30.6.16

10 CONSELHOS A PAIS DE CRIANÇAS PEQUENAS



1. Ore com o seu filho e por seu filho todos os dias. Como diz o ditado, pais de joelhos, filhos em pé.

2. Ensine-os as histórias da Bíblia. Tenha um momento durante o dia, ou antes de dormir, para isso.

3. Leve sua criança todos os domingos à Escola Dominical. Mas lembre-se que o ensino que ele receberá ali é apenas complemento do seu ensino, que será mais constante.

4. Cumpra Deuteronômio 6 interpretando cada fato do dia-a-dia da criança dentro da visão bíblica.

5. Quanto à disciplina, não use os métodos de recompensa ou privação populares em programas de TV. Eles passam a ideia de que, para obedecer, você tem que ganhar algo. E assim, vamos criando egoístas que só obedecerão se ganharem algo em troca...

6. Use o método bíblico da disciplina: exortação e, se não der resultado, a vara (palmada). Lembre-se, porém, que a disciplina física não pode ser abusiva. 

7. O pai deve assumir o papel de disciplinador e não deixar esta responsabilidade sobre a mãe apenas.

8. Ensine às suas crianças que virtudes são mais preciosas que objetos. Mostre, por exemplo, que contar uma mentira é mais grave do que quebrar um vaso.

9. Ensine seus filhos a se comportarem em locais públicos e, especialmente, no culto ao Senhor. 

10. Dependa de Deus na educação dos seus filhos. Ore continuamente neste sentido. E se eles crescerem bem educados, e nos caminhos do Senhor, não se glorie, mas dê os créditos a Deus por isso.

Rev. Ageu Magalhães

28.6.16

Hebreus 10.25 - Não deixemos de congregar-nos...


Hebreus 10.26 diz: "Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados".

Esse "viver deliberadamente em pecado" não é uma afirmação geral. Antes, faz referência a um pecado específico. Tal pecado fora mencionado pelo autor no versículo anterior:
"Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima" (v. 25).

Esse "viver deliberadamente em pecado" é ter o costume, o ethos de deixar de congregar. Deixar de congregar, de acordo com a Palavra de Deus, é pecado! E o autor de Hebreus desenvolve o seu argumento de tal maneira, que os versículos seguintes indicam que o resultado desse costume de deixar de congregar é a apostasia, o abandono da fé cristã, o abandono do Senhor.

Simon Kistemaker, por exemplo, diz: "Uma das primeiras indicações de falta de amor para com Deus e para com o próximo é ficar longe dos cultos de adoração. É um desprezo da obrigação comunal de participar desses encontros e a demonstração dos sintomas de orgulho e egoísmo" (Comentário do Novo Testamento: Hebreus. p. 406).

Igualmente, John Owen já havia afirmado no século 17: "Abandonar as assembleias da igreja é, geralmente, uma entrada em apostasia" (The Works of John Owen: Hebrews. Vol 6. p. 524).

— Alan Rennê Alexandrino

23.6.16

Pregando a Cristo


Pregando a Cristo

A igreja do século XXI enfrenta muitas crises. Uma das mais sérias é a crise de pregação. Filosofias de pregação amplamente diversas competem por aceitação no clero contemporâneo. Alguns veem o sermão como um discurso informal; outros, como um estímulo para saúde psicológica; outros, como um comentário sobre política contemporânea. Mas alguns ainda veem a exposição da Escritura Sagrada como um ingrediente necessário ao ofício de pregar.

À luz desses pontos de vista, sempre é proveitoso ir ao Novo Testamento para procurar ou determinar o método e a mensagem da pregação apostólica apresentados no relato bíblico.

Em primeira instância, temos de distinguir entre dois tipos de pregação. A primeira tem sido chamada kerygma; a segunda,didache. Esta distinção se refere à diferença entre proclamação (kerygma) e ensino ou instrução (didache).

Parece que a estratégia da igreja apostólica era ganhar convertidos por meio da proclamação do evangelho. Uma vez que as pessoas respondiam ao evangelho, eram batizadas e recebidas na igreja visível. Elas se colocavam sob uma exposição regular e sistemática do ensino do apóstolos, por meio de pregação regular (homilias) e em grupos específicos de instrução catequética.

Na evangelização inicial da comunidade gentílica, os apóstolos não entraram em grandes detalhes sobre a história redentora no Antigo Testamento. Tal conhecimento era pressuposto entre os ouvintes judeus, mas não era argumentado entre os gentios. No entanto, mesmo para os ouvintes judeus, a ênfase central da pregação evangelística estava no anúncio de que o Messias já viera e inaugurara o reino de Deus.

Se tomássemos tempo para examinar os sermões dos apóstolos registrados no livro de Atos dos Apóstolos, veríamos neles uma estrutura comum e familiar. Nesta análise, podemos discernir a kerygma apostólica, a proclamação básica do evangelho. Nesta kerygma, o foco da pregação era a pessoa e a obra de Jesus. O próprio evangelho era chamado o evangelho de Jesus Cristo. O evangelho é sobre Jesus. Envolve a proclamação e a declaração do que Cristo realizou em sua vida, em sua morte e em sua ressurreição. Depois de serem pregados os detalhes da morte, da ressurreição e da ascensão de Jesus para a direita do Pai, os apóstolos chamavam as pessoas a se convertem a Cristo – a se arrependerem de seus pecados e receberem a Cristo, pela fé.

