28.12.23

A CULTURA DA AMIZADE


Infinita é a ajuda que o homem pode oferecer ao homem.

CARLYLE, Sartor Resartus.


O Livro dos Provérbios aborda extensivamente o tema da amizade, fornecendo conselhos claros sobre as pessoas que um jovem deve buscar como amigos e aquelas que deve evitar. Os conselhos são astutos, prudentes e sábios, muitas vezes abordando situações cotidianas. O livro critica fortemente os falsos amigos e como as amizades podem ser rompidas. Por exemplo, destaca que o rico atrai muitos amigos, sugerindo uma reflexão sobre a qualidade dessas relações interesseiras. De maneira sarcástica, comenta que todo homem é amigo daquele que dá presentes, apontando os motivos questionáveis de algumas amizades. A sátira se manifesta na descrição do homem que vive dando tapinhas nas costas, inconstante e adulador, que elogia seu amigo em voz alta, mas pode trair pela manhã. O livro de Provérbios ilustra as conexões frágeis entre as pessoas, comparando-as a cerâmica remendada, e destaca a ação nociva daqueles que buscam dividir os amigos. Há ironia sobre a qualidade da amizade comum e a condenação do fofoqueiro e sua alma sórdida são temas presentes na obra.


Essa atitude ácida é tão prevalente que raramente esperamos que um livro tão perspicaz aborde tão sinceramente as muitas possibilidades da amizade humana. Seu objetivo principal é alertar os jovens sobre os perigos e armadilhas da vida social, oferecendo conselhos práticos, especialmente no que diz respeito a evitar ser fiador de um amigo. O livro adverte contra os truques, fraudes e desonestidades que eram comuns nas ruas da cidade naquela época, assim como ainda ocorrem hoje. De forma um tanto irônica, ri ao considerar que a amizade pode não ser tão comum quanto o coração ávido e generoso da juventude imagina. Quase zomba da credulidade dos homens em relação a esse assunto, destacando a frase: "Aquele que faz muitos amigos o faz para sua própria destruição." -- Provérbios 17.17; 18.24; 27.17; 27.6, 22.24.


Apesar de existirem muitos livros na literatura clássica, nenhum exalta tanto a ideia de amizade e mostra tanto desejo de que ela seja genuinamente valorizada e protegida como no livro de Provérbios. As advertências sábias apresentadas são em prol da verdadeira amizade. Condenar a hipocrisia não implica, como comumente se pensa, condenar a religião, e rejeitar o falso não é rejeitar automaticamente o autêntico. O escárnio da tolice pode ser, na verdade, um argumento secreto em favor da sabedoria. A sátira expressa uma verdade negativa. O lamentável é que a maioria das pessoas, que começa com a filosofia prudencial e sábia do mundo, fica estagnada nela, nunca indo além do escárnio. Isso não ocorre com este livro sábio. Apesar de sua compreensão das fraquezas humanas e da franca denúncia das máscaras comuns da amizade, ele aborda também o verdadeiro tipo de amizade com belas palavras que ainda não foram superadas em todas as avaliações sobre o assunto. Um amigo ama em todos os momentos e é um irmão nascido na adversidade. Fiéis são as feridas de um amigo. Pomada e perfume alegram o coração, assim como o sabor doce agradável por meio de conselhos sinceros. Estas palavras não são de um cínico que perdeu a fé no homem.


É verdade que a amizade genuína não é algo comum que se encontre facilmente em qualquer lugar. E isso é bom, pois, assim como a sabedoria, ela deve ser buscada como tesouros escondidos, requerendo cuidado e reflexão para ser mantida. Considerar cada pessoa nova como um amigo é ter um coração superficial; nem todo conhecido casual é um amigo de fato. Certas conexões profundas não devem ser compartilhadas indiscriminadamente. Sabe o que isto significa? Não compartilhe sua alma com qualquer pessoa, sem ter a certeza sólida de amizade verdadeira. Até que compreendamos a sacralidade de uma verdadeira amizade, falar sobre a cultura da amizade é vão. Abrir o coração para todos é uma grande inocência ou uma grande loucura. O Livro de Provérbios, como guia sobre amizade, oferece advertências perspicazes e críticas quando necessário, mas não vai ao extremo de afirmar que todos os homens são mentirosos, negando a existência de verdade e fidelidade. Tal afirmação seria precipitada. O livro destaca que há amigo mais próximo que um irmão, indicando a possibilidade de um relacionamento abençoado, caracterizado por amor, respeito, confiança e camaradagem generosa, onde o homem se sente seguro para ser autêntico, sabendo que não será facilmente mal compreendido.


