29.8.24

Quando o Impossível se Torna Possível: O Milagre no Deserto -- Fazei neste vale muitas covas... 2 Reis 3

Quando o Impossível se Torna Possível: O Milagre no Deserto

Fazei neste vale muitas covas...


A Bíblia tem histórias que desafiam nossa compreensão, confundem os ateus e nos ensinam lições profundas sobre fé, obediência e as surpreendentes maneiras como Deus opera. Dois relatos bíblicos em particular, encontrados em 2 Reis 3, ilustram como a intervenção divina e as estratégias humanas se entrelaçam, resultando em milagres e vitórias inesperadas.


Segundo o comentário da Confissão de Fé de Westminster, Deus opera milagres através de Sua soberana vontade e poder, intervindo de maneira extraordinária na ordem natural do mundo que Ele mesmo criou. No capítulo V, que trata da providência, a Confissão afirma que, embora Deus sustente, dirija e governe todas as Suas criaturas e ações por meio de causas secundárias (as leis naturais que Ele estabeleceu), Ele também pode agir além ou contra essas leis naturais para cumprir Seus propósitos. Isso é visto como uma manifestação do poder divino que não está limitado ou confinado às leis ordinárias da natureza.


Deus opera milagres ao suspender ou modificar as causas secundárias de forma temporária e direta, demonstrando Sua soberania e poder absoluto sobre toda a criação. Esses atos miraculosos são excepcionais e servem para revelar a glória de Deus, confirmar Sua palavra e realizar Seus decretos eternos.


O Milagre no Vale Seco: Obediência e Fé


Por que caminho subiremos? Então disse ele: Pelo caminho do deserto de Edom...

E partiu o rei de Israel, e o rei de Judá, e o rei de Edom; e andaram rodeando com uma marcha de sete dias, e o exército e o gado que os seguia não tinham água...


Em 2 Reis 3:16-17, Deus dá uma ordem aparentemente ilógica: “Fazei neste vale muitas covas.” Para os reis de Israel, Judá e Edom, que enfrentavam a escassez de água no deserto de Edom, a ordem parecia absurda e contra intuitiva. Não havia nuvens no céu, nenhum sinal de chuva, e ainda assim, Deus prometeu que o vale se encheria de água sem que vissem vento ou chuva. Esta situação desafiadora revela uma verdade: Deus muitas vezes age de maneiras que ultrapassam nossa lógica e compreensão. A verdadeira questão não é entender o “como”, mas confiar no “quem” – o Deus que sempre cumpre Suas promessas.


Preparem este vale com valas para reter água, tanto para homens quanto para animais. Aqueles que esperam as bênçãos de Deus devem estar prontos para recebê-las. Vocês não verão vento nem chuva, mas o vale será preenchido com água. Deus não está limitado a meios comuns; Ele pode abençoar de formas inesperadas, e esse vale será cheio de água, o que torna o milagre ainda mais impressionante.


Matthew Henry comenta, -- Eliseu ordena que encham o vale com poços para receber água, mostrando que aqueles que esperam as bênçãos de Deus devem se preparar, assim como no vale de Baca, transformando até mesmo lugares áridos em fontes de vida (Sl 84:6). Não é necessário questionar de onde vem a água, pois Deus não está limitado a causas secundárias. Aqueles que sinceramente buscam o orvalho da graça de Deus o receberão e, através dele, serão feitos mais que vencedores.


Os soldados hebreus, em um ato de fé submissa, obedeceram sem questionar. Cavaram as valas, preparando o terreno para o milagre de Deus. Na manhã seguinte, o impossível aconteceu: o vale estava cheio de água. Mais impressionante ainda foi o efeito desta água aos olhos dos inimigos moabitas. -- Deus não somente lhe dará milagrosamente água, mas também entregará seus inimigos em suas mãos. Os moabitas foram com força máxima para tentar acabar com Israel, pois o esperado seria encontrar um exército exausto naquele ponto do deserto. -- Quando todos os moabitas ouviram que os reis tinham subido para lutar contra eles, reuniram todos os que podiam vestir armaduras e marcharam, e se puseram na fronteira.


A Ilusão que Leva à Derrota: Estratégia e Engano


E levantaram-se de madrugada, e o sol brilhou sobre as águas, e os moabitas viram as águas do outro lado, vermelhas como sangue.


Os moabitas, ao verem o reflexo do sol nas poças de água, confundiram o reflexo avermelhado com sangue. Eles concluíram que os exércitos aliados haviam se destruído entre si e, confiantes, correram para saquear o que pensavam ser um campo de batalha repleto de cadáveres. Esse erro fatal, nascido de uma ilusão, os levou diretamente à derrota nas mãos dos israelitas. – Comentário de Benson diz: Ao verem a água, os moabitas perceberam que os raios do sol a tornavam vermelha, refletindo como se fosse sangue. Isso os levou a concluir que os exércitos dos três reis haviam lutado entre si e se matado, já que sabiam que não havia água naquele local antes. Convencidos de que o sangue era dos reis mortos, os moabitas, sem enviar batedores, avançaram desordenadamente para saquear o que acreditavam ser um campo de batalha sem inimigos. No entanto, estavam enganados, e essa precipitação os levou à sua própria destruição. -- Também havia uma mão divina, fortalecendo-os em seus erros e endurecendo-os para sua destruição.


O Senhor Deus, como havia previsto por meio de Seu profeta, fez com que as forças da natureza, ordenadas por Ele, trabalhassem de maneira predeterminada para cumprir sua vontade soberana.


