Por definição, NÃO. Por significado original da palavra,
"Inquisição" é: "Um antigo tribunal eclesiástico instituído com
o fim de investigar e punir crimes contra a fé católica romana; Santo Ofício".
Pertence somente aos Católicos Romanos por acepção. Então, dizer que houve uma
Inquisição Protestante é como dizer que o Protestantismo celebra missa e não
culto. Mas, também não significa que não houve perseguição religiosa
protestante contra outras religiões e crenças. HOUVE, e o protestante histórico
deve reconhecer sua história, seguir os acertos e rejeitar os erros.
O principal desafio ao estudar o passado é considerar o
contexto dos acontecimentos. O contexto é rei, queira ou não aceitá-lo. E não
aceitá-lo é puro partidarismo cego, presunção ou ignorância. Não se pode julgar
o passado distante à luz do presente.
Acima de tudo, o protestantismo não deve seguir nenhum homem
ou um líder, e isso não significa que seguimos, acreditamos e apoiamos cada
ato, cada ação, cada obra dos irmãos antigos. Não estamos sujeitos a nenhum
homem, mas a Palavra de Deus. Além de afirmarmos isso temos que enfatizar que
os antigos protestantes erraram em muitos aspectos. E acertaram em muitos,
principalmente na produção de Confissões de Fé.
Toda Europa do século XVI e séculos posteriores era dividida
por territórios político-religiosos, era impossível separar esses irmãos
siameses, muitas vezes um monstro leviatânico. Religião e doutrinas eram
questões de vida ou morte. Não havia neutralidade. E o Estado julgava casos de
blasfêmias e heresias com pena capital. Ser neutro era considerado traição. Ser
herético (dentro de um contexto de jurisdição de uma nação) era um crime contra
o estado civil, além de religioso. Então, quando falamos de perseguição
religiosa pós-reforma é preciso considerar isso.
Diferentemente do que se pode imaginar, o governo civil
punia de modo natural, seja do lado Católico ou do lado Protestante. A espada
de metal andava junto com as doutrinas das religiões. Todos concordavam com a
pena de morte para heresias e blasfêmias. Se um homem considerado herético
dentro de um partido religioso, a depender da heresia (negar a Trindade, por
exemplo), mesmo que fugisse para outra jurisdição sofreria o mesmo destino.
Tantos os Protestantes, quanto os Católicos, eram parte de sistemas eclesiásticos
e políticos sem neutralidade. E muitas vezes puniam pelas mesmas heresias.
Com certeza houve no contexto da Reforma do século XVI
excessos e abusos nas reformas eclesiásticas, teológicas e sociais, que estavam
todas interligadas. Antes de tudo, é importante para a expansão do Reino de
Cristo sobre a terra que se admita erros históricos e não haja tentativa de
escondê-los. O principal desafio é ter o discernimento correto que o
Cristianismo deve seguir às Escrituras com maior fidelidade possível. Colocando
a Palavra de Deus como Juiz supremo de todas as controvérsias religiosas, até a
Sua volta gloriosa. O Protestantismo declara isso em suas confissões. Sem
dúvida não adianta perder tempo com acusações e muitas vezes calúnias de ambas
as partes, Católicos e Protestantes, contudo, precisamos buscar nas Escrituras
viver, hoje, de um modo mais agradável a Deus, preservando a paz das igrejas
locais em acordo com a nossa fé.
Também importante, buscar uma unidade possível dentro do
protestantismo que lute, se necessário, pela paz e segurança das igrejas locais
e pelo avanço do Reino de Cristo Jesus. Isto é válido para qualquer época e
região. A visão correta deve proporcionar uma unidade mínima confessional que
quebre o poder do inimigo, com equilíbrio, verdade e justiça. O Protestantismo
nunca foi e nunca será alinhado com as "facções papistas", mas deve
haver tolerância religiosa com prudência. Devemos afirmar que continuaremos sendo
contra os cismas anárquicos dentro da Igreja, as heresias de antinomianos,
papistas e outros.
Se o protestantismo hoje se encontra fraco e confuso, muito
se deve a falta do ensino da história e doutrinas, ensinos confessionais. Se há
uma verdade prática, plenamente confirmada pela história é que, toda verdadeira
religião é baseada no conhecimento. E a base sólida do conhecimento está posta.
Rejeitar a doutrina ortodoxa bíblica é mergulhar fundo na lama até que se
desista de todo sistema ou refaça um caminho com os próprios passos e viva com
suas próprias ideia, como muitos fazem.
O Protestantismo possui muitos erros históricos, mas poucos
doutrinários. Ele possui 500 anos de caminho firme e bem estabelecido. 500 anos
que não despreza a produção confessional ao longo de quinze séculos de história
cristã. Devemos apenas transmitir para frente essa vereda antiga, e assim por
diante, até o fim dos tempos. Qual o sistema mais bíblico? Qual sistema
religioso glorifica mais a Deus? Qual visão está mais certa? Qual é a confissão
de fé mais coerente?
O melhor caminho é agradecer a Deus e reconhecer que outros
trabalharam e que estamos apenas
entrando em seu trabalho.
Raniere Menezes (Texto sem revisão)