangélicos para que retornassem.

 

O versículo trata da fidelidade a Jesus, não à igreja. Se uma igreja é infiel a Jesus, rejeitando Seus mandamentos e promessas, continuar a se reunir nela é comprometer a verdade. Quando você vai levar Jesus Cristo a sério? Quando a pandemia acabar, não se reúna em igrejas que pregam a descrença e a doença. Não vá a uma igreja apenas porque diz "cristã" na porta. Ouça o que ela ensina. Observe o que ela faz. Se não segue a Jesus nessa questão da cura, abandone a assembleia. Alguns falam sobre cura, mas só da boca para fora. Se não há milagres de cura frequentes lá, não frequente. Reúna-se em um lugar onde realmente acreditem no evangelho.

 

Esteja atento, Hebreus 10:25 é frequentemente usado para reforçar a importância de não abandonar a assembleia dos fiéis. Mas será que ele está sendo interpretado corretamente nas igrejas de hoje? Será que seu verdadeiro propósito está sendo distorcido para manipular os membros a se submeterem a heresias ou abusos?

 

A Assembleia que Não Cumpre Seu Propósito

 

De que adianta continuar se reunindo se, durante a assembleia, a igreja se recusa a fazer o que é certo? A Bíblia descreve uma assembleia onde cada membro participa ativamente: um ensina, outro traz uma revelação, alguém fala em línguas, e outro profetiza (1 Coríntios 14:26). Mas isso acontece nas igrejas hoje? Se não, por que continuar com essas reuniões?

 

Abandonar a Assembleia ou a Igreja?

 

Hebreus 10:25 é claro: devemos continuar a nos reunir para sermos fiéis a Cristo, não à instituição. Mas, se a própria igreja abandonou os verdadeiros ensinamentos de Cristo, ser fiel a Jesus pode, sim, significar abandonar a assembleia dessas igrejas. Não devemos temer a perseguição de líderes que se afastaram da Palavra, que ignoram ou distorcem os ensinamentos de Jesus.

 

Se as igrejas perseguem aqueles que buscam viver a fé plenamente, praticando e ensinando sobre as promessas de cura e milagres, que diferença faz se essas igrejas continuam se reunindo? De que adianta manter uma rotina de assembleias que, na prática, negam os princípios fundamentais do evangelho?

 

O Verdadeiro Compromisso: Fidelidade Primordial a Cristo, Não à Igreja/CNPJ

 

A grande força da Igreja Católica Romana é exigir lealdade incondicional à Igreja e ameaçar aqueles que estão fora. Muitos pastores episcopais fazem o mesmo. O compromisso com Jesus Cristo não é o mesmo que um compromisso cego com a igreja institucional. Hebreus 10:25 fala de fidelidade a Jesus, não a uma igreja que abandonou seus princípios. Continuar a se reunir em uma igreja que rejeita os ensinamentos de Cristo, como o poder de cura, pode ser uma forma de comprometer-se com o erro.

 

É preciso coragem para deixar para trás igrejas que não vivem plenamente o evangelho. Se uma igreja rejeita as promessas de Deus, como a cura em nome de Jesus, os cristãos devem questioná-la e, se necessário, afastar-se.

 

Um Novo Olhar para a Assembleia

 

O verdadeiro significado de Hebreus 10:25 vai além de simplesmente frequentar uma igreja. Trata-se de uma convocação para permanecer fiel a Cristo, mesmo que isso signifique deixar uma igreja que se afastou dos ensinamentos bíblicos. Escolha com sabedoria onde se reunir, examine o que ela ensina e faz.

 

Se a sua igreja não segue Jesus com integridade e não vive a fé com base nas promessas de Deus, como a cura milagrosa, é hora de considerar abandonar essa assembleia. Busque um lugar onde o evangelho não seja apenas uma palavra, mas uma prática diária, manifesta em milagres e cura.

 

O chamado de Hebreus 10:25 é para mantermos nossa fidelidade a Cristo, e não a uma igreja que se esqueceu do verdadeiro evangelho. Escolha a assembleia que honra Jesus em toda a sua plenitude.

 

"Oro também para que os olhos do coração de vocês sejam iluminados, a fim de que conheçam a esperança para a qual Ele os chamou, as riquezas da gloriosa herança dEle nos santos e a incomparável grandeza do Seu poder para conosco, os que cremos, conforme a atuação da Sua poderosa força. Esse poder Ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à Sua direita nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir. DEUS COLOCOU TODAS AS COISAS DEBAIXO DE SEUS PÉS E O DESIGNOU CABEÇA DE TODAS AS COISAS PARA A IGREJA, que é o Seu corpo, a plenitude dAquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância" (Efésios 1:18-23).


RM-FRASES PROTESTANTES

Revisado com IA.

9.9.24

Lucas 16:8: A Parábola do Administrador Infiel (Mais Esperto que o Diabo)


Lucas 16:8: A Parábola do Administrador Infiel (Mais Esperto que o Diabo)

“Os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz”.

Lucas 16:8 é um versículo intrigante da parábola do administrador infiel, onde Jesus ensina sobre sabedoria e planejamento. O versículo diz:

 

"E louvou o senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente; porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz." – Parafraseando: E o patrão desse administrador desonesto o elogiou pela sua esperteza. E Jesus continuou: — As pessoas deste mundo são muito mais espertas (mais astutos) nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz.

 

A expressão "filhos da luz" refere-se aos seguidores de Jesus, transformados pela luz da Palavra e guiados por Cristo, que é a Luz do mundo. Já os "filhos do mundo" são aqueles que vivem focados apenas no presente e nas coisas terrenas, sem preocupação com o Reino.

 

Para compreender o significado deste versículo, vamos entender o contexto da parábola:

 

Na história, um administrador injusto, prestes a ser demitido por má gestão, rapidamente reduz as dívidas dos devedores de seu senhor. Ele faz isso para garantir que, ao perder seu emprego, essas pessoas lhe ofereçam ajuda e seu mestre ainda seja grato. Surpreendentemente, o senhor elogia a esperteza do administrador, mesmo reconhecendo sua astúcia.

 

Esse elogio levanta questões sobre o que Jesus realmente quis ensinar com essa parábola. Vamos explorar algumas verdades extraídas desse versículo.

 

Elogio à Esperteza, Não à Desonestidade

 

O administrador não foi elogiado por sua falta de honestidade, mas pela sua rapidez em garantir seu próprio interesse. Jesus usa essa história para ensinar que os "filhos deste mundo" (pessoas que focam apenas nas questões materiais) muitas vezes são mais espertos em lidar com seus interesses terrenos do que os "filhos da luz" (cristãos) são com os assuntos espirituais. Que isto fique claro, esse versículo não significa que Jesus justifica ser desonesto ou injusto, mas o modo de agir, a dinâmica direcionada às coisas terrenas e deveríamos ter maior empenho nas coisas do Reino. É isto!

 

O ponto de Jesus é mostrar que, se os cristãos fossem tão estratégicos, focados, dedicados, espertos em relação às coisas do Reino de Deus quanto as pessoas do mundo são com suas questões terrenas, muito mais poderia ser realizado. Isso é um alerta para quem faz as coisas do Reino de qualquer jeito.

 

Sabedoria e Planejamento

 

A parábola enfatiza a importância de antecipar problemas e planejar soluções. Embora o administrador tenha agido de modo astuto, sua prudência em garantir seu futuro foi elogiada. Jesus não defende a imoralidade da ação (e nem há clareza se houve de fato um crime – talvez a agiotagem e juros), mas ressalta a necessidade de usar sabedoria para planejar o futuro.

 

Da mesma forma, os cristãos devem ser sábios e estratégicos, não para acumular riquezas materiais, mas para investir em tesouros espirituais, utilizando sabiamente os recursos que Deus lhes deu para o Reino, para as missões, para o sustento e ajuda de missionários, ministérios, projetos para o Reino.

 

Os Filhos Deste Mundo Versus os Filhos da Luz

 

Jesus compara os filhos deste mundo, que são pragmáticos e estratégicos em garantir seus interesses, com os filhos da luz, que muitas vezes não aplicam a mesma sabedoria em suas vidas espirituais. Essa comparação é um convite para que os cristãos sejam mais ativos e diligentes em seu trabalho no Reino de Deus. Faça o seu melhor, dê o seu melhor, para o Senhor.

 

A Visão de Longo Prazo

 

A parábola destaca a importância de pensar no longo prazo. Jesus não está justificando a desonestidade, mas incentivando Seus seguidores a usar sabiamente os recursos temporais, como dinheiro e influência, para acumular tesouros espirituais.

