O versículo
mais conhecido que fala sobre a Besta está no Apocalipse 13:18, que menciona o
número 666:
"Aqui
há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é
número de homem. Seu número é 666." (Apocalipse 13:18, NVI).
Esse
versículo é famoso por introduzir a ideia do número da Besta e sua ligação com
uma figura humana. Além deste, outros versículos do capítulo 13 de Apocalipse
também fazem referência à Besta:
- Apocalipse
13:1-2 descreve a aparência da Besta emergindo do mar. – Roma, a dominadora do
Mar Mediterrâneo.
- Apocalipse
13:4 fala da adoração à Besta. – Os imperadores romanos exigiam adoração como
deuses.
- Apocalipse
13:5-7 detalha seu poder e a perseguição aos santos. – O povo de Deus alertado
e de sobre aviso do que viria sobre a região do Oriente Médio no primeiro
século empreenderam fuga (Lucas 21).
A besta!
Essa enigmática figura que, no livro de Apocalipse, parece evocar o próprio
caos encarnado. 666 — o número que ressoa como um eco maligno, espalhando medo
e fascínio por séculos. Mas o que é essa marca? Gerações de comentaristas
pintam essa figura ao longo da história de mil formas e criam no imaginário um
personagem de ficção. Muitos lançam essa figura no futuro, mas ironicamente, as
respostas estão enterradas na história.
A Besta e
Nero: A Máscara por Trás da Fera
Nero. O
imperador romano do primeiro século. O tirano, o assassino matricida. Eis o
homem por trás da besta? Muitos estudiosos afirmam que sim. O número 666, esse
símbolo misterioso, é, na verdade, uma chave que destranca um nome: Nero César.
Não é engraçado que, ao tentarmos desmascarar a besta, encontremos o rosto de
um homem? Um homem cujo poder era tão vasto quanto a destruição que provocava?
Gematria,
uma antiga prática de atribuir valores numéricos a letras, resolve o enigma.
666 é o valor numérico de “Nero César” em hebraico. A besta não é uma entidade
demoníaca distante, mas o reflexo do absolutismo corrupto, do império que se
ergueu para desafiar Deus e serviu aos Seus propósitos soberanos. Roma foi
usada soberanamente por Deus para acabar com a antiga hegemonia judaica dos sacrifícios
de animais e inaugurar a era do sacrifício perfeito do seu Filho na cruz maldita.
Deus tem o coração dos reis em suas mãos.
A
Ressurreição da Fera: Lenda ou Realidade?
O império
romano se contorceu após a morte de Nero, e o boato começou a correr: Nero não
morreu. Não. Ele se escondeu, como uma serpente no deserto, aguardando o momento
de retornar, de reinar mais uma vez. Uma lenda, dizem. Mas a lenda é mais forte
que a verdade, e na mente de muitos, Nero permanece vivo. A sucessão dos
imperadores romanos era um sistema poderoso de governo, sentar no trono da
águia romana era um dos lugares mais perigosos da terra, pois a traição e jogo
político do império faz de Game of Thrones um filme infantil.
Nero. Um
semideus que queria ser homem, o homem que acreditava ser um deus — e, no fim,
nem um, nem outro. Morreu como todos os tiranos morrem: com o pavor nos olhos e
a lâmina em mãos, cercado de demônios que ele próprio criou. Eis o fim de um
imperador: não em glória, mas no silêncio humilhante de uma vida condenada.
Roma! Terra
de gigantes, mas também de covardes. Seus imperadores governaram como deuses,
mas sempre caíram como homens. O trono não é de ouro, é um poço sem fundo, onde
cada gesto de poder custa uma fração da própria alma. Nero viu o poder escoar
pelos dedos como a areia do deserto. Não, ele não morreu com um grito de guerra.
Sua última palavra foi de medo, seu último gesto, um apelo covarde ao destino
que ele já sabia inescapável.
Os
imperadores de Roma morriam como morrem as estrelas cadentes — com um brilho
breve, seguido pela escuridão. Não eram assassinados apenas por homens, mas
pelas ideias que sustentavam seus impérios frágeis. Calígula, a besta mascarada
de imperador, teve um fim condizente com sua vida: brutal, animalesco,
despedaçado pelas mãos que o serviram.
