
Há milhares de pastores evangélicos, hoje, no Brasil. Estima-se quase 100 mil, ou seja, cinco vezes maior do que o número dos sacerdotes católicos romanos, número que gira em torno de 20 mil padres. Isso porque o Brasil é um grande país católico romano, imagina se não fosse! Particularmente seria prudente dobrar esse número dos que se dizem pastores, pois há milhares de ministérios domésticos que desconhecemos. O sistema evangélico de congregações é difícil de ser mapeado por estatísticas. Não há como medir definitivamente todas as instituições que fornecem ensino e certificado para pastores. O MEC (Ministério da Educação) reconhece pouco mais de 80 instituições de ensino teológico, entre protestantes e católicos romanos. A AETAL (Associação Evangélica de Teologia na América Latina) reconhece 120 instituições de ensino pastoral. O movimento pentecostal, neo-pentecostal e outros, muitas vezes, formam pastores em cursos rápidos. É possível, hoje, pela internet, fazer um curso de teologia a distância e em três meses receber meu “diproma” de pastor!
Raciocinemos, agora: mesmo que as igrejas produzam excelentes seminários e professores, e que haja somente bons alunos, caso não sejam vocacionados ao ministério, o que serão? E quando há uma enxurrada de diplomas fast-food? Qual é a razão da existência dos seminários teológicos? Apenas atender uma demanda de ouvintes com coceiras no ouvido?
Daqui uns dias existirá o kit pastoral (como montar o seu próprio negócio) entregue em domícilio: composto por 1 certificado autenticado por qualquer pessoa, uma placa, 50 cadeiras de plástico, uma caixa de som amplificada com microfone e guitarra, um púlpito de acrílico (para o pastor cara de pau), revistinhas de estudos para adultos e crianças e uma caixa para guardar as ofertas. O resto com três meses o pastor compra. Escolha um bom ponto comercial e sucesso!
Não pode haver seminários sem igrejas, assim como não pode existir seminaristas sem vocação! Segundo as Escrituras é necessário que o ministro seja apto para ensinar. 1Tm 3.2. Como estar apto a ensinar sem um conhecimento das ferramentas hermenêuticas? Como disse Warfield: Erudição, embora indispensável, não é a coisa mais essencial para um ministro. “Apto para ensinar” – sim, o ministro deve ser “apto para ensinar”. – Não apto meramente para exortar, para rogar, para suplicar, para testificar, para testemunhar, mas para ENSINAR. E ensino implica em CONHECIMENTO: aquele que ensina precisa conhecer.[Hoje se o indivíduo tem um bom papo de vendedor de Herbalife vira logo pastor!]
Aquele que ensina precisa conhecer, mas conhecer sem vocação é suicídio teológico. Um pastor sem conhecimento é desqualificado, mas sem vocação é um condenado a frustração.
Há requisitos necessários para o ofício pastoral, e o mais importante é a vocação, pois um ministro vocacionado irá realizar suas funções naturalmente. Como se dedicar a Deus e ao próximo sem desejo ardente, sem paixão pela obra?
Ouçamos a voz dos antigos irmãos:
Mantenham sempre diante de suas mentes a grandeza do seu chamado. Isso quer dizer ver com clareza essas duas coisas: a imensidão da obra perante vocês e a infinidade de recursos à disposição de vocês.
B. B. Warfield
Ninguém mais que Aquele que fez o mundo pode fazer um ministro [um ministro que seja digno de sua vocação!]
John Newton
Em suma: É Deus quem capacita, e se Ele não te deu o dom, a vocação, caia fora antes que você cometa um suicídio teológico e prejudique a Igreja!