 

Assim como o administrador usou sua posição para garantir seu futuro imediato, os cristãos devem usar seus recursos para promover o bem, ajudar o próximo e avançar os propósitos do Reino de Deus. Não para ganhos egoístas (como fazem os mercenários da fé), mas para os propósitos de Deus. Jesus nos chama a administrar com diligência os recursos que Ele nos confiou, garantindo não apenas nosso bem-estar terreno, prosperidade, mas também para o Reino. Como filhos da luz, somos chamados a agir com sabedoria e cuidado, utilizando nossas oportunidades para promover o Reino de Deus e acumular tesouros eternos.

 

A ideia central é que muitas pessoas desperdiçam os recursos de Deus por meio da infidelidade. O senhor da parábola elogia a ousadia do administrador, mas não deixa claro se a redução das dívidas era legítima ou não.

 

Uma das lições principais é que o esforço e a dedicação que os filhos do mundo aplicam em seus interesses terrenos muitas vezes faltam aos filhos da luz em seu trabalho para o Reino de Deus. O administrador usou sua esperteza, fez um "feirão de dívidas", removendo juros e concedendo descontos, não para seu próprio benefício diretamente, mas para agradar seu senhor, e ao mesmo tempo criando condições favoráveis a si mesmo.

 

Embora o mundo frequentemente use sua astúcia para interesses egoístas, os seguidores de Jesus são chamados a utilizar seus talentos e recursos para o Reino de Deus, que é a verdadeira riqueza. Que possamos usar nosso tempo, nosso talento, nosso dinheiro e energia no Reino.


RM-FRASES PROTESTANTES

8.9.24

O Reinado do Messias: Paz e Prosperidade Sob a Luz do Salmo 72


O Reinado do Messias: Paz e Prosperidade Sob a Luz do Salmo 72

 

O Salmo 72 é a revelação do Reino Justo e Eterno que aponta para Jesus Cristo. É uma oração que expressa o desejo de que Deus conceda sabedoria e justiça ao rei para que ele governe com retidão, defendendo os pobres, fazendo justiça aos oprimidos e trazendo prosperidade ao seu povo. Esse salmo não só exalta um governante ideal, mas também celebra o poder e a bondade de Deus, que abençoa um rei justo e compassivo. -- - "Que corra a justiça como as águas, e a retidão como um ribeiro perene." Amós 5:24.

 

 

Embora o salmo seja atribuído a Salomão (um rei terreno), ele aponta para algo maior: o reinado do Messias. Salomão, conhecido por sua sabedoria, era uma prefiguração de Cristo, o verdadeiro Rei dos reis. Enquanto Salomão foi abençoado com sabedoria para governar, o Salmo 72 reflete um reinado perfeito, que somente o Messias poderia realizar em sua totalidade. Salomão tocou na orla da sabedoria e conhecimento, que é Cristo (Cl 2.3).

 

O Papel do Governante Justo

 

A sociedade humana depende de leis, e cabe ao governante aplicá-las. Poucos têm a capacidade de liderar, e aqueles que o fazem devem agir com sabedoria e justiça. O reinado ideal do Messias é um modelo de compaixão e retidão. Sua compaixão pelos pobres não contradiz sua justiça; ao contrário, elas se complementam, revelando um amor que confronta o mal e promove o bem.

 

A justiça do Messias é descrita como uma montanha iluminada pelo sol, onde a força e a beleza coexistem. Sua compaixão pelos necessitados eleva seu caráter acima de qualquer governante terreno, sendo a marca mais nobre de seu reinado.

 

As Bênçãos de Seu Reino

 

Sob o governo do Messias, o povo experimenta as maiores bênçãos: paz, prosperidade e uma vitalidade espiritual incomparável. Sua influência moral é tão poderosa quanto o sol que ilumina o mundo. Seu legado perdura para sempre, impactando todas as gerações.

 

Esse reino não se limita a Israel. O Salmo 72 profetiza que o Messias dominará "de mar a mar" e "até os confins da terra", recebendo honras de reis e nações. Ele é verdadeiramente "Rei dos reis e Senhor dos senhores" (Apocalipse 19:16), e seu domínio é universal. O reinado de Salomão é uma pequena sombra de um reinado superior e perfeito, e mesmo sendo apenas uma sombra deixou o maior legado possível a um povo.

 

O Reino Eterno do Messias

 

O reinado do Messias não é apenas uma esperança futura, mas uma realidade espiritual presente. Cristo, exaltado à destra de Deus, já governa com poder e autoridade, e seu reino continua a crescer à medida que o evangelho é pregado. Esse poder divino tem a capacidade de transformar o mundo, trazendo justiça e paz.

 

O Salmo 72 nos oferece uma visão do reino do Messias: um governo que transcende qualquer soberano humano. Embora Davi e Salomão fossem grandes reis, a verdadeira grandeza do reino vem de sua dependência de Deus. Cristo, o Rei incomparável, governa com justiça perfeita, sempre equilibrando misericórdia e retidão.

 

O reinado do Messias é inabalável e destinado a crescer sem limites. Seu governo começa aqui na terra e se estende pela eternidade, sem necessidade de sucessores, pois Cristo reinará para sempre. Esse é o legado de um governante justo, cujas leis e compaixão moldam um mundo de paz e prosperidade.

 

O Reino de Cristo é uma monarquia perfeita que vai além das limitações humanas. Este salmo aponta para um reinado muito mais grandioso - o do Messias prometido.

 

Um Rei de Justiça e Compaixão

 

No coração deste reino ideal está um governante que equilibra perfeitamente a justiça e a compaixão. Diferentemente dos líderes terrenos que muitas vezes favorecem um aspecto em detrimento do outro, o Rei Messias incorpora ambos em sua plenitude. Sua justiça não é fria ou impessoal, mas temperada com uma profunda compaixão pelos necessitados e oprimidos.

 

Este equilíbrio é descrito poeticamente como uma montanha alpina iluminada pelo sol poente - de um lado, a justiça se apresenta austera e imponente; do outro, resplandece com beleza e misericórdia. É uma justiça que não apenas pune o mal, mas ativamente promove o bem.

 

Bênçãos Nacionais e Universais

 

Sob o governo deste Rei ideal, a nação - e por extensão, o mundo - experimenta bênçãos extraordinárias:

 

1. Paz Universal: Não uma mera ausência de conflito, mas uma ação ativa baseada na boa vontade entre uma grande população avivada pelo Espírito Santo.

2. Avivamento Espiritual: Uma renovação de indivíduos e povos, renovando as pessoas com a justiça e poder de Deus. -- Um período de renovação espiritual onde o povo de Deus experimenta uma restauração intensa da fé, da santidade e da intimidade com o Senhor. Tal mover ocorre quando Deus desperta o coração das pessoas para se arrependerem dos pecados, buscarem a Sua presença com mais fervor e renovarem o compromisso com Sua vontade. 2 Crônicas 7:14, diz: "Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra." O povo de Deus se volta para a leitura, estudo e obediência à Palavra. Como no reinado de Josias (2 Reis 22-23), quando ele encontrou o Livro da Lei e iniciou reformas em Israel. A busca pela santidade é outra característica central do avivamento espiritual. As pessoas buscam viver de acordo com os princípios de Deus e se afastar das práticas pecaminosas (Isaías 1:16-18).

Nos tempos de avivamento, há uma renovada ênfase na oração fervorosa e no clamor por transformação, como demonstrado no Livro de Atos, onde os discípulos oraram continuamente antes de serem cheios do Espírito Santo no Pentecostes (Atos 1:14). O Espírito Santo é o agente principal do avivamento, trazendo convicção, transformação e poder. No Pentecostes, em Atos 2, o Espírito Santo foi derramado sobre a Igreja, resultando em ousadia, milagres e o crescimento. O verdadeiro avivamento traz mudanças tangíveis na vida das pessoas e na sociedade. Um exemplo disso é visto em Nínive, quando o povo se arrependeu após a pregação de Jonas (Jonas 3). É um tempo em que Deus opera poderosamente para renovar a fé e a vida de Seu povo, resultando em um grande impacto tanto dentro quanto fora da igreja.

3. Prosperidade dos Justos: Uma sociedade onde a retidão emana da ação do Espírito Santo,  as consequências são amplas para todo mundo. Estas bênçãos não se limitam a um único povo ou nação. O salmo prevê um domínio que se estende "de mar a mar", abrangendo toda a terra.

 

Um Legado Eterno

 

Enquanto os reinos terrenos ascendem e caem, o legado deste Rei perdura. Seu impacto não se limita ao seu tempo de vida física, mas continua "enquanto existirem o sol e a lua". É um reinado que transcende o tempo e o espaço, influenciando gerações futuras. A perspectiva imediatista e limitada das gerações na linha da história da Igreja é um erro lamentável, pois a Palavra infalível e imutável de Deus revela Seu legado vitorioso no tempo, na história e na eternidade.

