26.4.23

A influência da cultura pop e da ficção científica na escatologia do senso comum



A influência da cultura pop e da ficção científica na escatologia do senso comum


A ficção científica e filmes de fantasias moldam o senso comum de gerações. A cultura pop tem este poder de moldar o pensamento das pessoas por um longo tempo. O imaginário, a ficção, muitas vezes soterra a história, os fatos. Filmes de ficção, programas de TV, literatura, apresentações multimídias, formam camadas que agem para o bem ou para o mal, e essas interpretações culturais influenciam a percepção do senso comum popular sobre diversos assuntos. Isto acontece na tecnologia e na teologia.


Um efeito similar aos filmes da franquia “Exterminador do Futuro”, por exemplo, sobre a ideia ficcional de máquinas de inteligência artificial humanoides que matam populações. Não subestimemos um imaginário que ajudou a moldar o senso comum por 40 anos. E, agora, recentemente com a ascensão da IA é gerado toda uma histeria e pânico por parte de muita gente. Curiosamente, a igreja se conecta com essas percepções e a cultura pop não só bate na porta da igreja, mas acampa e ocupa suas salas educacionais. O repertório retórico tribulacionista, apocalíptico, exerce efeitos de longo prazo na escatologia do senso comum há décadas.


A cultura pop da escatologia também infiltra-se na prática do dia a dia da igreja. É só trocar os "robôs assassinos" por arrebatamento secreto e grande tribulação futurista. O best-seller "Deixados para trás" de Tim LaHaye e de Jerry Jenkins provou ser influente sobre no mínimo uma geração, o mesmo aconteceu com o livro "Este mundo tenebroso" de Frank Peretti no campo da batalha espiritual. A retórica de certa forma molda termos, criam uma linguagem e imaginário. Filmes de anticristo futurista, cenários tribulacionistas, são repertórios retóricos que apenas produzem pânico e frustração. Gera um fetichismo escatológico voltado para a figura de um anticristo e negligencia o próprio Cristo e a Grande Comissão.


O risco nuclear desde o pós-guerra dos anos 40 existe e desde então se criou todo um edifício escatológico para justificar uma grande tribulação nuclear, este tema de tempos em tempos retorna com força, outro tema que ressurge para trazer mais gasolina para esta fogueira tribulacionista é a chamada crise climática, também as epidemias e mais recentemente as tecnologias disruptivas. O relógio do juízo final para muitos os ponteiros estão quase se tocando para alguns cientistas e tribulacionistas escatológicos, mas para Deus, o Relojoeiro e Senhor do tempo e eternidade, Senhor de todos os homens, Ele, somente Ele, sabe a hora exata de toda vida no universo. Tudo está debaixo do seu decreto, inclusive seu plano de alcançar todo o seu povo eleito segundo sua soberana vontade, em grande parte revelado nas Escrituras.


Decreto de Deus é uma determinação ou ordem de alguém que tem autoridade divina e suprema, algo inerente ao Criador onipotente. Deus é soberano e tem o direito absoluto de fazer o que lhe apraz. O propósito de Deus inclui vários eventos, mas esses não são sucessivamente formados à medida que surge uma emergência. Todos eles são partes de um só propósito ou decreto todo-abrangente. Visto que os acontecimentos são mutuamente relacionados, eles podem ser chamados de decretos para explicá-los às mentes finitas. Em resumo, os decretos de Deus estão relacionados ao Seu propósito eterno e abrangem todos os eventos antes do tempo, durante o tempo e subsequente ao tempo. Ele é Senhor, queiram ou não os homens!


Entender que Deus opera com um plano é importante porque isso nos ajuda a compreender a Sua soberania e autoridade absoluta. Se Deus não tivesse um plano, Ele não seria soberano e não teria controle sobre todas as coisas. Além disso, se Deus não tivesse um plano, não poderíamos confiar em Sua promessa de que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados segundo o Seu propósito (Romanos 8:28). Portanto, entender que Deus opera com um plano é fundamental para nossa compreensão da natureza de Deus e da Sua relação conosco. Especialmente para compreender que Deus tem um plano para seu Reino e inclui em seu centro, Cristo e sua Igreja.


