Aconselhamento bíblico:
Saúde mental em meio aos acontecimentos desta década, desgastes emocionais entre política,
pandemia e guerra.
Raniere Menezes – 07/03/2022
Espere no Senhor.
Seja forte! Coragem!
Espere no Senhor.
Salmos 27:14
As crises atuais parecem em
efeito cascata e dominó, como lidar com isto biblicamente?
A massificação do "fique em
casa" até achatar a curva, máscaras, passaportes etc, polarização política, guerra na Europa em
"tempo real" nas redes sociais, pressões econômicas. Como encontrar
saúde mental neste cenário recebendo tanta informação? As imagens de milhares
de refugiados da Ucrânia vão permanecer por muito tempo na memória e na
Internet.
O que nos ameaça
psicologicamente? Não precisa estudar a Pirâmide de Maslow para responder que
as prioridades da necessidade humana, de vital importância, são: água,
alimentação, sono e abrigo, as demais necessidades serão adicionadas
naturalmente.
Quem está inserido no contexto
local de uma guerra recebe uma carga emocional negativa profunda, realmente
quem está neste momento abrigado em subterrâneos, com alimentação e água escassas,
tendo que sobreviver fisicamente e cuidar de crianças, adultos e da própria
vida em situação das ameaças que uma guerra produz, é uma situação extremamente
complexa. Já aqueles que têm amigos e parentes que estão vivendo a guerra,
mesmo distante, acabam absorvendo os medos e angústias, não sentem na pele, mas
sentem o coração apertado. E por último, parte do mundo conectado com as
notícias e imagens da guerra sentem empaticamente emoções das pessoas envolvidas
mais diretamente com o conflito armado. A cobertura midiática amplifica as notícias
24h todos os dias e proporciona fadiga de informações.
Esta penetração de informações
através de múltiplos canais de comunicação tem uma variedade e quantidade diárias
realmente excessivas, a multiplicação é exponencial, a frequência é intensa e a
magnitude é acumulativa. A midiaficação só aumenta e cria uma sobrecarga de
informações. Muita informação pode prejudicar a saúde mental. Manter-se informado
é algo bem diferente de sobrecarregar-se. Excesso de informações sobre
pandemia, guerra, crises, tragédias podem desencadear ansiedade, stress, medo,
frustração, angústia, ira, depressão e outras reações como exaustão, fadiga e
sobrecargas emocionais. É preciso perceber os sinais de nossas reações e não
sucumbir. A Bíblia aconselha a não ter ansiedade por nada, não andar ansiosos
por coisa alguma.
A necessidade de segurança física
de uma pessoa numa guerra difere totalmente de uma pessoa distante que recebe
notícias da guerra, porém o medo que o conflito se espalhe e se transforme numa
guerra mundial pode gerar em algumas pessoas a necessidade de buscar mais proteção
contra possíveis ameaças, é gerado aquele sentimento de estocar alimentos,
água, medicamentos, procurar um lugar seguro, enfim um tanto semelhante ao que
aconteceu na pandemia atual. Buscar segurança (física, recursos, cuidar de
outros e da propriedade) é bom e legitimo, mas quando acontecem excessos de
preocupações além das corriqueiras e diárias, surgem apreensões e consequências
negativas. Incertezas e mudanças são as maiores certezas que podemos ter.
Devemos buscar um discernimento equilibrado que não podemos controlar tudo que
acontece em nossa vida e mundo, é algo demasiado pesado para um mortal. Peça a
Deus equilíbrio para não se sobrecarregar com excesso de informação.
Parafraseando Mateus 6.25-27: Não
fiquem preocupados a respeito de coisas: O que comer, o que beber e o que
vestir... Olhem os passarinhos! Eles não se preocupam com a comida - eles não
precisam semear, colher, ou guardar comida - pois o Pai celeste de vocês os
alimenta. E para Deus, vocês valem mais do que os passarinhos. Todas as
preocupações juntas não poderão acrescentar um único momento à vida de vocês.
Todo dia é dia de aprender algo
novo, é possível sim descobrir, aprender mais como preservar a saúde mental,
mesmo em meio a adversidades, problemas, tribulações e provações. Existe um autocuidado
bíblico, diferente de um egoísmo presunçoso, porém algo relacionado a
humildade, paciência, esperança, fé, mansidão. Cuidar de si pelos princípios bíblicos
naquilo que penso, sinto e faço, certamente será radiado em atitudes para com
outras pessoas. Devemos confiar em suas promessas e pedir: Eu amo o Senhor,
porque ele me ouviu quando lhe fiz a minha súplica. Salmos 116.1. Amar o Senhor
porque ele nos ouve não seria egoísmo de nossa parte? Não. Deus se revela de
modo relacional, é o Deus das montanhas e dos vales, de perto e de longe,
imanente e transcendente. -- Sustenta-me, segundo a tua promessa, e eu viverei;
não permitas que se frustrem as minhas esperanças. Salmos 119.116. Deus promete
ser apoio, força da vida; não permite que outros pensem que a esperança na palavra
seja em vão. Alguém pergunta numa guerra, tragédia ou guerra, ‘onde está Deus?’,
Deus não poderia estar em outro lugar senão no céu e seus discípulos estão em
todos os lugares o servindo e servindo ao próximo. Não precisar procurar longe.