 

O salmo deixa claro que este reino não é uma mera construção humana, mas um estabelecimento do próprio Deus. O Rei ideal é formado e ungido pelo próprio Deus, merecendo assim os mais altos louvores.

 

Uma Visão para Hoje

 

O Salmo 72 nos revela a ação do Rei Todo-poderoso que já está presente, desde já e eternamente, e nos oferece princípios valiosos para refletir sobre os reinos desse mundo. Deus revelou o que requer do homem e dos povos, e julgará os governantes injustos, pois exige que os líderes equilibrem justiça com compaixão, que busquem o bem-estar de todos, especialmente dos mais vulneráveis, e que entendam que seu legado vai além de seu mandato imediato e que serão julgados pelo Rei dos reis (Sl 2).

 

Temos em nosso mundo e nossa história muitas divisões e injustiças, mas a Palavra de Deus deve reger a Criação e o Salmo 72 nos oferece uma visão ampla do que poderia ser – do que é, e do que um dia será - quando a justiça e a compaixão reinam supremas. Em diferentes culturas e tradições temos reis que praticaram justiça como seu legado, apesar da imperfeição, um raio de justiça ilumina o mundo. Davi foi um rei descrito como "homem segundo o coração de Deus" (Atos 13:22). Ele mostrou arrependimento verdadeiro por seus pecados e buscou governar com justiça, especialmente em seus primeiros anos de reinado (1 Samuel 13:14; 2 Samuel 5-7). Conhecido por sua sabedoria, Salomão pediu a Deus sabedoria para governar seu povo com justiça, e seu pedido foi concedido (1 Reis 3:9-12). Ele é lembrado por julgamentos justos, como o famoso caso das duas mães disputando um bebê (1 Reis 3:16-28). Um dos últimos reis de Judá, Josias é elogiado por suas reformas religiosas e por restaurar a adoração a Deus depois de um longo período de idolatria. Ele encontrou o Livro da Lei e conduziu o povo a um avivamento espiritual (2 Reis 22-23).

 

Ciro, o Grande (Ciro II da Pérsia), fundador do Império Persa, é muitas vezes lembrado por sua política de tolerância religiosa e governança justa. Ele é elogiado na Bíblia por libertar os judeus do cativeiro babilônico e permitir que retornassem a Jerusalém (Isaías 45:1; Esdras 1:1-4).

 

Alfredo, o Grande, rei dos anglo-saxões no século IX, é celebrado por suas reformas judiciais, militares e educacionais. Ele defendeu a justiça e governou com sabedoria, sendo um dos poucos reis a receber o título "Grande" na história britânica. Seja na história, seja na mitologia, a justiça é exaltada. O rei Artur é um exemplo de lenda, o rei é retratado como um governante justo e nobre que uniu a Grã-Bretanha e estabeleceu a Távola Redonda, onde seus cavaleiros discutiam e seguiam princípios de justiça e honra. Esses reis, históricos e lendários, são lembrados por buscar governar de maneira justa.

 

A promessa de Deus de justiça é perene e norte para todas as gerações e povos, desde a vida pessoal, social e espiritual. Sua compreensão é fundamental para a ética das nações e dos governantes. A justiça é um atributo do próprio Deus. Ele é justo e reto em seus caminhos e julgamentos. Salmo 89:14: "Justiça e direito são a base do teu trono; amor e fidelidade te acompanham." -- "Ele é a Rocha, cujas obras são perfeitas, pois todos os seus caminhos são justos. Deus fiel, que não comete injustiça; justo e reto é ele."* Deuteronômio 32:4

 

Devemos amar e buscar a justiça

 

Devemos buscar a justiça em nossas ações e atitudes pessoais. Isso envolve viver de acordo com os princípios de Deus e tratar os outros com justiça. -- Ele te mostrou, ó homem, o que é bom; e o que é que o Senhor pede de ti? Senão que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes humildemente com o teu Deus Miquéias 6:8. -- Provérbios 21:3: "Fazer justiça e juízo é mais aceitável ao Senhor do que sacrifício." – Fazer justiça no âmbito pessoal e social é algo universal e não é exclusividade de nenhuma filosofia ou ideologia política, com ênfase na defesa dos pobres, oprimidos e marginalizados. Deus exige que seus seguidores ajam com justiça para com os outros. -- Isaías 1:17, diz: "Aprendam a fazer o bem! Busquem a justiça, acabem com a opressão. Defendam o direito do órfão, e pleiteiem a causa da viúva."

 

Devemos equilibrar justiça com a misericórdia e a compaixão. Deus não é apenas justo, mas também misericordioso, e espera que seus eleitos pratiquem a justiça com um coração cheio de amor e bondade. -- "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dais o dízimo da menta, do endro e do cominho, e haveis omitido o mais importante da lei: a justiça, a misericórdia e a fé." Mateus 23:23. Como diz Tiago 2:13: "Porque a misericórdia triunfa sobre o juízo."

 

Justiça e Salvação

 

A justiça de Deus está espiritualmente ligada à salvação oferecida por meio de Jesus Cristo. Através de Cristo, a justiça de Deus é revelada e os eleitos são justificados e reconciliados com Deus. Como revelado em Romanos 3:22: "Esta justiça de Deus vem mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem”. -- "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus." 2 Coríntios 5:21.

 

Justiça no Reino de Deus

 

A justiça é nuclear do Reino de Deus, que será estabelecido PLENAMENTE na Segunda Vinda de Cristo. O reino de Deus é descrito como um reino de justiça, paz e retidão. E começa hoje, agora, e para sempre. A ordem é buscar como prioridade o Reino, como revelado em Mateus 6:33: "Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." E em Isaías 9:7: "Aumento do seu governo e a paz não terão fim, sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre." – Desde agora e para sempre! A promessa de um Reino de justiça eterno começa hoje. Não haverá paz nem prosperidade sem justiça, e Cristo é o nosso sol da justiça. Jesus é a justiça perfeita (Mt 5.17). E Ele quem anuncia o juízo aos povos (Is 42.1). 

 

Em Cristo, a justiça e misericórdia entram a perfeição, demonstrada ao curar os enfermos e perdoar seus pecados. -- Mateus 9:13: "Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifício; porque eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." -- João 8:10-11: "Endireitando-se Jesus e não vendo ninguém além da mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. Então, lhe disse Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais." Este justo juiz que ergueu aquela mulher de seus acusadores julgará toda humanidade. Seu julgamento será baseado na justiça perfeita e na verdade. -- Atos 17:31: "Porquanto tem fixado um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que destinou, e deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos." -- 2 Timóteo 4:8: *"Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda."

 

Jesus ensinou que a justiça deve ser entendida à luz do amor de Deus e a verdade eterna. Ele resumiu toda a lei e os profetas em dois mandamentos: amar a Deus e amar ao próximo, mostrando que a verdadeira justiça está enraizada no amor e no serviço aos outros. -- Mateus 22:37-40: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas."

 

Jesus é a Verdade encarnada e, portanto, a justiça é inseparável da verdade que Ele é. Ele revela a verdade de Deus e vive de acordo com ela, demonstrando que a justiça está fundamentada na verdade. -- João 14:6: "Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." -- João 8:32: "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

 

Através de Sua morte e ressurreição, Jesus trouxe a justiça para os pecadores, oferecendo a redenção e a reconciliação com Deus. Ele pagou o preço pelos pecadores, oferecendo uma justiça que é ao mesmo tempo perfeita e misericordiosa. -- Romanos 3:24-26: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs para propiciação, pelo seu sangue, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus na sua tolerância deixado impunes os pecados anteriormente cometidos." -- 2 Coríntios 5:21: "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos feitos justiça de Deus."

 

Jesus trouxe justiça ao libertar os oprimidos e os cativos, curando os enfermos e proclamando a liberdade. Sua missão incluiu restaurar e libertar aqueles que estavam em situações de injustiça, escravidão espiritual e sofrimento. -- Lucas 4:18: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me a sarar os quebrantados de coração, a pregar a liberdade aos cativos, e a restauração da vista aos cegos; a pôr em liberdade os oprimidos." Jesus é o juiz justo, o restaurador dos injustiçados e a encarnação da verdade e do amor. Este é o padrão perfeito de Rei que os reis desse mundo devem seguir. Sua justiça não é apenas uma realidade futura, mas uma experiência presente, transformando vidas e oferecendo esperança a TODOS que se voltam para Ele.


RM-FRASES PROTESTANTES

29.8.24

Quando o Impossível se Torna Possível: O Milagre no Deserto -- Fazei neste vale muitas covas... 2 Reis 3

Quando o Impossível se Torna Possível: O Milagre no Deserto

Fazei neste vale muitas covas...


