7.7.24

Jerusalém: A Cidade dos Sangues e a Lição para os Dias Atuais - Ezequiel 22


Jerusalém: A Cidade dos Sangues e a Lição para os Dias Atuais


2 Tu, pois, ó filho do homem, porventura julgarás, julgarás a cidade sanguinária? Faze-lhe conhecer, pois, todas as suas abominações.

3 E dize: Assim diz o Senhor DEUS: Ai da cidade que derrama o sangue no meio de si para que venha o seu tempo! Que faz ídolos contra si mesma, para se contaminar!

Ezequiel 22.2-3.


Em Ezequiel 22:1-16, encontramos uma poderosa repreensão do profeta Ezequiel à cidade de Jerusalém, a qual ele chama de "cidade sanguinária" devido aos seus inúmeros crimes e pecados. Este trecho oferece uma reflexão profunda sobre as consequências do afastamento de Deus e a corrupção moral. -- O livro de Ezequiel foi escrito durante o exílio babilônico dos israelitas, que ocorreu no século VI a.C. Ezequiel foi levado ao exílio por volta de 597 a.C. Acredita-se que suas profecias foram proferidas entre aproximadamente 593 e 571 a.C.


Jerusalém no século VI a.C. era protegida por fortes muralhas que circundavam a cidade, oferecendo defesa contra invasões. O Templo de Salomão, situado no Monte do Templo, era o centro religioso e símbolo da presença divina entre os israelitas, até ser destruído pelos babilônios em 586 a.C. A cidade tinha uma arquitetura variada, com casas construídas principalmente de pedra, além de mercados e edifícios administrativos que compunham seu ambiente urbano. População estimada menos de 100 mil habitantes. A autoconfiança dos habitantes dessa Jerusalém considerava que podia cometer todo tipo de corrupção e permanecer em paz com seus muros e o magnifico templo de Salomão, grande engano!


Jerusalém era o coração espiritual do judaísmo no século VI a.C., com o Templo de Salomão sendo o centro onde sacerdotes realizavam sacrifícios e os israelitas vinham para adorar e celebrar festivais religiosos. Durante esse período, profetas como Ezequiel e Jeremias transmitiam mensagens de Deus, frequentemente alertando sobre a necessidade de arrependimento e retorno à obediência aos mandamentos divinos, mas poucos deram ouvidos e todos pagaram o preço do castigo.


Antes da destruição pelos babilônios, Jerusalém era a capital do Reino de Judá e o centro do governo, onde o rei e sua corte residiam. No século VI a.C., a cidade enfrentou ameaças constantes de potências vizinhas, sendo tomada pelos babilônios em 597 a.C., quando muitos habitantes, incluindo o profeta Ezequiel, foram levados ao exílio. Em 586 a.C., Jerusalém foi novamente atacada e destruída pelo rei Nabucodonosor II da Babilônia. A economia de Jerusalém era baseada na agricultura, comércio e tributos, com mercados movimentados onde mercadores vendiam seus produtos. A vida diária dos habitantes comuns era centrada na família, nas práticas religiosas e nas atividades comunitárias, guiadas pelas leis mosaicas, porém num nível oculto a apostasia corrompia todas as camadas da sociedade. Em 586 a.C., após rebeliões contra a Babilônia, Jerusalém foi sitiada, suas muralhas foram derrubadas, o Templo destruído e a cidade saqueada, resultando na morte de muitos habitantes e no exílio de grande parte da população. “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda”. (Provérbios 16.18).


Jerusalém é acusada de uma lista extensa e grave de pecados, incluindo assassinato, idolatria, desobediência aos pais, opressão, extorsão, profanação do sábado e das coisas sagradas, luxúria e adultério. Essas transgressões não apenas violam as leis divinas, mas também refletem uma sociedade que perdeu seu senso de justiça, moralidade e respeito pelo próximo. O machado desceu para cortar, como escrito em Mateus 3.10:  “E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo”. 


O povo foi reunido como escória sem valor, o resíduo que fica no fundo do forno quando a prata é derretida. São como ligas de estanho, latão, ferro e chumbo, sem valor algum. Jerusalém tornou-se um cadinho, pronto para derreter no calor ardente da ira de Deus. Esta ira é como o sopro sobre o fogo, e não há dúvida de que é Deus quem o faz, não um deus pagão. Ezequiel afirmou claramente isso e além disso previu que o povo de Jerusalém se tornaria uma terra deserta e selvagem, incapaz de receber chuva. Enquanto Ezequiel proferia seu julgamento, os falsos profetas agiam como leões entre suas presas, devorando almas, saqueando os bens do povo e cometendo injustiças. A religião transformou-se apenas em um negócio lucrativo, onde por mais lucro se obtenha, mais se transformam em assassinos. São falsos profetas que pregam mensagens e visões falsas, exploradores impiedosos!