Essa narrativa nos ensina sobre os perigos de confiar demais em nossas percepções e agir precipitadamente sem considerar as possíveis armadilhas. Na vida, muitas vezes somos vítimas de ilusões semelhantes, tomando decisões baseadas em primeiras impressões, apenas para descobrir mais tarde que fomos enganados. Deus confunde seus inimigos, sempre.


A Devastação e o Terror: A Realidade da Guerra


Após a derrota inicial dos moabitas, os israelitas implementaram uma estratégia de devastação sistemática. Destruíram cidades, cortaram árvores frutíferas, entupiram poços e cobriram a terra com pedras. Essa ação não foi apenas uma demonstração de poder, mas também uma tática para garantir que Moabe não pudesse se reerguer rapidamente.


A guerra culminou em um ato trágico e desesperado: o sacrifício do filho do Rei de Moabe como holocausto sobre o muro da cidade. Este ato foi uma tentativa de invocar a ajuda de um ídolo, deus inútil, ou, pelo menos, causar horror nos inimigos. O sacrifício pagão causou repulsa entre os israelitas.


O que podemos extrair para nossas vidas hoje?


Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito – Rm 15.4


As histórias bíblicas não são apenas relatos históricos, mas fontes de lições práticas. Sobre cavar poços, primeiramente nos ensinam a confiar em Deus, mesmo quando Suas instruções parecem não fazer sentido. Como os reis que cavaram valas em um deserto seco, devemos estar dispostos a preparar nossos corações para receber as bênçãos divinas, mesmo quando as circunstâncias parecem adversas. Devemos orar por milagres e crer no sobrenatural ou Deus não realiza mais milagres? Obediência em Sua Palavra e fé, é isto que Deus quer do Seu povo.


Essas narrativas também nos exortam sobre os perigos de ilusões e decisões precipitadas. Devemos ser cuidadosos em nossas percepções e não nos deixarmos enganar pelas aparências. A verdadeira sabedoria vem de buscar a orientação de Deus em todas as coisas. Não ser enganado pelo que vê, mas acreditar nas promessas de Deus.


Também somos lembrados das realidades atrozes da guerra e da necessidade de manter nossa fé em meio ao caos. A misericórdia de Deus é infinita, e Ele nos chama a viver de maneira justa e piedosa, mesmo em meio aos desafios mais difíceis.


Esses relatos nos desafiam a ter fé, a agir com discernimento, e a confiar que Deus sempre faz o impossível acontecer quando seguimos Suas promessas. Que possamos, como os reis de Israel, Judá e Edom, ter a coragem de cavar valas em nossos desertos e esperar com fé pelo milagre que só Ele pode realizar.


RM-FRASES PROTESTANTES

Uma Mensagem de Deus enviada para a prisão


Uma Mensagem de Deus enviada para a prisão


...Enquanto Jeremias ainda estava detido no átrio da prisão, foi-lhe dirigida a palavra do Senhor... Jr 33.1


Contexto:

O capítulo 33 do livro de Jeremias traz uma mensagem de esperança em meio à adversidade. Escrito durante um período de grande sofrimento e desespero para o povo de Israel, enquanto o profeta Jeremias estava preso, é um memoral do amor e da fidelidade de Deus, mesmo nos momentos mais sombrios. Deus é fiel, mesmo quando somos infiéis.


Deus fala a Jeremias, prometendo cura e restauração para Jerusalém, uma cidade então devastada pela guerra e pelo pecado. Apesar do julgamento que havia caído sobre o povo, o Senhor reafirma Sua intenção de reconstruir e restaurar Israel e Judá. A promessa é clara: onde há desolação, haverá abundância; onde há dor, haverá cura. A promessa de Deus é estável como o ciclo da noite e do dia.


Uma das promessas maravilhosas deste capítulo é a reafirmação da aliança de Deus com a dinastia de Davi. Deus garante que sempre haverá um descendente de Davi no trono de Israel e que os sacerdotes levitas continuarão a oferecer sacrifícios em Seu nome. Esta promessa aponta para a continuidade da aliança e a vinda do Messias, um descendente de Davi que traria salvação e paz.


A certeza de Suas promessas de benção é imutável. Esta passagem nos lembra que, mesmo quando tudo parece perdido, Deus está no controle e tem um plano de restauração e esperança.


Em meio às nossas próprias dificuldades e provações, podemos confiar em Deus e em Suas promessas. Ele é fiel para cumprir o que prometeu, e Sua restauração é certa para aqueles que O buscam. Esta mensagem nos chama para renovarmos nossa fé e esperança em Deus, confiando que Ele sempre tem o melhor para nós, mesmo nos momentos de maior desafio.


A Palavra de Deus chega aos lugares mais improváveis aos seus. O profeta Jeremias recebeu uma mensagem de Deus enquanto estava preso. Mesmo em meio à desgraça e aflição, Deus continua a se comunicar com ele. Isso nos ensina que:


1. Deus Está com Seus Filhos, Mesmo nos Momentos Difíceis


Jeremias, um verdadeiro servo de Deus, estava na prisão, mas isso não era um castigo pelos seus pecados. Às vezes, enfrentamos desafios não porque erramos, mas porque Deus tem um plano maior para nossas vidas. Obviamente, muitos presos merecem a prisão, mas no caso de Jeremias ele estava preso inocentemente.


2. Honrado por Deus, Mesmo Desprezado pelos Homens


Embora as pessoas possam não valorizar ou até desprezar um servo de Deus, Deus o honra de maneiras que o mundo não pode compreender. Receber uma mensagem direta de Deus é a maior honra que alguém pode ter, e Jeremias não tinha o que temer, pois estava seguro nas mãos de Deus. Bem aventurado os humildes, mansos, pacificadores e perseguidos em nome do Senhor.