A Bíblia tem histórias que desafiam nossa compreensão, confundem os ateus e nos ensinam lições profundas sobre fé, obediência e as surpreendentes maneiras como Deus opera. Dois relatos bíblicos em particular, encontrados em 2 Reis 3, ilustram como a intervenção divina e as estratégias humanas se entrelaçam, resultando em milagres e vitórias inesperadas.


Segundo o comentário da Confissão de Fé de Westminster, Deus opera milagres através de Sua soberana vontade e poder, intervindo de maneira extraordinária na ordem natural do mundo que Ele mesmo criou. No capítulo V, que trata da providência, a Confissão afirma que, embora Deus sustente, dirija e governe todas as Suas criaturas e ações por meio de causas secundárias (as leis naturais que Ele estabeleceu), Ele também pode agir além ou contra essas leis naturais para cumprir Seus propósitos. Isso é visto como uma manifestação do poder divino que não está limitado ou confinado às leis ordinárias da natureza.


Deus opera milagres ao suspender ou modificar as causas secundárias de forma temporária e direta, demonstrando Sua soberania e poder absoluto sobre toda a criação. Esses atos miraculosos são excepcionais e servem para revelar a glória de Deus, confirmar Sua palavra e realizar Seus decretos eternos.


O Milagre no Vale Seco: Obediência e Fé


Por que caminho subiremos? Então disse ele: Pelo caminho do deserto de Edom...

E partiu o rei de Israel, e o rei de Judá, e o rei de Edom; e andaram rodeando com uma marcha de sete dias, e o exército e o gado que os seguia não tinham água...


Em 2 Reis 3:16-17, Deus dá uma ordem aparentemente ilógica: “Fazei neste vale muitas covas.” Para os reis de Israel, Judá e Edom, que enfrentavam a escassez de água no deserto de Edom, a ordem parecia absurda e contra intuitiva. Não havia nuvens no céu, nenhum sinal de chuva, e ainda assim, Deus prometeu que o vale se encheria de água sem que vissem vento ou chuva. Esta situação desafiadora revela uma verdade: Deus muitas vezes age de maneiras que ultrapassam nossa lógica e compreensão. A verdadeira questão não é entender o “como”, mas confiar no “quem” – o Deus que sempre cumpre Suas promessas.


Preparem este vale com valas para reter água, tanto para homens quanto para animais. Aqueles que esperam as bênçãos de Deus devem estar prontos para recebê-las. Vocês não verão vento nem chuva, mas o vale será preenchido com água. Deus não está limitado a meios comuns; Ele pode abençoar de formas inesperadas, e esse vale será cheio de água, o que torna o milagre ainda mais impressionante.


Matthew Henry comenta, -- Eliseu ordena que encham o vale com poços para receber água, mostrando que aqueles que esperam as bênçãos de Deus devem se preparar, assim como no vale de Baca, transformando até mesmo lugares áridos em fontes de vida (Sl 84:6). Não é necessário questionar de onde vem a água, pois Deus não está limitado a causas secundárias. Aqueles que sinceramente buscam o orvalho da graça de Deus o receberão e, através dele, serão feitos mais que vencedores.


Os soldados hebreus, em um ato de fé submissa, obedeceram sem questionar. Cavaram as valas, preparando o terreno para o milagre de Deus. Na manhã seguinte, o impossível aconteceu: o vale estava cheio de água. Mais impressionante ainda foi o efeito desta água aos olhos dos inimigos moabitas. -- Deus não somente lhe dará milagrosamente água, mas também entregará seus inimigos em suas mãos. Os moabitas foram com força máxima para tentar acabar com Israel, pois o esperado seria encontrar um exército exausto naquele ponto do deserto. -- Quando todos os moabitas ouviram que os reis tinham subido para lutar contra eles, reuniram todos os que podiam vestir armaduras e marcharam, e se puseram na fronteira.


A Ilusão que Leva à Derrota: Estratégia e Engano


E levantaram-se de madrugada, e o sol brilhou sobre as águas, e os moabitas viram as águas do outro lado, vermelhas como sangue.


Os moabitas, ao verem o reflexo do sol nas poças de água, confundiram o reflexo avermelhado com sangue. Eles concluíram que os exércitos aliados haviam se destruído entre si e, confiantes, correram para saquear o que pensavam ser um campo de batalha repleto de cadáveres. Esse erro fatal, nascido de uma ilusão, os levou diretamente à derrota nas mãos dos israelitas. – Comentário de Benson diz: Ao verem a água, os moabitas perceberam que os raios do sol a tornavam vermelha, refletindo como se fosse sangue. Isso os levou a concluir que os exércitos dos três reis haviam lutado entre si e se matado, já que sabiam que não havia água naquele local antes. Convencidos de que o sangue era dos reis mortos, os moabitas, sem enviar batedores, avançaram desordenadamente para saquear o que acreditavam ser um campo de batalha sem inimigos. No entanto, estavam enganados, e essa precipitação os levou à sua própria destruição. -- Também havia uma mão divina, fortalecendo-os em seus erros e endurecendo-os para sua destruição.


O Senhor Deus, como havia previsto por meio de Seu profeta, fez com que as forças da natureza, ordenadas por Ele, trabalhassem de maneira predeterminada para cumprir sua vontade soberana.


Essa narrativa nos ensina sobre os perigos de confiar demais em nossas percepções e agir precipitadamente sem considerar as possíveis armadilhas. Na vida, muitas vezes somos vítimas de ilusões semelhantes, tomando decisões baseadas em primeiras impressões, apenas para descobrir mais tarde que fomos enganados. Deus confunde seus inimigos, sempre.


A Devastação e o Terror: A Realidade da Guerra


Após a derrota inicial dos moabitas, os israelitas implementaram uma estratégia de devastação sistemática. Destruíram cidades, cortaram árvores frutíferas, entupiram poços e cobriram a terra com pedras. Essa ação não foi apenas uma demonstração de poder, mas também uma tática para garantir que Moabe não pudesse se reerguer rapidamente.


A guerra culminou em um ato trágico e desesperado: o sacrifício do filho do Rei de Moabe como holocausto sobre o muro da cidade. Este ato foi uma tentativa de invocar a ajuda de um ídolo, deus inútil, ou, pelo menos, causar horror nos inimigos. O sacrifício pagão causou repulsa entre os israelitas.


O que podemos extrair para nossas vidas hoje?


Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito – Rm 15.4


As histórias bíblicas não são apenas relatos históricos, mas fontes de lições práticas. Sobre cavar poços, primeiramente nos ensinam a confiar em Deus, mesmo quando Suas instruções parecem não fazer sentido. Como os reis que cavaram valas em um deserto seco, devemos estar dispostos a preparar nossos corações para receber as bênçãos divinas, mesmo quando as circunstâncias parecem adversas. Devemos orar por milagres e crer no sobrenatural ou Deus não realiza mais milagres? Obediência em Sua Palavra e fé, é isto que Deus quer do Seu povo.


Essas narrativas também nos exortam sobre os perigos de ilusões e decisões precipitadas. Devemos ser cuidadosos em nossas percepções e não nos deixarmos enganar pelas aparências. A verdadeira sabedoria vem de buscar a orientação de Deus em todas as coisas. Não ser enganado pelo que vê, mas acreditar nas promessas de Deus.


Também somos lembrados das realidades atrozes da guerra e da necessidade de manter nossa fé em meio ao caos. A misericórdia de Deus é infinita, e Ele nos chama a viver de maneira justa e piedosa, mesmo em meio aos desafios mais difíceis.


Esses relatos nos desafiam a ter fé, a agir com discernimento, e a confiar que Deus sempre faz o impossível acontecer quando seguimos Suas promessas. Que possamos, como os reis de Israel, Judá e Edom, ter a coragem de cavar valas em nossos desertos e esperar com fé pelo milagre que só Ele pode realizar.


RM-FRASES PROTESTANTES

Uma Mensagem de Deus enviada para a prisão


Uma Mensagem de Deus enviada para a prisão


...Enquanto Jeremias ainda estava detido no átrio da prisão, foi-lhe dirigida a palavra do Senhor... Jr 33.1


Contexto:

O capítulo 33 do livro de Jeremias traz uma mensagem de esperança em meio à adversidade. Escrito durante um período de grande sofrimento e desespero para o povo de Israel, enquanto o profeta Jeremias estava preso, é um memoral do amor e da fidelidade de Deus, mesmo nos momentos mais sombrios. Deus é fiel, mesmo quando somos infiéis.


Deus fala a Jeremias, prometendo cura e restauração para Jerusalém, uma cidade então devastada pela guerra e pelo pecado. Apesar do julgamento que havia caído sobre o povo, o Senhor reafirma Sua intenção de reconstruir e restaurar Israel e Judá. A promessa é clara: onde há desolação, haverá abundância; onde há dor, haverá cura. A promessa de Deus é estável como o ciclo da noite e do dia.


