24.1.22

5 motivos que mostram que é impossível ser cristão e ser de esquerda



Matéria completa da Folha Universal

 

Um texto publicado pela Igreja Universal em seu site oficial, em 23 de Janeiro de 2022, chamou a atenção por dizer que quem é cristão não vota em partidos de esquerda.

https://www.universal.org/noticias/post/5-motivos-que-mostram-que-e-impossivel-ser-cristao-e-ser-de-esquerda/

 

Não é novidade que Edir Macedo é um estrategista político e já apoiou a Esquerda por décadas, mas agora faz parte do grupo de apoio ao governo Jair Bolsonaro. Como sempre os detratores do bispo não refutam a matéria, mas a pessoa do Edir Macedo. Particularmente não visitaria uma reunião do bispo, mas o ponto em questão é a matéria. Lembrando que o Jornal é segmentado aos seguidores da Universal. Segue a matéria completa da Folha Universal (Comentários acrescentados por Raniere Menezes):

 

5 motivos que mostram que é impossível ser cristão e ser de esquerda

 

Diferenças o farão entender por que um cristão de verdade não pode nem deve compactuar com ideias esquerdistas

 

Nos tempos de tanta polarização em que vivemos, não raramente as discussões se transformam em brigas. Essas brigas fazem parte de uma estratégia maléfica para confundir ainda mais a população e angariar os votos dos incautos para os ditos esquerdistas, que se travestem de defensores do povo quando, na verdade, querem repetir no Brasil fórmulas desgastadas e ineficazes – incluindo-se aí os regimes ditatoriais – e espalhar ainda mais o caos para que suas atitudes de desgoverno não sejam notadas. Isso é um grande perigo e o cidadão deve ficar atento. Para que você, caro leitor, compreenda bem isso, destacamos cinco modos de agir da esquerda que a diferenciam totalmente do modo de agir do cristianismo. Essas diferenças o farão entender por que um cristão de verdade não pode nem deve compactuar com ideias esquerdistas. (COMENTÁRIO: Realmente a Esquerda tem em seu DNA ligações com o Comunismo e não tem como descolar sua história com ligações bolivarianas na América Latina).

 

Como pensa o cristão   x   Como pensa a esquerda:

 

 1- FAMÍLIA

 

A família é o começo de tudo na sociedade. Casais em harmonia criam lares em harmonia: filhos bem-criados que serão bons cidadãos e construirão e manterão uma sociedade sólida. Deus incentiva a formação de boas famílias em nome do bem-estar físico, psicológico, espiritual e social do próprio ser humano e que serão uma forte rede de apoio dentro e fora de casa.

 

A esquerda prega contra o casamento convencional e incentiva questões como a liberdade do uso de drogas, que causam mal individual e social e desestruturam as famílias. Com a sociedade doente, os esquerdistas podem posar de “defensores da liberdade” para ganhar votos. Eles destroem a rede de apoio familiar para “salvar” o povo usando um assistencialismo manipulador.

 

--COMENTÁRIO: Apesar de não ser exclusividade da agenda comunista existe apoio declarado dos partidos de Esquerda às pautas culturais pós-modernas, como ideologia de gênero, misandria, casamento gay e outras ideologias que confrontam a família tradicional. -- Marilena Chauí, filósofa do PT, numa palestra para alunos a partir do 9º ano, intitulada “A Fragilidade da Democracia” no Colégio Oswald de Andrade, da elite de São Paulo, afirma: “a família, isso que nós entendemos de família, foi uma coisa inventada no final do século XVIII durante o século XIX.” --- Observa-se que a Esquerda em suas políticas públicas tem como objetivo enfraquecer a família tradicional como instituição. As estatísticas da ruptura familiar, uso de drogas, divórcio, famílias monoparentais, nascimentos fora do casamento, maior delinquência e crime na prole de famílias sem pais, e abandono escolar de crianças de famílias monoparentais atestam a destruição de núcleos familiares estáveis (Instituto Rothbard).

 

2- FORMAS DE GOVERNAR

 

O Império Romano nada mais era que uma ditadura disfarçada de democracia. Que democracia foi aquela que tentava proibir o cristianismo a ponto de perseguir, prender, torturar e executar seu maior Nome, o Senhor Jesus Cristo, que combatia a manipulação e a opressão da ditadura romana sobre o povo e pregava a liberdade?

 

A esquerda gosta de mentir que luta contra a ditadura, mas o marxismo, base do esquerdismo, produziu historicamente as maiores ditaduras que oprimiram o povo. Elas perseguiram e perseguem o cristianismo até hoje. China e Coreia do Norte são exemplos de países esquerdistas que não permitem nem mesmo que existam templos cristãos.

 

 --COMENTÁRIO: Os regimes comunistas tornaram o crime em massa uma forma de governo. Usando estimativas não oficiais, apresenta um total de mortes que chega aos 94 milhões. A destruição da família (e da igreja) é essencial da natureza da Esquerda. Recentemente, no Chile, a esquerda nas ruas incendiou templos cristãos. Hoje, na América Latina, no mapa da lista mundial de perseguição em 2021, destacam-se, a Venezuela, Cuba e México, todos governados pela Esquerda. -- Lista Mundial da Perseguição 2022 - Portas Abertas.

 

3- CRENÇA

 

O princípio básico do cristianismo é a existência de Deus e a entrega a Ele, por meio do sacrifício de Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, pelos seres humanos. Essa entrega, se for real e mantida vigilantemente, resulta inevitavelmente na qualidade de vida individual, familiar e social.

 

O marxismo, base de toda e qualquer ideologia esquerdista, tem por princípio filosófico o materialismo dialético que, antes de tudo, nega a existência de Deus.

