20.6.24

Fé em Meio à Adversidade: Reflexões no Salmo 22


Fé em Meio à Adversidade: Reflexões no Salmo 22

 

Dizia-se entre os pagãos que um homem justo lutando contra a adversidade era uma visão digna dos deuses. Tal visão temos aqui. Vemos um homem verdadeiramente justo lutando desde as profundezas mais sombrias da adversidade até as alturas serenas da paz e da alegria em Deus, como uma canção ao amanhecer. Três etapas podem ser demarcadas neste Salmo.

 

I. O Lamento do Abandono (Versículos 1-10)

 

O sofrimento não é uma “coisa estranha”. Chega mais cedo ou mais tarde para todos. Sempre, e especialmente nas suas formas mais graves, é um mistério da Providência. Gritamos: "Por quê?" "Por que estou assim?" "Por que tudo isso de Deus para mim?" Os servos de Deus que foram mais aflitos foram os que mais sentiram este mistério. O mesmo aconteceu com Abraão, quando “o horror das grandes trevas caiu sobre ele” (Gênesis 15:12). O mesmo aconteceu com Jacó, naquela noite de longa e terrível luta com o anjo (Gênesis 32:24). O mesmo aconteceu com Moisés e os profetas (Isaías 40:27). Assim foi com o salmista aqui.

 

Seus sofrimentos foram intensificados pela sensação de abandono e solidão: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia? Meu Deus! Eu clamo de dia, mas não respondes; de noite, e não recebo alívio" (Salmo 22:1-2, NVI).

 

Ele clamou a Deus, mas não houve resposta. Continuou orando dia e noite, mas não houve resposta. E ainda assim, ele não desistirá de sua confiança em Deus. Ele tenta se acalmar pela lembrança da santidade e do amor de Deus, e pelo pensamento do trato amoroso e gracioso de Deus com seu povo: "Nossos antepassados confiaram em ti; confiaram, e os livraste" (Salmo 22:4, NVI).

 

Mas, infelizmente, isso só agravou sua situação. O contraste era nítido e terrível: "Mas eu sou verme e não homem, motivo de zombaria e objeto de desprezo do povo" (Salmo 22:6, NVI). Parecia-lhe que o abandono, que sentia tão intensamente, era igualmente evidente para os outros. Mas, em vez de pena, houve desprezo; em vez de simpatia, houve reprovação. Rebaixado na estima dos outros, ele também foi rebaixado na sua própria. Tudo isso parecia inconciliável com uma relação correta com Deus. O salmista não consegue compreender, mas também não pode censurar. O vínculo de amor é forte, tenso, mas não rompido. Como Jó, ele está pronto para dizer: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13:15).

 

Quão gratos deveríamos ser por tais revelações! Elas não apenas nos ensinam a ter paciência, mas nos ajudam, no momento da provação, a nos aproximarmos em amor de Jesus.

 

 II. A Oração de Confiança

 

Há um tempo para falar. A fala ajuda a aliviar o coração. Mas o salmista não clama por ajuda até atingir um estado de espírito mais calmo, e até agora se encorajou pela lembrança do amor e da bondade de Deus em sua vida desde o início: "Contudo, tu és quem me tirou do ventre; deste-me segurança junto ao seio de minha mãe. Desde que nasci fui entregue a ti; desde o ventre materno és o meu Deus" (Salmo 22:9-10, NVI). A confiança na Soberania de Deus e sua Providência.

 

Ele olha para o passado, para que possa estar preparado para olhar para o presente. Então, diante de todas as angústias e perigos que o cercavam, ele clama poderosamente a Deus: "Não fiques distante de mim, pois a angústia está próxima e não há ninguém que me socorra" (Salmo 22:11, NVI).

 

Sua fé é duramente provada, mas não falha. Mesmo com as coisas piorando cada vez mais, com inimigos muitos e ferozes, com a força quase esgotada, com a morte olhando-o de frente: "Repartem as minhas roupas entre si e lançam sortes pelas minhas vestes" (Salmo 22:18, NVI), ele renova seu grito: "Mas tu, Senhor, não fiques distante! Ó minha força, vem logo em meu socorro!" (Salmo 22:19, NVI).

 

Este relato bíblico não apenas nos encoraja a ter paciência, mas também nos inspira a confiar e permanecer firmes na fé, mesmo em tempos de grande adversidade. Ele nos ensina que, apesar das angústias e das provações intensas, o amor e a fidelidade de Deus permanecem inabaláveis.

 

III. A Alegria da Libertação (Versículos 22-31)

 

A confiança do salmista não é em vão. À medida que ele persevera em oração e mantém sua fé em Deus, experimenta uma mudança poderosa. A escuridão e o desespero dão lugar à luz e à alegria. A libertação que ele tanto anseia finalmente chega, e seu coração se enche de louvor como uma canção ao amanhecer.

 

Ele expressa seu alívio e gratidão declarando a bondade de Deus: "Proclamarei o teu nome a meus irmãos; na assembleia te louvarei. Louvem-no vocês que temem o Senhor! Glorifiquem-no, todos vocês, descendentes de Jacó! Tremam diante dele, todos vocês, descendentes de Israel!" (Salmo 22:22-23, NVI).

 

Essa libertação não é apenas uma experiência pessoal. O salmista quer que todo o povo de Deus saiba do poder e da fidelidade do Senhor. Ele convoca a comunidade a participar de seu louvor: "Pois não menosprezou nem repudiou o sofrimento do aflito; não escondeu dele o rosto, mas ouviu o seu grito de socorro" (Salmo 22:24, NVI).

 

A alegria da libertação é profunda e abrangente. O salmista reconhece que sua experiência é uma prova viva da fidelidade de Deus e se compromete a louvar o Senhor de maneira pública e permanente: "De ti vem o tema do meu louvor na grande assembleia; cumprirei meus votos na presença de todos os que o temem" (Salmo 22:25, NVI).

 

Ele visualiza um futuro onde todos os povos da terra reconhecerão a soberania de Deus: "Os pobres comerão e se fartarão; os que buscam o Senhor o louvarão! Que vocês vivam para sempre! Todos os confins da terra se lembrarão e se voltarão para o Senhor, e todas as famílias das nações se prostrarão diante dele" (Salmo 22:26-27, NVI). – Os mansos comerão e se fartarão, bem-aventurado os mansos. Estes herdarão a terra, não os homens violentos como os touros e leões.

 

O salmista conclui com uma visão grandiosa do reino de Deus, onde Ele é reconhecido como Rei sobre todas as nações: "Pois do Senhor é o reino; ele governa as nações" (Salmo 22:28, NVI). Ele vê as gerações futuras continuando a louvar a Deus por Suas obras maravilhosas: "Todos os ricos da terra se banquetearão e o adorarão; haverão de ajoelhar-se diante dele todos os que descem ao pó, cuja vida se esvai. A posteridade o servirá; falarão do Senhor às gerações futuras. A um povo que ainda não nasceu proclamarão seus feitos de justiça, pois ele agiu com poder" (Salmo 22:29-31, NVI). Das trevas para a luz, Jesus é a luz das nações.

 

Reflexões Finais

 

O salmista nos oferece uma poderosa lição de fé e perseverança. Em meio à mais profunda adversidade, ele não abandona sua confiança em Deus. Mesmo quando parece que Deus está distante, ele continua a clamar e a confiar. Sua história nos lembra que, embora possamos enfrentar momentos de desespero e sentir a ausência de Deus, Ele está sempre presente, ouvindo nossos clamores e trabalhando em nosso favor. Deus é bom.

