Protestantes no deserto (1715-1787)
Raniere Menezes
Quando o Édito de Nantes foi revogado os protestantes da
França foram exilados, fugiram ou se retrataram. Mas entre os que se retrataram
alguns continuaram a praticar o cristianismo não romanista em segredo. Liam a
Bíblia, cantavam salmos e realizavam reuniões secretas. Famílias inteiras
cantavam no deserto.
Reuniões clandestinas cheias de vigor e fervor por causa das
perseguições católicas. Na clandestinidade essas igrejas formaram uma
organização de igrejas reformadas com sínodos por toda França. Havia
treinamento de novos pastores e liderança era nomeada e reconhecida pelos sínodos.
Essas igrejas cobriam extenso território em segredo. Era um ministério arriscado.
Para a formação de pastores, os huguenotes (calvinistas
franceses) fundaram um seminário na Suíça, em Lausanne. A formação era
intensiva, no máximo dois anos, os estudos eram financiados por vários países
protestantes.
Neste período havia toda uma adaptação da fé protestante na
clandestinidade. Bíblias pequenas para esconder mais fácil (até nas roupas das
mulheres), cadeiras dobráveis para mudanças rápidas.
Os cultos eram ilegais, mas as assembleias praticavam sua fé
em segredo. Igrejas por vezes com 2 mil, 3 mil membros. A noite eles ocupavam
bosques, fazendas e lugares remotos. Reuniam todas as classes sociais. Seguiam a
liturgia de Genebra, e ouviam longos sermões. Havia batismos e casamentos. As reuniões
do deserto geralmente incluíam aulas de catecismo, no entanto o catecismo era
praticado mais nas reuniões de famílias. O catecismo era de ortodoxia
calvinista. A instrução das crianças era concluída na idade de 15 anos, havia
uma profissão de fé nesta idade.
Os sermões se espalhavam através de manuscritos e circulavam
cartas pastorais, havia também cópias de orações, livros, indicação de
teologia. Havia muito contrabando de livros e pregadores circulavam em segredo.
Havia o risco constante de prisão ou morte.
As bíblias e os hinários eram reduzidos em tamanho e também
se arrancava as capas dos livros e das bíblias para evitar que alguém reconhecesse
os livros proibidos. Móveis eram adaptados para esconderijos os púlpitos eram desmontáveis.
As igrejas possuíam grande mobilidade.
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Fonte e imagens:
museeprotestant.org