 

--COMENTÁRIO: A base do comunismo é de fato o ateísmo, porém como o comunismo é extremamente camaleônico sempre tentou adentrar ao cristianismo com ideologias distorcidas e amplamente rejeitadas como, Teologia da Libertação -- A Teologia da Libertação (TL) é um movimento sócio-eclesial que surgiu dentro da Igreja Católica na década de 1960 e que, tenta mesclar marxismo e fé cristã. – E no meio evangélico a tentativa de infiltração se deu através da Teologia da Missão Integral (TMI), anos de 1970, seus adeptos negam o uso marxista, mas na prática é uma estratégia gramsciana. – A Teologia da Libertação foi condenada pela Igreja Católica Romana em 1984. E a TMI não teve adesão por conta do crescimento da Teologia da Prosperidade. E ambas não abordam os milhares de mortos pelo Comunismo.

 

4- LADOS

 

Na Bíblia, estar do lado direito é identificado como um lugar especial, de honra, do Próprio Deus. Quando o Senhor Jesus fala de “ovelhas e bodes”, põe as primeiras à direita e os segundos à esquerda (Mateus 25.31-34). Outra confirmação do que diz o Salvador está em Eclesiastes 10.2: “O coração do sábio está à sua direita, mas o coração do tolo está à sua esquerda”.

 

A esquerda combate a Igreja porque ela abre os olhos da população quanto ao que é certo e errado e mostra de que lado deve estar quem quer o bem. Por isso, os esquerdistas tentam anular tudo o que os evangélicos dizem ou em uma atitude desesperada infiltram-se nas igrejas protestantes com um disfarce de “esquerda evangélica” , termo que já é, em si, uma total contradição.

 

 --COMENTÁRIO:  Os termos "esquerda" e "direita" apareceram durante a Revolução Francesa, de 1789, e subsequentemente, quando os membros da Assembleia Nacional se dividiam em partidários do rei à direita do presidente e simpatizantes da revolução à sua esquerda. Esta divisão acabou caindo em reducionismo e não explica com exatidão a complexidade das ideologias políticas. De modo geral, é possível definir posições mais liberais e mais conservadoras e outros conceitos. -- Além dessa divisão, alguns grupos que costumam ser considerados de esquerda são: progressistas, ambientalistas, social-democratas, sociais-liberais, libertários-socialistas, comunistas e anarquistas. Por sua vez, na direita nós podemos encontrar os capitalistas, neoliberais, conservadores, econômico-libertários, anarcocapitalistas, neoconservadores e nacionalistas. Não é tão fácil definir e demonizar um lado. – No Brasil é fácil definir estes partidos como Esquerda: PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB, PSTU, PCO, PCB, mas e estes: PP, DEM, PR, PSC, PEN, PSD, PSDB, PSL, Patriotas? São todos de Direita? Muitos partidos são apenas pragmáticos e confusos ideologicamente. O PT só chegou ao poder com ajuda de todos os partidos que se dizem Centro, e Bolsonaro também. DEM E PSDB são de Direita? Fernando Henrique (Presidente: 1995-2002) do PSDB é autodeclarado gramsciano. REDE, PV, SOLIDARIEDADES, PTB, PTC, PPS, PHS, PRB, PMDB, NOVO se encaixam na Direita? Os partidos se perpetuam no cenário político brasileiro utilizando-se de estratégias e interesses pelo poder e pela manutenção da fatura do Fundo Partidário. Dentro da máquina administrativa, o que menos importa é a concepção ideológica. – O argumento de lado não faz muito sentido.

 

5- UNIDADE

 

A Igreja é o Corpo de Cristo, no sentido de que a união traz a verdadeira força, como diz um conhecido ditado popular. No corpo, quando tudo trabalha em harmonia, ele é saudável e forte. A Bíblia mostra que a Humanidade pode ser unida quando se submete ao Criador – que é o mesmo para todos – e aos Seus preceitos, que sempre nos levam ao que é melhor para todos.

 

A esquerda destaca a diferença para incentivar a briga entre as pessoas, apesar de pregar falsamente que é a favor das diferenças. Ela precisa do conflito para se manter, numa estratégia de “dividir para conquistar”, pois é mais fácil para ela manipular pequenos fragmentos do que tentar o mesmo com um grupo único, grande e forte. Quem instiga o ódio é o diabo.

 

--COMENTÁRIO:  Ao falar em Unidade, o texto está se referindo especialmente aos seguidores da Universal. A Unidade da Igreja é um conceito amplo: A unidade da igreja é apresentada no Credo Apostólico: “Creio na santa igreja (singular) católica”, e ensinada, por exemplo, em Efésios 4:4-6: “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus…”. A igreja de Cristo, que é uma, é um organismo vivo (“um só corpo”) com uma cabeça, Jesus Cristo (“um só Senhor”), e um princípio vivificador, o Espírito Santo (“um só Espírito”), que adora e serve a um Deus Triúno: Pai, Filho e Espírito Santo (“um só Deus”). -- Rev. Angus Stewart. – O Evangelho tem tanto um efeito unificador como um efeito divisor. I. O Evangelho Une. A) Ele une aqueles que genuinamente creem nele. B) Veja como isto é ensinado em Atos 1:14; 2:1,44,46; 4:24,32; 5:12; Romanos 15:5-6; 2 Coríntios 13:11; Filipenses 1:27; 2:2; e 1 Pedro 3:8. II. O Evangelho Divide. A) Ele divide aqueles que crêem nele daqueles que não crêem nele. B) Veja como isto é ensinado em Mateus 10:34-37; Lucas 12:49-53; João 7:12,40-43; 9:16; 10:19-21; Atos 14:4; e 28:24. -- John A. Kohler. -- Conceitualmente, há mais elementos da moralidade cristã na Direita (pró-vida, pró-família, pró-Deus etc), estes princípios devem unir toda cristandade.

 

“Se você se diz cristão e ainda vota na esquerda, há apenas duas possibilidades: ou você não segue realmente os ensinamentos do cristianismo ou os segue e ainda não entendeu o que a esquerda é verdadeiramente”. – A matéria é assinada por: Bispo Renato Cardoso.

16.1.22

COMO FILTRAR OVERLOAD DE INFORMAÇÕES NA INTERNET



COMO FILTRAR OVERLOAD DE INFORMAÇÕES NA INTERNET?:

Fake News em tempo de pandemia (e eleições também) ou mantenha a calma e não siga o Coelho Branco


Raniere Menezes


O que é Overload de informação?