3. O Conforto de Deus em Meio à Aflição


Deus oferece um conforto maravilhoso a Jeremias: a oração. Ele diz: "Clame a Mim, e Eu responderei." Essa promessa de Deus é um convite gracioso para todos nós. Não importa quão difícil seja o tempo, podemos sempre orar e confiar que Deus nos mostrará grandes e poderosas coisas.


4. Deus Controla a Prosperidade e a Adversidade das Nações


Deus lembra a Jeremias que Ele está no controle de tudo, inclusive do destino das nações. A história de qualquer nação só pode ser entendida plenamente quando reconhecemos o governo soberano de Deus. Ele é o Senhor das nações.


5. A Cura Vem de Deus


Para que uma nação ou uma pessoa seja verdadeiramente curada, é essencial que Deus faça essa obra. Deus promete purificar e perdoar, limpando toda iniquidade. Quando isso acontece, as pessoas reconhecem a bondade de Deus e Ele é glorificado.


Jeremias 33 é uma mensagem de esperança e consolo, mostrando que, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, Deus está presente, pronto para ouvir e agir em favor de Seus filhos, seja numa prisão, seja numa caverna, seja num palácio, sua Palavra adentra os lugares mais distantes e profundos.


RM-FRASES PROTESTANTES

28.8.24

Onde o Poço se Torna Púlpito: Pregando a Esperança do Salmo 40 - Redenção Abundante e Graça Triunfante em Cristo


Onde o Poço se Torna Púlpito: Pregando a Esperança do Salmo 40 - 
Redenção Abundante e Graça Triunfante em Cristo


O Salmo 40:1-3 nos oferece uma das imagens mais belas e poderosas da relação entre o ser servo de Deus e Deus. As palavras de Davi — "Esperei pacientemente pelo SENHOR; e ele se inclinou para mim, e ouviu meu clamor. Ele me tirou também de um poço horrível, de um lodo de lodo, e colocou meus pés sobre uma rocha, e firmou meus passos" — são frequentemente citadas para descrever a experiência de muitos crentes. Esse trecho expressa de maneira tocante como Deus nos levanta do desespero para nos colocar em um lugar de firmeza e segurança. Deus não resgata os seus eleitos do caos à lama, mas da lama à luz, do caos ao forte refúgio e escudo.


Ao refletirmos sobre essa passagem, é importante questionar nossa própria capacidade de esperar pacientemente. Muitos de nós, se formos honestos, talvez tenhamos esperado impacientemente pelo Senhor em diversas situações de nossas vidas. A paciência, afinal, é uma graça que, embora desejada, ainda é escassa em nosso dia a dia. Muitos estão esperando impacientemente pelo Senhor. Mas o Oleiro tem paciência para amaciar o barro e deixa-lo mais paciente.


O Salmo 40 e o Messias


Ainda que esse salmo seja amplamente aplicado à experiência dos eleitos, é importante reconhecer que ele inicialmente aponta para uma figura maior que Davi: o Messias. Ao lermos o salmo em sua totalidade, nos deparamos com passagens que claramente se referem a Cristo: "Sacrifício e oferta, Tu não desejaste; meus ouvidos abriste; holocausto e oferta pelo pecado não requereste. Então eu disse, no rolo do livro está escrito de Mim, deleito-me em fazer a tua vontade, ó meu Deus; sim, a tua lei está dentro do meu coração."


Essas palavras deixam evidente que o verdadeiro protagonista desse salmo é o Senhor Jesus. Ele, e somente Ele, pôde viver essa experiência de maneira plena e na mais alta perfeição.


Refletindo a Experiência de Cristo em Nossas Vidas


Como crentes, somos chamados a refletir em nossas vidas a experiência de nosso Senhor. Assim como Ele esperou pacientemente e foi exaltado por Deus, somos convidados a meditar nessa paciência, mesmo que muitas vezes falhemos. 

Cada crente é como um espelho que reflete a experiência de Jesus. Mas precisamos ter cuidado para não nos concentrarmos tanto no reflexo a ponto de perder de vista a imagem original — a vida e o exemplo de Cristo, que é a base de nossa fé e esperança. Nós falhamos, mas encontramos a perfeição nEle e somente nEle.


O Salmo 40 nos ensina sobre a importância da paciência e da confiança em Deus, mas também nos lembra que nossa salvação e firmeza vêm do Senhor Jesus. Que possamos, ao meditar nesse salmo, não apenas buscar refletir essas virtudes em nossas vidas, mas também reconhecer e louvar a obra redentora de Cristo, que tornou possível essa transformação em nós.


A Paciência, Libertação e Recompensa de Cristo


Quando observamos nosso Senhor em Sua maior e extrema tribulação, somos convidados a refletir sobre três aspectos essenciais de Sua experiência, conforme o Salmo 40.


Primeiro, vejamos o comportamento de Jesus: "Esperei pacientemente pelo Senhor; e ele se inclinou para mim, e ouviu meu clamor." Essa paciência de Cristo em meio à dor e à angústia como prisioneiro, sendo torturado e humilhado nos ensina a confiar no tempo de Deus, sabendo que Ele ouve nosso clamor.


Em segundo lugar, consideremos a libertação de nosso Senhor: "Ele me tirou também de um poço horrível, do lodo." Essa imagem poderosa simboliza a vitória de Cristo sobre a morte e o pecado, quando Ele foi ressuscitado e colocado em posição de honra.