Uma das promessas maravilhosas deste capítulo é a reafirmação da aliança de Deus com a dinastia de Davi. Deus garante que sempre haverá um descendente de Davi no trono de Israel e que os sacerdotes levitas continuarão a oferecer sacrifícios em Seu nome. Esta promessa aponta para a continuidade da aliança e a vinda do Messias, um descendente de Davi que traria salvação e paz.


A certeza de Suas promessas de benção é imutável. Esta passagem nos lembra que, mesmo quando tudo parece perdido, Deus está no controle e tem um plano de restauração e esperança.


Em meio às nossas próprias dificuldades e provações, podemos confiar em Deus e em Suas promessas. Ele é fiel para cumprir o que prometeu, e Sua restauração é certa para aqueles que O buscam. Esta mensagem nos chama para renovarmos nossa fé e esperança em Deus, confiando que Ele sempre tem o melhor para nós, mesmo nos momentos de maior desafio.


A Palavra de Deus chega aos lugares mais improváveis aos seus. O profeta Jeremias recebeu uma mensagem de Deus enquanto estava preso. Mesmo em meio à desgraça e aflição, Deus continua a se comunicar com ele. Isso nos ensina que:


1. Deus Está com Seus Filhos, Mesmo nos Momentos Difíceis


Jeremias, um verdadeiro servo de Deus, estava na prisão, mas isso não era um castigo pelos seus pecados. Às vezes, enfrentamos desafios não porque erramos, mas porque Deus tem um plano maior para nossas vidas. Obviamente, muitos presos merecem a prisão, mas no caso de Jeremias ele estava preso inocentemente.


2. Honrado por Deus, Mesmo Desprezado pelos Homens


Embora as pessoas possam não valorizar ou até desprezar um servo de Deus, Deus o honra de maneiras que o mundo não pode compreender. Receber uma mensagem direta de Deus é a maior honra que alguém pode ter, e Jeremias não tinha o que temer, pois estava seguro nas mãos de Deus. Bem aventurado os humildes, mansos, pacificadores e perseguidos em nome do Senhor.


3. O Conforto de Deus em Meio à Aflição


Deus oferece um conforto maravilhoso a Jeremias: a oração. Ele diz: "Clame a Mim, e Eu responderei." Essa promessa de Deus é um convite gracioso para todos nós. Não importa quão difícil seja o tempo, podemos sempre orar e confiar que Deus nos mostrará grandes e poderosas coisas.


4. Deus Controla a Prosperidade e a Adversidade das Nações


Deus lembra a Jeremias que Ele está no controle de tudo, inclusive do destino das nações. A história de qualquer nação só pode ser entendida plenamente quando reconhecemos o governo soberano de Deus. Ele é o Senhor das nações.


5. A Cura Vem de Deus


Para que uma nação ou uma pessoa seja verdadeiramente curada, é essencial que Deus faça essa obra. Deus promete purificar e perdoar, limpando toda iniquidade. Quando isso acontece, as pessoas reconhecem a bondade de Deus e Ele é glorificado.


Jeremias 33 é uma mensagem de esperança e consolo, mostrando que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, Deus está presente, pronto para ouvir e agir em favor de Seus filhos, seja numa prisão, seja numa caverna, seja num palácio, sua Palavra adentra os lugares mais distantes e profundos.


RM-FRASES PROTESTANTES

28.8.24

Onde o Poço se Torna Púlpito: Pregando a Esperança do Salmo 40 - Redenção Abundante e Graça Triunfante em Cristo


Onde o Poço se Torna Púlpito: Pregando a Esperança do Salmo 40 - 
Redenção Abundante e Graça Triunfante em Cristo


O Salmo 40:1-3 nos oferece uma das imagens mais belas e poderosas da relação entre o ser servo de Deus e Deus. As palavras de Davi — "Esperei pacientemente pelo SENHOR; e ele se inclinou para mim, e ouviu meu clamor. Ele me tirou também de um poço horrível, de um lodo de lodo, e colocou meus pés sobre uma rocha, e firmou meus passos" — são frequentemente citadas para descrever a experiência de muitos crentes. Esse trecho expressa de maneira tocante como Deus nos levanta do desespero para nos colocar em um lugar de firmeza e segurança. Deus não resgata os seus eleitos do caos à lama, mas da lama à luz, do caos ao forte refúgio e escudo.


Ao refletirmos sobre essa passagem, é importante questionar nossa própria capacidade de esperar pacientemente. Muitos de nós, se formos honestos, talvez tenhamos esperado impacientemente pelo Senhor em diversas situações de nossas vidas. A paciência, afinal, é uma graça que, embora desejada, ainda é escassa em nosso dia a dia. Muitos estão esperando impacientemente pelo Senhor. Mas o Oleiro tem paciência para amaciar o barro e deixa-lo mais paciente.


O Salmo 40 e o Messias


Ainda que esse salmo seja amplamente aplicado à experiência dos eleitos, é importante reconhecer que ele inicialmente aponta para uma figura maior que Davi: o Messias. Ao lermos o salmo em sua totalidade, nos deparamos com passagens que claramente se referem a Cristo: "Sacrifício e oferta, Tu não desejaste; meus ouvidos abriste; holocausto e oferta pelo pecado não requereste. Então eu disse, no rolo do livro está escrito de Mim, deleito-me em fazer a tua vontade, ó meu Deus; sim, a tua lei está dentro do meu coração."


Essas palavras deixam evidente que o verdadeiro protagonista desse salmo é o Senhor Jesus. Ele, e somente Ele, pôde viver essa experiência de maneira plena e na mais alta perfeição.


Refletindo a Experiência de Cristo em Nossas Vidas


Como crentes, somos chamados a refletir em nossas vidas a experiência de nosso Senhor. Assim como Ele esperou pacientemente e foi exaltado por Deus, somos convidados a meditar nessa paciência, mesmo que muitas vezes falhemos. 

Cada crente é como um espelho que reflete a experiência de Jesus. Mas precisamos ter cuidado para não nos concentrarmos tanto no reflexo a ponto de perder de vista a imagem original — a vida e o exemplo de Cristo, que é a base de nossa fé e esperança. Nós falhamos, mas encontramos a perfeição nEle e somente nEle.


O Salmo 40 nos ensina sobre a importância da paciência e da confiança em Deus, mas também nos lembra que nossa salvação e firmeza vêm do Senhor Jesus. Que possamos, ao meditar nesse salmo, não apenas buscar refletir essas virtudes em nossas vidas, mas também reconhecer e louvar a obra redentora de Cristo, que tornou possível essa transformação em nós.


A Paciência, Libertação e Recompensa de Cristo


Quando observamos nosso Senhor em Sua maior e extrema tribulação, somos convidados a refletir sobre três aspectos essenciais de Sua experiência, conforme o Salmo 40.


Primeiro, vejamos o comportamento de Jesus: "Esperei pacientemente pelo Senhor; e ele se inclinou para mim, e ouviu meu clamor." Essa paciência de Cristo em meio à dor e à angústia como prisioneiro, sendo torturado e humilhado nos ensina a confiar no tempo de Deus, sabendo que Ele ouve nosso clamor.


Em segundo lugar, consideremos a libertação de nosso Senhor: "Ele me tirou também de um poço horrível, do lodo." Essa imagem poderosa simboliza a vitória de Cristo sobre a morte e o pecado, quando Ele foi ressuscitado e colocado em posição de honra.


A terceira reflexão é sobre a recompensa do Senhor: "Muitos verão, e temerão, e confiarão no Senhor." O sofrimento e a ressurreição de Cristo não foram em vão; pelo contrário, eles trouxeram salvação para muitos, que agora confiamos no Senhor e louvamos Seu nome.


Reconheçamos a semelhança entre Cristo e Seus seguidores. Assim como Ele foi tirado do poço da destruição, também nós, Seus eleitos, somos resgatados e recebemos uma nova canção de louvor. Cristo, em Sua graça, nos chama de irmãos, pois, em cada um de nós, a experiência de vitória sobre o sofrimento se repete, ainda que em uma escala bem menor.


Que isso nos inspire a seguir o exemplo de Cristo, esperando pacientemente em Deus, confiando em Sua libertação e reconhecendo a recompensa de trazer glória ao Seu nome.


A Libertação de Cristo: Um Resgate do Poço Horrível


Ao meditarmos sobre a libertação de nosso Senhor, somos levados a contemplar um dos momentos mais profundos e sombrios de Sua vida. Quando o tempo foi cumprido, e a paciência teve seu trabalho perfeito, Jesus foi resgatado das profundezas da tristeza. Essa libertação é apresentada através de duas imagens poderosas, sendo a primeira uma saída de um "poço horrível."