Information Overload é um conceito utilizado para definir um estado de sobrecarga de informação. Que também é definido às vezes como Síndrome da Fadiga por Informação (IFS). Ou seja, uma quantidade de informações que simplesmente não pode ser processada completamente por uma ou mais pessoas; é um caos; é como alguém despejar um caminhão de informação por segundo em seu aplicativo de mensagens. E quando você junta esta quantidade de informação com as táticas de engenharia social para gerar tráfego, compartilhamentos e likes, através de conteúdos, narrativas falas e sensacionalistas, nasce o casamento de um par nada romântico de Overload e Clikbait, diria que é quase o encontro de Arlequina e o Coringa em Arkhan.


O Clickbait é quem produz conteúdo com objetivo de caçar-cliques, e atua como uma isca para fisgar seu clique. No meio desta combinação que torna nosso dia mais poluído de informações, muitas vezes apenas encaminhamos e compartilhamos conteúdos sem filtro. E neste tsunami de informações o que não falta são teorias da conspiração. E combater fake news é como querer apagar milhares de focos de incêndios numa floresta com um extintor. É inútil, cansativo e tedioso. 


Necessidade de filtro

O que podemos fazer é tentar filtrar melhor e melhorar o nível de informação que chega a cada um de nós. E este alerta está em seu nível máximo de 2020 para cá em 2022. E não adianta filtrar através de agência de checagem e jornalismo em geral, grande ou pequena mídia (não há neutralidade!). O maior trabalho de filtragem é pessoal, individual, de cada um... e isso dá trabalho! E por dar trabalho, muita gente não tá mais nem aí se está consumido caminhões de narrativas falsas ou não, simplesmente se transformou em mero expectador.


Este ano em especial, 2022, teremos um ano que vai somar “pós-pandemia+crises+eleições+overload de informações”, uma tempestade perfeita para um cenário de asilo. As teorias da conspiração estão chegando com uma grande onda. Mas alguém vai gritar: “E se for verdade?”.  -- Se na teoria da conspiração tiver verdades misturadas, não deixa de ser mentira? Se tiver mentiras, é perda de tempo, e você estará lutando contra moinhos imaginários. Ninguém numa guerra real quer tá alucinado atirando na própria sombra e nos aliados. Um exemplo prático: se eu tenho nove notícias falsas relacionadas a uma cadeia de eventos verdadeiros, o quanto de verdade eu tenho? Meia verdade continua verdade?


É preciso ter um discernimento razoável para ser eficiente em combate real, é exatamente isto que precisamos para enfrentar a campanha eleitoral 2022. Perceba o vocabulário de guerra: “Campanha”; “público-alvo” e “false flag”. Um exemplo de false flag nas eleições de 2018, quem não se lembra da jovem da suástica riscada no corpo perto das eleições? A propaganda eleitoral foi uma das mais sujas da história e 2022 promete! Geralmente, uma campanha política se iniciava em menos de um ano, agora são quatro anos em campanha permanente, sendo que a cada ano os níveis de ataques sobem. Se existe uma tempestade se aproximando, é esta. Nos EUA não conseguiram conter as cataratas de teorias da conspiração, imagina como será no Brasil em 2022. Vale a pena entender rapidamente o que aconteceu nos EUA de 2017 a 2020, no tocante (como diz Bolsonaro) às eleições do Trump, para ao menos realizarmos uma comparação e evitar algumas armadilhas.


Por que somos atraídos por teorias da conspiração?


Michael Barkun classificou as teorias da conspiração em três tipos:


Teorias de conspiração de eventos. Isso se refere a eventos limitados e bem definidos. Os exemplos podem incluir teorias de conspirações como o assassinato de Kennedy ou o 11 de setembro.


Teorias da conspiração sistêmica. Acredita-se que a conspiração tenha objetivos amplos, geralmente concebidos para garantir o controle de um país, região ou mesmo do mundo inteiro. Os objetivos são amplos, enquanto o maquinário conspiratório é geralmente simples: uma única organização implementa um plano para se infiltrar e subverter as instituições existentes. Esse é um cenário comum nas teorias da conspiração que se concentram nas supostas maquinações de judeus, maçons, comunismo ou igreja católica.


Teorias da superconspiração. Para Barkun, essas teorias vinculam várias supostas conspirações hierarquicamente. No cume há uma força maligna distante, mas todo-poderosa. Exemplo: o Anticristo.


Nestas três categorias ainda se discute os níveis de sigilo, ações secretas e discretas. A internet hoje é um servidor gigante de informações de baixo custo e acessível por bilhões de pessoas. Não tem fim especulações conspiracionistas e opiniões sem noção. Todos os campos das ideias e desenvolvimentos intelectuais hoje estão na Internet, esta inclusão tem tecnicamente o potencial de dar voz a qualquer pessoa, do mais medíocre aos mais preparados, incluem pessoas más, negativas, maliciosas, oportunistas e também pessoas que querem contribuir verdadeiramente para o bem comum. 


Teorias gringas que podem ser recicladas por aqui

A narrativa NOM (Nova Ordem Mundial) tem várias versões e fusões bem disseminadas e estabelecidas, algumas quase canônicas. E quem não concorda com alguns pontos canônicos pode ser cancelado, logo será taxado de aliado do sistema da NOM ou considerado alienado. Críticas a parte, um certo ceticismo é saudável ou podemos começar a estocar arroz em garrafa pet debaixo da cama. Por pura “sorte” ou providência divina o Brasil não embarcará em teorias da conspiração nas eleições 2022. Filtrar totalmente o volume de desinformação é impossível, por aqui nem precisa intervenção hacker dos russos, pois temos a maior usina de memes do mundo. Talvez este abuso em fabricar memes o Brasil não tenha em seu DNA a tendência de acreditar nas pessoas, parece que o Brasil é um dos campeões em desconfiança. Os políticos que comem pastel de feira de quatro em quatro anos não enganam ninguém. Tenho impressão que a “tia do zap” e o “tio do pavê” ao receberem uma carrada de fake news misturada com notícias verdadeiras, como uma feijoada, no fundo sabe que não é verdade, mas se prejudica o adversário político encaminha e compartilha sem pena. Esta prática aconteceu nos EUA e não deu certo para os eleitores do Trump.


