28.8.24

Onde o Poço se Torna Púlpito: Pregando a Esperança do Salmo 40 - Redenção Abundante e Graça Triunfante em Cristo


Onde o Poço se Torna Púlpito: Pregando a Esperança do Salmo 40 - 
Redenção Abundante e Graça Triunfante em Cristo


O Salmo 40:1-3 nos oferece uma das imagens mais belas e poderosas da relação entre o ser servo de Deus e Deus. As palavras de Davi — "Esperei pacientemente pelo SENHOR; e ele se inclinou para mim, e ouviu meu clamor. Ele me tirou também de um poço horrível, de um lodo de lodo, e colocou meus pés sobre uma rocha, e firmou meus passos" — são frequentemente citadas para descrever a experiência de muitos crentes. Esse trecho expressa de maneira tocante como Deus nos levanta do desespero para nos colocar em um lugar de firmeza e segurança. Deus não resgata os seus eleitos do caos à lama, mas da lama à luz, do caos ao forte refúgio e escudo.


Ao refletirmos sobre essa passagem, é importante questionar nossa própria capacidade de esperar pacientemente. Muitos de nós, se formos honestos, talvez tenhamos esperado impacientemente pelo Senhor em diversas situações de nossas vidas. A paciência, afinal, é uma graça que, embora desejada, ainda é escassa em nosso dia a dia. Muitos estão esperando impacientemente pelo Senhor. Mas o Oleiro tem paciência para amaciar o barro e deixa-lo mais paciente.


O Salmo 40 e o Messias


Ainda que esse salmo seja amplamente aplicado à experiência dos eleitos, é importante reconhecer que ele inicialmente aponta para uma figura maior que Davi: o Messias. Ao lermos o salmo em sua totalidade, nos deparamos com passagens que claramente se referem a Cristo: "Sacrifício e oferta, Tu não desejaste; meus ouvidos abriste; holocausto e oferta pelo pecado não requereste. Então eu disse, no rolo do livro está escrito de Mim, deleito-me em fazer a tua vontade, ó meu Deus; sim, a tua lei está dentro do meu coração."


Essas palavras deixam evidente que o verdadeiro protagonista desse salmo é o Senhor Jesus. Ele, e somente Ele, pôde viver essa experiência de maneira plena e na mais alta perfeição.


Refletindo a Experiência de Cristo em Nossas Vidas


Como crentes, somos chamados a refletir em nossas vidas a experiência de nosso Senhor. Assim como Ele esperou pacientemente e foi exaltado por Deus, somos convidados a meditar nessa paciência, mesmo que muitas vezes falhemos. 

Cada crente é como um espelho que reflete a experiência de Jesus. Mas precisamos ter cuidado para não nos concentrarmos tanto no reflexo a ponto de perder de vista a imagem original — a vida e o exemplo de Cristo, que é a base de nossa fé e esperança. Nós falhamos, mas encontramos a perfeição nEle e somente nEle.


O Salmo 40 nos ensina sobre a importância da paciência e da confiança em Deus, mas também nos lembra que nossa salvação e firmeza vêm do Senhor Jesus. Que possamos, ao meditar nesse salmo, não apenas buscar refletir essas virtudes em nossas vidas, mas também reconhecer e louvar a obra redentora de Cristo, que tornou possível essa transformação em nós.


A Paciência, Libertação e Recompensa de Cristo


Quando observamos nosso Senhor em Sua maior e extrema tribulação, somos convidados a refletir sobre três aspectos essenciais de Sua experiência, conforme o Salmo 40.


Primeiro, vejamos o comportamento de Jesus: "Esperei pacientemente pelo Senhor; e ele se inclinou para mim, e ouviu meu clamor." Essa paciência de Cristo em meio à dor e à angústia como prisioneiro, sendo torturado e humilhado nos ensina a confiar no tempo de Deus, sabendo que Ele ouve nosso clamor.


Em segundo lugar, consideremos a libertação de nosso Senhor: "Ele me tirou também de um poço horrível, do lodo." Essa imagem poderosa simboliza a vitória de Cristo sobre a morte e o pecado, quando Ele foi ressuscitado e colocado em posição de honra.


A terceira reflexão é sobre a recompensa do Senhor: "Muitos verão, e temerão, e confiarão no Senhor." O sofrimento e a ressurreição de Cristo não foram em vão; pelo contrário, eles trouxeram salvação para muitos, que agora confiamos no Senhor e louvamos Seu nome.


Reconheçamos a semelhança entre Cristo e Seus seguidores. Assim como Ele foi tirado do poço da destruição, também nós, Seus eleitos, somos resgatados e recebemos uma nova canção de louvor. Cristo, em Sua graça, nos chama de irmãos, pois, em cada um de nós, a experiência de vitória sobre o sofrimento se repete, ainda que em uma escala bem menor.


Que isso nos inspire a seguir o exemplo de Cristo, esperando pacientemente em Deus, confiando em Sua libertação e reconhecendo a recompensa de trazer glória ao Seu nome.