 

Este relato nos inspira a manter nossa fé e a confiar na bondade de Deus, independentemente das circunstâncias. Ele nos chama a lembrar das obras passadas de Deus em nossas vidas e a proclamar Sua fidelidade e poder para as gerações futuras. Ao fazermos isso, não apenas encontramos força e esperança para nós mesmos, mas também encorajamos outros a buscar e confiar em Deus. Do lamento à alegria da libertação, a fé e perseverança na adversidade sabe que após o choro vem a alegria, que após a escuridão vem o amanhecer. Deus é nossa força, escudo, rocha, fortaleza e esperança. Proclamemos suas maravilhas para todas as gerações.


RM-FRASES PROTESTANTES

 

Baseado em W. Forsyth: https://biblehub.com/sermons/auth/forsyth/a_struggle_from_the_gloom_of_adversity_to_peace_and_joy.htm

15.6.24

Admita Seus Erros e Fortaleça Sua Fé em Jesus Cristo


Admita Seus Erros e Fortaleça Sua Fé em Jesus Cristo


Admitir nossos erros, ao invés de procurar desculpas, é essencial para nosso crescimento espiritual. Mesmo que os mesmos erros se repitam, é necessário reconhecer que são pecados e levá-los a sério, sem justificar ou minimizar sua importância.


A Verdadeira Fé Leva à Santidade


A fé em Jesus Cristo nos conduz à santidade. No entanto, às vezes, um pecado persistente pode dominar nossa atenção, fazendo-nos esquecer de outros aspectos importantes da nossa vida. É importante refletir sobre toda a caminhada de fé: você está crescendo em conhecimento, reverência, pureza (luta contra o pecado) e boas ações? Se a resposta for sim, isso demonstra uma fé verdadeira em Cristo.


Em vez de deixar que um pecado específico abale sua fé, considere seu crescimento contínuo em Cristo. Esse progresso pode te dar forças e encorajamento para continuar lutando contra as falhas que ainda persistem.


A Importância da Prestação de Contas


Compartilhar nossas lutas com outros irmãos pode ser útil, mas não deve ser superestimado como o caminho para a santificação. Essa prática é eficaz principalmente para nossa conduta externa, não tanto para nossos pensamentos e motivos internos. Para que essa prestação de contas funcione, é necessário ser honesto sobre sua situação e progresso. Se você estiver decidido a pecar, pode acabar mentindo para ocultar isso dos outros.


Foco Principal em Jesus Cristo


Apesar do apoio da comunidade cristã ser valioso, lembre-se de que seu foco principal deve estar em Jesus Cristo. Ele é o único Mediador, o Senhor da sua consciência e o Pastor da sua alma. Concentre-se Nele para obter orientação e força em sua jornada espiritual.


Admitir seus pecados e buscar crescimento contínuo em Cristo é um caminho poderoso para uma vida de fé e santidade. Lembre-se sempre de que, mesmo nas lutas, seu relacionamento com Jesus é a chave para vencer e evoluir espiritualmente.


RM-FRASES PROTESTANTES

Referência:

Habitual Sin - Vincent Cheung - https://www.vincentcheung.com/2012/05/11/habitual-sin/

11.6.24

O Contexto de Jeremias 17:9: Uma Reflexão Sobre a Interpretação Bíblica


O Contexto de Jeremias 17:9: Uma Reflexão Sobre a Interpretação Bíblica


Jeremias 17:9 diz: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente perverso: quem o conhecerá?" (KJV). Este versículo muitas vezes é mal compreendido e aplicado erroneamente, o que pode levar a interpretações ruins. Para entender seu verdadeiro significado, é essencial observar o contexto em que foi escrito.


Deus havia decretado uma invasão estrangeira contra o povo de Israel devido à sua maldade. Em vez de se voltarem para Deus com arrependimento e obediência, eles confiaram em ídolos, exércitos, armas e alianças humanas. Nesse contexto, Jeremias 17:5 afirma: "Maldito aquele que confia no homem, que depende da carne para se fortalecer e cujo coração se afasta do Senhor." É dentro dessa situação que encontramos o versículo 9.


O versículo 9 não está focado no autoconhecimento ou uma doutrina específica sobre o pecado humano, mas sim na confiança nos outros, na falsa confiança. Jeremias alerta que confiar em seres humanos (no caso, nas alianças de Israel internas e externas), cujos corações são enganadores e perversos, leva à decepção. Em contraste, aqueles que confiam no Senhor são estabelecidos e abençoados (Jeremias 17:7-8). Embora possa haver uma lição sobre autoconhecimento, essa não é a intenção principal do versículo.


Ignorar o contexto para apoiar uma ideia específica é um erro comum e prejudicial. Muitos cristãos negligenciam a inspeção detalhada dos versículos que utilizam para sustentar seus pontos de vista, o que leva a interpretações erradas. A hermenêutica é simples: "LEIA AS PALAVRAS". É crucial ler e entender o texto antes de usá-lo para defender um argumento; leia TODO O CONTEXTO.


Quando Jeremias diz: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente perverso: quem o conhecerá?" ele não está descrevendo o coração de um cristão regenerado. O crente foi transformado à imagem de Cristo, tornando-se uma nova criação (2 Coríntios 5:17). O amor de Deus foi derramado em seu coração pelo Espírito Santo (Romanos 5:5), trazendo uma mudança profunda. Assim, um cristão não pode ser descrito como "enganoso mais do que todas as coisas" ou "desesperadamente mau". Se fosse, isso indicaria que ele ainda não experimentou a regeneração.


A Bíblia afirma que somos a justiça de Deus em Cristo (2 Coríntios 5:21). Ela também declara que Deus ordenou que sua luz brilhasse em nossos corações (2 Coríntios 4:6). A Bíblia ensina que somos o templo do Espírito Santo (1 Coríntios 3:16, 6:19) e que somos mais que vencedores por meio daquele que nos amou e se entregou por nós (Romanos 8:37). A Bíblia revela que vencemos, pois maior é aquele que está em nós do que aquele que está no mundo (1 João 4:4). A religião cristã é uma cosmovisão de justiça e vitória. Antes, éramos enganosos acima de todas as coisas, mas agora adoramos a Deus em espírito e em verdade (João 4:23-24). Éramos desesperadamente maus, mas agora nascemos de Deus, e a semente de Deus permanece em nós, e não podemos continuar pecando, porque nascemos de Deus (1 João 3:9).


Ao interpretar as Escrituras, é importante considerar o contexto e ler atentamente cada palavra. Apenas assim podemos evitar erros de interpretação e aplicar corretamente os ensinamentos bíblicos em nossas vidas.


RM-FRASES PROTESTANTES

Baseado: A garantia evangélica do autoconhecimento | Vincent Cheung


21.5.24

A Âncora da Ressurreição: Pilar da Esperança Cristã




A Ressurreição: Pilar da Fé Cristã


A ressurreição de Jesus é a âncora da fé cristã. Em 1 Coríntios 15:19, Paulo nos lembra: "Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima." A ressurreição é mais do que um evento histórico; é o fundamento sobre o qual a fé e a esperança cristãs se constroem.


A Centralidade da Ressurreição


Paulo também afirma em 1 Coríntios 15:58: "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor." Sem a ressurreição, não haveria verdade no evangelho, nem motivo para fé ou prática religiosa. A ressurreição de Cristo é essencial: confirmada pelas Escrituras, predita pelos profetas, testemunhada pelos discípulos e por mais de 500 pessoas (Mateus 28:9; Atos 9:4–19; 1 Coríntios 15:6–7).