Os adversários do Trump foram meses acusados ininterruptamente dos crimes mais escandalosos da história. Contra Trump, defendia a narrativa, seus adversários considerados o Deep State (o Estado Profundo) realizavam planos secretos, -- tão secretos que vazavam em fóruns conspiratórios de um estado não tão profundo. – O que parece estranho para nós no hemisfério sul, para eles foi algo bem real. Alguém já disse que a relação das teorias da conspiração com as pessoas é como um border collie entendiado encontrar uma criança hiperativa sem supervisão de adultos.




Muita gente surtou com estas narrativas nos EUA, este mergulho em narrativas fundiu satanismo, pedofilia, canibalismo, tráfico sexual, túneis e submundos do crime; que havia uma rede internacional de famosos e poderosos envolvidos, que o Soros, Obama e os Clintons seriam presos, e que o Trump seria a peça-chave que iria desmascarar todo mal dos globalistas. No final desses acontecimentos famosos e poderosos seriam presos numa prisão de segurança máxima e levados para um tribunal internacional. 


Este movimento, com esta crença se tornou forte e com muitos seguidores, denominado movimento QAnon. – Algumas ideias respingaram por aqui e fizeram conexão com personagens do Brasil e América Latina, como por exemplo vincular o envolvimento do ditador da Venezuela, Maduro, da Bolívia, Evo, do crime organizado do tráfico de drogas do México e da América do Sul, com o tráfico humano sexual, conectado a grupos de criminosos nos EUA e supostos envolvimentos com políticos, bilionários, famosos americanos, famílias poderosas, elementos da maçonaria e Illuminati. Neste quebra-cabeça narrativo é possível conectar políticos da esquerda da América Latina e militares como o ex-general venezuelano chavista Hugo Armando Carvajal, que promete desvendar as entranhas da política da América Latina. 


Esta montagem interminável desse quebra-cabeça, peça por peça, migalha por migalha, pista por pista fez surgir linguagens enigmáticas do movimento QAnon, como por exemplo, “siga o coelho branco” ou “tome a pílula vermelha”, esta referente ao filme Matrix e seguir o coelho uma alusão a estória de Alice no país das maravilhas. Na ficção do livro de Lewis Carroll, seguir o Coelho Branco parece ser uma metáfora para ir atrás do conhecimento e da verdadeira sabedoria. Mesmo diante dos maiores obstáculos, Alice continua procurando por ele no País das Maravilhas, como se quisesse aprender mais. A pílula vermelha e a pílula azul representam a escolha entre reconhecer a verdade ou negar, são elementos metafóricos da ficção Matrix. Hoje temos mais condições de analisar crossovers de teorias.




Estas narrativas foram disseminadas nas redes sociais e fóruns em sites para participações de pessoas anônimas. De modo geral, este movimento ganhou o nome de QAnon (“Q”: um significado misterioso de um usuário anônimo de fóruns que postava informações supostamente secretas de Estado e “Anon” de anônimo) e se popularizou.   Fóruns em sites fortaleceram esta ideia por meses, eu acompanhei de perto alguns fóruns e conheço pessoas que praticamente surtaram com essas narrativas, ao ponto de abandonarem suas rotinas de trabalho para entrar de cabeça no que seria o maior escândalo de todos os tempos, algo que ia parar o mundo e fazer do 11 de setembro café pequeno. 


O movimento cresceu muito até o momento que o Trump perdeu a disputa presidência dos EUA em 2020. Um dos lemas do QAnon era: “ONDE FOR UM, VAMOS TODOS NÓS”. Em campanha eleitoral o movimento cresceu muito e parecia imbatível. Quanto mais se aproximava das eleições de 2020 a adesão dos seguidores do Trump aumentava e expectativas de uma grande operação estava para acontecer (tic-tac), a Operação STORM ou Tempestade ou Grande Despertar era a ordem do dia. Nos fórum as pessoas estavam relatando visões de batalha espiritual entre anjos e demônios. O sincretismo de narrativas intensificava conforme a aproximação das eleições. O movimento se fortaleceu especialmente nas mídias digitais e nas vendas de produtos em e-commerce. E pensar que tudo isso começou com uma história numa pizzaria (pesquisar no Google: Pizzagate QAnom para entender toda trama) e envolveu uma campanha presidencial nos EUA. Nunca uma narrativa envolveu tanta gente nos EUA desde a Guerra dos Mundos (série antológica de rádio-teatro estadunidense) em 1938, transmitido pela rede de rádio do Columbia Broadcasting System, dirigido e narrado pelo ator e cineasta Orson Welles, que causou pânico nos ouvintes com notícias de uma invasão alienígena na Terra.




O Trump em algumas entrevistas, ainda presidente, usava linguagem enigmática e os caçadores de pistas enlouqueciam, pois havia uma expectativa crescente sobre a operação Storm. O Trump do nada fazia referencia que antes da tempestade havia calma e aliados do governo tuitavam: Tic-tac. Os fóruns vibravam (cada usuário dava uma opinião mais estranha do que outra) e a bola de neve das narrativas ficava cada dia maior. Vi muita gente misturar aos comentários elementos bíblicos, apocalípticos de batalha espiritual, inutilmente, fantasiosamente. De tudo que produziram e divulgaram não alteraram em nada os acontecimentos atuais. Cada um que dava uma pista para seguir o coelho, mas não havia um coelho branco, mas milhares de coelhos, cada um em uma direção. O que era tomar uma pílula vermelha acabou em overdose de ilusões.


Especialmente a política (e a pandemia foi politizada), ao longo dos séculos, sempre trabalhou com mecanismo de propaganda e contrainformação. A desinformação foi amplamente usada por pessoas mal intencionadas para prejudicar outras pessoas, um caso clássico de uso de novas mídias/comunicação, temos, por exemplo, uma estratégia panfletaria política de 1903, de um texto chamado Protocolos de Sião, um texto antissemita que descreve um suposto projeto de conspiração por parte dos judeus para dominar o mundo através da destruição do mundo ocidental. Parece que o mesmo conceito é aplicado atualmente sobre famílias bilionárias no esquema NOM.