Essa metáfora é terrivelmente sugestiva e evoca as piores condições de confinamento que a humanidade já experimentou. Imagine um poço escuro e sufocante, como o calabouço em Roma, onde, segundo a tradição, Pedro e Paulo foram aprisionados. Este lugar era mais que uma prisão; era uma cova de desespero. Sem entrada de luz, sem ar fresco, os prisioneiros eram baixados por uma abertura no topo, que, uma vez fechada, os isolava completamente do mundo exterior. 


Esse "poço horrível" simboliza o auge do sofrimento e da separação da dignidade humana, um estado de completo abandono e esquecimento. Nas masmorras mais cruéis, os prisioneiros eram emparedados, deixados para morrer, cortados de toda esperança e memória. Eles habitavam uma "terra da sombra da morte," esquecidos e enterrados vivos, sem qualquer esperança de libertação.


É justamente desse abismo que Cristo foi resgatado. Sua libertação da morte e do sofrimento extremo não foi apenas um evento histórico; é uma imagem poderosa da vitória sobre as forças que buscam aprisionar e destruir. Ele foi retirado do "poço horrível," trazendo consigo a promessa de que, mesmo nos momentos mais sombrios, a luz da salvação de Deus pode nos alcançar.


Essa libertação de Cristo serve como um memorial constante de que, por mais terrível que seja o poço em que nos encontramos, há esperança em Deus. Ele é capaz de nos resgatar das profundezas do desespero, assim como fez com Seu Filho amado. E assim, essa metáfora se torna uma mensagem de esperança para todos que enfrentam seus próprios "poços horríveis," sabendo que a libertação divina é certa e poderosa.


Nosso Senhor enfrentou uma profunda solidão e escuridão em Sua maior tribulação, comparável a estar em um poço profundo e isolado. Abandonado por todos, inclusive por Deus, Ele experimentou o silêncio aterrador e a total ausência de luz. A angústia e o sofrimento de Cristo, intensificados pela solidão e escuridão, foram tão profundos que se aproximaram das misérias das almas condenadas, embora Ele, sendo santo e justo, sofreu em lugar dos pecadores. Sua dor era tão incompreensível que ninguém podia compreender plenamente Suas aflições.


Seu corpo ressurgiu do túmulo para, no tempo certo, ascender à glória. Ele emergiu do poço da sepultura, liberto de toda corrupção, dor, miséria ou derrota. Sua tristeza terminou, e Sua face está livre de qualquer preocupação. Embora ainda carregue as cicatrizes, elas agora brilham em Suas mãos e pés com esplendor...


Não mais a lança sangrenta,  

Nem a cruz e os cravos.  

O próprio inferno treme ao ouvir Seu nome,  

E todos os céus se prostram em adoração.


Cantem ao Senhor, vocês, Seus santos, enquanto contemplam seu Mestre, ressuscitado dentre os desprezados, abandonados e mortos.


Você está afundando no profundo lodo da culpa? O Senhor pode perdoá-lo, pois "o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado." Está preso pela consciência, sob o justo senso de ira merecida? Jesus lhe oferecerá descanso imediato se você vier a Ele. Sente-se incapaz de se ajoelhar em oração, pois seus joelhos escorregam no lodo da dúvida? Lembre-se, Jesus intercede pelos transgressores. Parece que, a cada movimento, você enterra sua esperança e afunda cada vez mais na ruína? O Senhor tem redenção abundante e graça triunfante. Não se desespere. Você pode não conseguir se libertar, mas Deus pode libertá-lo; você pode não se sustentar, mas Deus pode firmá-lo. Você pode sentir-se incapaz de ir até Ele ou de encontrar conforto entre seus semelhantes, mas o Senhor pode fazer com que você corra em Seus caminhos. Você ainda sairá com alegria e será conduzido em paz; as montanhas e colinas irromperão diante de você em cânticos. Olhe apenas para Cristo, tema e confie em seu Deus, e você também cantará ao Senhor, seu Libertador, com a seguinte canção: 


Ele me tirou de um poço horrível,  

Onde eu estava de luto por tanto tempo,  

Libertou meus pés de profundos grilhões,  

Do barro lamacento me resgatou.  

Sobre uma rocha firme Ele me colocou,  

E ensinou minha língua a cantar com alegria,  

Louvando as maravilhas de Sua poderosa mão,  

Com uma nova canção de gratidão.


RM-FRASES PROTESTANTES

Baseado no Sermão de C. H. Spurgeon

Sermão Nº 1674, pregado por C. H. Spurgeon na manhã do Dia do Senhor, 13 de agosto de 1882, no Tabernáculo Metropolitano, Newington.


20.8.24

A Queda de Dagom e aplicação pastoral – 1 Samuel 5


A Queda de Dagom e aplicação pastoral – 1 Samuel 5


1 Samuel 5 relata o episódio em que a Arca da Aliança, capturada pelos filisteus após uma batalha, é levada para a cidade de Asdode e colocada no templo de Dagom, o deus deles. Mas, na manhã seguinte, a estátua de Dagom é encontrada caída diante da Arca, como se estivesse se prostrando. Eles colocam a estátua de volta em seu lugar, mas no dia seguinte, Dagom novamente cai, e desta vez sua cabeça e mãos são quebradas.


Ao mesmo tempo, os habitantes de Asdode e das cidades filisteias próximas começam a sofrer com tumores e pragas de ratos, uma aflição enviada por Deus por terem mantido a Arca da Aliança num templo pagão. A situação se torna tão insuportável que os filisteus decidem enviar a Arca para outra cidade, mas as pragas os seguem. Finalmente, os filisteus concluem que precisam devolver a Arca ao povo de Israel para acabar com seu sofrimento. O capítulo 5 mostra o poder de Deus sobre os deuses dos filisteus e as nações que não respeitam Sua santidade. Alguns ensinamentos importantes se destacam desse capítulo:


Primeiramente, a soberania de Deus não pode ser desafiada. O Deus de Israel é o Deus soberano e supremo, não só sobre Israel, mas sobre todas as nações e deuses. Mesmo quando a Arca da Aliança está em território inimigo, Deus mostra Seu poder, derrubando a estátua de Dagom e trazendo calamidades sobre os filisteus. A presença da Arca simbolizava a presença do Deus de Israel e não podia ser tratada de qualquer jeito. A soberania de Deus humilha os ídolos. Mesmo em território inimigo, longe de seu povo eleito, Deus mostra que Ele está no controle de todas as nações e circunstâncias. Quando a estátua de Dagom cai diante da Arca, Deus está mostrando que Ele não é limitado por fronteiras geográficas ou pelas crenças dos homens. Isso nos lembra que Deus governa sobre toda a criação, independentemente de onde estamos ou das circunstâncias em que nos encontramos.


Em segundo lugar, a santidade de Deus não pode ser profanada, os filisteus tentaram incorporar a Arca em seu templo, mas sofreram as consequências. Isso ensina que a santidade de Deus não pode ser ignorada ou manipulada. A presença de Deus não pode ser cativa; Ele sempre triunfa. Os filisteus tentaram tratar a Arca como algo comum, algo que poderia ser incorporado em seu culto a Dagom. Mas, as pragas e calamidades que se abateram sobre eles são uma forte mensagem de que a santidade de Deus não pode ser ignorada ou desrespeitada. Para nós hoje, essa é uma lembrança de que precisamos tratar as coisas de Deus com reverência e respeito, reconhecendo que Ele é santo e digno de toda honra. Que essa antiga história lembre a igreja contemporânea que não trate as coisas de Deus com irreverência.


Em terceiro lugar, o poder de Deus não pode ser comparado, os deuses são como nada diante do poder de Deus. O fato de Dagom cair diante da Arca duas vezes, e eventualmente ser quebrado, simboliza a ridícula impotência dos ídolos e falsos deuses diante do Deus verdadeiro. Esta é uma lição sobre a futilidade de confiar em deuses falsos ou objetos materiais. Quando Deus está presente, até os ídolos mais poderosos caem diante d'Ele. Isso nos ensina sobre a ingenuidade de confiar em ídolos, sejam eles de pedra, ouro, ou mesmo em coisas materiais como riqueza, poder, ou status. Nada pode se comparar ao poder e à autoridade de Deus, e qualquer coisa que colocamos em Seu lugar é destinada a cair e falhar. E por Ele ser um Deus zeloso e ciumento de sua glória, Ele destruirá todos os ídolos do nosso coração.