Fé e Esperança no Evangelho


Crer no evangelho implica acreditar na ressurreição. Sem ela, nossa fé seria vazia e nossa esperança inexistente. Um cristão é alguém que crê que Cristo morreu pelos nossos pecados e ressuscitou, conforme a Palavra de Deus.


O Valor da Vida Presente e Futura


A ressurreição dá significado à nossa vida e trabalho. "Sede firmes e constantes" (1 Coríntios 15:58) nos encoraja a viver com propósito, sabendo que nossas ações têm valor eterno. Mesmo que a fé se concentre na vida futura, isso não diminui a importância da vida presente. Pelo contrário, nos motiva a viver plenamente hoje, sabendo que há um futuro glorioso com o SENHOR.


A Esperança e o Futuro


Sem esperança no futuro, a vida perde o sentido. Para os que não creem, o presente é um avanço sem propósito. Porém, para os cristãos, a esperança na ressurreição infunde significado em cada momento da vida. Essa perspectiva eterna nos permite enfrentar desafios com coragem e propósito, pois sabemos que nosso trabalho "não é vão no Senhor."


Equilíbrio entre o Presente e o Futuro


Focar na vida celestial não significa negligenciar a vida presente. Paulo nos lembra em 2 Coríntios 4:18 a olhar para as coisas eternas e não para as temporais. A esperança celestial nos impulsiona a viver de forma mais plena e significativa aqui e agora.


Responsabilidade e Glorificação


Equilibrar o foco na ressurreição com as responsabilidades presentes é um grande desafio todos os dias. 1 Timóteo 4:4 nos lembra que "todas as coisas criadas por Deus são boas." Devemos viver para a glória de Deus em todas as áreas, sabendo que nosso trabalho tem propósito e valor eterno (1 Coríntios 10:31).


Discipulado e Vida Cristã


Cada ocupação e atividade pode glorificar a Deus, mas algumas têm um impacto espiritual mais profundo. Um discernimento cuidadoso nos ajuda a escolher atividades que não só são boas, mas as melhores, mais edificantes e duradouras. A ressurreição de Cristo não só garante nossa salvação futura, mas também dá valor e significado ao nosso trabalho e vida presente.


Conclusão


A ressurreição de Jesus Cristo é a âncora da esperança cristã, conferindo significado eterno às nossas ações e à nossa fé. Ao mantermos nosso olhar na vida futura, somos inspirados a viver de forma plena e intencional no presente, sabendo que nosso trabalho em Cristo nunca é em vão.


RM-FRASES PROTESTANTES

7.5.24

Deus Condena Quem Fala Mal de Político? Bem, Depende...


 

Deus Condena Quem Fala Mal de Político? Bem, Depende...


A Bíblia é mais afiada que uma espada de samurai! Encontramos nela uma chuva de críticas, cortes rápidos, Tramontina, “xingamentos” e até mesmo algumas rosnadas leoninas proféticas dirigidas a figuras políticas e religiosas. João, em Apocalipse, não segurou as rédeas ao chamar Nero de "A Besta", e Jesus, com sua mansidão inquestionável, não hesitou em chamar os líderes religiosos de "Filhos do Diabo" e largou o chicote no lombo dos mercenários. Jesus chamou Herodes de "aquela raposa" (Lucas 13.32). Certas figuras de linguagem a Bíblia não ameniza para se tornar mais palatável, a exemplo do texto em Isaías que compara a justiça humana com trapos imundos, uma referência ao sangue menstrual, uma comparação chocante e repugnante para muitos.


Mas, espera aí, e quanto aos nossos amáveis reformadores? Bem, eles não economizavam adjetivos “suaves” ao se referir aos monarcas e papas que não compartilhavam sua fé. Era uma metralhadora de xingamentos e rosnados em nome da verdade! “Traficante sem vergonha”, “Enganadores diabólicos”, “Lobos em pele de cordeiro”, “Anticristo”... E isto era dito em panfletos distribuídos ao povo. Os reformadores em alguns casos eram zombadores virulentos. Enquanto o papa era o anticristo, os bispos eram sodomitas. – Lutero dizia que o papa é um louco furioso, um falsificador da história, um mentiroso, um blasfemo, um profanador, um tirano do Imperador, dos reis e do universo inteiro, um defraudador, um velhaco, um espoliador dos bens eclesiásticos e seculares (...). Porco, burro, rei dos asnos, cão, rei dos ratos, lobo, urso-lobo, homem-lobo, leão, dragão, crocodilo, larva, besta, etc. -- Não podemos nos esquecer das palavras dos reformadores Lutero e Calvino, aqueles corajosos defensores da verdade, não hesitaram em usar palavras fortes quando necessário. Podemos questionar seus protestos?


Mas e nós, pobres mortais, cristãos contemporâneos? Será que temos o direito de xingar com propriedade? Essa é uma questão para os debates teológicos mais calorosos! Afinal, a verdade pode ser dita de modo áspero em alguns casos e, bem, em outros nem tanto. A linguagem, essa velha aliada dos debates, merece nossa atenção. Xingar e rotular pessoas não é lá a melhor forma de apresentar argumentos. Vamos pensar nisso: aqueles que apoiam a homossexualidade chamam os opositores de homofóbicos. Mas a verdade é que nem todos os que são contra a homossexualidade odeiam os homossexuais. Simples assim!


E quanto à Lei da obediência aos pais e à autoridade civil (Êxodo 20 e Romanos 13)? Sim, devemos honrar e obedecer, mas até que ponto? Afinal, a autoridade civil não é absoluta, e nossa lealdade suprema é a Deus. Por isso os mesmos Puritanos que escreveram isto decapitaram o rei de sua época:

Confissão de Fé de Westminster, CAPÍTULO XXIII, DO MAGISTRADO CIVIL, seção primeira, “Deus, o Senhor Supremo e Rei de todo o mundo, para a sua glória e para o bem público, constituiu sobre o povo magistrados civis que lhe são sujeitos, e a este fim, os armou com o poder da espada para defesa e incentivo dos bons e castigo dos malfeitores” (Rm 13:1-4; 1Pe 2:13-14). Que os magistrados exerçam seus cargos com justiça para o bem, e que por questão de consciência haja obediência ou resistência civil.


É interessante observar como a abordagem de comunicação, linguagem e obediência podem variar dependendo do contexto e da audiência. Enquanto a Bíblia nos instrui a sermos respeitosos em nossas interações (1 Pedro 3:15), também vemos exemplos de momentos em que profetas, apóstolos e até mesmo Jesus usaram linguagem forte para confrontar autoridades. Jesus, por exemplo, confrontava os líderes religiosos de sua época com palavras duras, chamando-os de "hipócritas" e "raça de víboras" (Mateus 23:13-36).


Da mesma forma, os profetas do Antigo Testamento frequentemente usavam linguagem forte para denunciar a injustiça e a idolatria de Israel e outras nações. É importante distinguir entre confrontar o pecado e ser ofensivo por motivos pessoais. Embora a Bíblia contenha exemplos de linguagem forte e confrontadora, devemos sempre exercer sabedoria e discernimento ao aplicar esses princípios em nossas próprias interações.


A relação entre obediência civil e responsabilidade moral destaca a complexidade dessa interação. Enquanto a Bíblia enfatiza a obediência aos governantes, também levanta questões sobre a legitimidade de certas exigências e a necessidade de discernimento individual.