Michael Barkun definiu teorias da conspiração como parte de conhecimentos não validados como verdade por instituições que confiamos. Porém, o relativismo e subjetivismo estão tão fortes em nossa sociedade que não confiamos mais em instituições que antes confiávamos mais naturalmente. Isto também se deve ao fato da transformação das informações. Quem acredita hoje na neutralidade e imparcialidade da Imprensa? Quem acredita na supremacia da ciência? 


Quais lições podemos extrair em tempos de pandemia e eleições no Brasil?

A primeira lição certamente é desconfiar quando alguém diz ter informações top secret de bastidores e corredores palacianos. Desconfie. Desde a quarentena da OMS em 2020 temos um grande contágio de desinformação e não adianta confiar imediatamente em checadores de fatos nem no jornalismo, não existe neutralidade e imparcialidade, muitas agências de checagens de notícias pertencem a grupos de mídia e jornalismo. Desconfie de checadores, verifique pessoalmente, faça pesquisa, compare. Quem checa os checadores? Estão criando um Ministério da Verdade (do livro: 1984), como se já não bastasse a censura produzidas pelas big techs e determinações da justiça. É uma situação bem complicada confiar nos censores. Liberdade de expressão pode ser interpretada como terrorismo verbal por censores. Filtrar e buscar boas fontes ainda são o modo mais prudente ao receber sobrecarga de informações.




Outro exemplo para ficar alerta é não entrar no clima de “já ganhou”. Disparar, compartilhar mais fake news do que o adversário não garante vantagem, alguns discordam e consideram que vale a pena entrar numa guerra suja e fazer o mesmo jogo sujo. Há proveitos eleitorais em entrar na guerra suja e fazer o mesmo jogo? Para o Trump não houve, ele aumentou sua munição contra Hillary Clinton, Biden e Obama, mas não adiantou. -- Os democratas estudaram amargamente a derrota de 2016 e trabalharam “silenciosamente” como fez a Cambridge Analytica em 2016, mineraram os eleitores, analisaram dados com comunicação estratégica para o processo eleitoral. -- E não adianta reclamar se teve fraude ou não, o que vale na prática é que o Trump perdeu a cadeira. É importante lembrar que a maioria dos apoiadores estava no clima do já ganhou. Numa campanha um eleitor motivado conquistar um voto de outra pessoa vale mais que acelerar a fábrica de narrativas. O poder está nos dados. Os algoritmos devem ser analisados para ter vantagem real sobre os caras que dão as cartas no jogo.


Teorias conspiratórias têm elementos em comum e seu poder estar em confundir, enganar, misturar verdade com inverdades, fique atento aos principais elementos:

-- o bem contra o mal.

-- um grupo poderoso em disputa de poder e controle.

--- Armadilha utópica (prometem uma nova era em troca de algo valioso).

-- Só um grupo seleto de iluminados-despertos conhece a verdade. -- GERALMENTE em busca de explicações e interpretações de padrões há uma tendência para decifrar ou decodificar sinais e eventos como algo mau e correntemente é sempre um grupo de visionários iluminados que descobre um plano obscuro ou oculto. Teorias da conspiração são tentativas de interpretações de padrões e explicações geralmente “revelacionais” de algo oculto.


Perceber os métodos da engenharia social já desloca a perspectiva de expectador em pessoa crítica. 


Outras lições finais são os 4 Ds:

Desconfie de mensagens sensacionalistas.

Desconfie de caçadores de likes.

Desconfie de mensagens enigmáticas.

Desconfie de narrativas que você tem que montar um quebra cabeça pra entender, mesmo que você ache uma história incrível.


Conclusão

Estes princípios resumidos servem tanto para informação/desinformação relacionados à pandemia quanto para eleições. A prudência e observação são virtudes, ser precipitado em compartilhar conteúdos na Internet muitas vezes serve apenas para a intenção do produtor da narrativa. Cuidado com comparações radicalizadas, geralmente uma associação de um acontecimento atual com algum fato marcante da história tem que ser bem fundamentado, não compartilhe apenas porque a narrativa é impactante. A verdade muitas vezes incomoda quando contraria seu entendimento, mas deve sempre prevalecer. Nada que esteja encoberto ficará para sempre velado. Nada contra a verdade senão a verdade. Não é merecedor de honra insistir em espalhar mentiras, apesar das boas intenções, mesmo que o conteúdo tenha a intenção de combater a manipulação e controle social. Como assim? É possível trabalhar com engenharia social, criar uma narrativa falsa para combater algo ruim. Eticamente devemos evitar tanto o primeiro mal quanto o segundo. As mídias mudam, mas as mensagens falsas têm o mesmo DNA.


12.1.22

Roger Scruton, Dois Anos Depois



Lembrando Sir Roger Scruton, Dois Anos Depois

Paul Krause

12/01/2022



“Na época, eu não teria imaginado meus encontros com Roger através do YouTube e um punhado de livros me levaria a estudar com ele pouco antes de sua morte.”



Sir Roger Scruton faleceu em 12 de janeiro de 2020 . O mundo perdeu uma grande e importante voz para a vida intelectual com sua morte. Enquanto Roger é simultaneamente lembrado como um filósofo do conservadorismo e da estética, o Roger Scruton que conheci foi e continuará sendo um filósofo do amor. Na verdade, todos os seus escritos emanam de sua luta contra o amor e seu significado e implicações para a existência humana, o mundo em que habitamos e o mundo que pode estar além de onde temos os pés firmemente plantados.