A palavra "amizade" foi degradada ao ser aplicada a usos baixos e indignos, resultando em muitas interpretações cínicas e satíricas da vida. O sagrado título de "amigo" foi tão maltratado que corre o risco de perder seu verdadeiro significado. [Um pensador mais contemporâneo abordou o tema amizade e as mudanças da sociedade atual, Zygmunt Bauman explorou como a liquidez das estruturas sociais contemporâneas impacta as relações interpessoais, incluindo as amizades. Bauman argumenta que, na sociedade líquida, as relações humanas tornam-se mais fluidas e voláteis. Ele observa que as amizades podem ser efêmeras e sujeitas a mudanças rápidas, muitas vezes devido a fatores como mobilidade, individualismo e a influência da cultura do consumismo. Além disso, Bauman destaca a importância da comunicação nas amizades modernas, muitas vezes mediadas por tecnologias de comunicação digital. Essa comunicação instantânea pode criar conexões superficiais e efêmeras, influenciando a natureza das relações de amizade. A crítica que o Bauman faz não se distancia muito em essência do teólogo escocês, Hugh Black. Para Bauman, as amizades verdadeiras podem ser desafiadoras de manter em um mundo caracterizado pela mudança constante, onde as relações muitas vezes se tornam efêmeras. Mas, ele reconhece que, mesmo em meio a essas condições, as amizades autênticas são valiosas].


É inútil falar sobre cultivar o precioso dom da amizade se não esclarecermos para nós mesmos o que realmente entendemos por "amigo". Muitas vezes, fazemos conexões e conhecemos pessoas, chamando-as de "amigos", quando na verdade temos poucas amizades verdadeiras, pois não estamos dispostos a pagar o preço que a verdadeira amizade exige.


Se considerarmos que a amizade não vale o preço a ser pago, isso é compreensível, mas não devemos usar a palavra com significados diferentes e, em seguida, criticar o destino pela ausência de milagres de beleza e alegria em nossas relações de amizade. Assim como outras bênçãos espirituais, a amizade chega a todos nós em algum momento, mas muitas vezes a deixamos escapar. Embora tenhamos oportunidades, nem sempre as aproveitamos. A maioria das pessoas faz amigos com facilidade, mas poucos conseguem mantê-los. Não dedicamos o cuidado, a reflexão e o esforço necessários. Queremos o prazer da companhia, mas não aceitamos o dever. Buscamos os benefícios dos amigos, mas evitamos a responsabilidade de mantê-los. Um erro comum é espalhar nossa atenção sobre muitos e não aprofundar as relações verdadeiramente no coração. Lamentamos a falta de amigos leais, mas não investimos o amor que os cultivaria. Queremos colher onde não semeamos, uma tolice evidente. Aqueles que buscam centenas de amigos, como satiricamente descreve Cowper, não podem esperar a dedicação exclusiva que não ofereceram.


O segredo da amizade reflete o segredo de todas as bênçãos espirituais: dar é a chave. O egoísta, em última instância, só alcança egoísmo. A vida apresenta desafios de acordo com a medida que medimos. Alguns indivíduos têm um talento natural para a amizade devido à sua personalidade, receptividade e altruísmo. Eles aproveitam plenamente a vida, pois, além de certas alegrias específicas, até mesmo o intelecto se aprimora pelo cultivo das amizades. Nenhum sucesso material se compara ao sucesso na amizade. Nossos padrões egoístas nos prejudicam. Um antigo provérbio popular expressa uma visão mundana, sugerindo que o homem não pode amar e ser sábio simultaneamente. Mas, isso só é verdade quando a sabedoria é equiparada à prudência e ao egoísmo. Pelo contrário, um homem só alcança verdadeira e nobre sabedoria ao se envolver na generosidade da amizade. O egocêntrico não consegue manter amigos, mesmo que os faça; sua sensibilidade egoísta é sempre um obstáculo, como um nervo doente prestes a ser inflamado.