A Libertação de Cristo: Um Resgate do Poço Horrível


Ao meditarmos sobre a libertação de nosso Senhor, somos levados a contemplar um dos momentos mais profundos e sombrios de Sua vida. Quando o tempo foi cumprido, e a paciência teve seu trabalho perfeito, Jesus foi resgatado das profundezas da tristeza. Essa libertação é apresentada através de duas imagens poderosas, sendo a primeira uma saída de um "poço horrível."


Essa metáfora é terrivelmente sugestiva e evoca as piores condições de confinamento que a humanidade já experimentou. Imagine um poço escuro e sufocante, como o calabouço em Roma, onde, segundo a tradição, Pedro e Paulo foram aprisionados. Este lugar era mais que uma prisão; era uma cova de desespero. Sem entrada de luz, sem ar fresco, os prisioneiros eram baixados por uma abertura no topo, que, uma vez fechada, os isolava completamente do mundo exterior. 


Esse "poço horrível" simboliza o auge do sofrimento e da separação da dignidade humana, um estado de completo abandono e esquecimento. Nas masmorras mais cruéis, os prisioneiros eram emparedados, deixados para morrer, cortados de toda esperança e memória. Eles habitavam uma "terra da sombra da morte," esquecidos e enterrados vivos, sem qualquer esperança de libertação.


É justamente desse abismo que Cristo foi resgatado. Sua libertação da morte e do sofrimento extremo não foi apenas um evento histórico; é uma imagem poderosa da vitória sobre as forças que buscam aprisionar e destruir. Ele foi retirado do "poço horrível," trazendo consigo a promessa de que, mesmo nos momentos mais sombrios, a luz da salvação de Deus pode nos alcançar.


Essa libertação de Cristo serve como um memorial constante de que, por mais terrível que seja o poço em que nos encontramos, há esperança em Deus. Ele é capaz de nos resgatar das profundezas do desespero, assim como fez com Seu Filho amado. E assim, essa metáfora se torna uma mensagem de esperança para todos que enfrentam seus próprios "poços horríveis," sabendo que a libertação divina é certa e poderosa.


Nosso Senhor enfrentou uma profunda solidão e escuridão em Sua maior tribulação, comparável a estar em um poço profundo e isolado. Abandonado por todos, inclusive por Deus, Ele experimentou o silêncio aterrador e a total ausência de luz. A angústia e o sofrimento de Cristo, intensificados pela solidão e escuridão, foram tão profundos que se aproximaram das misérias das almas condenadas, embora Ele, sendo santo e justo, sofreu em lugar dos pecadores. Sua dor era tão incompreensível que ninguém podia compreender plenamente Suas aflições.


Seu corpo ressurgiu do túmulo para, no tempo certo, ascender à glória. Ele emergiu do poço da sepultura, liberto de toda corrupção, dor, miséria ou derrota. Sua tristeza terminou, e Sua face está livre de qualquer preocupação. Embora ainda carregue as cicatrizes, elas agora brilham em Suas mãos e pés com esplendor...


Não mais a lança sangrenta,  

Nem a cruz e os cravos.  

O próprio inferno treme ao ouvir Seu nome,  

E todos os céus se prostram em adoração.


Cantem ao Senhor, vocês, Seus santos, enquanto contemplam seu Mestre, ressuscitado dentre os desprezados, abandonados e mortos.


Você está afundando no profundo lodo da culpa? O Senhor pode perdoá-lo, pois "o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado." Está preso pela consciência, sob o justo senso de ira merecida? Jesus lhe oferecerá descanso imediato se você vier a Ele. Sente-se incapaz de se ajoelhar em oração, pois seus joelhos escorregam no lodo da dúvida? Lembre-se, Jesus intercede pelos transgressores. Parece que, a cada movimento, você enterra sua esperança e afunda cada vez mais na ruína? O Senhor tem redenção abundante e graça triunfante. Não se desespere. Você pode não conseguir se libertar, mas Deus pode libertá-lo; você pode não se sustentar, mas Deus pode firmá-lo. Você pode sentir-se incapaz de ir até Ele ou de encontrar conforto entre seus semelhantes, mas o Senhor pode fazer com que você corra em Seus caminhos. Você ainda sairá com alegria e será conduzido em paz; as montanhas e colinas irromperão diante de você em cânticos. Olhe apenas para Cristo, tema e confie em seu Deus, e você também cantará ao Senhor, seu Libertador, com a seguinte canção: 


Ele me tirou de um poço horrível,  

Onde eu estava de luto por tanto tempo,  

Libertou meus pés de profundos grilhões,  

Do barro lamacento me resgatou.  

Sobre uma rocha firme Ele me colocou,  

E ensinou minha língua a cantar com alegria,  

Louvando as maravilhas de Sua poderosa mão,  

Com uma nova canção de gratidão.


RM-FRASES PROTESTANTES

Baseado no Sermão de C. H. Spurgeon

Sermão Nº 1674, pregado por C. H. Spurgeon na manhã do Dia do Senhor, 13 de agosto de 1882, no Tabernáculo Metropolitano, Newington.