Conheci Roger como estudante de graduação em filosofia. Eu também estava começando a desenvolver um interesse em estética e havia um filósofo inglês indisciplinado que parecia um cruzamento entre o vestido e o cabelo bagunçados de Lord Byron com profunda percepção e conhecimento intelectual. Comecei a ouvir palestras e a pegar sua breve introdução à beleza pela Oxford University Press. Acabei comprando mais de Roger com o passar dos anos: The Face of God , The Soul of the World , Understanding Music , Death-Devoted Heart , The Ring of Truth. Quando não estava estudando, bebendo ou lendo escritos patrísticos e materiais bíblicos para minha graduação na Yale Divinity School, eu estava lendo um filósofo inglês que eu estava começando a amar cada vez mais. 


Na época, eu não teria imaginado meus encontros com Roger através do YouTube e um punhado de livros me levaria a estudar com ele pouco antes de sua morte. Quando tive um encontro casual com alguns ex-colegas de Yale na National Gallery em Londres - eu estava me preparando para fazer um tour pelas pinturas mitológicas e religiosas para um colega que estudava com Roger - um ex-colega de classe desejou saber como era estudar com Roger, já que ela havia lido algumas de suas obras para seu curso de arte e religião em Yale. Eu a contei, e ela estava, reconhecidamente, com ciúmes por eu ter tido essa oportunidade.


A vida e carreira de Roger durou muitas décadas e tem muitos momentos famosos: seu “tornar-se conservador” testemunhando os motins de Paris de 1968 ; seu trabalho com o submundo intelectual anticomunista por trás da Cortina de Ferro durante a última década da Guerra Fria; seu ostracismo na academia britânica por ousar criticar o panteão dos pensadores da Nova Esquerda; para a indignidade de um editor do New Statesman deu um golpe nele no final de sua vida. Há pouca razão para passar por isso, pois é tudo bem conhecido.


Três grandes correntes intelectuais preocuparam Roger durante sua vida: a natureza do conservadorismo, a estética e a música (talvez seu maior amor).


Sobre o conservadorismo, muita tinta foi derramada sobre o que é e o que o define. Em Gentle Regrets , Roger identificou o conservadorismo não na ideologia sistemática, não em reação a nada, nem mesmo baseado no racionalismo e na racionalidade. Em vez disso, Roger argumentou que o amor era a base do conservadorismo: “O conservadorismo é fundado no amor: amor pelo que foi bom para você e perdão pelo que não foi”.


Que o conservadorismo está enraizado no amor também foi o foco de minha tese sobre a estética política de Edmund Burke enquanto estudava na Inglaterra. Pois o conservadorismo estar fundamentado no amor implica na conservação do que se ama. Se você ama alguma coisa, você não a destrói. Se você ama algo, quer se aproximar dele. Você posteriormente cuida dele e procura preservá-lo o maior tempo possível. Isso também torna o conservadorismo maleável em vez de estático; também transforma o conservadorismo em uma filosofia do coração humano, em vez da mera aceitação da tradição. Talvez a tradição seja boa e bela, levando-nos a amar aspectos da tradição. Talvez a tradição seja feia, não oferecendo nada ao amor, permitindo-nos abandoná-la sem muita preocupação ou tristeza.


De fato, o testemunho de Roger dos motins de maio de 68 em Paris contribuiu para a disposição do amor. Roger afirmou repetidamente em entrevistas e escritos que não compartilhava a raiva e o ressentimento que os desordeiros compartilhavam. Ele amava algumas das coisas boas e belas que estavam sendo destruídas. Ao reconhecer que a diferença entre ele e os desordeiros era que ele amava enquanto eles se enfureciam, ele se tornou um “conservador” porque a inclinação do conservador é o amor, e o amor leva à preservação. Roger articulou, para mim, uma compreensão do conservadorismo que eu ainda havia encontrado: uma filosofia enraizada no amor ao invés de princípios (como governo limitado, impostos baixos, uma forte defesa nacional – blá, blá, blá – ou a veneração da tradição por por causa da tradição).


Se o amor era central para a compreensão do conservadorismo de Roger, também o amor era um componente essencial de sua compreensão da beleza. Tanto que beleza e amor são inseparáveis ​​um do outro. O encontro com a beleza é encontro e experiência com o amor; o inverso também é verdadeiro, a experiência do amor um encontro com o belo. (Assim também, argumentei sobre a estética política de Burke.) 


Traçando a natureza da beleza, Roger passou um tempo considerável abordando o eros platônico e sua relação com a beleza, o desejo pela beleza era o mesmo desejo apaixonado e forte que Platão equiparava a eros: “Eros foi identificado pelos gregos como uma força cósmica, como o amor que, segundo Dante, 'move o sol e as outras estrelas'. O relato de Platão sobre a beleza no Fedro e no Banquete, portanto, começa de outro lugar-comum: a beleza, em uma pessoa, induz o desejo.


A beleza não é apenas uma coisa que existe para um olhar desinteressado. A beleza é uma força de atração e, como força de atração, o amor é, portanto, parte integrante de qualquer compreensão da beleza. O encontro com a beleza é necessariamente um encontro com o amor que nos impele a aproximar-nos da beleza, a conhecer a beleza, a entrar em relação com a beleza. Assim, o amor tão essencial à beleza tem também uma dimensão transcendente: “O amor pela beleza é realmente um sinal para nos libertarmos desse apego sensorial e para participar da versão divina da reprodução, que é a compreensão e a transmissão das verdades eternas”.


O amor como uma força ativa, ou um espírito governante, é o que torna o belo – bem – belo. Pois o belo atrai. O belo desperta. O belo convida à contemplação. O belo nos faz embarcar em uma jornada. O belo anima corpo e alma, coração e mente. Mas o que permite que a beleza alcance essas coisas é o amor que faz parte da beleza. Que a beleza implica amor é um mistério. Mas, como Roger argumenta vigorosamente, implicitamente sabemos - ou pelo menos sentimos - que isso é verdade.


Do amor pela beleza ao amor pela música, o Roger Scruton que mais me impressionou e mais amou foi o Roger da música – especialmente a estética musical. 


Como suas considerações sobre beleza e política, o amor também era o cerne da compreensão de Roger e sua valsa de longa data com a música: sua beleza, seu poder, seu élan vital . E enquanto Roger percorria o escopo da história musical, um compositor atraiu sua atenção mais do que qualquer outro: Richard Wagner. Por quê? Porque Roger acreditava que o que emanava do gênio musical e do êxtase de Wagner era sua luta com o poder do amor e seu papel no cosmos e na existência humana. 