A terceira reflexão é sobre a recompensa do Senhor: "Muitos verão, e temerão, e confiarão no Senhor." O sofrimento e a ressurreição de Cristo não foram em vão; pelo contrário, eles trouxeram salvação para muitos, que agora confiamos no Senhor e louvamos Seu nome.


Reconheçamos a semelhança entre Cristo e Seus seguidores. Assim como Ele foi tirado do poço da destruição, também nós, Seus eleitos, somos resgatados e recebemos uma nova canção de louvor. Cristo, em Sua graça, nos chama de irmãos, pois, em cada um de nós, a experiência de vitória sobre o sofrimento se repete, ainda que em uma escala bem menor.


Que isso nos inspire a seguir o exemplo de Cristo, esperando pacientemente em Deus, confiando em Sua libertação e reconhecendo a recompensa de trazer glória ao Seu nome.


A Libertação de Cristo: Um Resgate do Poço Horrível


Ao meditarmos sobre a libertação de nosso Senhor, somos levados a contemplar um dos momentos mais profundos e sombrios de Sua vida. Quando o tempo foi cumprido, e a paciência teve seu trabalho perfeito, Jesus foi resgatado das profundezas da tristeza. Essa libertação é apresentada através de duas imagens poderosas, sendo a primeira uma saída de um "poço horrível."


Essa metáfora é terrivelmente sugestiva e evoca as piores condições de confinamento que a humanidade já experimentou. Imagine um poço escuro e sufocante, como o calabouço em Roma, onde, segundo a tradição, Pedro e Paulo foram aprisionados. Este lugar era mais que uma prisão; era uma cova de desespero. Sem entrada de luz, sem ar fresco, os prisioneiros eram baixados por uma abertura no topo, que, uma vez fechada, os isolava completamente do mundo exterior. 


Esse "poço horrível" simboliza o auge do sofrimento e da separação da dignidade humana, um estado de completo abandono e esquecimento. Nas masmorras mais cruéis, os prisioneiros eram emparedados, deixados para morrer, cortados de toda esperança e memória. Eles habitavam uma "terra da sombra da morte," esquecidos e enterrados vivos, sem qualquer esperança de libertação.


É justamente desse abismo que Cristo foi resgatado. Sua libertação da morte e do sofrimento extremo não foi apenas um evento histórico; é uma imagem poderosa da vitória sobre as forças que buscam aprisionar e destruir. Ele foi retirado do "poço horrível," trazendo consigo a promessa de que, mesmo nos momentos mais sombrios, a luz da salvação de Deus pode nos alcançar.


Essa libertação de Cristo serve como um memorial constante de que, por mais terrível que seja o poço em que nos encontramos, há esperança em Deus. Ele é capaz de nos resgatar das profundezas do desespero, assim como fez com Seu Filho amado. E assim, essa metáfora se torna uma mensagem de esperança para todos que enfrentam seus próprios "poços horríveis," sabendo que a libertação divina é certa e poderosa.


Nosso Senhor enfrentou uma profunda solidão e escuridão em Sua maior tribulação, comparável a estar em um poço profundo e isolado. Abandonado por todos, inclusive por Deus, Ele experimentou o silêncio aterrador e a total ausência de luz. A angústia e o sofrimento de Cristo, intensificados pela solidão e escuridão, foram tão profundos que se aproximaram das misérias das almas condenadas, embora Ele, sendo santo e justo, sofreu em lugar dos pecadores. Sua dor era tão incompreensível que ninguém podia compreender plenamente Suas aflições.


Seu corpo ressurgiu do túmulo para, no tempo certo, ascender à glória. Ele emergiu do poço da sepultura, liberto de toda corrupção, dor, miséria ou derrota. Sua tristeza terminou, e Sua face está livre de qualquer preocupação. Embora ainda carregue as cicatrizes, elas agora brilham em Suas mãos e pés com esplendor...


Não mais a lança sangrenta,  

Nem a cruz e os cravos.  

O próprio inferno treme ao ouvir Seu nome,  

E todos os céus se prostram em adoração.


Cantem ao Senhor, vocês, Seus santos, enquanto contemplam seu Mestre, ressuscitado dentre os desprezados, abandonados e mortos.


Você está afundando no profundo lodo da culpa? O Senhor pode perdoá-lo, pois "o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado." Está preso pela consciência, sob o justo senso de ira merecida? Jesus lhe oferecerá descanso imediato se você vier a Ele. Sente-se incapaz de se ajoelhar em oração, pois seus joelhos escorregam no lodo da dúvida? Lembre-se, Jesus intercede pelos transgressores. Parece que, a cada movimento, você enterra sua esperança e afunda cada vez mais na ruína? O Senhor tem redenção abundante e graça triunfante. Não se desespere. Você pode não conseguir se libertar, mas Deus pode libertá-lo; você pode não se sustentar, mas Deus pode firmá-lo. Você pode sentir-se incapaz de ir até Ele ou de encontrar conforto entre seus semelhantes, mas o Senhor pode fazer com que você corra em Seus caminhos. Você ainda sairá com alegria e será conduzido em paz; as montanhas e colinas irromperão diante de você em cânticos. Olhe apenas para Cristo, tema e confie em seu Deus, e você também cantará ao Senhor, seu Libertador, com a seguinte canção: 


Ele me tirou de um poço horrível,  

Onde eu estava de luto por tanto tempo,  

Libertou meus pés de profundos grilhões,  

Do barro lamacento me resgatou.  

Sobre uma rocha firme Ele me colocou,  

E ensinou minha língua a cantar com alegria,  

Louvando as maravilhas de Sua poderosa mão,  

Com uma nova canção de gratidão.