A cultura da amizade é um dever, pois cada presente de amizade traz consigo uma responsabilidade. Além disso, é uma necessidade, pois sem um cuidado vigilante, a amizade não perdura mais do que qualquer outro presente. Sem cultivo, ela permanece apenas uma potencialidade. Podemos deixá-la escapar ou podemos usá-la para enriquecer nossas vidas. O milagre inicial da amizade, cheio de maravilha e beleza, desvanece, e sua glória se dissipa na luz do dia comum. O encanto inicial passa, e a alma esquece a primeira exaltação. Existe sempre o risco de confundir o extraordinário com o ordinário. Não devemos considerar a amizade apenas como um luxo da vida, ou ela deixará de ser. A amizade começa com emoção, mas para perdurar, deve se transformar em um hábito. O hábito se estabelece quando algo se torna parte habitual da vida; e, independentemente da origem da amizade, ela precisa se tornar um hábito para evitar desaparecer.


A amizade requer um tratamento delicado, sendo suscetível a danos por erros tolos desde o início e podendo ser prejudicada pela negligência. Nem toda amizade consegue florescer em solo pedregoso. A falta de sensatez, que é um sinal externo de falta de consideração, frequentemente resulta na morte de muitas amizades. Pior ainda, muitas vezes é comprometida desde o início pelo desejo insaciável de sensacionalismo na conversa, esquecendo-se da sacralidade da confiança e da simplicidade. Nada é concedido ao homem que não é digno de possuí-lo, e um coração superficial nunca poderá experimentar a alegria de uma amizade, pois não está disposto a cumprir as condições essenciais para sua manutenção. Aqui, também, é verdade que ao homem que não tem, é tirado até mesmo aquilo que ele tem. [Aqui podemos lembrar da sábia “regra de ouro e de prata”. A "regra de ouro" preconiza "faça aos outros apenas o que você faria a si mesmo", a "regra de prata" representa uma abordagem via negativa, mais robusta que a primeira: "não faça aos outros o que você não faria a si mesmo". Esta dupla perspectiva é de prudente sabedoria, pois não se trata apenas de "fazer", mas de "não fazer". Isso adiciona uma camada de consideração cuidadosa às interações, reconhecendo os limites].


O método para cultivar a amizade encontra seu melhor resumo na Regra de Ouro: fazer para o amigo o que gostaríamos que ele fizesse para nós é um compêndio simples de todos os deveres da amizade. O primeiro princípio da amizade é que ela é mútua, como entre iguais espirituais, requerendo reciprocidade, confiança e fidelidade. Simpatia e empatia são essenciais para manter o contato, mas deve ser exercida continuamente, sendo um canal de comunicação que precisa permanecer aberto sem ruídos.


Praticar a afinidade pode envolver o cultivo de gostos semelhantes, embora isso geralmente ocorra naturalmente na comunhão. Mas, cultivar gostos semelhantes não significa absorção de uma amizade pela outra, nem a identidade completa entre ambos. Pelo contrário, parte da graça da relação de amizade reside na diferença, que coexiste no meio do pacto. O fundamental é ter um desejo real e um esforço genuíno para se compreender mutuamente. Vale a pena se esforçar para preservar um relacionamento cheio de bênçãos para ambos.


Assim como em todas as relações humanas, a paciência desempenha um papel decisivo aqui. Ao reconhecermos a necessidade constante de exercer essa virtude em nossas próprias vidas, compreendemos sua importância para os outros. Com o tempo, é inevitável perceber aspectos que “diminuem o valor” de um amigo, e talvez até mesmo coisas que nos irritam. Isso apenas significa que nenhum homem é perfeito. Com tato, cuidado e paciência, podemos ajudar a corrigir possíveis falhas em um caráter, e, em qualquer caso, é tolice esquecer as grandes virtudes de nosso amigo por conta de algumas imperfeições irritantes. Podemos manter o primeiro ideal na memória, mesmo sabendo que ainda não é uma realidade completa. Devemos evitar que nosso relacionamento se torne agressivo e, ao contrário, preservá-lo como algo que merece cuidado, um refúgio do mundo caído, um santuário onde deixamos as críticas do lado de fora e respiramos livremente.