Roger escreveu uma trilogia não oficial sobre os três maiores dramas musicais de Wagner, que ele via, implicitamente, tão interligados quanto o grande compositor traçou sua ideia de amor ao longo do tempo: Tristão e Isolda , O Anel do Nibelungo e Parsifal . Em todos os três livros - Death-Devoted Heart , The Ring of Truth e Parsifal de Wagner - Roger dedica muito tempo à filosofia do amor e como ela é incorporada nas obras-primas da ópera de Wagner. E assim como as visões de Wagner sobre o papel do amor mudaram com a idade ao longo das óperas, também parece que as visões de Roger sobre o lugar do amor na hierarquia do valor musical mudam.


Em Death-Devoted Heart , Roger argumenta que o que torna a ópera poderosa é o eros santificador que nossos protagonistas exibem apesar do ambiente trágico e do ambiente que os cerca. O amor erótico, na análise de Wagner por Roger, é a manifestação mais elevada possível para a liberdade e santificação humana. No amor erótico, a totalidade da condição humana se dá a conhecer: suas esperanças e fracassos, sua compaixão e vingança. O amor erótico fica em um fio precário, um arco – muito parecido com Tristão e Isolda na ópera – e isso leva, em última análise, a um vínculo consumador no casamento que “redime” ou preenche as paixões eróticas das criaturas sujeitas. “[O] casamento não é um desafio ao amor erótico, mas sim seu clímax e realização” , escreve ele .


Como aconteceu em Tristão e Isolda, é o duplo eros que Tristão e Isolda têm um pelo outro que une dois amantes desafortunados na promessa de casamento. Em meio a intrigas e turbulências políticas, seus anseios eróticos levam ao compromisso mútuo. Quando esse voto é quebrado, a tragédia recai sobre nossos heróis. Eles morrem. Mas sua morte não é tanto a justiça trágica exigida de votos quebrados, mas sim a manifestação redentora de seu amor erótico original - um testemunho de sua fidelidade real (e original) que foi quebrada por uma miríade de circunstâncias externas sem seu perfeito conhecimento. de. Porque conhecemos as circunstâncias que levaram à sua morte, sua morte como sendo fiel ao seu voto original de consumação erótica é o que manifesta a redenção e torna o espírito de amor tão palpável e poderoso.


O amor erótico também é a preocupação central em O Anel do Nibelungo . O tratamento de Roger do ciclo do anel está ao lado de outros tratamentos monumentais da maior obra de Wagner, como I Saw The World End , de Deryck Cooke . (Mesmo que ambos os escritores tenham entendimentos dramaticamente diferentes da obra.)


Dentro do ciclo de The Ring , Roger vê o tratamento de Wagner do amor erótico lutando com, reiterando e completando o tratamento do compositor de eros em Tristão e Isolda. Há um movimento hegeliano de eros a partir da frustração sexual de Alberich e Fafner e Fasolt que traz “a queda” do mundo: tanto no Reno quanto nos céus (transformando Alberich em um déspota tirânico e Fafner matando Fasolt enquanto lutam sobre Freia e herdando a maldição original de Alberich). Mas essa frustração erótica se transforma em compaixão erótica no segundo ato da peça, visto no encontro com Siegmund e Sieglinde. Enquanto irmão e irmã inconscientemente se envolvem em amor incestuoso, que os condena nas exigências jurídicas dos deuses, Roger escreve que a compaixão misericordiosa exibida por Sieglinde a um Siegmund exausto:


“Uma vez que a lei moral está em vigor, portanto, o amor é supostamente confinado dentro dos limites do casamento, mantido pelo olhar vigilante de Fricka. Mas o verdadeiro amor não pode ser tão confinado. Pois o amor erótico, em seu auge, não é prazer sensual nem harmonia doméstica, mesmo que ambos estejam de alguma forma implícitos nele. Em seu cerne está a simpatia e o senso do valor absoluto do indivíduo, a cujo ser o amante está ligado e cujos sofrimentos ele sofre por sua vez. Tal é o amor entre os mortais, o amor entre Siegmund e Sieglinde, e é uma coisa mais elevada e nobre do que o amor dos deuses ou a convencional tirania do lar, pois envolve um dom de si e uma prontidão para o sacrifício. eu para o outro. Além disso, a capacidade para este tipo de amor é o maior dom da personalidade,


Mas o amor erótico que se consuma no ato sexual ainda está incompleto. Passamos da frustração erótica para a consumação erótica (via sexo), mas o amadurecimento do eros ainda tem alguns caminhos a percorrer: o casamento.


O terceiro ato é, portanto, a continuação da peregrinação de eros, amor, em Brünnhilde e Siegfried. O desejo erótico de Siegfried por um companheiro ressuscita Brünnhilde de seu sono (uma punição por sua decisão de desafiar os deuses e jogar seu destino com os humanos quando ela encontrou o amor de Seigmund e Sieglinde). Que o amor erótico ressuscita nossas vidas é o que é comunicado quando Siegfried olha para Brünnhilde e a beija. Este encontro erótico leva à sua promessa de amor no casamento. Mas, como sabemos, mais tragédias acontecem.


O ato final vai além do mero casamento. O amor erótico encontra sua realização final no sacrifício: o sacrifício pelo amado. Percebendo os esquemas sombrios que se abateram sobre Siegfried em sua traição a Brünnhilde, Brünnhilde traz a resolução do drama e a mais alta manifestação de amor. É interessante, observa Roger, que Wagner — apesar de todos os seus defeitos, e ele tinha muitos — coloque a mais alta realidade da manifestação do amor na ação de uma mulher e não de um homem. Brünnhilde devolve o anel às donzelas do Reno e se imola no fogo enquanto grita: Siegfried! Siegfried! Sieh! Selig grüßst dich dein Weib!  “Siegfried, Siegfried! Veja! Sua esposa vem cumprimentá-lo em êxtase.”