RM-FRASES PROTESTANTES

Baseado no Sermão de C. H. Spurgeon

Sermão Nº 1674, pregado por C. H. Spurgeon na manhã do Dia do Senhor, 13 de agosto de 1882, no Tabernáculo Metropolitano, Newington.


20.8.24

A Queda de Dagom e aplicação pastoral – 1 Samuel 5


A Queda de Dagom e aplicação pastoral – 1 Samuel 5


1 Samuel 5 relata o episódio em que a Arca da Aliança, capturada pelos filisteus após uma batalha, é levada para a cidade de Asdode e colocada no templo de Dagom, o deus deles. Mas, na manhã seguinte, a estátua de Dagom é encontrada caída diante da Arca, como se estivesse se prostrando. Eles colocam a estátua de volta em seu lugar, mas no dia seguinte, Dagom novamente cai, e desta vez sua cabeça e mãos são quebradas.


Ao mesmo tempo, os habitantes de Asdode e das cidades filisteias próximas começam a sofrer com tumores e pragas de ratos, uma aflição enviada por Deus por terem mantido a Arca da Aliança num templo pagão. A situação se torna tão insuportável que os filisteus decidem enviar a Arca para outra cidade, mas as pragas os seguem. Finalmente, os filisteus concluem que precisam devolver a Arca ao povo de Israel para acabar com seu sofrimento. O capítulo 5 mostra o poder de Deus sobre os deuses dos filisteus e as nações que não respeitam Sua santidade. Alguns ensinamentos importantes se destacam desse capítulo:


Primeiramente, a soberania de Deus não pode ser desafiada. O Deus de Israel é o Deus soberano e supremo, não só sobre Israel, mas sobre todas as nações e deuses. Mesmo quando a Arca da Aliança está em território inimigo, Deus mostra Seu poder, derrubando a estátua de Dagom e trazendo calamidades sobre os filisteus. A presença da Arca simbolizava a presença do Deus de Israel e não podia ser tratada de qualquer jeito. A soberania de Deus humilha os ídolos. Mesmo em território inimigo, longe de seu povo eleito, Deus mostra que Ele está no controle de todas as nações e circunstâncias. Quando a estátua de Dagom cai diante da Arca, Deus está mostrando que Ele não é limitado por fronteiras geográficas ou pelas crenças dos homens. Isso nos lembra que Deus governa sobre toda a criação, independentemente de onde estamos ou das circunstâncias em que nos encontramos.


Em segundo lugar, a santidade de Deus não pode ser profanada, os filisteus tentaram incorporar a Arca em seu templo, mas sofreram as consequências. Isso ensina que a santidade de Deus não pode ser ignorada ou manipulada. A presença de Deus não pode ser cativa; Ele sempre triunfa. Os filisteus tentaram tratar a Arca como algo comum, algo que poderia ser incorporado em seu culto a Dagom. Mas, as pragas e calamidades que se abateram sobre eles são uma forte mensagem de que a santidade de Deus não pode ser ignorada ou desrespeitada. Para nós hoje, essa é uma lembrança de que precisamos tratar as coisas de Deus com reverência e respeito, reconhecendo que Ele é santo e digno de toda honra. Que essa antiga história lembre a igreja contemporânea que não trate as coisas de Deus com irreverência.


Em terceiro lugar, o poder de Deus não pode ser comparado, os deuses são como nada diante do poder de Deus. O fato de Dagom cair diante da Arca duas vezes, e eventualmente ser quebrado, simboliza a ridícula impotência dos ídolos e falsos deuses diante do Deus verdadeiro. Esta é uma lição sobre a futilidade de confiar em deuses falsos ou objetos materiais. Quando Deus está presente, até os ídolos mais poderosos caem diante d'Ele. Isso nos ensina sobre a ingenuidade de confiar em ídolos, sejam eles de pedra, ouro, ou mesmo em coisas materiais como riqueza, poder, ou status. Nada pode se comparar ao poder e à autoridade de Deus, e qualquer coisa que colocamos em Seu lugar é destinada a cair e falhar. E por Ele ser um Deus zeloso e ciumento de sua glória, Ele destruirá todos os ídolos do nosso coração.


Em quarto lugar, a justiça de Deus sempre chega. Os filisteus experimentaram punições severas por capturarem e profanarem a Arca. Isso reforça que há consequências para aqueles que desrespeitam as coisas sagradas ou desafiam a autoridade de Deus. As pragas que atingem os filisteus são um lembrete do poder de Deus para julgar e corrigir as nações. Mesmo sem a intervenção direta dos israelitas, Deus mostrou Sua justiça e poder de julgamento. O poder e a santidade de Deus são incomparáveis. O poder de Deus é inigualável, e nenhum ídolo pode resistir à Sua soberania. A santidade de Deus derruba falsos deuses e revela a futilidade da idolatria. Há um preço a ser pago pela desobediência e desrespeito às coisas sagradas. Esta é uma lição clara de que nossas ações têm consequências, especialmente quando desconsideramos a Palavra de Deus.


Mesmo sem intervenção humana direta, Deus trouxe justiça sobre os filisteus, mostrando que Ele é um juiz justo e todo-poderoso. Isso nos lembra que, mesmo quando parece que o mal prevalece, Deus ainda está no controle e trará justiça no tempo certo.


A justiça divina nunca falha; nossas ações têm consequências, e Deus, em Sua soberania, sempre restaurará a ordem conforme Sua vontade. Este capítulo nos desafia a abandonar a idolatria e viver com confiança no poder de Deus, reconhecendo que Ele é justo e fiel em cumprir Sua justiça. Ao refletir sobre essas verdades, somos chamados a viver com reverência, confiando que o julgamento de Deus trará a devida restauração e paz.