Centenas e milhares de pessoas
que trabalham na ajuda humanitária numa guerra ou numa tragédia climática, por
exemplo, escolheram não paralisar e nem fugir, mas reagir ajudando, seja em
oração, seja em doações financeiras e materiais, seja ainda em estar junto das pessoas
como voluntárias. Para os cristãos que participam ativamente no apoio
voluntário (em tragédias, guerras, pandemias) é algo extenuante, mas
gratificante, proteger, acolher, aconselhar, consolar, como consequência da Metanoia
(do verbo grego antigo μετανοεῖν, translit. metanoein: μετά, metá, 'além',
'depois'; νοῦς, nous, 'pensamento', 'intelecto'), ‘mudança de mentalidade’. No
lugar do medo entra a coragem para reagir, para resistir. Não é ajudar por
ajudar como sendo uma terapia, mas como serviço de graça e gratidão. Como seres
criados a imagem e semelhança do Criador temos criatividade, talentos, dons e
capacidades para transformar trevas em luz, pela virtude do poder do Espírito
Santo.
O cristão tem que saber ler seu
tempo, o mundo hoje vive biblicamente uma idolatria, a idolatria da
pós-modernidade. É um inimigo fluido, pois é um Golias que grita que não existe
verdade (a pós-modernidade desenvolve axiomas que rejeitam qualquer axioma). O
desejo de destruição paira em todas as áreas do secularismo (destruir ou
reconstruir os pilares da tradição cristã). Nietzsche dizia que Deus estava
morto, o pós-modernismo diz que o homem está morto. O homem como criatura de
Deus "morre" junto com Deus. É o fim do homem como um conceito
universal.
Cesar Vidal, pregador cristão, numa
palestra disse: O homem como um ser lógico é rejeitado e também a lógica é
rejeitada. -- Exemplo: Rejeitar a verdade objetiva e colocar a ideologia acima.
Tudo depende de um alto grau de subjetividade de interpretações. Estamos vendo
isto todos os dias, seja na pandemia, sejam nas guerras e disputas políticas.
Já se transformou em clichê falar em “guerras de narrativas”. A realidade
parece que não existe. Se a realidade morreu, todos os absurdos são válidos. A
preocupação com os ovos de tartarugas supera outras preocupações biológicas.
Parece que não existe realidade objetiva, mas depende de filtros subjetivos de
interpretações.
Há um processo sociológico para
destruir os pilares estabelecidos, para gerar indivíduos desenraizados,
destruidores-desumanizadores, destruidores da realidade familiar, suas raízes e
sua biologia. A tradição cristã possui grandes histórias, é preciso relembrar. Princípios
e valores da fé cristã são as melhores armas para combater o bom combate,
combater mentiras, estar vigilante, alertas em resistência, confiar na Palavra
de Deus. Lembrar que Deus é soberano, a história está nas mãos de Dele (Dn
2.20,22). Não se acovardar perante injustiças, a igreja tem que responder os
desafios do seu tempo com coragem. Maior o que está conosco do que o que está
no mundo. Deus não nos deu espirito de medo e covardia. Quem somos e qual nossa
missão? Somos discípulos bem-aventurados? A igreja é um grupo social
completamente distinto de qualquer outro grupo. – (Mt 5.13-15) Sal da terra e
luz do mundo.
A igreja preserva a sociedade. O
mundo quer que o sal fique no saleiro. Mas é preciso cumprir a função do sal.
Não é uma luz, mas a luz. Para iluminar as trevas. As portas do inferno não
prevalecem. Hebreus 11 demonstra que a igreja vence todas as épocas. Temos uma
grande multidão de testemunhas e estamos numa corrida longa, o pecado nos
persegue tenazmente e devemos olhar firmemente para o autor e consumador da
nossa fé, Jesus. Que suportou a cruz por nós, não fazendo caso da extrema
humilhação e está assentado no trono de Deus. Ele suportou tamanha oposição dos
pecadores para que a gente não se canse nem desmaie. Devemos correr com
paciência, administrar as forças. O caminho do Mestre é: Cruz, ressurreição e
exaltação (assentados com Ele nos lugares celestiais). Temos uma missão e uma
identidade.
Um módulo de psicologia e
cristianismo que estudei com Carlos “Catito” Grzybowski por volta de 2003 ele
falou algo que nunca esqueci, mais ou menos assim, acho que ele narrou uma história
de um grande terremoto e que as pessoas momentos após uma grande destruição sísmica
andam sem direção em desespero e algumas entram em choque e paralisam, num
destes eventos, o Catito contou que um cristão encontrou uma pessoa em estado
de choque emocional e apenas sentou do seu lado, não emitindo nenhuma palavra,
apenas permanecendo ao lado da pessoa. A solidariedade pode ser apenas um gesto
simples, em silêncio, em oração. Deste modo, em qualquer situação, seja
pandemia, desastres, guerras, perdas, crises, o cristão tem a direção do
Espírito Santo.
A Igreja tem uma capacidade
diferenciada de adaptação, flexibilidade e resiliência, em qualquer geração e
cultura. Há níveis de maturidade para um discípulo, um neófito está vivendo
aquele momento de descoberta, há pessoas que gradualmente estão se
desenvolvendo ao longo do tempo aos pés da Cruz de Cristo e outros que se
aprofundaram e levam uma vida de aprendizagem e continua aprendendo, sempre.
Deus sempre pode fazer mais, Ele é capaz de fazer infinitamente mais do que
tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós, a
ele seja a glória na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo
o sempre! Amém! Efésios 3.20-21.
Estejam vigilantes, mantenham-se
firmes na fé, sejam homens de coragem, sejam fortes.
1 Coríntios 16.13.
Foto: Credit: Sofia Koczmar/Twitter