Isso significa que tudo o que acontece no mundo está dentro do plano e propósito eterno de Deus. Portanto, quando entendemos os decretos de Deus, podemos ver como Ele é soberano e tem controle absoluto sobre todas as coisas. Isso nos ajuda a confiar em Sua promessa. Seu poder e suas promessas irão determinar o resultado da história da Igreja e de todas as coisas. Ele reina e a missão é dele.


De acordo com a visão pós-milenista, Cristo está atualmente reinando dos céus e continuará a fazê-lo até que todos os inimigos do evangelho sejam postos debaixo de seus pés. Isso é baseado em passagens bíblicas como 1 Coríntios 15:25-26, que diz: "Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés. O último inimigo a ser destruído é a morte". Os pós-milenistas creem que os cristãos são usados por Deus para colocar seus inimigos em submissão e, assim, ajudar a estabelecer o Reino de Deus na terra. Eles veem isso como um processo gradual e progressivo, em vez de um evento repentino ou cataclísmico. Acreditam que o Reino de Deus crescerá gradualmente na história até sua plenitude, quando Cristo retornar fisicamente à terra após um milênio não-literal ser completado.


O pós-milenismo se baseia em vários argumentos bíblicos, incluindo a Grande Comissão (Mateus 28:18-20), que ordena a igreja a fazer discípulos de todas as nações; o Salmo 110, que fala sobre Cristo reinando até que seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés; e as parábolas do Reino em Mateus 13, que descrevem o crescimento gradual do Reino de Deus. Além disso, os pós-milenistas apontam para passagens como Isaías 2:2-4 e Miquéias 4:1-5, que falam sobre todas as nações fluindo para o monte do Senhor e aprendendo a guerra não mais.


A visão pós-milenista acredita que o estabelecimento do Reino de Deus na terra é um processo gradual e progressivo, em vez de um evento repentino ou cataclísmico. Isso significa que os pós-milenistas não esperam que haja um evento único e dramático que traga o fim dos tempos, como a batalha do Armagedom ou o arrebatamento secreto. Em vez disso, eles creem que a igreja tem um papel ativo na transformação da sociedade e na construção do Reino de Deus na terra. Eles veem isso como um processo contínuo, no qual a igreja trabalha para trazer mudanças positivas nas estruturas sociais e culturais, promovendo a justiça, a paz e a prosperidade. Os pós-milenistas creem que esse processo levará tempo e exigirá muito trabalho árduo por parte da igreja, antes de uma era dourada de paz e prosperidade com grandes avanços em todas as áreas da civilização. Exatamente o contrário das visões amilenistas e pré-milenistas.


A bagagem escatológica do  pré-milenismo é uma ilusão porque não é consistente com o ensino claro da Palavra de Deus. Os pré-milenistas conseguem defender sua doutrina apenas desconsiderando muitas passagens que ensinam que a ressurreição, o julgamento final e a entrega do reino ao Pai ocorrem no fim dos tempos. Além disso, o surgimento do pré-milenismo nas igrejas evangélicas coincidiu historicamente com o surgimento do pietismo anti-bíblico, do Arminianismo, do Dispensacionalismo e do escapismo.


A visão escatológica pós-milenista ensina que o mundo será gradualmente transformado pela pregação do evangelho e pela influência da igreja, até que a maioria das pessoas na terra seja cristã. Isso levará a um período de paz e justiça na terra, conhecido como o milênio, antes da segunda vinda de Cristo, portanto arrebatamento secreto dos santos antes da tribulação é um erro. Os cristãos devem estar envolvidos em todas as esferas da vida para aplicar a Palavra de Deus à sociedade e esperar a colheita do Reino para o Reino. Vale a pena acreditar no crescimento do Reino como uma antiga pequenina semente de mostarda que se transforma numa frondosa plantação.

Raniere Menezes
Frases Protestantes