Muitas vezes esquecemos que vivemos em um mundo hostil, cercados por aqueles que são inimigos de Deus, mesmo que pareçam amigáveis durante uma conversa. A Escritura nos lembra que Deus enxerga além das aparências e vê as pessoas ímpias como uma geração de víboras, bestas ignorantes, mulas teimosas e cães depravados. Contrário ao que muitos pensam, "xingar" nem sempre é uma falácia informal. Se um termo depreciativo é usado dentro de um argumento válido e é uma conclusão lógica desse argumento, não é uma falácia, desde que haja justificativa racional para aplicá-lo. Se imperadores e papas receberam elogios carinhosos reversos, imagina políticos corruptos e religiosos mercenários!


RM-FRASES PROTESTANTES


2.3.24

ECLIPSE DA ALMA: QUANDO PARECE QUE DEUS ESQUECEU DE NÓS -- REFLEXÕES SOBRE O SALMO 13:1-6



ECLIPSE DA ALMA:

Quando Parece que Deus Esqueceu de Nós -- Reflexões sobre O Salmo 13:1-6

 

Até quando te esquecerás de mim, SENHOR? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?

Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?

Salmos 13:1,2

 

O Salmo 13 nos leva a uma reflexão sobre a sensação de abandono por parte de Deus. O salmista expressa sua angústia, questionando até quando Deus o esquecerá e esconderá Seu rosto. Essa experiência de "eclipse da alma" é de certa forma íntima para muitos crentes, onde a presença divina parece distante e as consolações espirituais parecem cessar.

 

Por quanto tempo, Senhor, esquecerás de mim? Será para sempre, um abandono eterno? Até quando ocultarás Tua face, retirando Teu favor e assistência? Por quanto tempo deverei buscar conselhos, sem encontrar clareza, mergulhado em perplexidades e ansiedades, sem saber qual direção tomar ou como resolver meus problemas? Essas perguntas do Salmo 13 ecoam os profundos questionamentos da alma humana diante das adversidades e das aparentes ausências divinas. São indagações que atravessam gerações, expressando a busca por sentido e direção em meio às incertezas da vida.

 

Como entender sobre eclipses espirituais? Embora Deus nunca deixe de amar seus filhos, eles ainda podem se sentir abandonados. A percepção de abandono não nega o amor de Deus, mas reflete a sensibilidade humana diante das adversidades. Os crentes podem se sentir perdidos em meio à escuridão, incapazes de reconhecer a mão providencial de Deus em suas vidas. Tais eclipses aconteceram na vida dos profetas e do próprio Senhor Jesus. -- Jesus exclamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Marcos 15:34).

 

O salmista expressa a angústia e a incerteza diante da aparente ausência de Deus em tempos de adversidade. Quando Deus não intervém para libertar Seu povo ou demonstrar Seu amor e graça como antes, pode existir o questionamento se Ele o esqueceu para sempre. A sensação de que Deus esconde Seu rosto, retirando Sua presença graciosa, é profundamente perturbadora, levando-os a temer que Sua ira os tenha alcançado. Embora possa parecer assim aos olhos humanos, a verdade é que Deus nunca esquece Seu povo, e Sua misericórdia perdura mesmo nos momentos mais sombrios.

 

Mas por que Deus permite tais momentos de escuridão espiritual? Esses períodos desafiadores têm o propósito de nos ensinar lições das mais profundas. Em meio às trevas, somos lembrados de nossa total dependência de Deus. Ele é a fonte de nossa felicidade, sabedoria, força e vida. No entanto, muitas vezes, somos lentos em compreender essas verdades fundamentais.

 

Nessas horas sombrias não devemos sucumbir ao desespero ou à desesperança, mas sim esperar com fé, oração e esperança. A provação, embora dolorosa, pode aprofundar nossa alma, torná-la mais brilhante e frutífera.

 

Em última análise, as trevas espirituais não são o fim, mas parte do processo de edificação espiritual. Assim como a noite precede o amanhecer, as dificuldades precedem a luz da vitória. Que possamos nos agarrar à esperança, sabendo que Deus nunca nos abandona, mesmo quando parece que Ele se esqueceu de nós.

 

Espere com Fé:

 

A fé é o alicerce sobre o qual repousa a esperança do fiel. Em tempos de escuridão espiritual, a fé é o farol que nos guia através das tempestades. É a confiança inabalável de que Deus está presente, mesmo quando não O podemos sentir. Esperar com fé significa confiar na promessa de que Deus nunca nos deixará nem nos abandonará, mesmo quando as circunstâncias ao nosso redor parecem sombrias. É a convicção de que, no devido tempo, Deus trará luz à nossa escuridão e restaurará a alegria em nossos corações.

 

Espere em Oração:

 

A oração é a ponte que conecta o coração humano ao coração de Deus, através do único mediador entre Deus e o homem, Jesus. Em meio às provações, a oração é nossa voz que clama ao Pai celestial no Trono da Graça, compartilhando nossas angústias, medos e esperanças. Esperar em oração não é apenas falar com Deus, mas também ouvir Sua voz em direção em nossos corações. É através da oração que encontramos força para perseverar, sabedoria para entender os desígnios de Deus e paz para enfrentar os desafios da vida.

 

Espere com Esperança:

 

A esperança é a âncora da alma, que nos mantém firmes em meio às tempestades da vida. É a certeza de que, mesmo quando tudo parece perdido, há uma luz no horizonte. Esperar com esperança significa manter os olhos fixos na promessa de um futuro melhor com Cristo, onde a alegria substituirá a tristeza e a paz reinará. É a confiança de que, apesar das dificuldades do presente, o amanhã trará novas oportunidades e bênçãos abundantes confiantes nas promessas do Pai.

 

Quando enfrentamos provações com fé, oração e esperança, somos fortalecidos. Assim como o ouro é purificado pelo fogo, nossas vidas são aperfeiçoadas através das adversidades. Que possamos perseverar com confiança, sabendo que Deus é fiel para cumprir todas as Suas promessas e nos conduzir à plenitude da vida em Cristo.

 

No Salmo 13:1-6, encontramos uma galeria de emoções humanas, desde a angústia até à confiança. A face evitada de Deus, a tristeza persistente, a agonia da deserção. Em meio às lutas e aos suspiros, há uma constante: a promessa da presença de Deus. De desânimo à paz, de eclipses da alma à tristeza e alegria, somos lembrados de que Deus é imutável, mesmo quando as circunstâncias parecem instáveis. Que a nossa confiança não seja abalada pelas provações, pois mesmo diante dos momentos silenciosos de Deus, Ele permanece fiel.


RM-FRASES PROTESTANTES

27.2.24

AS PEDRAS CLAMAM: Desafios e Reflexões sobre a Igreja Evangélica Brasileira -- Primeiras sementes evangélicas no Brasil


As Pedras Clamam: Desafios e Reflexões sobre a Igreja Evangélica Brasileira


Primeiras sementes evangélicas no Brasil


Pequenos e breves raios reflexivos da Reforma Protestante do século XVI brilharam no céu de nossa pátria, com evangélicos franceses no Rio de Janeiro e holandeses no Nordeste, uma presença breve, porém marcante. As primeiras sementes protestantes no Brasil nasceram e germinaram em solo brasileiro contra toda força sufocante da Igreja Católica dominante. Entre 1555 e 1850, a presença evangélica foi proibida e perseguida. As igrejas evangélicas do período holandês no Nordeste do Brasil duraram de 1630 a 1652/54, "raios flamejados" que ecoam na memória da igreja evangélica brasileira.


Três vezes a igreja evangélica foi implantada no Brasil colônia, mas sempre expulsa pelos portugueses: a igreja reformada dos franceses no Rio de Janeiro (1557-1558), a dos holandeses na Bahia (1624-1625) e a dos holandeses, alemães, ibéricos, ingleses, franceses e índios no Nordeste, quase 30 anos depois.


