20.11.16

QUEM CONTROLA O MARTELO? DÍZIMO: VAMOS FALAR? [PARTE II] Estudo baseado em “Tithing and the church” / Gary North, 1994.



QUEM CONTROLA O MARTELO?
DÍZIMO: VAMOS FALAR? [PARTE II]
Estudo baseado em “Tithing and the church” / Gary North, 1994.
Por Raniere Menezes/Frases Protestantes, 2016.

Quem controla o martelo? Se o dízimo não é moralmente obrigatório o temor das sanções de Deus tem diminuído, esta é a mensagem que a igreja de hoje transmite. Os juramentos, deveres e sanções relacionados estão perdendo força e a igreja não se distingue de uma instituição meramente voluntária. Exemplos?

O juramento do casamento, por exemplo. O divórcio sem culpa é a tônica aceitável no cenário atual. A exortação da Ceia ensinada por Paulo traz em si uma maldição para quem come ou bebe indignamente – 1 Co 11.27-32. – Mas não é mais considerado o seu peso de julgamento divino.

Estes dois exemplos, o divórcio e a Ceia são alguns indicadores do declínio da família e da igreja, hoje. Para Deus, qual é o juramento mais importante? O juramento da igreja ou o familiar? Quem sobreviverá ao julgamento final? Somente a igreja entrará na eternidade. Cf. Ap 21.1-2. A quem foi dada a autoridade de batizar as nações em nome de Cristo? Cf. Mt 28.18-20. Percebamos que não há neutralidade.

Os liberais afirmam a centralidade do Estado ou dos indivíduos, os conservadores afirmam a centralidade da família, ambos estão em conflito com Jesus. Mt 10.35-37. Como assim? A centralidade da família entra em conflito com Jesus? Os conservadores não proclamam os valores da família? Sim, mas quais são os valores da família? Quais tipos? E os valores da família islâmica? Não são valores? Como a família islâmica defende a violação da castidade de uma virgem solteira e grávida? A família se reúne e executa a filha depois que ela entrega seu bebê. Podemos não ser a favor disso, mas é fato que são valores de família. E nós somos contra os valores da família? Os valores só podem ter uma origem: a lei de Deus. Mas muitos ignoram Mateus 5.19.

Divórcio sem culpa, não ser contra o aborto, adultério como coisa normal. Esta é a ordem do dia. Se você se sente bem, faça! O que importa é o amor ao próximo. Esta é a mensagem de hoje. Mas e o amor a Palavra de Deus? O amor a sua Lei? Você não teme?

Como pessoas que não têm medo de sanções de Deus, os cristãos têm aceitado esta equação: Pecado original - sanções de Deus + graça comum = legitimação de jurisprudência civil.

Com tantos problemas maiores que são ignorados eclesiasticamente quem, hoje, vai impor sanções divinas contra membros que se recusam a dar o dízimo. Quem pregar terá a maioria contra e vai espantar a membresia. Basta atravessar para o outro lado da rua que encontrará uma igreja que se adeque ao seu entendimento ou basta criar um movimento interno na igreja para retirar e substituir quem insistir neste assunto.

O dízimo se tornou um termo politicamente incorreto, e como substituto da arrecadação monetária cria-se uma rotina de campanhas de arrecadação, seja com vendas de algum produto ou pedidos insistentes de ofertas. E muitas igrejas ao arrecadarem destinam para gastos em construção de prédios. E as agências missionárias sofrem com a má arrecadação e má distribuição.

Aqui talvez esteja a origem de tantos desigrejados, mas certamente a origem do pessimismo, das revoltas, da falta de confiança no trabalho da igreja e nos resultados futuros do cristianismo. Quando a igreja deveria estar focada em assuntos mais nobres, a exemplo do dever de apoiar agências cristãs que tenham bons ministérios. A igreja perdeu a força do punho para ameaçar com o juízo do martelo. Agem como Faraó quando disse:

Mas Faraó disse: Quem é o Senhor, cuja voz eu ouvirei...? -- Êxodo 5:2.

Centralizando apenas na questão do dízimo, a igreja hoje recebe as sobras, após os impostos e gastos pessoais dos membros e das famílias, após o pagamento das dívidas, após a alimentação, vestuário, despesas de estudos e entretenimento. Em sua maioria, na prática, dá-se o que sobra. Mas as ofertas suprem o que a igreja necessita?

Sobre ofertas, a igreja mesmo sobrecarregada de dívidas trata seus membros com discursos que imploram. Que o Espírito Santo os leve a DAR, livremente, com alegria. O discurso é encantador, mas o que acontece na prática? Por termos uma revelação maior que a Antiga Aliança deveríamos dar mais, mas damos menos. Triste constatação que pesa sobre gerações da Nova Aliança. Estatisticamente, a média geral das igrejas é 5%. Talvez sua igreja seja diferente. Quantos membros têm sua igreja? Quanto arrecada? Viveria sem as ofertas dos visitantes?

Igrejas que vivem de doações voluntárias raramente são exigentes. Se não podem exigir o básico, que é o sustento financeiro do ministério, temerão exigir assuntos mais complexos. Elas se tornam mendigas e mendigos não podem exigir nada.

Há alguns discursos sobre "sacrificar", e muitos são altamente distorcidos e mercenários, mas vamos considerar o sacrifício no bom sentido, o mais bíblico possível. Que sacrifício seria menor do que no Antigo Testamento? É algo estranho que detecta o espírito de hoje.

Uma objeção: As pessoas do Antigo Testamento eram rurais e tribais, e hoje somos urbanos, globais. Devemos usar leis tão antigas e primitivas hoje? Claro que não, somos adultos, conscientes. A igreja merece 10% de nossa renda? Não! Isso é primitivo, foi abolido, por favor! Hoje só ofertas, apenas ofertas, baseadas em nossa decisão e voluntariamente.

A soberania pertence a quem? Quem controla o martelo? O povo dá, e o povo tira, bendito seja o nome do povo? Oram em nome de Deus e recolhem em nome das pessoas? A igreja é um mercado livre? O valor está no cliente?

Como os tempos mudaram, estamos em declínio. Houve um tempo, há três séculos, quando os cristãos acreditavam que só existiam três maneiras de sair de uma igreja: morte, excomunhão ou carta de transferência. Excomunhão hoje é algo politicamente incorreto. Excomunhão é algo ultrapassado.

O poder do martelo não esta mais na igreja. A igreja deixou cair o martelo há mais de um século. A igreja vive hoje um sistema de contratos, não de pacto com Deus, apesar de invocar seu nome. A sagrada comunhão da Ceia tornou-se um mero memorial, e então a igreja do pacto tornou-se um contrato. O sacramento não é levado a sério na prática. A comunhão semanal virou comunhão mensal e a mensal pode virar anual ou trimestral. O vinho é substituído por suco de uva, e os dízimos se transformaram em ofertas.

Enquanto as igrejas pararam de pregar o dizimo moralmente obrigatório, o Estado multiplicou por quatro.

CONTINUA...