30.11.23

O chamado matinal do soldado -- Alexandre Maclaren



A noite é passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. 

Romanos 13:12


É interessante notar que a metáfora da armadura cristã percorre as cartas de Paulo ao longo de toda a sua trajetória. Ela surge de maneira rudimentar na primeira das Epístolas, a dos Tessalonicenses, e se desenvolve ao longo de sua carreira, alcançando sua forma completa na Epístola aos Efésios, quase no final de sua obra. Podemos supor que essa metáfora era um dos seus pensamentos recorrentes. Paulo apresenta uma imagem vívida de uma companhia de soldados despertando ao toque da manhã, trocando o traje noturno pelo brilho da armadura ao sol nascente. Ele exorta os cristãos a fazerem o mesmo, abandonando as obras das trevas e vestindo a armadura que pertence ao dia.


Não vou explorar a questão de até que ponto essa exortação se baseia na expectativa do fim do mundo, pois o foco atual é o significado atemporal dessa verdade em meio às sombras que nos cercam. Estamos nos aproximando do amanhecer do verdadeiro dia, e a exortação de Paulo ressoa em qualquer estágio da vida.


A primeira impressão que surge é a escolha da armadura para aquele que aguarda o dia. Poderíamos esperar vestes festivas, dado o contraste entre a noite perigosa e o dia iluminado. Mas, Paulo destaca a necessidade de lutar, indicando que, para pertencer ao dia, é preciso se equipar com armaduras e armas. Apesar do crescimento na graça e da busca pela perfeição cristã, a luta contínua é inescapável. O conflito é uma constante devido aos inimigos externos e à conspiração entre a fraqueza interior e as tentações externas.


Embora muito se fale sobre ser "santificado pela fé", Paulo enfatiza que a fé traz o poder purificador, e aplicar esse poder requer esforço e luta. Confiança na santificação é essencial, mas descobrir o que a fé realmente proporciona exige combater as tentações e as fraquezas pessoais. A armadura do cristão é essencial para essa batalha contínua.


As expectativas do amanhecer abençoado exigem um reforço completo na armadura. Não se trata de cair em sentimentos fantásticos ou negligenciar o presente, mas de estar vigilante, envolvido nas tarefas diárias e em conflito triunfante. A armadura, definida como "a armadura de luz", representa não apenas o brilho ao sol, mas também a justiça. As peças da armadura são verdade, amor e boas ações, refletindo a luz e repelindo as trevas.


A expressão "revesti-vos do Senhor Jesus Cristo" oferece a explicação de Paulo sobre vestir a armadura de luz. Estar unido a Cristo, pela fé e amor que conduzem à obediência e conformidade, significa usar a invulnerável armadura da luz. O próprio Cristo fornece as graças necessárias, e vesti-Lo requer esforço contínuo.


Os cristãos em Roma, experientes na fé, recebem a exortação para renovar-se continuamente, pois o processo é longo. Vestir-se de Cristo é uma tarefa para toda a vida, exigindo esforço diário. A última questão é se deixamos o velho com seus atos, se diariamente nos revestimos de Cristo como Senhor, reconhecendo Sua masculinidade como padrão e garantia de reprodução em nós mesmos.


Paulo conclui com a solene instrução de "revestir-vos do Senhor Jesus Cristo" diariamente, preparando-nos para a vitória final quando pudermos tirar a armadura, vestir o manto branco e ser "mais que vencedores por meio daquele que nos amou". A luta é constante, mas a recompensa é eterna.


Tradução Frases Protestantes -- https://biblehub.com/sermons/auth/maclaren/the_soldier's_morning-call.htm