O FIM DO FIM DA ESCATOLOGIA
Por que a Má Notícia Vende Tanto?
O Evangelho é pra ser Boa Notícia, né?
Mas o Velho Diacho, esse desgracento, sabe muito bem que a Má Notícia vende horrores. E ele é mais antigo que jornalismo, marketing e psicologia juntos.
Ele entende perfeitamente a fome da mídia de hoje: caça-cliques, sensacionalismo, negatividade. Os três cavaleiros infernais do nosso feed.
Lembra-se dos tabloides de banca? Aqueles que, se torcesse, pingava sangue? Só notícia cabulosa, morte, doença, fofoca. Era a fórmula: sexo, violência, desgraça.
Cientificamente comprovado: notícia ruim gruda, vende jornal, atrai clique, segura audiência. A internet? Uma tempestade digital saturada disso. Quanto mais clique, melhor.
O Diacho foi o primeiro influencer, mestre em fazer o escândalo viralizar. Crime, violência, desastre? Compartilhamento garantido. É a nossa "curiosidade mórbida", herança da Queda.
Hoje, trocamos a banca de revista por milhares de microtabloides nas redes sociais. E tem gente lucrando alto com isso.
Viramos consumidores macabros, viciados em escândalos. Essa dieta diária de tragédia tem que ter efeito colateral, não é possível!
O desafio é dosar, equilibrar, PERCEBER a isca do caça-clique antes de morder. Eu mesmo sou viciado em notícia, mas aprendi a farejar a armadilha. E muitas vezes caio.
Isso só piora porque a maioria só lê a manchete. Ou já recebe tudo mastigado por comentarista, apresentador, influencer. O povo lê menos, lê mais rápido, prefere vídeo. E vídeo editado no ritmo de clipe prende a atenção. Resultado: mais informação manipulada, menos qualidade de mensagem, quase nenhum filtro crítico.
Somos afogados em NEGATIVIDADE. De incêndio a tiroteio, é uma chuva de desastre. Qualquer um com celular vira repórter, e tudo vira conteúdo – muitas vezes, lixo.
Quem ganha com isso? O criador do conteúdo, talvez. As plataformas, sempre.
A política é outra máquina dessa produção em massa. Equipes ideológicas inundam as redes com sensacionalismo, elegendo gente na base da fumaça.
E na religião? Outra fábrica de louco. Cada notícia ruim vira pretexto pra gritar "Apocalipse!".
Só que a maioria entende "Apocalipse" como caos e distopia. Ignora que o livro se chama REVELAÇÃO e, no fundo, fala de esperança, não de desgraça. Mas... quem lê? Quem estuda? E quando estuda, dá mais ouvido aos sensacionalistas, aos pessimistas. A notícia ruim tem mais valor.
O Poder da Escatologia Sensacionalista
É aqui que a escatologia popular de hoje entra e faz a festa. Ela prospera com as notícias sobre Israel, guerra, crise. Enfatiza o dramático, o especulativo, o que mete medo. Conectam tudo com tudo: eventos geopolíticos, figuras públicas, desastres, epidemias, tecnologia (microchip, scan de íris, ID digital, bitcoin, vacina – tudo vira "Marca da Besta" em potencial).
Falam do Anticristo como se fosse o vizinho. Pintam a Grande Tribulação com cores cinzas, anunciam a Apostasia Final, criam urgência, fazem apelos desesperados: "O FIM ESTÁ PRÓXIMO!" Enquanto gritam é o fim: “Vou ali comprar um telão novo pra igreja.... um porcelanato e umas poltronas...”
É um banquete de teorias da conspiração e interpretações literais exageradas, popularizado por filmes (quem não lembra de "Deixados para Trás"?), pregadores de internet e vídeos dramáticos. A cereja do bolo? A Batalha do Armagedom, a rebelião final, o mundo em caos. Ignoram (ou escondem) que existem outras leituras sérias das profecias: Amilenismo, Pós-Milenismo, Preterismo, Pré-Milenismo Histórico... Mas o que sequestra a atenção é a desgraça anunciada.
O mais curioso? Quem jura que acredita nesse futuro caótico vive e planeja como se fosse durar pra sempre aqui. Alarmam como se Jesus voltasse antes do jantar, mas constroem casas, fazem carreira, investem na bolsa; planos de casamento, filhos, estudos, viagens, negócios, enfim.