O poder é
uma faca de dois gumes, e em Roma, ele sempre cortava na direção de quem o
empunhava. Nero, acreditando-se imortal, não passou de mais um em uma longa
fila de cadáveres. Matar sua mãe foi fácil. Difícil foi enfrentar o eco dessa
decisão, que o seguiu como um espectro até seus últimos momentos. Assim ele
caiu — não com um rugido de leão, mas com um suspiro de um covarde.
Todos querem
o poder, mas ninguém suporta seu peso por muito tempo. Nero é Joffrey de Game
of Thrones — um rei de teatro, amado pelo próprio reflexo, odiado por todos ao
seu redor. Joffrey, como Nero, acreditou-se intocável, mas foi derrotado pelo
veneno que carregava dentro de si. O fundamento de Roma não era de rocha, mas
de sangue, pronto para desmoronar como terra encharcada.
A besta que
“era e não é, mas há de vir” (Apocalipse 17:8) – isso é Nero. Uma paródia
satânica da ressurreição de Cristo. Onde o Cordeiro se sacrificou e ressuscitou
para trazer vida, a besta de Nero se contorce para voltar ao poder, trazendo
apenas destruição. O império da besta durou algum tempo após sua besta arquétipo,
mas desmoronou e hoje faz parte dos livros de história.
666 ou 616? Uma
Variável no Jogo
Sim, existe
uma leitura variante. O número 616 também aparece em alguns manuscritos
antigos. E o que faz ele, senão apontar de novo para Nero? Em latim, a soma
numérica de “Nero” é 616. A besta tem mais de uma face, mas sempre volta ao
mesmo nome. Nero, Nero, Nero. O homem, o mito, a destruição, o arquétipo do
Império Romano.
A Besta é o
Império?
Mas aqui
está a verdadeira ironia da história. A besta não é apenas Nero. Não. A besta é
maior do que qualquer homem. A besta é o próprio Império Romano, aquela máquina
de opressão que esmagou tanto Jerusalém quanto os corações de seus próprios
cidadãos. E mesmo quando Nero desaparece, o Império continua. Ele vive e
respira na violência, no controle absoluto, na desumanização, até que Deus
determinou seu fim.
A Imitação de
Deus
A besta é
uma imitação grotesca de Deus. Apocalipse 13:3 fala de uma cabeça ferida de
morte que é curada. Uma paródia da ressurreição de Cristo. Onde há glória na
cruz e vida nova no túmulo vazio, há apenas o falso brilho de uma vitória
imperial que nada constrói além de ruínas. Adoração à besta é a adoração à força
bruta, à opressão sistemática, ao poder que nada cria, mas que tudo consome. De
fato, essa verdade pode ser aplicada a todos os tiranos da história, mas Roma é
uma pintura vívida em Apocalipse,
profecias dos Evangelhos e cartas do Novo Testamento, além das profecias do
Antigo Testamento.
A Besta Vive
entre Nós ou em Nós?
Sim, Nero
foi a besta. Sim, o Império foi a besta. Mas não nos enganemos. A besta é,
talvez, o reflexo mais escuro da natureza humana. É o poder desmedido, o desejo
de controle absoluto, a violência mascarada de justiça. A besta, em sua
essência, é o império que todos carregamos dentro de nós, esperando para
dominar, para destruir. Esta é a verdade do poder do pecado na natureza humana,
que gera a morte.
Em Marcos
7:21-22, Jesus fala sobre os pecados do coração, destacando que a verdadeira
impureza vem de dentro, do coração humano, e não das práticas externas. “...de
dentro, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as
imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, a cobiça, as
maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, o orgulho e a
insensatez.” (Marcos 7:21-22, NVI).
Apenas a graça nos liberta dessa fera que mora em nós. Esta é a verdade da
Queda, porém, apesar dos tiranos serem bestiais, embora, também temos a mesma
natureza, a besta em Apocalipse se aplica a Nero e ao Império Romano, em seu
contexto.
Quem é a
besta? Nero, o Império Romano ou qualquer um de nós que olhe para o poder e o
desejo sem enxergar a destruição que inevitavelmente segue. A profecia se
aplicou no século primeiro com o cerco a Jerusalém, a destruição do templo e
perseguição ao povo de Deus.