O que essa queda de Dagom tem a ver com a gente hoje? Algumas aplicações pastorais:


É comum que o cristão enfrente batalhas internas e externas, onde as tentações parecem ressuscitar antigos hábitos e comportamentos, como um “Dagon” tentando se erguer novamente em nossas vidas. Este cenário é especialmente frequente em novos convertidos, que, apesar de terem experimentado uma transformação genuína, podem se sentir pressionados a retornar aos antigos caminhos quando expostos a velhas companhias e tentações. Mas não deixa de perseguir os mais veteranos na fé.


A luta da santificação é real e intensa, mas a graça é triunfante. Mesmo aqueles determinados a resistir muitas vezes se veem cercados por tentações que parecem não ter fim. Há momentos em que, após inúmeras recusas, a resistência enfraquece e, num deslize momentâneo, o cristão pode se ver caindo, sentindo que falhou em sua fé. Esse sentimento de derrota pode levar ao desespero, fazendo-o questionar a autenticidade de sua conversão e o poder da graça em sua vida. Mas nunca esqueça, Deus é zeloso por sua glória e não abandona a obra que começou, Ele cuida dos seus eleitos, e por causa desse amor profundo e imutável destrói todos os ídolos de nosso coração. Nenhum Dagom fica de pé em sua presença.


Mesmo nessas nossas quedas, há uma obra maior em andamento. Ao reconhecer o erro, o cristão muitas vezes retorna com mais humildade, coração mais terno, e uma gratidão renovada pela graça de Cristo. Essas experiências dolorosas, embora difíceis, acabam fortalecendo a fé e moldando o caráter, resultando em um amor mais profundo por Cristo e uma compreensão maior de sua dependência de Deus. A batalha espiritual, com suas vitórias e derrotas, é parte essencial do crescimento da fé.


A história da queda de dagom nos convida a meditar na soberania e santidade de Deus, a abandonar qualquer forma de idolatria, e a lembrar que nossas ações têm consequências. Mais do que isso, ela nos conforta com a certeza de que Deus, em Sua justiça, sempre trará o juízo e restaurará nossa vida conforme Sua vontade.


Como destaca o comentário conciso de Matthew Henry, o triunfo da Arca sobre Dagom simboliza a vitória inevitável do reino de Cristo sobre o reino de Satanás, não do erro sobre a verdade, da profanação sobre a piedade, e da corrupção sobre a graça nos corações dos crentes. Mesmo quando os interesses da vida cristã parecem estar prestes a afundar, podemos confiar que o dia de seu triunfo chegará. Quando Cristo, a verdadeira Arca da Aliança, entra no coração humano, todos os ídolos caem, o pecado é abandonado e o Senhor reivindica o trono.


Assim como a estatua de Dagom quebra em pedaços, os cacos ainda permanecem, o orgulho, o amor-próprio e as concupiscências mundanas ainda permanecem. Por isso, devemos vigiar e orar para que não prevaleçam, buscando que sejam completamente destruídos ao longo das batalhas da santificação. Somos desafiados a viver com mais reverência, confiança e obediência ao Deus que é soberano sobre todas as coisas, confiando que Seu reino triunfará sobre todas as trevas.


CH Spurgeon fez uma feliz aplicação pastoral e resumiu: O que aconteceu na noite mencionada no texto? Dagom caiu diante da Arca quando tudo estava quieto e parado no templo. O pensamento é um canal de imenso benefício para a alma. Feche as portas do templo e deixe tudo ficar em silêncio; então, o Espírito Santo fará maravilhas na alma.


Pense nas coisas do alto, fortaleça sua esperança de libertação completa, haverá um dia que não teremos mais necessidades de lutar, de jejuar, de vigiar, de chorar pelo pecado do dia antes de adormecer à noite; não haverá mais pecado para confessar, nenhum demônio para tentá-los, nenhuma preocupação mundana, nenhuma luxúria, nenhuma inveja, nenhuma depressão de espírito, nenhuma descrença, nada do tipo. E estamos no caminho dessa alegria celestial, não desanimemos.  Estamos no caminho, Deus está destruindo os Dagons de nossa vida, cada dia, não restará pedra sobre pedra.


RM-FRASES PROTESTANTES


8.8.24

Escatologia de tabloide - Escatologia lixo que não serve nem para reciclar

Escatologia de Tabloide


Escatologia é uma área da teologia das mais cansativas e desgastantes, pois o sensacionalismo vende e atrai. Mil anos de manchetes sensacionalistas! Sempre que ocorre um evento impactante, alguém grita: "Jesus está voltando!" Retorno de Jesus, Milênio, Apocalipse 20, Grande Tribulação, sofrimento, caos, arrebatamento, Israel, Anticristo, apostasia, juízo final... A cada manchete de jornal ou vídeo sensacionalista, é sempre o fim!


São mil anos de paciência! Nos anos 1980, você tinha um herege aqui e outro ali, mas hoje são milhares de hereges passando pela tela do celular! A negação da verdade bíblica é espantosa. Caçadores de likes e oportunistas sabem que as pessoas têm coceiras no ouvido por novidades, enigmas e curiosidades. Por isso, há uma enxurrada de exploradores de temas polêmicos, chocantes e emocionantes que apelam para a curiosidade das pessoas.