Assistem a um vídeo apocalíptico "URGENTE!" e, no segundo seguinte, rolam a tela pra ver outra coisa. Vivemos pulando de toca em toca de coelho branco, explorando abismos de informação duvidosa. Ninguém mais guarda a "profecia" sensacionalista pra conversa de bar; joga logo no grupo do zap, apertando o "enviar" como se não houvesse amanhã. O caos digital faz o Orkut parecer um jardim de infância. O jornal de papel, pelo menos, servia pra embrulhar peixe e catar sujeira de galinheiro.
O jornalista Alison Hill descreveu bem o jornalismo da TV pré-internet: só porrada e notícia ruim no começo, talvez uma tragédia no meio, e no finzinho, pra aliviar, um panda nascendo no zoo. Um bálsamo depois da angústia.
Hoje? Bombardeio constante. Manchete sensacionalista brota sem parar, e os algoritmos garantem que você veja mais do mesmo.
Esse poder do jornalismo negativo é o mesmo da escatologia tribulacionista. Qualquer vídeo de 15 segundos ou 1 hora associando caos ao Apocalipse ganha like e share. Crítica bíblica séria? Rara nos comentários. É só apoio inflamado ou ódio explosivo. Some o impacto da notícia ruim aos comentários raivosos. Resultado? Esgotamento. Exaustão. Estresse. "Meu Deus, o mundo tá pior! É o fim mesmo!" E depois do espanto? Uma cerveja? Uma Coca gelada? Algo pra anestesiar?
As Cicatrizes Psicológicas
Na psicologia, toda experiência deixa marca. Esse bombardeio afeta o humor, causa efeitos psicossomáticos. O corpo fica em alerta constante: fugir ou lutar. Eu mesmo vivo lutando contra as notícias ruins.
Seja sincero: você acha que essa enxurrada perturbadora não tem consequência pra sua mente? De tanto ver e ouvir desgraça, alimentamos a desconfiança, a tristeza. Começamos a achar que tudo está pior do que realmente está.
Histórias distorcidas, exageradas, tendenciosas geram raiva, ódio. O volume distorce nossa percepção, muitas vezes contrariando as estatísticas reais. Estudos mostram: 15 minutos de notícia ruim já aumentam sintomas de depressão e ansiedade. Por isso deixo uma dica: É melhor ver bobagem, ri, do que beber litros de notícia política negativa.
Entenda isso não só pela religião ou escatologia, mas por sua saúde mental. Não é pra se alienar, virar um eremita digital. Não é pra colocar óculos cor-de-rosa e achar tudo lindo como o Bob Esponja. É sobre equilíbrio.
Consuma notícias sérias, sim, mas busque também as leves, as boas. Existem histórias incríveis por aí: superação, bondade, soluções criativas. Histórias que abordam problemas reais com profundidade e esperança. Precisamos do que edifica, não só do que destrói. É uma recomendação bíblica:
Lembre-se de Filipenses 4:8: "...tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas."
Temos histórias maravilhosas de missionários, testemunhos de fé, milagres que fortalecem a Igreja, em vez de deixá-la esgotada, nervosa, assustada. Infelizmente, muitos que se dizem cristãos preferem explorar o clique fácil do desastre, da perseguição, da miséria. Poucos têm discernimento pra filtrar.
Boas Notícias – sim, o Evangelho! – fazem bem à saúde. Liberam dopamina, reduzem cortisol, melhoram o humor, fortalecem laços.
Pare e pense: quanta notícia ruim você consumiu e compartilhou hoje? Talvez seja hora de DESACELERAR.
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Li por aí:
Nunca estivemos tão conectados, e ainda assim nos sentimos tão sozinhos.
Nunca tivemos tanto acesso à informação, mas raramente estivemos tão perdidos.
Nunca fomos tão bombardeados por entretenimento, mas tão vazios por dentro.
Pesquisas indicam que, à medida que os smartphones se tornaram parte inseparável da vida cotidiana, também cresceram os índices de ansiedade, depressão e isolamento.
Casamentos e nascimentos caíram drasticamente. O debate político virou um espetáculo de tribos, onde as sutilezas se perdem no barulho da próxima polêmica viral.
Até a noção de verdade se desgasta — como separar realidade de mentira, quando o que mais atrai cliques é o exagero?
RM-FRASES PROTESTANTE