A raiz de toda essa maldade, conforme Ezequiel destaca, é o esquecimento de Deus, a apostasia. Quando uma sociedade se distancia dos princípios divinos e se entrega à própria luxúria e desejos egoístas, a justiça e a verdadeira felicidade se tornam inalcançáveis. Ezequiel adverte que aqueles que se permitem ser governados por suas próprias paixões acabarão sendo escravizados por elas. A natureza do pecado é destruir o que é verdadeiro, belo, sábio, bom, certo e forte, tanto em indivíduos quanto em sociedade. O pecado quando consumado gera a morte.


Ezequiel denuncia severamente Jerusalém por uma série de transgressões que ainda ressoam hoje. Jerusalém é acusada de violência e crimes, incluindo homicídios, alimentando uma cultura de injustiça. A cidade é condenada por idolatria, fabricação de ídolos, e corrupção espiritual que desrespeita os princípios sagrados. Os líderes são criticados por explorar socialmente e desrespeitar os vulneráveis, incluindo pais, estrangeiros, órfãos e viúvas, além de praticar usura e injustiça econômica. Ezequiel também denuncia a corrupção moral, incluindo adultério e incesto. Ele compara os líderes a lobos que devoram suas presas, buscando ganho pessoal e negligenciando a justiça. Os profetas e sacerdotes são acusados de profanar o sagrado, negligenciar os ensinamentos divinos e enganar o povo com promessas vazias. Essas denúncias revelam não apenas pecados individuais, mas também falhas estruturais e morais que levaram à eventual destruição e exílio de Jerusalém como consequência do juízo divino. O esquecimento de Deus pode se desenvolver em idolatria, adultério, assassinato! Ontem e hoje!


“Tu te esqueceste de mim, diz o Senhor Deus." Aqui reside o verdadeiro motivo da deserção, rebelião, vícios e crimes dos filhos de Israel. Se tivessem mantido Deus em suas memórias, teriam evitado os erros e loucuras em que caíram. Depois de tudo o que o Senhor fez por eles, após toda a sua tolerância e paciência, ainda assim o esqueceram! Para Jerusalém havia apenas uma esperança, um caminho de recuperação e restauração: trazer novamente à memória Aquele a quem não apenas abandonaram, mas também esqueceram. Aqueles que decidem ser seus próprios mestres não devem esperar outra felicidade além da que suas próprias mãos podem proporcionar; e esta será, sem dúvida, uma porção miserável.


Os habitantes de Jerusalém seriam incapazes de suportar a severidade deste julgamento. "Será que teu coração aguentará, ou tuas mãos terão força nos dias em que eu tratar contigo?" Um comentarista disse:: "Ó Jerusalém! Por mais forte e valente que seja teu coração, os julgamentos de Deus serão pesados demais para que os suportes. Quando a ira chegar, teu coração se desfalecerá, faltar-te-á conselho, e não saberás o que fazer. Faltar-te-á força, e não serás capaz de realizar o que sabes." Quando Deus visita alguém em julgamento, "coração e mão, coragem e poder, falham" (cf. Jó 40:9; Salmo 76:7; Naum 1:6).


Em outras palavras, quando Deus decreta seu julgamento, a pessoa julgada não terá força emocional nem física para resistir. Mesmo que alguém tenha um coração forte ou uma grande valentia, esses julgamentos divinos serão tão intensos e esmagadores que a pessoa perderá toda a coragem e poder. A mente ficará confusa, sem saber o que fazer, e o corpo, enfraquecido, será incapaz de agir. A severidade do julgamento divino é tal que torna qualquer resistência inútil e leva à total desorientação e impotência.


Para os dias atuais, esta passagem bíblica nos convida a uma reflexão sobre nossas próprias ações e a sociedade em que vivemos. Será que estamos, como indivíduos e como igreja, nos afastando dos princípios de amor, justiça e humildade que Deus nos ensina? Estamos permitindo que a ganância, a opressão e a desobediência corrompam nossos valores e condutas? Todas essas acusações proféticas recaem sobre a igreja, hoje, no século 21. Temos muitos líderes lobos nos púlpitos e devoram suas presas, enchem seus cofres, abusam do poder, negligenciam o Evangelho e enganam o povo com promessas vazias. A mensagem de Ezequiel é clara: uma igreja que escolhe ser sua própria senhora, sem considerar o Evangelho, enfrentará uma miséria auto imposta. Se Deus continua sendo Deus, se o Deus de Ezequiel é o mesmo Deus de hoje, as consequências da corrupção espiritual e moral recairão sobre a Igreja. A punição é descrita como um processo de purificação através do fogo do furor de Deus ontem e não hoje?


Mas, convertendo-se o ímpio da impiedade que cometeu, e procedendo com retidão e justiça, conservará este a sua alma em vida. -- Ezequiel 18:27


Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma? -- Mateus 16:26


RANIERE MACIEL DE MENEZES – FRASES PROTESTANTES