Geralmente, usam formatos impactantes e urgentes, com linguagem forte e imagens marcantes para gerar uma resposta emocional rápida, como medo, surpresa ou exclusividade. O povo ama a sensação exagerada de urgência; o que importa é chamar a atenção e viralizar.


Se eu tenho um quebra-cabeça de mil peças e vejo uma guerra aqui, outra ali, monto mais uma peça e fico satisfeito com a minha própria opinião... Isso se chama viés de confirmação. Seja uma guerra, um terremoto, um novo líder político, uma epidemia, uma seca... Tudo faz parte de um quebra-cabeça gigante que me deixa mais seguro de que estou certo. Isso se chama escapismo!


Nós fugimos das nossas rotinas diárias de várias formas e mergulhamos em mundos dramáticos ou intrigantes, seja por filmes, séries, drogas, pornografia ou escatologia. Na pandemia de 2020, muitos disseram que iam morar em um sítio afastado, plantar suas hortas, criar seus bichos, estocar alimentos, se armar até os dentes e se isolar com a família. Como se, em um apocalipse zumbi, se isolar em um sítio fosse resolver o problema... Na primeira fumaça de feijão no ar, não sobrariam nem os cachorros do sítio.


A mentalidade escapista ocorre em vários níveis. Um nível comum é buscar um transe hipnótico nos chamados "cultos" de igreja. Não é de hoje que se usa música para gerar transe e êxtase coletivo em um clima emocional. Muitos falsos profetas sabem disso e exploram o transe hipnótico, além do doutrinamento sectário. Se eu junto esse combo manipulativo com escatologia, aí a coisa fica feia! Não é lavagem cerebral, é uma lavanderia cerebral! E ainda se lava dinheiro e pix!


Os mercenários que se dizem pastores colocam a mente dos seguidores fora deste mundo e colocam as mãos nos bolsos do povo neste mundo, com dinheiro deste mundo! Falam de um reino no céu, que não é deste mundo, que se deve buscar as coisas que são de cima, que o mundo não é importante, mas a exploração financeira é bem deste mundo! E haja pix!


Alarmismo e sensacionalismo escatológico são como usar uma droga de efeito rápido e potente. Assim como as drogas oferecem um alívio temporário e superficial para problemas mais profundos, ignorando as consequências, grande parte do mundo se entrega a distrações e entretenimento enquanto ignora a verdade óbvia. Escatologia barata é uma fuga temporária da realidade, substituindo a reflexão sóbria por sensações passageiras.


Quando Hollywood e novelas da Record popularizam narrativas escatológicas, isso já deveria acender um alerta sobre algo errado nas pessoas que frequentam igrejas. O fim dos tempos é um tema que vende, assim como filmes de tsunamis, furacões, terremotos, guerras e epidemias. Taças e trombetas, armagedom, Anticristo... Claro que o mundo é caótico e difícil de entender, por isso mesmo as teorias conspiratórias vendem!


Você quer um apocalipse para chamar de seu? Temos a necessidade de pertencimento, por isso há tantas comunidades presenciais e digitais. É a mentalidade de seita: pessoas com visões de mundo semelhantes compartilham um senso de identidade e propósito. Glória a Deus por sua sabedoria que coloca como consequência do pecado mais pecado. Ninguém peca impunemente no mundo do Deus justo; o que se planta, se colhe. Pecado gera mais pecado e leva à morte.


Por que estou dizendo isso? Porque os líderes religiosos que contaminam a mente do povo com escatologia sensacionalista, eles mesmos, em algum momento, se tornarão anticristos! Todo pregador sensacionalista do anticristo se tornará um... Glória a Deus! Eles passam a vida toda profetizando que ninguém deve confiar em ninguém, que o mundo jaz no maligno, que não se deve confiar no governo, nas instituições e mídias (em parte estão corretos!), mas apenas ouvir a voz profética deles!


Eles pregam que os manipuladores do mundo, uma elite mundial, estão conduzindo a história para o anticristo e escondendo a verdade de você. Geram constantemente medo e insegurança em nome de Jesus! Em tempos de crises econômicas, políticas, sociais, incertezas e pandemias, as pessoas precisam achar um profeta, um homem de Deus que tenha a voz da verdade. Isso é uma forma de lidar com o medo e a insegurança, recebendo mais medo e ansiedade. Os falsos profetas caçadores de likes oferecem uma sensação de controle e compreensão dos tempos, e como moeda de troca oferecem sensacionalismo, entretenimento, passatempo, pertencimento e confirmação das crenças pessoais. Mas, em algum momento, esses falsos profetas pagarão o preço ou cairão em alguma desgraça autoprofetizada. De tanto gerar desconfiança, um dia as pessoas desconfiam até deles mesmos!


Jeremias 23:16: "Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor." 


Jeremias 23:21: "Não mandei esses profetas, contudo, eles foram correndo; não lhes falei, contudo, eles profetizaram."


Leia Jeremias capítulo 23. Deus critica severamente os líderes e pastores de Israel que falharam em guiar e proteger o povo. Eles são responsabilizados por dispersar e destruir as ovelhas do rebanho em vez de cuidá-las e protegê-las. Deus condena os falsos profetas que pregam mentiras e enganam o povo, e enfatiza que o verdadeiro profeta deve falar a Palavra de Deus com sinceridade e integridade.


Fuja do Sensacionalismo!


Se realmente você quer entender escatologia, comece com estudo bíblico ou com bíblias de estudo e compare as interpretações. Consulte livros e comentários sobre livros-chave como Daniel, Evangelhos e Cartas. Filtre seus estudos, consulte livros e comentários, compare, ore e peça a Deus sabedoria. Busque cursos mais completos sobre o tema com aprofundamento teológico, e não se limite a podcasts sensacionalistas. Enriqueça sua compreensão com diferentes pontos de vista. Isso exige tempo e dedicação.


