16.10.14

O prazer de Deus e a possibilidade de santidade


Texto base: Romanos 12.1-2

Se você é um cristão regenerado e salvo pela fé, então você pode realmente ser santo. Nos versos de Romanos vemos que a busca por piedade flui da graça de Deus. Você pode ver isso no verso 1: “pelas misericórdias de Deus”. Paulo está dizendo que por causa da obra de Deus em nossa vida e nossa gratidão por tal obra, nós devemos apresentar nossas vidas como sacrifícios vivos. O termo “pois” conecta com todas as bênçãos dos capítulos 1 a 11 de Romanos. É por todas essas bênçãos que devemos buscar a piedade. Os imperativos da Bíblia estão baseados nas promessas da Bíblia.

Repare que o sacrifício que deve ser oferecido preciso ser santo e agradável a Deus. Por implicação, Paulo está dizendo que podemos alcançar isso: sermos santos. Sim, nossa salvação é toda pela graça, mas com a nova posição que recebemos em Cristo, temos um novo poder para viver uma vida transformada.

É possível ser santo! Pode parecer “humilde” dizer que não conseguimos ser santos sequer um segundo de nossa vida, mas não é assim que a Bíblia fala.

Lucas 1.5-6: Zacarias e Isabel eram justos perante Deus, andando sem repreensão em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
Jó 1.1: Jó era íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal
Rm 16.19: a obediência da igreja de Roma era conhecida a todos
Deus espera que sejamos marcados pelo fruto do Espírito. O problema é que pensamos que achamos que Deus só pode sorrir se tivermos uma obediência perfeita, que ele não se alegra se realizarmos boas obras que não sejam perfeitas. Precisamos criar uma nova categoria de boas obras que não são meritórias, nem perfeitas. Se você é um pai, você se alegra com o esforço de seu filho, mesmo que o esforço dele não seja suficiente.

Normalmente alguns argumentam contra esse entendimento com base em Isaias 64.6: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam”. Contudo, precisamos entender o que Isaias está falando em contexto. Veja o verso 5: “Sais ao encontro daquele que com alegria pratica justiça”.

O texto bíblico fala, então, de dois tipos de justiça: uma justiça verdadeira e uma aparente. É como se Deus estivesse dizendo: não me importa se você vai à igreja, se você odeia seu próximo (Is 1.13-14)?

Por que isso é tão importante?

Sem esse entendimento de que a santidade é possível:

1) desistiríamos de buscar a piedade. Se você pensa que Deus, o Pai, nunca se agradará de você como filho, você terá uma visão errada de Deus, como se ele fosse carrancudo e impossível de agradar.

2) tentaremos relativizar de que todos os pecados são iguais. Em um certo sentido, todo pecado é igual diante de Deus, pois uma violação da lei é capaz de nos enviar para o inferno (Tg). Porém, não é verdade de que todo pecado é igual ao olho de Deus. Na Lei há penalidades diferentes para diferentes pecados. Jesus disse que alguns sofreriam maior condenações que outros. Quando todo pecado é igual, podemos desistir de lutar contra qualquer pecado. Você pode acabar pensando “por que devo deixar de dormir com minha namorada se ainda pecarei em lascívia?”.

3) iremos ignorar os avisos da Bíblia contra aqueles que não buscam a santidade. Existe uma diferença entre cair em pecado e pular no pecado. Se sua vida é marcada por pecado habitual e sem arrependimento, então a Bíblia diz você não herdará o reino dos céus.

4) seremos roubados de um dos meios de nossa segurança da salvação. Há várias maneiras que Deus nos dá certeza da salvação, mas uma deles é o autoexame para ver se estamos na fé (2 Coríntios 13.5), (1 João 3.6, 10) e confirmar a nossa vocação e eleição (2 Pedro 1.10). Mas você precisa olhar para sua vida sob o foco correto. Não é perguntar se você está mais santo do que semana passada, mas se você ao longo de anos e décadas tem crescido na fé. Também é importante a confirmação da comunidade da fé, pois não somos muitas vezes os melhores juízos de nós mesmos, já que ao longo dos anos percebemos mais a nossa pecaminosidade.

5) teremos um relacionamento empobrecido com nosso Pai celeste. As pessoas normalmente dizem que não há nada que possamos fazer para que o Pai fique mais ou menos contente conosco. Por um lado, é verdade que não podemos ser mais ou menos justificados ou adotados ou unidos com Cristo. Mas há uma diferença entre nossa união com Cristo e nossa comunhão com Cristo. Assim como em um casamento, não há como ser mais ou menos casados, mas há como ter uma comunhão maior ou menor. Hebreus 12 fala que o Pai disciplina a quem ama. Efésios 4 fala sobre entristecer o Espírito. Deus pode estar maravilhosamente irado com seus filhos.

Deus continua a perdoar os pecados dos que são justificados. Embora eles nunca poderão decair do estado de justificação, poderão, contudo, incorrer no paternal desagrado de Deus. e ficar privados da luz do seu rosto, até que se humilhem, confessem os seus pecados, peçam perdão e renovem a sua fé e o seu arrependimento. (Confissão de Westminster – capítulo XI.V – Da Justificação)

Precisamos entender que nós podemos agradar a Deus se oferecemos uma sacrifício santo. Precisamos parar de nos relacionar com Deus somente como um Juiz (ou você está dentro ou fora) e entender que nos relacionamos com Deus como Juiz e como Pai.

Você não precisa ser um fracasso espiritual. Pelas misericórdias de Deus você pode apresentar a sua vida santa e agradável a Deus.


Por: Kevin DeYoung. 2014, Ministério Fiel.