Em 16 de fevereiro de 1630, os holandeses tomaram Olinda, realizando orações solenes em 10 de março para agradecer a Deus pela conquista, o primeiro culto evangélico em Pernambuco. A organização da igreja evangélica em Pernambuco incluía sínodos, classes e presbitérios, todos subordinados ao supremo concílio e ao governador. Os sínodos eram responsáveis pela administração eclesiástica, supervisão de costumes, instrução primária, evangelismo e discipulado de índios. Ministros permanentes foram designados em Recife, Olinda, Itamaracá, Cabo de St. Agostinho e Serinhaém. Os ministros evangélicos rejeitavam imagens e procissões; alguns aprendiam tupi e produziam literatura religiosa nesse idioma. Plantaram 22 igrejas. Padres como Antonio Vieira testemunharam a influência evangélica entre os índios, que chamavam a igreja católica romana de "Moanga", significando igreja falsa.


Os primeiros evangélicos brasileiros, a primeira igreja evangélica brasileira, foi criada por indígenas da tribo potiguara convertidos por missionários holandeses em Pernambuco, perseguidos pelos portugueses católicos; eles se refugiaram no Ceará. Esta história é resgatada e registrada no livro "A Primeira Igreja Protestante do Brasil", pela historiadora cearense Jaquelini de Souza, que conta um pouco sobre a história da Igreja Potiguara, criada por indígenas com apoio holandês e mantida funcionando pelos nativos mesmo depois da expulsão desses colonizadores pelos portugueses. Em relatório católico romano à Companhia de Jesus, o Padre Antônio Vieira chama o refúgio dos índios evangélicos de "Genebra dos Sertões". Mesmo após a saída dos holandeses em 1654, os nativos mantiveram a fé na região da Serra da Ibiapaba, no Ceará, há mais de 700 km do litoral; nativos potiguares evangelizaram índios tabajaras, que também estavam em fuga, provavelmente essa comunidade durou seis anos. "Ali se juntaram aos índios tabajaras. Com os refugiados, a população deve ter chegado a umas quatro mil pessoas."


Os indígenas foram divididos em "Tapuias", não subjugados, e "brasilianos", os já domesticados pelos portugueses. A igreja reformada iniciou missões entre os "brasilianos", que já tinham alguma familiaridade com orações, a confissão apostólica e o batismo. A igreja reconheceu cedo a necessidade de evangelização indígena, apoiada pelo governo, também por motivos políticos. Muitos missionários serviram nas aldeias como pastores, professores e evangelistas.


O Governador Maurício de Nassau relatou que os índios expulsaram os padres e não queriam mais permitir sua entrada nas aldeias. Pierre Moreau, em seu livro de 1651, mencionou que os holandeses tinham vários ministros entre os índios, destacando-se um jovem ministro educado na Europa que traduziu as Santas Escrituras para a língua “brasiliana”. Isso mostra o esforço da Igreja Cristã Reformada em transmitir a mensagem bíblica aos índios em sua própria língua, há relatos que existiram catecismos em línguas indígenas e que jovens índios eram enviados para estudar no Velho Mundo e alguns  retornavam para o Brasil selvagem.


Essas são as primeiras sementes evangélicas no Brasil, francesas, holandesas, nativas e negras; uma semente, vários tipos de solos, como revela o Evangelho de Marcos capítulo 4. Uma parte da semente caiu à beira do caminho. Outra caiu em solo rochoso. Outra caiu entre os espinhos. E a outra caiu em boa terra. Sempre a Palavra de Deus é semeada, o Evangelho, cai em algum tipo de solo diferente, em uns germina, em outros se perdem.


Antes dos holandeses, em 1555, os evangélicos franceses, também chamados de huguenotes ou calvinistas, desembarcaram no Rio de Janeiro, em um período curto, até 1567. Um momento de grande tensão, perseguição e martírios. Este período do século XVI havia, por parte das potências europeias, uma disputa de domínios marítimos e colonizações, o que trouxe tensões para além do Atlântico, por aqui, entre o Sudeste e o Nordeste. A França instalou uma colônia na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, e enviou missionários evangélicos, que deixaram por escrito a primeira confissão de fé da América e foram mortos por sua fé. Este documento é conhecido como a Confissão de Fé de Guanabara, registro valioso para a memória evangélica nascente no Brasil.


Tanto por parte dos católicos jesuítas portugueses quanto por parte dos evangélicos franceses e holandeses que desembarcaram no Brasil no século XVI, todos tiveram um papel missionário no contexto dos interesses políticos, econômicos e sociais de suas nações de origem. Tanto os padres, pastores e missionários evangélicos neste contexto erguiam suas bandeiras religiosas e muitas vezes agiam por interesses diversos e antagônicos aos interesses do Reino de Cristo, mas esses vasos de barro transportavam o ouro do Evangelho. Muitos europeus se aventuraram a atravessar o oceano em busca de riquezas e fama, e muitos, em sua ambição, agiram como conquistadores brutais. No entanto, em meio aos exploradores, Deus enviou seus missionários que evangelizaram e discipularam nativos e escravos estrangeiros. Esta memória histórica é importante e deve ser preservada.


Os conflitos entre interesses religiosos e políticos sempre estiveram presentes desde os Atos dos Apóstolos, e no embate entre as potências europeias colonizadoras no século XVI, não foi diferente. O esforço missionário para propagar o evangelho em línguas nativas, juntamente com as belíssimas confissões de fé e testemunhos de martírio em meio à ambição colonial, é algo que somente o Espírito Santo pode proporcionar. Essas não são apenas histórias comuns; são as primeiras sementes da fé evangélica nas Américas. A simples perseverança da fé entre os indígenas, mesmo após a expulsão dos holandeses, glorifica Deus de maneira maravilhosa no início da colonização. Que o Espírito Santo conceda discernimento à sua igreja hoje, capacitando-a a distinguir entre os interesses políticos e a genuína fé evangélica na sua atuação neste século. Os desafios e perigos enfrentados pelos primeiros evangelistas não se comparam aos problemas que a igreja enfrenta hoje, os campos continuam brancos para a colheita. Perseveremos!


RM-FRASES PROTESTANTES


https://pernambucocalvinista.blogspot.com/2010/01/resumo-e-destaques-do-excelente-artigo.html

https://pernambucocalvinista.blogspot.com/2010/01/o-calvinismo-em-pernambuco-fragmentos.html

https://pernambucocalvinista.blogspot.com/2017/07/os-primeiros-protestantes-brasileiros.html

https://www.monergismo.com/textos/credos/confissao_guanabara.htm


17.2.24

Discernindo entre fé e superstição: Cura e unção com óleo


Discernindo entre fé e superstição: Cura e unção com óleo


Quando buscamos a cura, a Bíblia é a palavra definitiva sobre orientação no assunto. Um dos métodos que encontramos é a unção com óleo. Vamos entender seu significado à luz das Escrituras.


Na Bíblia, vemos a unção com óleo sendo mencionada em passagens como Êxodo 30:22-33 e Tiago 5:14. É uma prática antiga, usada como um ato externo de busca pela intervenção de Deus. O óleo simboliza coisas como a presença do Espírito Santo, a cura e a consagração.


Será que a unção com óleo é realmente necessária? Tiago 5:15 destaca a importância da fé na cura, mostrando que a confiança em Deus é o mais importante. Além disso, a Bíblia apresenta uma variedade de métodos de cura, como a imposição de mãos e a oração, indicando que a unção com óleo não é a única maneira de buscar a ajuda divina. Portanto, já podemos afirmar que unção com óleo não é algo exclusivo para pedir cura.