A confiança é fundamental para fazer um amigo. Se adotarmos uma atitude de neutralidade armada, desconfiança, assertividade e excesso de cautela em nossas interações, como podemos esperar criar conexões genuínas? A suspeita é prejudicial à amizade. Alguma magnanimidade e abertura de espírito são necessárias antes que uma amizade possa se formar. Devemos estar dispostos a nos doar livremente e sem reservas.


Para alguns, avançar na construção de amizades é mais fácil devido à sua natural confiança. Entretanto, é essencial começar de alguma forma, e ao entrar em uma associação pessoal, não devemos ser excessivamente cautelosos ao expressar nossos sentimentos. Se permanecermos excessivamente reservados, às vezes, um momento de ouro pode ser perdido devido a uma reserva tola. Embora tenhamos receio de nos abrirmos facilmente, um sentimento defensivo aprendido por meio de experiências tristes, em geral, talvez a natureza espontânea, que age por impulso, seja de uma qualidade superior à natureza excessivamente cautelosa, sempre alerta para não se comprometer. Sem certo nível de confiança, não podemos colaborar ou estabelecer relações uns com os outros.


Se a confiança é o primeiro requisito para fazer um amigo, a fidelidade é o primeiro requisito para mantê-lo. A chave para ter um amigo é ser amigo. A fidelidade surge da confiança, e devemos estar prontos para aproveitar todas as oportunidades para servir nosso amigo. Para a maioria de nós, a vida é composta por pequenos gestos, e muitas amizades desvanecem devido à negligência simples. Corações se distanciam porque todos esperam por uma grande ocasião para demonstrar afeto. O valor espiritual significativo da amizade reside nas oportunidades que ela oferece para o serviço, e se negligenciarmos essas oportunidades, é de se esperar que o dom da amizade seja enterrado. Uma amizade que começa com sentimentos não sobreviverá e prosperará apenas com base nesses sentimentos. É necessário ter lealdade, expressa por meio do serviço. O valor de um gesto não está na grandiosidade da ajuda ou no valor intrínseco do presente, mas sim na demonstração de amizade e consideração.


A atenção aos detalhes é o segredo do sucesso em todas as esferas da vida, e pequenas gentilezas, atos de consideração, apreciações e confidências [Tg 5.6] são tudo o que a maioria de nós é chamada a realizar. Essas considerações mantêm nossos sentimentos em destaque para ambas as partes. Se nunca expressarmos nossos sentimentos bondosos, com nosso amigo, ou mesmo com nós mesmos, teremos garantia de que eles existem? A fidelidade nas ações é o resultado externo da constância da alma, que é a mais rara e a maior das virtudes. Se o milagre da amizade nos alcançou, certamente vale a pena sermos leais e verdadeiros. Ao aproveitarmos as pequenas oportunidades de ajudar, estamos nos preparando para a grande provação, se ela ocorrer, quando a estrutura da amizade será testada até o alicerce. A cultura da amizade e seu valor duradouro nunca encontraram expressão mais nobre do que no belo provérbio: "O amigo ama em todos os momentos e é um irmão na adversidade."


A maioria dos homens não merece esse presente celestial. Muitos consideram a amizade como uma conveniência, aceitando o privilégio sem a responsabilidade que o acompanha. Alguns até utilizam seus amigos para satisfazer seus propósitos egoístas, resultando na ausência de amizades verdadeiras. Certos indivíduos perdem amigos à medida que avançam na escala social, agindo de maneira mesquinha e desprezível ao usar os outros para promover seus interesses pessoais. Mas, essa abordagem cruel acarreta sua própria derrota. Aqueles que adotam essa política mundana nunca experimentarão a paz e o conforto da confiança mútua. Essa estratégia mundana, ao tratar um amigo como se pudesse se tornar um inimigo, logicamente resulta na ausência de verdadeiras amizades. Sacrificar um amigo confiável por ganhos pessoais ou posição é privar o próprio coração da capacidade de cultivar amizades genuínas; é um coração envenenado destinado às trevas.