Em Lucas 21,
Jesus profetiza sobre a destruição de Jerusalém e os eventos que precederiam o
fim de uma era. O cerco a Jerusalém é parte central dessa profecia, e o
contexto histórico e religioso é crucial para entender Apocalipse. O contexto
histórico e teológico não pode deixar de fora a tensão entre judeus e romanos
do século primeiro. A Judeia, nos tempos de Jesus, estava sob o domínio do
Império Romano. Esse domínio gerava grande insatisfação entre os judeus, que
esperavam a libertação de Israel e a restauração de um reino messiânico. A
revolta judaica contra o Império Romano começou em 66 d.C. e culminou no cerco
de Jerusalém em 70 d.C., que resultou na destruição do Templo e na cidade.
A Profecia
de Jesus
No contexto
de Lucas 21, quando os discípulos comentam sobre a beleza do Templo, Jesus faz
uma profecia: “Virão dias em que não ficará pedra sobre pedra, tudo será
destruído”. Esta declaração chocou os ouvintes, pois o Templo era o centro
espiritual e cultural do povo judeu. Jesus diz: “Quando virem Jerusalém cercada
de exércitos, saibam que está próxima a sua destruição.” Ele instrui que, ao
verem esses sinais, aqueles que estiverem na Judeia devem fugir para as
montanhas, e quem estiver na cidade deve sair, pois será um tempo de grande
sofrimento. Jesus revela que a destruição de Jerusalém pelo julgamento do Pai
sobre Israel por não reconhecerem o tempo da visitação de Deus, referindo-se ao
ministério de Jesus (Lucas 19:41-44).
Os Dias da
Vingança
Em Lucas
21:22, Jesus afirma que esses dias serão dias de vingança, cumprindo tudo o que
está escrito. Essa profecia é o cumprimento de julgamentos proféticos sobre
Israel por sua desobediência e rejeição a Cristo. Isso explica porque Jesus
chorou ao olhar para Jerusalém e chamou o templo de covil de ladrões. Jesus
profetizou o cerco e a destruição da cidade, que de fato ocorreu em 70 d.C.,
simbolizando a queda de um sistema antigo e a transição para a nova era inaugurada
por Cristo.
Mais uma vez
na história, Israel confiou na presença do tempo e gritaram novamente, paz,
paz, onde não havia paz, pois transformaram o templo em mercado. E Deus sempre
exortou que buscassem a Ele, que praticassem justiça e misericórdia, valores
essenciais superiores aos sacrifícios e rituais externos. Jerusalém do século
primeiro era imponente, cercada por muralhas que pareciam inquebráveis. Mas as
pedras nunca guardam segredos por muito tempo. E quando Jesus, o profeta por excelência,
olhou para aquela fortaleza de arrogância e religiosidade, ele já via o fim. "Não
ficará pedra sobre pedra". Roma e os judeus dançavam o jogo político das
serpentes. Havia uma aliança que parecia um casamento perfeito no Oriente Médio
antigo, mas assim como em Babel, Deus não permitiu concordância por muito
tempo.
Roma, o
grande parasita que se alimentava da carne dos povos que ousavam resistir. E os
judeus do século primeiro? Filhos teimosos de uma terra que se acreditava
destinada ao céu. Eles ansiavam por libertação, mas desprezaram o Libertador. E
em 70 d.C., o tempo terminou. O Templo, o coração de pedra e sangue de animais
de uma fé, foi reduzido a cinzas. Não foi apenas uma destruição física; foi uma
mudança de centro gravitacional de fé, o templo do Espírito Santo de verdade é construído
nos corações dos regenerados, justificados pela fé em Cristo. O templo
sacrificial começou a ruir quando o Filho de Deus bradou na cruz, momento em
que o véu do Templo se rasgou. -- "E eis que o véu do santuário se rasgou
em duas partes de alto a baixo; tremeu a terra, fenderam-se as rochas." Mateus
27:51. -- "E o véu do santuário rasgou-se em dois, de alto a baixo."