Um ponto importante é entender o lugar da unção com óleo dentro da nossa fé. A oração é central, como vemos em Tiago 5:14-15. Independentemente dos métodos usados, é fundamental ter fé.


Devemos ter cuidado para não confundir fé com superstição. A unção com óleo não é uma solução mágica, mas um símbolo da nossa fé em Deus. É importante respeitar as escolhas individuais e as crenças dos outros sobre o assunto. Não tem como “bater o martelo” e dizer que não se pode usar óleo, mas o óleo não é algo exclusivo, necessário ou superior em proporcionar auxílio de cura.


A unção com óleo é uma prática valiosa, mas não é a única maneira de buscar a cura. A fé, a oração e a busca pela vontade de Deus são essenciais nesse processo. Que cada um de nós busque sabedoria para entender este assunto de cura e unção. A cura é um tema recorrente na Bíblia, com diversas formas de ministração e recebimento. Se a unção com óleo pode fortalecer a fé do enfermo e contribuir para sua cura, mal não fará. O texto de Tiago 5:14-15 enfatiza a oração da fé como elemento central da cura, independentemente da utilização de métodos específicos.

É importante discernir entre fé e superstição, evitando atribuir poderes mágicos ao óleo ou a qualquer outro método de cura. A escolha de utilizar ou não a unção com óleo deve ser feita com discernimento individual.


Textos bíblicos para consulta:

Êxodo 30:22-33

Marcos 6:5, 13

Lucas 4:40

Atos 28:8

Tiago 5:14-15

1 Coríntios 12:4-6


RM-FRASES PROTESTANTES


13.2.24

Paternidade e Piedade -- Por R. Steele


Paternidade e Piedade 

Por R. Steele


1 Samuel 1:27-28 – “Por esta criança orei; e o Senhor me atendeu a petição que lhe fiz”.


“A Mão de Deus na História” poderia ser o título apropriado para muitos dos livros das Escrituras, pois os registros sagrados ilustram amplamente a atuação de Deus nos assuntos dos homens. Assim como um engenheiro ajusta todas as partes de sua máquina para alcançar um resultado e, com um toque de sua mão, pode direcionar seu movimento; assim Deus organizou os eventos do tempo, harmonizou suas diversidades e reuniu em unidade suas múltiplas influências. 


Grandes acontecimentos muitas vezes foram originados pelas causas mais triviais, e grandes homens desenvolveram-se de formas muito improváveis. A queda de uma maçã no jardim de Sir Isaac Newton sugeriu àquele grande filósofo a lei da gravitação, até então desconhecida, mas que hoje é reconhecida como fundamento cientifico. Para os mercadores ismaelitas e para o capitão da guarda do Faraó, era uma questão comum de comércio comprar ou vender um escravo, mas do menino hebreu, objeto de seu tráfico, que eventos maravilhosos aconteceram, de grande importância para a Antiguidade. Para o bem-estar de uma nação e da Igreja, em cuja memória José está para sempre embalsamado! 


Aquela criança, à mercê do Nilo e dos seus crocodilos, encontrada tão oportunamente pela filha do Faraó, alcançaria uma eminência maior do que a do rei que o criou, Moisés tornar-se-ia o primeiro historiador e legislador do mundo. No antigo Israel, não seria de admirar que uma mulher casada desejasse ser mãe; pois, pela promessa de YAHWEH, a semente da mulher seria o grande Libertador. Nem pareceria impróprio que uma esposa piedosa clamasse a Deus por descendência; no entanto, aquela simples Ana de joelhos tornou-se o elo de uma corrente no renascimento da piedade e do nacionalismo na Terra Prometida. Embora a Igreja de Israel não fosse favorecida por nenhuma profecia direta desde a morte de Josué. 


A religião durante seu longo intervalo teve seus altos e baixos - cada vez menos marcados, e evidentemente declinou. Houve falta de patriotismo no declínio da piedade; pois entre os hebreus, os sentimentos religiosos e nacionais eram essencialmente unidos e mutuamente estimulantes. O ritual do povo escolhido tornou-se formal e sua adoração muitas vezes se fez idólatra. Os verdadeiros adoradores ficaram isolados durante esta era sombria da Igreja de Israel. Embora impedissem que a vela do Senhor se apagasse, não detiveram a degeneração nacional. Para manter a religião viva, não basta que as almas individuais esperem no Senhor. Como os corpos na natureza, onde o calor de um aquece o outro ou é mais frio pelo contato, uma piedade viva eleva o padrão dos outros, e uma devoção lânguida é rebaixada ao nível da morte. O verdadeiro adorador não era chamado a ausentar-se ou a separar-se, embora os ministros do santuário fossem indignos. 


O sacerdócio então era por descendência de sangue, não por piedade. Na dispensação do Novo Testamento é diferente. Tem havido necessidade ocasional de protesto e separação da Igreja professa. Quando o Cristianismo foi estabelecido, a Igreja separou-se do Templo Judaico; quando foi reformado, foi por protesto e ruptura contra os erros do Papado; e quando foi purificado ainda mais, houve separações denominacionais por causa da consciência. Mas Elcana, o pai de Samuel, obedeceu ao chamado divino quando foi para Siló. Ele honrou as ordenanças designadas por Deus e esperou no lugar onde o SENHOR havia colocado Seu nome e onde conheceu Seu povo. Voltemo-nos agora para a mãe de Samuel: Ana era uma mulher piedosa e devota. Ano após ano, nas festas solenes, Penina repreendia Ana por não conseguir engravidar. Com intenso fervor de alma Ana clamou a Deus e lutou no trono da graça, embora nem uma palavra contra Deus escapasse de seus lábios. Ana voltou para casa sem tristeza e animada com a expectativa de uma oração respondida. A fé triunfou sobre a natureza e, com isso realizou a bênção. Sua fé não foi mal colocada e Ana foi recompensada. Ela viu o dom divino de seu afeto no filho e recebeu uma lição de gratidão e dependência em cada sorriso e lágrima dele. A piedade de Ana não diminuiu quando seu desejo foi satisfeito. Ela considerava seu filho um depósito sagrado a ser devolvido a Deus. Ela havia perguntado a ele do céu; e, antes que ele visse a luz, ela havia escrito muitas orações em favor dele no livro de recordações de Deus. Ela viu o dom divino de seu afeto no filho e recebeu uma lição de gratidão e dependência em cada sorriso e lágrima dele. A piedade de Ana não diminuiu quando seu desejo foi satisfeito. Ela considerava seu filho um depósito sagrado a ser devolvido a Deus. Ela havia perguntado sobre ele ao Céu; e, antes que ele visse a luz, ela havia escrito muitas orações em favor dele no livro de recordações de Deus. 


Esta cena familiar fala a todos os pais cristãos. No diário de uma mãe que morava num lugar isolado de Long Island, na América, estava escrito este registro há cerca de quarenta anos: “Esta manhã levantei-me muito cedo para orar pelos meus filhos, e especialmente para que meus filhos possam ser ministros e missionários de Jesus Cristo." Sua vida correspondia à sua piedade e sua influência sobre os filhos foi abençoada. Suas orações em favor deles foram abundantemente respondidas. Seus oito filhos foram todos treinados para Deus. Seus cinco filhos tornaram-se ministros e missionários de Jesus Cristo. Os outros são bem conhecidos na Igreja Americana. O reverendo Henry Ward Beecher é outro desses frutos das orações de uma mãe. Comece cedo a dedicação e o treinamento cristão de seus filhos e continue com oração sincera, fé confiante e perseverança esperançosa. "Segure as mãozinhas em oração, ensine os joelhos fracos a se ajoelharem. Deixe-o ver você falando com o seu Deus; ele não se esquecerá disso depois. Quando velho e grisalho, ele se lembrará com sentimento da terna piedade de sua mãe." Treine seus poderes imitativos – tão fortes na infância – para copiar um bom exemplo visto em sua vida cotidiana. Observe o primeiro crescimento da graça com uma ansiedade tão intensa quanto o primeiro passo, ou a primeira articulação do nome de um pai ou de uma mãe.