Em quarto lugar, a justiça de Deus sempre chega. Os filisteus experimentaram punições severas por capturarem e profanarem a Arca. Isso reforça que há consequências para aqueles que desrespeitam as coisas sagradas ou desafiam a autoridade de Deus. As pragas que atingem os filisteus são um lembrete do poder de Deus para julgar e corrigir as nações. Mesmo sem a intervenção direta dos israelitas, Deus mostrou Sua justiça e poder de julgamento. O poder e a santidade de Deus são incomparáveis. O poder de Deus é inigualável, e nenhum ídolo pode resistir à Sua soberania. A santidade de Deus derruba falsos deuses e revela a futilidade da idolatria. Há um preço a ser pago pela desobediência e desrespeito às coisas sagradas. Esta é uma lição clara de que nossas ações têm consequências, especialmente quando desconsideramos a Palavra de Deus.


Mesmo sem intervenção humana direta, Deus trouxe justiça sobre os filisteus, mostrando que Ele é um juiz justo e todo-poderoso. Isso nos lembra que, mesmo quando parece que o mal prevalece, Deus ainda está no controle e trará justiça no tempo certo.


A justiça divina nunca falha; nossas ações têm consequências, e Deus, em Sua soberania, sempre restaurará a ordem conforme Sua vontade. Este capítulo nos desafia a abandonar a idolatria e viver com confiança no poder de Deus, reconhecendo que Ele é justo e fiel em cumprir Sua justiça. Ao refletir sobre essas verdades, somos chamados a viver com reverência, confiando que o julgamento de Deus trará a devida restauração e paz.


O que essa queda de Dagom tem a ver com a gente hoje? Algumas aplicações pastorais:


É comum que o cristão enfrente batalhas internas e externas, onde as tentações parecem ressuscitar antigos hábitos e comportamentos, como um “Dagon” tentando se erguer novamente em nossas vidas. Este cenário é especialmente frequente em novos convertidos, que, apesar de terem experimentado uma transformação genuína, podem se sentir pressionados a retornar aos antigos caminhos quando expostos a velhas companhias e tentações. Mas não deixa de perseguir os mais veteranos na fé.


A luta da santificação é real e intensa, mas a graça é triunfante. Mesmo aqueles determinados a resistir muitas vezes se veem cercados por tentações que parecem não ter fim. Há momentos em que, após inúmeras recusas, a resistência enfraquece e, num deslize momentâneo, o cristão pode se ver caindo, sentindo que falhou em sua fé. Esse sentimento de derrota pode levar ao desespero, fazendo-o questionar a autenticidade de sua conversão e o poder da graça em sua vida. Mas nunca esqueça, Deus é zeloso por sua glória e não abandona a obra que começou, Ele cuida dos seus eleitos, e por causa desse amor profundo e imutável destrói todos os ídolos de nosso coração. Nenhum Dagom fica de pé em sua presença.


Mesmo nessas nossas quedas, há uma obra maior em andamento. Ao reconhecer o erro, o cristão muitas vezes retorna com mais humildade, coração mais terno, e uma gratidão renovada pela graça de Cristo. Essas experiências dolorosas, embora difíceis, acabam fortalecendo a fé e moldando o caráter, resultando em um amor mais profundo por Cristo e uma compreensão maior de sua dependência de Deus. A batalha espiritual, com suas vitórias e derrotas, é parte essencial do crescimento da fé.


A história da queda de dagom nos convida a meditar na soberania e santidade de Deus, a abandonar qualquer forma de idolatria, e a lembrar que nossas ações têm consequências. Mais do que isso, ela nos conforta com a certeza de que Deus, em Sua justiça, sempre trará o juízo e restaurará nossa vida conforme Sua vontade.


Como destaca o comentário conciso de Matthew Henry, o triunfo da Arca sobre Dagom simboliza a vitória inevitável do reino de Cristo sobre o reino de Satanás, não do erro sobre a verdade, da profanação sobre a piedade, e da corrupção sobre a graça nos corações dos crentes. Mesmo quando os interesses da vida cristã parecem estar prestes a afundar, podemos confiar que o dia de seu triunfo chegará. Quando Cristo, a verdadeira Arca da Aliança, entra no coração humano, todos os ídolos caem, o pecado é abandonado e o Senhor reivindica o trono.


Assim como a estatua de Dagom quebra em pedaços, os cacos ainda permanecem, o orgulho, o amor-próprio e as concupiscências mundanas ainda permanecem. Por isso, devemos vigiar e orar para que não prevaleçam, buscando que sejam completamente destruídos ao longo das batalhas da santificação. Somos desafiados a viver com mais reverência, confiança e obediência ao Deus que é soberano sobre todas as coisas, confiando que Seu reino triunfará sobre todas as trevas.


CH Spurgeon fez uma feliz aplicação pastoral e resumiu: O que aconteceu na noite mencionada no texto? Dagom caiu diante da Arca quando tudo estava quieto e parado no templo. O pensamento é um canal de imenso benefício para a alma. Feche as portas do templo e deixe tudo ficar em silêncio; então, o Espírito Santo fará maravilhas na alma.


Pense nas coisas do alto, fortaleça sua esperança de libertação completa, haverá um dia que não teremos mais necessidades de lutar, de jejuar, de vigiar, de chorar pelo pecado do dia antes de adormecer à noite; não haverá mais pecado para confessar, nenhum demônio para tentá-los, nenhuma preocupação mundana, nenhuma luxúria, nenhuma inveja, nenhuma depressão de espírito, nenhuma descrença, nada do tipo. E estamos no caminho dessa alegria celestial, não desanimemos.  Estamos no caminho, Deus está destruindo os Dagons de nossa vida, cada dia, não restará pedra sobre pedra.


RM-FRASES PROTESTANTES


8.8.24

Escatologia de tabloide - Escatologia lixo que não serve nem para reciclar

Escatologia de Tabloide


Escatologia é uma área da teologia das mais cansativas e desgastantes, pois o sensacionalismo vende e atrai. Mil anos de manchetes sensacionalistas! Sempre que ocorre um evento impactante, alguém grita: "Jesus está voltando!" Retorno de Jesus, Milênio, Apocalipse 20, Grande Tribulação, sofrimento, caos, arrebatamento, Israel, Anticristo, apostasia, juízo final... A cada manchete de jornal ou vídeo sensacionalista, é sempre o fim!


São mil anos de paciência! Nos anos 1980, você tinha um herege aqui e outro ali, mas hoje são milhares de hereges passando pela tela do celular! A negação da verdade bíblica é espantosa. Caçadores de likes e oportunistas sabem que as pessoas têm coceiras no ouvido por novidades, enigmas e curiosidades. Por isso, há uma enxurrada de exploradores de temas polêmicos, chocantes e emocionantes que apelam para a curiosidade das pessoas.


Geralmente, usam formatos impactantes e urgentes, com linguagem forte e imagens marcantes para gerar uma resposta emocional rápida, como medo, surpresa ou exclusividade. O povo ama a sensação exagerada de urgência; o que importa é chamar a atenção e viralizar.


Se eu tenho um quebra-cabeça de mil peças e vejo uma guerra aqui, outra ali, monto mais uma peça e fico satisfeito com a minha própria opinião... Isso se chama viés de confirmação. Seja uma guerra, um terremoto, um novo líder político, uma epidemia, uma seca... Tudo faz parte de um quebra-cabeça gigante que me deixa mais seguro de que estou certo. Isso se chama escapismo!


Nós fugimos das nossas rotinas diárias de várias formas e mergulhamos em mundos dramáticos ou intrigantes, seja por filmes, séries, drogas, pornografia ou escatologia. Na pandemia de 2020, muitos disseram que iam morar em um sítio afastado, plantar suas hortas, criar seus bichos, estocar alimentos, se armar até os dentes e se isolar com a família. Como se, em um apocalipse zumbi, se isolar em um sítio fosse resolver o problema... Na primeira fumaça de feijão no ar, não sobrariam nem os cachorros do sítio.


A mentalidade escapista ocorre em vários níveis. Um nível comum é buscar um transe hipnótico nos chamados "cultos" de igreja. Não é de hoje que se usa música para gerar transe e êxtase coletivo em um clima emocional. Muitos falsos profetas sabem disso e exploram o transe hipnótico, além do doutrinamento sectário. Se eu junto esse combo manipulativo com escatologia, aí a coisa fica feia! Não é lavagem cerebral, é uma lavanderia cerebral! E ainda se lava dinheiro e pix!


Os mercenários que se dizem pastores colocam a mente dos seguidores fora deste mundo e colocam as mãos nos bolsos do povo neste mundo, com dinheiro deste mundo! Falam de um reino no céu, que não é deste mundo, que se deve buscar as coisas que são de cima, que o mundo não é importante, mas a exploração financeira é bem deste mundo! E haja pix!


Alarmismo e sensacionalismo escatológico são como usar uma droga de efeito rápido e potente. Assim como as drogas oferecem um alívio temporário e superficial para problemas mais profundos, ignorando as consequências, grande parte do mundo se entrega a distrações e entretenimento enquanto ignora a verdade óbvia. Escatologia barata é uma fuga temporária da realidade, substituindo a reflexão sóbria por sensações passageiras.


