9.4.17

A PRUDÊNCIA DA SERPENTE E A SIMPLICIDADE DAS POMBAS – MATEUS 10.16


A PRUDÊNCIA DA SERPENTE E A SIMPLICIDADE DAS POMBAS – MATEUS 10.16
R.M. MENEZES

Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas.
Mateus 10:16

Eu os estou enviando como ovelhas entre lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
Mateus 10:16

Mateus 10 é um contexto de entrega total em missões. 42 versículos de pura adrenalina para os discípulos, o capítulo também pode se chamar A MISSÃO DOS DOZE. Os apóstolos têm o significado fundamental de "aqueles que são enviados", enviados pelo próprio Deus e sob a cruz.

Cristo deu todo poder e autoridade para seus apóstolos, não existia comunicação do evangelho mais poderosa que esta. Proclamavam o reino com poderosos feitos miraculosos, como ressuscitar mortos. Enviados de dois em dois para visitar toda casa de Israel.

Deus sempre oferece aos seus peregrinos companheiros de jornada, se um cair o outro ajuda a levantar. Não eram homens eruditos nem ricos, eram apenas simples homens que testemunhavam da ressurreição até trazendo pessoas de volta à vida. E estavam dispostos a dar suas vidas para provar sua fé. Afinal eles tiveram o santo privilégio de andar lado a lado com o Filho de Deus. Estes homens sentaram aos pés do Deus Vivo e Verdadeiro e receberam suas palavras, ouviram sua sabedoria, viram seu poder. Quando o próprio Cristo deu a ordem de pregar o Evangelho eles saíram como misseis teleguiados, impossível de serem parados.

Jesus Cristo instruiu como deveriam realizar a missão e advertiu das perseguições. Sempre justo e verdadeiro, o Senhor Jesus Cristo nunca omitiu os perigos do Caminho para os seus seguidores, há grandes conflitos e recompensas, estas por dom gratuito de Deus.

A missão era (e é) mostrar o Caminho para o Reino da Graça e fazer com que os inimigos de Deus rendam-se em obediência diante de Cristo. A Missão dos Doze era específica, primeiro alvo eram os judeus, e posteriormente os gentios; primeiro as ovelhas da casa de Israel, depois as ovelhas que não eram desse aprisco. Para os gentios estava reservada uma expansão posterior. Todo conselho de Deus devia ser declarado.

"Eis que vos envio", "Eu os estou enviando", o próprio Jesus Cristo quem envia sem garantias de proteção física, "como ovelhas no meio de lobos", uma clara previsão de confrontos e sofrimentos, com o consolo do controle soberano. Lobos para as ovelhas representam certamente “inimigo predador e perseguidor”.

Mas que não sejamos presas fáceis sejamos prudentes como as serpentes, e simples ou inofensiva como uma pomba.

A serpente é astuta para livrar-se dos perigos, aqui não se trata da malícia ou maldade. O maior exemplo dessa combinação é o próprio Jesus, que sempre perseguido e questionado com armadilhas dava respostas simples e verdadeiras aos seus adversários. Assim como Paulo que sempre evitava os perigos desnecessários, e por prudência sempre procurava as melhores estratégias, ora trabalhava na clandestinidade, ora em praça pública. -- Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos. ~ 2 Coríntios 11:26.

A regra de ouro de todo cristão é saber o que espera no caminho, o que se deve esperar? Perseguições, provações, tribulações, mas quem poderá nos separar do amor de Cristo? Não tenhamos medo, somos mais valiosos que um pardal. É nosso dever professar a fé, servir e sofrer por Cristo. Não somos melhores nem maiores que o Mestre.

Sagacidade e prudência da serpente balanceada com a inofensividade das pombas, assim deve ser a caminhada do peregrino. Sagacidade não no sentido de esperteza para tirar vantagem, mas como um sentido apurado, um “faro” refinado, um olho clínico; um discernimento aguçado; a capacidade de prever algo; sabedoria; sensatez; bom juízo, para antecipar as armadilhas e perigos. – Como ensina em Provérbios: O prudente percebe o perigo e busca refúgio; o inexperiente segue adiante e sofre as consequências. (NVI-Provérbios 22:3)

Que a sabedoria habite com a prudência para evitar armadilhas na jornada cristã. Seja um “Argos de observação”, como aconselhou Baltasar Gracián, em “A Arte da Prudência”. Argos é um personagem da mitologia grega, um gigante de cem olhos, vigilante e sagaz.

Necessitamos dessa prudência e simplicidade da serpente e das pombas para prosseguirmos com mais segurança no caminho estreito. Isto se aplica desde o contexto de missões do cenário retratado em Mateus 10, saber agir estrategicamente e em obediência às ordens de Cristo. Procurar as melhores condições para que o Reino da Graça seja expandido – se não somos bem-vindos em um grupo partamos para outro (Cf Mateus 10.11-14). Ter cautela, pois haverá perseguições (v.17). Verso 23: “Quando, pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra...” – Não tenha medo, confie na Providência Mateus 10.28 a 31. Enfim, reconhecer todas as implicações da jornada, não ser um tolo, e sempre procurar fazer o que é mais certo para cada momento.


Cristo nos guia no caminho para a glória dele, não sem perigos. Ele não promete uma jornada sem perigos, mas promete um destino seguro. Como disse Lutero: “Não sei por quais caminhos Deus me conduz, mas conheço bem meu guia”. Oremos por sabedoria e discernimento e sigamos o Caminho conduzido por Cristo.