Esta data é uma das mais marcantes e dramáticas da história
das guerras religiosas do século 16. Este dia ficou conhecido como o massacre
da noite de São Bartolomeu, com pelo menos 10 mil mortes por várias cidades
francesas, pois o evento de matança se estendeu por dias. Quem quiser estudar
este caso mais a fundo necessitará estudar sobre os eventos das guerras de
religião do século 16. Havia uma grande tensão entre católicos e protestantes.
E nesta tensão europeia existiam tentativas constantes de reconciliações, alianças e
oposições. Alguns países da Europa eram mais protestantes, outros mais
católicos e ainda outros divididos. Uma reconciliação nacional era algo muito difícil
de realizar nesse contexto. Essas tentativas de reconciliação nacional
provocavam forte oposição entre católicos mais radicais e protestantes. Um
casamento entre nobres poderia trazer uma reconciliação, poderia...
A rainha-mãe Catarina de Médici, supostamente na esperança
de selar a reconciliação nacional francesa, incentivou o casamento de Henrique
de Navarra, futuro Henrique IV, protestante, com Marguerite de Valois (Rainha
Margot), católica irmã de Carlos IX. Este casamento em 18 de agosto de 1572
causou a chegada a Paris de muitos protestantes nobres seguindo o rei de
Navarra. E este aglomerado de convidados protestantes em Paris foi uma ocasião
propícia para degenerar em um massacre geral. Carlos IX, empurrado por Guise,
autoriza o assassinato de líderes protestantes. Três dias de matança
generalizada na França. Os católicos usavam uma cruz branca em seus chapéus e
atacavam os protestantes (Todo católico durante a matança deveria amarrar uma
tira de linho branco no braço e usar uma cruz branca no chapéu). Só em Paris o número
de vítima girou em torno de 4 mil. Em 26 de agosto, o rei foi ao parlamento e assumiu a responsabilidade pelo massacre.
Papa Gregório XIII recebeu a notícia com entusiasmo: ele fez
para o povo uma medalha comemorativa, em ações de graças.
Na noite de 23 a 24 de agosto, um conselho real se reúne,
durante a qual foi decidido para assassinar o Almirante Gaspar de Coligny e um
número de líderes huguenotes. O sino da igreja de Saint Germain l'Auxerrois soa
o alarme para começar a matança. O Almirante de Coligny, líder calvinista francês
(huguenotes), o mesmo que foi responsável por tentar implantar uma colônia francesa
no Rio de Janeiro em 1555, foi brutalmente assassinado em sua casa, enquanto
muitos cavalheiros huguenotes foram massacrados no Museu do Louvre e na cidade,
sem possibilidade de defesa, “mortos como ovelhas no matadouro”, como escreveu
Theodore Beza.
Fonte:
http://www.museeprotestant.org/notice/la-saint-barthelemy-24-aout-1572/
Para quem tem interesse histórico:
Livro clássico, romance, "Rainha Margot" (1909) de
Camille de Morlhon, adaptação do romance de Alexandre Dumas.
CINEMA E HISTÓRIA
FILME: "Intolerância" (1916) de DW Griffith. Um dos
maiores cineastas americanos retrata bem o massacre. Fotografia bela arte.
FILME: "Rainha Margot" (1954) de Jean Dréville. As
intrigas da corte em torno do massacre de massacre do dia de São Bartolomeu, em
agosto de 1572. Adaptação livre do famoso romance. Cenário de Abel Gance. Nesta
versão o rei Carlos IX planeja o assassinato de Coligny, enquanto Catarina de
Medici planeja o massacre.
FILME: "Rainha Margot" (1994) de Patrice Chéreau.
Retrata Paris alguns dias antes do casamento, que tenta reconciliar os
católicos e os protestantes. Trama de ódios, escândalos e intrigas,
eventualmente, acontece o massacre sem precedentes. Margot tenta salvar seu noivo
protestante. Bela fotografia, destaque para um poderoso realismo na
reconstrução, que peca em alguns detalhes. Por exemplo, o futuro rei Henrique
IV era conhecido por sua coragem, enquanto no filme ele é um covarde. Durante o
casamento o casal tinha 19 anos, portanto, é necessário desconsiderar a
aparência física dos atores. Fotografia nota 10.
FILME: “Henri IV" (2010) de Jo Baier . A vida de Henrique
de Navarro, futuro Henrique IV. Trata-se de um filme para a televisão, um
roteiro de 2h35min. Fotografia bem cuidada.
FILME: "A princesa de Montpensier" (2010) de
Bertrand Tavernier. Retrata o ódio das guerras de religião. Marie de Mézière
ama Henri de Guise, mas logo é prometida ao príncipe de Montpensier. Seu marido
chamado para a guerra, ela permanece no castelo do conde de Chabannes, seu
tutor. É uma magnífica adaptação da peça “A Senhora de Fayette”. A ligação com
o massacre está no final, uma das cenas retrata a morte do conde de Chabannes
durante massacre do dia do St Bartholomew.
Fonte: Reverso/cinema e história.