Compare futurismo com preterismo, entenda as linhas futuristas e preteristas, pois nem todos são iguais. Compare historicismo com idealismo, amilenismo com pós-milenismo, pré-milenismo com dispensacionalismo, etc. O futurismo hoje reina entre os evangélicos e, por ser mais popular, merece uma atenção especial para discernir o que é verdade e o que é sensacionalismo/ficção.


Hoje em dia, não há desculpa para não estudar qualquer assunto. Com buscadores, inteligência artificial, milhares de artigos, PDFs e livros disponíveis sem frete, só não estuda quem não quer! Enquanto tiver um professor ensinando, o aluno tem na palma da mão uma ferramenta poderosa de pesquisa para questionar o ensino. Temos mil versões bíblicas e comentários ao nosso alcance. Filtre, questione e coloque em xeque os gurus. Faça isso ou passe mil anos na ignorância com um anticristo para chamar de seu!


RANIERE M MENEZES - FRASES PROTESTANTES



6.8.24

Saul também está entre os profetas?

Saul também está entre os profetas?

O povo diz: "Está Saul também entre os profetas?"  1Sm 19.24


Em 1 Samuel 19, o rei Saul, irado e com inveja mortal de Davi, decide matá-lo (Salmo 59). Davi, no entanto, é alertado por sua esposa Mical e foge para se esconder com o profeta Samuel em Naiote. Saul manda vários grupos de homens para capturá-lo, mas todos acabam entrando em transe profético ao encontrarem Samuel e seus profetas. Mesmo depois de várias tentativas, Saul obstinado acaba indo pessoalmente para Ramá, onde também é tomado pelo Espírito de Deus e começa a profetizar em transe, despido e deitado o dia inteiro. Isso fez com que as pessoas se perguntassem em zombaria: "Está Saul também entre os profetas?"


Esse evento mostrou como Deus tem controle sobre o coração das pessoas e pode mudar seus caminhos conforme Sua vontade. Saul entendeu que estava lutando contra Deus e, por isso, desistiu de seu plano. No entanto, ele estava tão endurecido que a ira o cegava. A experiência de Saul e seus mensageiros destacou o poder de Deus e a futilidade de lutar contra Ele. A pergunta “Está Saul também entre os profetas?” refletia o impacto desse episódio, que foi uma nova exemplificação de um provérbio já conhecido (1 Samuel 10:12).


Você já se perguntou se Saul, o rei de Israel, também era profeta? Parece estranho pensar que alguém como Saul, que foi conhecido por sua teimosia e desobediência, pudesse receber um dom tão especial. Esse mesmo questionamento surgiu antes, e as pessoas ficaram surpresas ao ver alguém com essas características recebendo um presente tão desejado (1 Samuel 10:12).


Santo Agostinho comentou que muitas vezes pessoas ruins recebem dons de Deus, como talento, habilidade e riqueza. Ele mencionou que, embora o dom de profetizar seja valioso, Saul, um rei que agia de maneira ímpia, também o recebeu. Mesmo quando estava perseguindo Davi, Saul profetizava. Agostinho alerta que os dons de Deus não significam nada sem amor verdadeiro e que, no final, todos prestarão contas a Deus sobre como usaram esses dons (1 Coríntios 13:1-2).


Não devemos nos orgulhar dos dons que temos. É essencial buscar a graça, como uma fonte de água que nos dá vida eterna (João 4:14). Devemos nos apegar à verdade e à santidade com um coração sincero. Em momentos difíceis, procuremos a proteção, o conforto e a direção nas orientações de Deus (Salmos 59; 119:105).


Não raras vezes temos dons e talentos e passamos o rolo compressor nos irmãos em Cristo, seja em nome de uma suposta superioridade teológica ou moral, seja por arrogância e falta de amor. Quantas vezes deveríamos usar Mateus 18, que ensina como tratar a ofensa de um irmão de modo correto, bíblico e amoroso, mas passamos o rolo compressor sem misericórdia? É mais fácil chamar um irmão de herege com uma tocha acesa na mão e lenha para queimar. O espírito de sinédrio reina, e muitas vezes somos servos impiedosos. Ser um tropeço para os irmãos é tão grave que seria melhor pendurar uma pedra no pescoço e pular no mar. Muitas vezes estamos agindo como Saul: profetizamos e agimos como Judas. Saul tinha teologia, mas sem amor. Teologia sem amor é espírito assassino, algo que Satanás tem de sobra. 


O ditado "a barba não faz o profeta" é uma expressão popular verdadeira que significa que a aparência de uma pessoa não define sua verdadeira sabedoria ou autoridade. Em outras palavras, não é porque alguém tem uma aparência ou um título que isso o qualifica para desempenhar um papel de liderança ou orientação. A expressão sugere que é mais importante avaliar as ações, os frutos e o caráter da pessoa do que julgar apenas pela aparência externa ou pelos adornos. Esse ditado reflete uma ideia de que o verdadeiro valor ou a verdadeira sabedoria vêm de qualidades internas e ações, não apenas de aparência ou status. Siga os frutos, onde estão os frutos? Saul profetizava, mas e o amor? Profetiza mas...e o amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. O poder ilusório cega, a vaidade cega, seja por status, dinheiro, teologia ou qualquer outro falso deus.


O que você tem que não tenha recebido? E se o recebeu, por que se orgulha, como se assim não fosse? 1Co4.7.


RM-FRASES PROTESTANTES