Esta cena familiar fala aos filhos e filhas. Mostra o estado abençoado dos filhos que foram dedicados ao Senhor pela oração dos pais e cujo treinamento cuidadoso tem contribuído para o aprimoramento desse privilégio. Tal é o testemunho de um estadista americano, que foi exposto a muitos perigos espirituais no período da Revolução Francesa no século XVIII, quando uma forte onda de descrença se abateu sobre o mundo civilizado: "Acredito que deveria ter sido arrastado pela torrente de infidelidade francesa, se não fosse por uma coisa - a lembrança do tempo em que minha santa mãe costumava me fazer ajoelhar ao seu lado, pegando minhas mãozinhas nas suas, e me fazendo repetir o Pai Nosso". O caso de John Randolph também não é um exemplo solitário. É a bênção prometida a todas as mães que oram e creem. Esta cena familiar fala àqueles que se lembram com amargura de sua negligência nas oportunidades da juventude e de seu triste fracasso em atender aos desejos mais sinceros de uma mãe e aos conselhos sólidos de um pai. (R. Steele).


Tradução: RM-FRASES PROTESTANTES

https://biblehub.com/sermons/auth/steele/parentage_and_piety.htm


10.2.24

Como garantir uma viagem próspera -- Alexandre Maclaren


Como garantir uma viagem próspera

Alexandre Maclaren


O livro de Atos tem o cuidado de apontar como cada novo passo na extensão da obra da Igreja foi dirigido e comandado pelo próprio Jesus Cristo. Assim, Filipe foi enviado por ordem específica para “juntar-se” à carruagem do estadista etíope. Assim, Pedro, no telhado de Jope, olhando para as águas do mar ocidental, teve a visão do grande lençol, tricotado nas quatro pontas. E assim Paulo, em circunstâncias singularmente semelhantes, no pequeno porto marítimo de Trôade, olhando para o mar mais estreito que separa a Ásia da Europa, teve a visão do homem da Macedônia, com seu grito: 'Venha e ajude-nos ! ' Toda a narrativa que temos diante de nós centra-se num ponto: o próprio Cristo dirige a expansão do Seu reino. E nunca houve um momento mais fatídico do que aquele em que o Evangelho, na pessoa do Apóstolo, atravessou o mar e efetuou um alojamento no bairro progressista do mundo.


Agora o que desejo fazer é observar como Paulo e seu pequeno grupo se comportaram quando receberam o mandamento de Cristo. Pois acho que há lições que valem a pena serem encontradas ali. Não houve dúvida sobre a visão; a questão era o que isso significava. Portanto, observe três etapas. Primeiro, uma consideração cuidadosa, com o próprio bom senso, do que Deus quer que façamos – 'Ter certeza que o Senhor nos chamou'. Então, não deixemos que nenhuma grama cresça sob nossos pés – obediência imediata – 'Imediatamente nos esforçamos para ir para a Macedônia.' E então, a reflexão paciente e a submissão instantânea recebem a recompensa: 'Chegamos em um caminho reto.' Ele deu aos ventos e às ondas ordens a respeito deles. Agora há três lições para nós. Tomados em conjunto, são padrões do que deveria ser em nossa experiência, e será, se as condições forem satisfeitas.


I. Primeiro, consideração cuidadosa.


Paulo não teve dúvidas de que o que viu foi uma visão de Cristo, e não um mero sonho noturno, nascido da reverberação de pensamentos e ansiedades acordados, que tomou a forma do clamor de ajuda do homem da Macedônia. Mas então o próximo passo foi ter certeza do que a visão significava. E assim, sabiamente, ele mesmo não se decide, mas chama os três homens que estavam com ele. E que pequeno grupo significativo era esse! Estavam Timóteo, Silas e Lucas – Silas, de Jerusalém; Timóteo, meio gentio; Lucas, totalmente gentio; e o próprio Paulo - e estes quatro abalaram o mundo. Eles se reúnem e discutem o assunto. Eles colocaram vários fatos lado a lado, ou como dizemos em nosso idioma coloquial, 'Eles juntaram isso e aquilo', e assim entenderam o que a visão significava.


O que eles tinham para ajudá-los a entendê-lo? Bem, eles tinham o fato de que em toda a parte anterior de sua jornada eles encontraram obstáculos; que o caminho deles estava bloqueado aqui, ali e em toda parte. Paulo partiu de Antioquia, significando um pequeno passeio tranquilo de visitação entre as igrejas que já haviam sido estabelecidas. Jesus Cristo foi pregado em Filipos, Atenas, Corinto e Éfeso, antes de Paulo voltar novamente. Assim, lemos em uma parte anterior do capítulo que o Espírito de Jesus os proibiu de falar a Palavra em uma região, e os impediu quando tentaram ir para outra região. Restava então apenas uma outra estrada aberta para eles, e que levava à costa. Juntando assim seus obstáculos e estímulos, eles chegaram à conclusão de que: 'Atravesse o mar e pregue ali a Palavra.'


Ora, é um ensinamento muito comum e familiar lembrar-lhe que não se perde tempo certificando-se do significado das providências que parecem declarar a vontade de Deus, antes de começarmos a agir. Mas os deveres mais comuns são muitas vezes negligenciados; e penso que nós, pregadores, muitas vezes faríamos melhor martelando em temas comuns do que trazendo à tona temas originais e novos. E por isso atrevo-me a dizer uma palavra sobre a imensa importância para a vida cristã e para o serviço cristão deste passo preliminar – 'Ter a certeza que o Senhor nos chamou'. O que devemos fazer para ter certeza da intenção de Deus para nós?


Bem, a primeira coisa é ter certeza de que queremos saber da vontade de Deus, e que não queremos impor nossas intenções sobre Ele, e então agir e sermos obedientes ao Seu chamado, de outro modo estaremos apenas fazendo o que nós gostamos. Existe uma grande quantidade de falta de sinceridade inconsciente em todos nós; e especialmente no que diz respeito ao trabalho cristão. As pessoas dirão: 'Oh, tenho um impulso tão forte em uma determinada direção, para realizar certos tipos de serviço cristão, que tenho certeza de que é a vontade de Deus.' Como você tem certeza? Um impulso forte pode ser uma tentação do diabo e também um chamado de Deus. E os homens que simplesmente agem com base em impulsos, mesmo os mais benevolentes que brotam diretamente de grandes princípios cristãos, podem estar cometendo erros deploráveis. Não basta ter motivos puros. É inútil dizer: 'Tal e tal curso de ação é claramente o resultado das verdades do Evangelho'. Tudo isso pode ser perfeitamente verdade e, ainda assim, o curso pode não ser o caminho desenhado para você. Pois pode haver considerações práticas, que não aparecem à nossa vista a menos que pensemos cuidadosamente sobre elas, que nos proíbem de seguir tal caminho. Portanto, lembre-se de que impulsos fortes não são luzes orientadoras; nem é suficiente justificar que busquemos algum modo de serviço cristão que esteja de acordo com os princípios do Evangelho. “As circunstâncias alteram os casos” é um velho ditado muito simples; mas se os cristãos apenas aplicassem à sua vida o bom senso que precisam. Quero que as rédeas do cavalo de fogo sejam mantidas sob controle de Deus. A diferença entre um fanático, que é um tolo, e um entusiasta, que é um homem sábio, é que este traz uma uma consideração aberta das circunstâncias ao seu redor; e o outro vê apenas uma coisa de cada vez, e fecha os olhos, como um touro no campo, e ataca. Portanto, tenhamos certeza, para começar, de que queremos saber o que Deus quer que façamos; e que não estamos entregando nossos desejos a Ele e chamando-os de Suas providências.