Mesmo na morte, o amor de Brünnhilde por Siegfried é tão forte que ela se sacrificaria para trazer a redenção do mundo e se unir ao seu amado. A maior realização do amor vai além do casamento: envolve o sacrifício de si mesmo em favor do amado, que também restaura o mundo. Como Roger escreve sobre o movimento do amor ao longo do épico operístico, “Ao longo desta coda cósmica, a orquestra toma os vários motivos associados ao fim dos deuses, com o Reno, com Loge e Valhalla e os resolve primeiro no motivo de Siegfried como herói, e depois na melodia da bênção de Sieglinde, lembrando o momento mais sagrado do ciclo, quando um deus se sacrificou por um mortal, e o mortal entendeu. Aquele, agora reconhecemos, foi o momento em que todas as maquinações foram esquecidas,


Quando chegamos a Parsifal , no entanto, o amor erótico fica em segundo plano como o amor em forma de perdão, e a bondade suplanta a intensidade do amor erótico. Isso não quer dizer que o amor erótico seja rejeitado. Longe disso, o amor erótico nos leva ao perdão reconciliatório. Sacrifício, então, a mais alta manifestação de eros como visto em Tristão e Isolda e o ciclo do Anel , ainda está presente em Parsifal. Mas os sacrifícios que se faz por meio de eros dão origem a algo maior: ágape. Isso pode ter sido sugerido nas sombras dos trabalhos anteriores de Wagner (por exemplo, em Siegmund e Sieglinde). Mas agora o amadurecimento do amor em perdão é a transfiguração e redenção do próprio amor sobre as provações e tribulações de Parsifal que supera os aspectos egoístas do eros sexual na peça e transforma a tentação erótica em um caminho para a redenção e a bondade perdoadora e curativa que restaura a vida ao mundo quebrado. No entanto, o caminho para o ágape passa pelo eros e o próprio eros se transfigura pelo nascimento do ágape.


Para Roger, o tema central, motivo ou melodia da música – quando a música está no seu melhor e mais poderoso – é o amor. Pois na majestade da música encontramos a força do amor que dela emana e nos chama a si. Não somos mais ouvintes desinteressados, argumenta Roger, mas nos tornamos um “com” a música e aceitamos seu convite para “se mexer” com ela. A música nos convida a uma relação de corpo e alma. Não estamos isolados da música. Não somos ouvintes desinteressados. Somos participantes com o amor e a beleza que a música encarna e se estende até nós. A música é relacional porque o amor é relacional, e o amor está no coração da música. O amor que é tão central para a música é o que a torna cativante, atraente e bela.


Aqueles que são incapazes de ver Roger como um filósofo do amor, talvez o maior filósofo do amor da era moderna, revelam-se como meros ideólogos que desejam dominar seus oponentes e aqueles com quem discordam (ou seja, o próprio Roger). Tudo o que Roger escrevia e contemplava era movido pelo mistério do amor e seu lugar no mundo e em nossas vidas. No final, Roger estava dizendo que vivemos em um cosmos de amor que nos leva a buscar os relacionamentos face a face para os quais o amor nos chama.


Este amor que buscamos é um amor de doação. Procuramos dar nosso amor a algo, alguém. Quando dar amor - seja na política, arquitetura e arte, música ou relacionamentos humanos - se manifesta, a gentileza do mundo e sua majestade se manifestam. Nesse amor, encontramos um lar. Nesse amor, encontramos descanso. Nesse amor encontramos a vida. Sem esse amor, encontramos raiva, destruição e morte. Mas o amor, Roger avaliou examinando o mundo em sua totalidade, é mais forte que a morte .


...


Paul Krause é o editor do VoegelinView. Ele é o autor de The Odyssey of Love e contribuiu para The College Lecture Today e o próximo livro Diseases, Disasters, and Political Theory. Ele pode ser encontrado no Twitter @Paul_jKrause

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9.1.22

A CHAVE CRIPTOGRÁFICA DA CARTA DE APOCALIPSE


A CHAVE CRIPTOGRÁFICA DA CARTA DE APOCALIPSE

 

Se nem os tribulacionistas/futuristas de hoje conseguem entender Apocalipse, o que dirá de alguma interceptação da Carta de João pelo Império Romano? Nem se o governo romano do primeiro século tivesse a máquina Enigma do século XX decifraria a linguagem de João. Sua simbologia é proposital como uma carta que só poderia ser "descriptografada" por sua audiência primária. E nós, hoje, só podemos entender a carta nos aproximando ao máximo do entendimento da audiência primária, conhecendo seu contexto histórico e geográfico. O futurismo e tribulacionismo favorecem apenas aos dominadores de rebanho ao longo da história.

 

A Carta de Apocalipse tem características que não permite lançar profecias futuristas:

 

1. Por toda Carta há um forte senso de urgência e acontecimentos iminentes.

2. Há destinatários (audiência primária) históricos e geograficamente claros. -- Ap 2,3.

3. A linguagem simbólica é fortemente judaica. A audiência primária deveria conhecer muito o Antigo Testamento.

4. Destinada as 7 igrejas da Ásia Menor com infiltração religiosa de judaizantes e outras seitas históricas e extintas como nicolaítas, seguidores de Balaão e Jezabel. – Ap 2,3. – 2/3 da Carta faz alusão ao Antigo Testamento.

5. O templo é dito como existente. -- Ap 11.

6. Havia adoração ao imperador romano. -- Ap 13.

7. A ênfase da Carta é a destruição de Jerusalém e vitória do Cristianismo sobre Roma.

8. Os relatos históricos do historiador do primeiro século Flávio Josefo confirmam as profecias de Mateus 24, Lucas 21, Marcos 13 e Apocalipse.

9. Há dados cronológicos, culturais, históricos que convergem para o século primeiro e não século XXI.

10. Se os futuristas que lançam Apocalipse sobre cada geração e se cada geração espera seu fim, a igreja histórica não conseguiria planejar a longo prazo como sempre fez e continua fazendo.

 

Raniere Menezes

Colaborador da REVISTA CRISTÃ.ORG (http://www.revistacrista.org/)