A interpretação historicista na escatologia assemelha-se ao idealismo alegórico em extrair de textos históricos, contextualmente históricos, e lançar interpretações simbólicas e conceituais, ao longo da história. Apesar de sua pretensão em se diferenciar de futurismo e idealismo, é inevitável que sempre tente realizar uma leitura dos acontecimentos presente e faz uso de explicações simbólicas adaptáveis. Lembrando que existe uma diferença em aplicação de um princípio geral extraído das Escrituras e duplo cumprimento ou sentido múltiplo; ou seja, o texto diz aquilo que o texto diz à audiência primária, – respeitando o contexto histórico da passagem --, buscar o sentido natural, primário; óbvio, claro. A partir deste pleno sentido extraímos lições. Tudo que foi escrito foi escrito para a Igreja em todas as gerações: “Tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito”.
Romanos 15:4-6: Porque tudo que dantes foi escrito para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança. Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus, para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo.
A interpretação historicista na escatologia assemelha-se ao idealismo alegórico em extrair de textos históricos, contextualmente históricos, e lançar interpretações simbólicas e conceituais, ao longo da história. Apesar de sua pretensão em se diferenciar de futurismo e idealismo, é inevitável que sempre tente realizar uma leitura dos acontecimentos presente e faz uso de explicações simbólicas adaptáveis.
É como interpretar os materiais da estatua da visão de Nabucodonosor em eras, enquanto a interpretação bíblica se refere a reinos. Ou interpretar as sete igrejas em Apocalipse como períodos da igreja ao longo da historia ou ainda ajustar as profecias dos Evangelhos ou de Apocalipse a acontecimentos cíclicos na história. Historicismo é uma liberdade poética que acrescenta ao texto bíblico o que ele não diz, é como a cabala hebraica que interpreta combinações de letras mediante valor numérico do alfabeto para extrair interpretações de suas combinações e anagramas. E também não se distancia da hermenêutica liberal, pois se afasta do sentido original do texto, que há vários sentidos para o texto bíblico. O historicismo trabalha com aplicações múltiplas de um texto. Enquanto a hermenêutica dos reformadores diz que há somente um sentido verdadeiro e pleno em cada texto da Escritura e não múltiplos sentidos, e esse sentido pode ser alcançado e compreendido pela Igreja.
Não há dúvida de que em nosso Novo Testamento existem princípios gerais aplicáveis a todas as nações e a todos os tempos. Situações, tipos de caráter e eventos que podem ser repetidos e repetidos continuamente, em gerações sucessivas; mas isso não altera o fato de que eles tinham uma aplicação direta e pessoal às pessoas e igrejas especificadas. Mas, como em uma verdadeira teoria científica, todos os fatos se encaixam facilmente em seu lugar e apoiam todo o resto; assim, em uma verdadeira teoria da interpretação, toda passagem encontra uma solução fácil e contribui com sua cota para apoiar a correção do princípio geral. "A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente" (CFW, I.9) Ref. At. 15: 15; João 5:46; II Ped. 1:20-21.
Assim como na hermenêutica jurídica ou filosófica, a hermenêutica teológica não pode se afastar do domínio teórico que proporciona bases racionais e seguras para interpretações de enunciados. Só as Escrituras explicam a própria Escritura e debaixo do poder do Espírito Santo. Comparando coisas espirituais com espirituais. Os historicistas se tornam escravos dos jornais, das últimas notícias, infelizmente, trazendo expectativa tribulacionista para sua audiência ao invés de edificação da Igreja através das promessas de bênçãos e vitórias da Grande Comissão.
Raniere Menezes