Mentes superficiais são frequentemente atormentadas pelo desejo incessante de novas experiências, mostrando pouca consideração pelo passado ou pelos valores testados da tradição. Eles são facilmente influenciados pelos inexperientes e anseiam por sensações novas todo tempo. No contexto da amizade, estão dispostos a abandonar o antigo pelo novo, constantemente buscando um cisne em cada ganso que encontram. No final, colhem sua recompensa com um coração solitário. Esquece-se de preservar os antigos amigos.


A cultura da amizade deve evoluir para a consagração da amizade se desejar atingir seu propósito maior. A amizade não pode ser duradoura a menos que se torne espiritual. Deve haver comunhão nas profundezas da alma, compartilhamento nos pensamentos mais elevados e consideração pelos melhores esforços. Analisar a amizade apenas como um luxo, e não como uma oportunidade espiritual da providência de Deus, é trocar um benefício inestimável por nada. A cultura da amizade pode ser uma ocasião para crescer na graça, aprender a amar, treinar o coração na paciência e fé, e experimentar a alegria do serviço humilde. Perderemos nossa chance se não nos esforçarmos para criar um ambiente inspirador e saudável para nosso amigo. Somos chamados a dar o melhor de nós para o nosso amigo, permitindo que ambos alcancem o que há de mais elevado e profundo em suas almas.


A cultura da amizade é um instrumento essencial na cultura do coração, sem a qual o homem não atinge verdadeiramente seu reino de mordomia. Embora muitas vezes seja apenas o começo, através de uma cultura terna e cuidadosa, pode servir como uma educação para uma vida mais ampla. Essa expansão ocorre em círculos cada vez mais amplos, do particular ao geral e do geral ao universal – do individual ao social, e do social a Deus. O teste da religião é, em última análise, simples: Se não amarmos aqueles que vemos, será impossível amar aqueles que não vemos (1Jo 4.20). Nossos sentimentos em relação às pessoas distantes, aos angustiados e em sofrimento, e nossas orações serão vazias e fraudulentas se negligenciarmos as oportunidades da Providência de serviço ao nosso alcance. Se não amarmos nossos irmãos aqui, como poderemos amar nossos irmãos em outros lugares, além de um piedoso sentimentalismo? E se não amamos aqueles que vemos, como poderemos amar a Deus, a quem não vemos?


Essa é a função mais elevada da amizade e a razão pela qual ela necessita de uma cultura cuidadosa. Devemos ser conduzidos a Deus tanto pela alegria quanto pela tristeza, pela luz e pelas trevas, nas relações humanas e na solidão humana. Deus é o Doador de toda boa dádiva, e ferimos Seu coração quando pecamos contra Seu amor. Quanto mais compreendemos o espírito de Cristo e refletimos sobre o significado da graça insondável de Deus, mais nos convenceremos de que a maneira de agradar ao Pai e seguir o Filho é cultivar as graças da bondade, gentileza e compaixão, entregando-nos à cultura do coração centrado em Deus.


Não é na arena eclesiástica, nem na polêmica por um credo, nem na autoafirmação e disputas que melhor agradamos ao nosso Mestre, mas no simples serviço do amor. Buscar o bem dos homens é buscar a glória de Deus; são uma e a mesma coisa. Ser uma mão forte no escuro para outra pessoa em momentos de necessidade, ser uma taça de força e refrigério para uma alma humana em uma crise de fraqueza, é conhecer a honra da vida que glorifica a Deus. Ser um verdadeiro amigo, resgatando a fé no homem e fazendo-o acreditar na existência do amor, é salvar a fé em Deus. E esse serviço é possível para todos. Não precisamos esperar por grandes ocasiões e pela oportunidade excepcional. Nunca ficaremos sem oportunidade da Providência se estivermos prontos para manter o milagre do amor vivo em nossos corações por meio de um serviço humilde, fé, cura e benção.


RM-FRASES PROTESTANTES

Baseado no capítulo II do livro: “Amizade”, de Hugh Black, publicado pelo Project Gutenberg:

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