A televisão abusa, sim, do direito de informar e divertir quando, sem pedir licença, invade a nossa privacidade e impõe-nos cabeça adentro a marca do desrespeito que seus mentores intelectuais têm por nossas vidas morais. Mais que isso, manipulam o voyeurismo, o sadismo ou qualquer outra perversão latente em todos nós, exclusivamente de olho nos índices de audiência e nas contas bancárias. Contando com a passividade dos indivíduos reduzidos ao estado de massas, vendem escroqueria, sabendo que a maioria é incapaz de desligar o botão ou passar para outro canal quando se vê moralmente agredida.
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Quatro atributos, todos detestáveis, compõem o perfil da cultura brasileira hoje: o cinismo, a delinqüência, a violência e o narcisismo. Não é fácil, antes é muito doloroso, admitir que eles se tornaram a confusa imagem de nosso país. O cotidiano brasileiro nos leva, sempre, a deparar com cínicos, delinqüentes, homens violentos e lamentáveis narcisistas com a pose de homens de bem. Heróis de tempos obscuros, eles estão por toda parte – e um pouco dentro de nós mesmos.
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