Marcos 15:38. -- "E o sol se escureceu, e o véu do santuário rasgou-se
pelo meio." Lucas 23:45. Essas passagens relatam que, no momento da morte
de Jesus, o véu do Templo, que separava o Santo dos Santos (a parte mais
sagrada do Templo) do restante do Templo, se rasgou. Esse evento simboliza a
abertura do acesso direto a Deus, antes restrito aos sacerdotes. Poucas
testemunhas viram essa espantosa cena, pois o lugar era proibido para a maioria
das pessoas no templo antigo, mas Deus deixou registrado nos Evangelhos. E para
que ninguém ficasse em dúvida da ação divina sobre o templo, a destruição no
ano 70 d.C. deixou um registro memorável até hoje em pedras amontoadas para os
turistas.
A profecia
de Jesus disse: "Fujam!" Ele profetizou aos poucos que ainda ouviam.
Fujam, porque o destino de Jerusalém não pode ser alterado. Assim como um
furacão não pode ser domado por mão humana, a mão de Roma não poderia ser
desviada. A cidade seria um palco de sofrimento, de corpos amontoados, de gritos
que se perderiam no vazio. Dias de vingança, ele diz. Mas vingança de quem? A
vingança pertence ao Senhor. Israel desprezou o Ungido de Deus, muitos esperavam
um Messias guerreiro, mas o que encontraram foi o aço frio da espada romana, o
fogo do cerco. O cerco a Jerusalém não foi o fim. O Templo de pedra caiu, mas o
fim de Jerusalém era apenas o prólogo. Algo maior se erguia no horizonte, um
Reino triunfante, como a Pedra que destrói por onde passa e deixa só o pós dos
reinos destruídos.
O livro de
Daniel, no capítulo 2, apresenta uma visão profética sobre quatro grandes
impérios que surgiriam ao longo da história e seriam eventualmente esmagados por
uma pedra, simbolizando o Reino de Deus. O pesadelo de Nabucodonosor foi
compartilhado aos outros reis da terra. O Império Babilônico, o Império
Medo-Persa, o Império Grego, o Império Romano, foram todos esmagados pela pedra
cortada sem mãos. Da Babilônia até o Império Romano todos lutaram contra o
poder sobrenatural do Reino de Deus e foram esmagados como uma estátua
fragmentada. Após esmagar os impérios, a pedra se torna uma grande montanha que
enche toda a Terra, simbolizando a eternidade e a abrangência do Reino de Deus.
Os reinos dos tiranos são efêmeros. A visão ilustra a transitoriedade dos
reinos humanos e a inevitabilidade do Reino de Deus, que, ao contrário dos
impérios terrenos, é eterno e indestrutível. Deus estabelecerá Seu reino em
justiça e paz, todos os reinos humanos, por mais poderosos que sejam, um dia
cairão, enquanto o Reino de Deus, prevalecerá para sempre. A besta de
Apocalipse, apesar da sua força e opressão ruiu.
Apesar de
toda especulação e curiosidade sobre a besta 666. Diz a lenda que Nero tocou um
instrumento musical enquanto incendiava Roma e culpava os cristãos. Historiadores
da época, como Tácito, documentaram essas ações. Tácito descreve como Nero, em
busca de um pretexto para culpar os cristãos, usou o incêndio para intensificar
sua perseguição, resultando em torturas e execuções. A imagem de Nero tocando
lira enquanto Roma queimava é frequentemente utilizada como uma metáfora para a
indiferença dos governantes em relação ao sofrimento do povo. Mais um tirano
que acordou da ilusão do poder absoluto no inferno. A banda inglesa
de Rock, Iron Maiden, cantou a música "The Number of the Beast". O número 666 é mencionado,
simbolizando a Besta, e a canção explora a ideia do mal e a luta entre o bem e
o mal. O compositor reflete sobre seus medos e a presença do mal, enfatizando a
batalha espiritual que se desenrola em sua mente. Apenas uma música de
entretenimento, a verdadeira melodia que o mundo ouviu ao longo da história é a
queda da besta de Roma, hoje apenas ruína. A destruição da Besta é a vitória do
Reino de Deus, um lembrete de que todo domínio é efêmero. Somente Deus reina de
mar a mar. Deus ri dos seus conspiradores, Nero, a Besta, foi esmagado pela pedra
do Reino que não se abalará.
RM-FRASES
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