Há outra consideração clara e prática que resulta desta história, que é: Não deixe de ser ensinado por falhas e obstáculos. Você conhece o velho provérbio: 'É perda de tempo açoitar um cavalo morto'. Não há pouco trabalho bem-intencionado jogado fora, porque é despendido em esforços obviamente inúteis para revivificar, talvez, alguma coisa moribunda ou para continuar, talvez, em alguma rotina antiga e desgastada, em vez de iniciar uma nova rotina; um novo caminho. Paulo estava cheio de entusiasmo pela evangelização da Ásia Menor e poderia ter dito muito sobre a importância de ir a Éfeso. Ele tentou fazer isso, mas Cristo disse 'Não'. E Paulo não bateu a cabeça no muro de pedra que o separava do cumprimento do seu propósito, mas desistiu e tentou outra abordagem. Em seguida, ele desejou subir à Bitínia e poderia ter falado muito sobre as necessidades desse povo; mas novamente a barreira subiu, e ele teve que aprender mais uma vez a lição: 'Não como tu queres, mas como eu quero'. Ele não deixou de ser ensinado por seus fracassos. Alguns de nós somos; e é muito difícil, e requer muita sabedoria cristã e altruísmo, distinguir entre obstáculos que pretendem dizer: 'Tente outro caminho, e não perca mais tempo aqui’.


Mas se desejarmos conhecer a vontade de Deus, Ele nos ajudará a distinguir entre esses dois tipos de dificuldades. Alguém disse: 'Dificuldades são coisas a serem superadas'. Sim, mas nem sempre. Muitas vezes o são, e deveríamos agradecer a Deus por elas; mas às vezes são advertências de Deus para que sigamos por outro caminho. Portanto, precisamos de discrição, paciência e suspense de julgamento para influenciar todos os nossos propósitos e planos.


Então, é claro, não preciso lembrá-lo de que a maneira de obter luz é buscá-la no Livro e em comunhão com Aquele que o Livro nos revela como a verdadeira Palavra de Deus: 'Aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.' Portanto, uma consideração cuidadosa é uma necessidade para todo bom trabalho cristão. E, se puder, converse com alguns Timóteo, Silas e Lucas sobre sua conduta, e não hesite em seguir o conselho de um irmão.


II. A próxima etapa é o envio imediato.


Quando eles seguramente perceberam que o Senhor os havia chamado, 'imediatamente' - há grande virtude nesta palavra - 'nós nos esforçamos para ir para a Macedônia'. A obediência atrasada é o irmão – e, se me permitem misturar metáforas, às vezes o pai – da desobediência. Às vezes significa simples fraqueza de convicção, indolência e uma falta de fervor. Significa muitas vezes uma relutância em cumprir o dever que está claramente diante de nós. E, queridos irmãos, como disse sobre a lição anterior, também digo sobre isto. A virtude familiar, que todos sabemos ser indispensável para o sucesso na vida quotidiana comum e nos empreendimentos comerciais, não é menos indispensável para o vigor da vida cristã e para toda a nobreza do serviço cristão. Não temos horas a perder; o tempo é curto. No campo da colheita, especialmente quando se aproxima o fim da semana e o domingo se aproxima, há pouco lazer e pouca tolerância para com os trabalhadores lentos. E para nós os campos são brancos, os trabalhadores são poucos, o Senhor da colheita é imperativo, o sol corre para o oeste e as foices terão que parar em breve. Então, ' imediatamente nos esforçamos'.


O atraso no trabalho é um desconforto presente. Enquanto um homem tiver consciência, ele permanecerá inquieto e inquieto até que, como dizem os Quakers, “se livre de seu fardo”, e faça o que sabe que deveria fazer, e termine com isso. A obediência atrasada significa possibilidades desperdiçadas de serviço e, portanto, deve ser sempre evitada. Quanto mais desagradável for qualquer coisa que seja claramente um dever, mais razões haverá para fazê-lo imediatamente. 'Apressei-me e não demorei, mas apressei-me em guardar os Teus mandamentos.'


Você já contou quantos ‘imediatamente’ existem no Evangelho de Marcos? Na história do ministério inicial de Cristo, cada novo incidente é acrescentado ao anterior, naquele capítulo, pela mesma palavra “imediatamente”. 'Imediatamente' Ele faz isso; 'imediatamente' Ele faz outra coisa. Tudo é um fluxo contínuo de atos de serviço. O Evangelho de Marcos é o Evangelho do servo e estabelece o padrão ao qual todo serviço cristão deve ser conformado.


Portanto, se tomarmos Jesus Cristo como nosso exemplo, incansável na obra, não deixaremos passar nenhum momento sobrecarregados com deveres não cumpridos; e descobriremos que todos os momentos são poucos o suficiente para o cumprimento dos deveres que nos incumbem.


III. Assim, por último, a consideração cuidadosa e a obediência sem hesitação levam a um caminho reto.


Bem, nem sempre é assim, mas é geralmente desse modo. Há um poder maravilhoso em fazer diligentemente a vontade conhecida de Deus para suavizar dificuldades e evitar problemas. É claro que não quero dizer que um homem que vive assim, verificando pacientemente e depois fazendo prontamente o que Deus deseja que ele faça, tenha qualquer isenção das tristezas e provações comuns da vida. Mas tenho certeza de que uma proporção muito grande de todos os obstáculos e decepções, tempestades e areias movediças, calmarias que impedem o progresso e ventos contrários que batem em nossos rostos, são por vezes produtos de nossa negligência em um ou noutro momento. Não devemos realizar nossas ações no Reino com nossa força, mas no poder dAquele que acalma os mares e nos leva ao refúgio.


Se a minha vontade suprema é fazer a vontade de Deus, então nada que seja a Sua vontade, e que venha a mim, pode ser um obstáculo para que eu faça isso.


Como diz um antigo provérbio: “Os mercadores viajantes nunca podem sair do seu caminho”. E um homem cristão cujo caminho é a simples obediência à vontade de Deus nunca pode ser desviado desse caminho por quaisquer obstáculos que possam afetar sua vida exterior. Portanto, na verdade mais profunda, há sempre uma viagem tranquila para os homens cujos olhos estão abertos para discernir e cujas mãos são rápidas para cumprir os mandamentos de seu Pai celestial. Para eles todos os ventos os levam para o seu porto; para eles, “todas as coisas contribuem juntamente para o bem. Aquele que é servo de Deus é o senhor do mundo. 'Todas as coisas são suas se vocês são de Cristo.'


Assim, irmãos, o estudo cuidadoso das providências e visões, dos obstáculos e estímulos, o posicionamento cuidadoso de nossas vidas lado a lado com a do Mestre, e um deleite em fazer a vontade do Senhor, garantirão para nós, na verdade mais íntima, um viagem próspera, até que todas as tempestades se acalmem, 'e eles estejam felizes porque estão quietos; então Ele os leva ao porto desejado.'


RM-FRASES PROTESTANTES

Fonte: https://biblehub.com/sermons/auth/maclaren/how_to_secure_a_prosperous_voyage.htm