Quando Hollywood e novelas da Record popularizam narrativas escatológicas, isso já deveria acender um alerta sobre algo errado nas pessoas que frequentam igrejas. O fim dos tempos é um tema que vende, assim como filmes de tsunamis, furacões, terremotos, guerras e epidemias. Taças e trombetas, armagedom, Anticristo... Claro que o mundo é caótico e difícil de entender, por isso mesmo as teorias conspiratórias vendem!


Você quer um apocalipse para chamar de seu? Temos a necessidade de pertencimento, por isso há tantas comunidades presenciais e digitais. É a mentalidade de seita: pessoas com visões de mundo semelhantes compartilham um senso de identidade e propósito. Glória a Deus por sua sabedoria que coloca como consequência do pecado mais pecado. Ninguém peca impunemente no mundo do Deus justo; o que se planta, se colhe. Pecado gera mais pecado e leva à morte.


Por que estou dizendo isso? Porque os líderes religiosos que contaminam a mente do povo com escatologia sensacionalista, eles mesmos, em algum momento, se tornarão anticristos! Todo pregador sensacionalista do anticristo se tornará um... Glória a Deus! Eles passam a vida toda profetizando que ninguém deve confiar em ninguém, que o mundo jaz no maligno, que não se deve confiar no governo, nas instituições e mídias (em parte estão corretos!), mas apenas ouvir a voz profética deles!


Eles pregam que os manipuladores do mundo, uma elite mundial, estão conduzindo a história para o anticristo e escondendo a verdade de você. Geram constantemente medo e insegurança em nome de Jesus! Em tempos de crises econômicas, políticas, sociais, incertezas e pandemias, as pessoas precisam achar um profeta, um homem de Deus que tenha a voz da verdade. Isso é uma forma de lidar com o medo e a insegurança, recebendo mais medo e ansiedade. Os falsos profetas caçadores de likes oferecem uma sensação de controle e compreensão dos tempos, e como moeda de troca oferecem sensacionalismo, entretenimento, passatempo, pertencimento e confirmação das crenças pessoais. Mas, em algum momento, esses falsos profetas pagarão o preço ou cairão em alguma desgraça autoprofetizada. De tanto gerar desconfiança, um dia as pessoas desconfiam até deles mesmos!


Jeremias 23:16: "Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor." 


Jeremias 23:21: "Não mandei esses profetas, contudo, eles foram correndo; não lhes falei, contudo, eles profetizaram."


Leia Jeremias capítulo 23. Deus critica severamente os líderes e pastores de Israel que falharam em guiar e proteger o povo. Eles são responsabilizados por dispersar e destruir as ovelhas do rebanho em vez de cuidá-las e protegê-las. Deus condena os falsos profetas que pregam mentiras e enganam o povo, e enfatiza que o verdadeiro profeta deve falar a Palavra de Deus com sinceridade e integridade.


Fuja do Sensacionalismo!


Se realmente você quer entender escatologia, comece com estudo bíblico ou com bíblias de estudo e compare as interpretações. Consulte livros e comentários sobre livros-chave como Daniel, Evangelhos e Cartas. Filtre seus estudos, consulte livros e comentários, compare, ore e peça a Deus sabedoria. Busque cursos mais completos sobre o tema com aprofundamento teológico, e não se limite a podcasts sensacionalistas. Enriqueça sua compreensão com diferentes pontos de vista. Isso exige tempo e dedicação.


Compare futurismo com preterismo, entenda as linhas futuristas e preteristas, pois nem todos são iguais. Compare historicismo com idealismo, amilenismo com pós-milenismo, pré-milenismo com dispensacionalismo, etc. O futurismo hoje reina entre os evangélicos e, por ser mais popular, merece uma atenção especial para discernir o que é verdade e o que é sensacionalismo/ficção.


Hoje em dia, não há desculpa para não estudar qualquer assunto. Com buscadores, inteligência artificial, milhares de artigos, PDFs e livros disponíveis sem frete, só não estuda quem não quer! Enquanto tiver um professor ensinando, o aluno tem na palma da mão uma ferramenta poderosa de pesquisa para questionar o ensino. Temos mil versões bíblicas e comentários ao nosso alcance. Filtre, questione e coloque em xeque os gurus. Faça isso ou passe mil anos na ignorância com um anticristo para chamar de seu!


RANIERE M MENEZES - FRASES PROTESTANTES



6.8.24

Saul também está entre os profetas?

Saul também está entre os profetas?

O povo diz: "Está Saul também entre os profetas?"  1Sm 19.24


Em 1 Samuel 19, o rei Saul, irado e com inveja mortal de Davi, decide matá-lo (Salmo 59). Davi, no entanto, é alertado por sua esposa Mical e foge para se esconder com o profeta Samuel em Naiote. Saul manda vários grupos de homens para capturá-lo, mas todos acabam entrando em transe profético ao encontrarem Samuel e seus profetas. Mesmo depois de várias tentativas, Saul obstinado acaba indo pessoalmente para Ramá, onde também é tomado pelo Espírito de Deus e começa a profetizar em transe, despido e deitado o dia inteiro. Isso fez com que as pessoas se perguntassem em zombaria: "Está Saul também entre os profetas?"


Esse evento mostrou como Deus tem controle sobre o coração das pessoas e pode mudar seus caminhos conforme Sua vontade. Saul entendeu que estava lutando contra Deus e, por isso, desistiu de seu plano. No entanto, ele estava tão endurecido que a ira o cegava. A experiência de Saul e seus mensageiros destacou o poder de Deus e a futilidade de lutar contra Ele. A pergunta “Está Saul também entre os profetas?” refletia o impacto desse episódio, que foi uma nova exemplificação de um provérbio já conhecido (1 Samuel 10:12).


Você já se perguntou se Saul, o rei de Israel, também era profeta? Parece estranho pensar que alguém como Saul, que foi conhecido por sua teimosia e desobediência, pudesse receber um dom tão especial. Esse mesmo questionamento surgiu antes, e as pessoas ficaram surpresas ao ver alguém com essas características recebendo um presente tão desejado (1 Samuel 10:12).


Santo Agostinho comentou que muitas vezes pessoas ruins recebem dons de Deus, como talento, habilidade e riqueza. Ele mencionou que, embora o dom de profetizar seja valioso, Saul, um rei que agia de maneira ímpia, também o recebeu. Mesmo quando estava perseguindo Davi, Saul profetizava. Agostinho alerta que os dons de Deus não significam nada sem amor verdadeiro e que, no final, todos prestarão contas a Deus sobre como usaram esses dons (1 Coríntios 13:1-2).


Não devemos nos orgulhar dos dons que temos. É essencial buscar a graça, como uma fonte de água que nos dá vida eterna (João 4:14). Devemos nos apegar à verdade e à santidade com um coração sincero. Em momentos difíceis, procuremos a proteção, o conforto e a direção nas orientações de Deus (Salmos 59; 119:105).


Não raras vezes temos dons e talentos e passamos o rolo compressor nos irmãos em Cristo, seja em nome de uma suposta superioridade teológica ou moral, seja por arrogância e falta de amor. Quantas vezes deveríamos usar Mateus 18, que ensina como tratar a ofensa de um irmão de modo correto, bíblico e amoroso, mas passamos o rolo compressor sem misericórdia? É mais fácil chamar um irmão de herege com uma tocha acesa na mão e lenha para queimar. O espírito de sinédrio reina, e muitas vezes somos servos impiedosos. Ser um tropeço para os irmãos é tão grave que seria melhor pendurar uma pedra no pescoço e pular no mar. Muitas vezes estamos agindo como Saul: profetizamos e agimos como Judas. Saul tinha teologia, mas sem amor. Teologia sem amor é espírito assassino, algo que Satanás tem de sobra. 


O ditado "a barba não faz o profeta" é uma expressão popular verdadeira que significa que a aparência de uma pessoa não define sua verdadeira sabedoria ou autoridade. Em outras palavras, não é porque alguém tem uma aparência ou um título que isso o qualifica para desempenhar um papel de liderança ou orientação. A expressão sugere que é mais importante avaliar as ações, os frutos e o caráter da pessoa do que julgar apenas pela aparência externa ou pelos adornos. Esse ditado reflete uma ideia de que o verdadeiro valor ou a verdadeira sabedoria vêm de qualidades internas e ações, não apenas de aparência ou status. Siga os frutos, onde estão os frutos? Saul profetizava, mas e o amor? Profetiza mas...e o amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. O poder ilusório cega, a vaidade cega, seja por status, dinheiro, teologia ou qualquer outro falso deus.


O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse? 1Co4.7.


RM-FRASES PROTESTANTES