Quando procuramos inferir destes exemplos como a igreja apostólica realizou a evangelização, temos de perguntar: o que é apropriado para transferirmos os princípios da pregação apostólica para a igreja contemporânea? Algumas igrejas acreditam que é imprescindível o pastor pregar o evangelho ou comunicar a kerygma em todo sermão que ele pregar. Essa opinião vê a ênfase da pregação no domingo de manhã como uma ênfase de evangelização, de proclamação do evangelho. Hoje, muitos pregadores dizem que estão pregando o evangelho com regularidade, quando em alguns casos nunca pregaram o evangelho, de modo algum. O que eles chamam de evangelho não é a mensagem a respeito da pessoa e da obra de Cristo e de como sua obra consumada e seus benefícios podem ser apropriados pela pessoa, por meio da fé. Em vez disso, o evangelho de Cristo é substituído por promessas terapêuticas de uma vida de propósitos ou de ter realização pessoal por vir a Cristo. Em mensagens como essas, o foco está em nós, e não em Jesus.

Por outro lado, examinando o padrão de adoração da igreja primitiva, vemos que a assembleia semanal dos santos envolvia reunirem-se para adoração, comunhão, oração, celebração da Ceia do Senhor e dedicação ao ensino dos apóstolos. Se estivéssemos lá, veríamos que a pregação apostólica abrangia toda a história redentora e os principais assuntos da revelação divina, não se restringindo apenas à kerygma evangelística.

Portanto, a kerygma é a proclamação essencial da vida, morte, ressurreição, ascensão e governo de Jesus Cristo, bem como uma chamada à conversão e ao arrependimento. É esta kerygma que o Novo Testamento indica ser o poder de Deus para a salvação (Rm 1.16). Não pode haver nenhum substituto aceitável para ela. Quando a igreja perde sua kerygma, ela perde sua identidade.

Traduzido por: Francisco Wellington Ferreira

Fonte: http://www.ministeriofiel.com.br/artigos/detalhes/430/Pregando_a_Cristo



Informações sobre o Autor:



R. C. Sproul nasceu em 1939, no estado da Pensilvânia. É ministro presbiteriano, pastor da igreja St. Andrews Chapel, na Flórida. É fundador e presidente do ministério Ligonier, professor e palestrante em seminários e conferências, autor de mais de sessenta livros, vários deles publicados em português, e editor geral da Reformation Study Bible.


8.6.16

8 ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA UMA CAPELANIA CRISTOCÊNTRICA


8 ASPECTOS FUNDAMENTAIS PARA UMA CAPELANIA CRISTOCÊNTRICA – O último ponto é o mais importante
Quais são os fundamentos básicos para realizar uma capelania bem construída?
Os princípios fundamentais pertencem à Bíblia. Esta é a resposta, simples e direta. Ter uma capelania séria é uma consequência natural em buscar e seguir o conhecimento bíblico.
1º Tem que ter o CHAMADO. O melhor começo é o que se inicia com Deus, Ele é quem chama e capacita. Se tem dúvida sobre o chamado, peça a Deus sabedoria e capacitação.
2º Ter as Escrituras Sagradas como única regra de fé e prática. A chave é ser cativo à Palavra.
3º Ter uma COSMOVISÃO CRISTÃ bíblica e equilibrada. “Leis, doutrinas, obras e graça” em equilíbrio. A importância de subscrever uma boa Confissão de Fé histórica e ortodoxa. Simplesmente trabalhe com a cosmovisão correta!
4º Praticar os MEIOS DA GRAÇA. Não é a sua força, inteligência, poder, sabedoria que lhe traz o sucesso da realização.
5º Exercer o MANDATO CULTURAL. Dominar e sujeitar a Criação (Gn 1.28), guardar e cultivar (Gn 2.17). Exercer disciplina, metas, ter foco, responsabilidade, ter objetivos e planejamentos sábios e consistentes. Seja realista e estabeleça prioridades. Busque conhecimento, conheça como funciona o campo de atuação. Quais informações são necessárias? Esta busca envolve investimento de esforço e ação. Ter o discernimento do agricultor que respeita o tempo certo das estações do ano para cultivar respeitando as etapas do processo ou a filosofia da formiga que nunca desiste de seus objetivos e realiza planejamento. Reconheça o poder dos pequenos começos. Exercer o Domínio é utilizar os talentos que Deus nos deu e fazer tudo o que podemos fazer com as habilidades concedidas. Fazer tudo o que podemos com o que temos. Agende-se, domine o tempo que Deus nos dá. Estabeleça metas e parta para a ação.
6º Ter a motivação correta para obedecer ao chamado, SOLI DEO GLORIA, que toda glória seja dada a Deus. -- “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens, cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo” (Cl 3. 23,24). – Há muitos motivos secundários para obedecer ao chamado, por exemplo: a) É uma ordem; b) há promessas de crescimento (o grão de mostarda); c) É um legado para as gerações futuras; etc. O Soli Deo Gloria deve influenciar tudo o que você faz, durante todo dia (o que você fala, como fala, sua maneira de vestir, etc.), quando a Glória de Deus é importante, tudo o que você faz está ligado a ela. Soli Deo Gloria ou nada! Que tipo de ganho te motiva? Financeiro? Status e reputação? Reconhecimento em seu grupo? Em sua área de atuação? Por que você se esforça? Pelo sucesso pessoal? Se destacar em meio a multidão? Para quem você deseja confirmar seu valor? Sua motivação é terra-terra ou terra-céu? O que deve te motivar a cada segundo, a cada respiração? A cada minuto, a cada hora, a cada dia? Ouvir alguém dizer que você é demais? A glória humana? O grande fundamento é a glória de Deus. O Soli Deo Gloria é o motivador mais poderoso.
7º Experimentar o poder da MULTIPLICAÇÃO e COMPARTILHAMENTO. Devemos compartilhar o maior tesouro que é Cristo. A Bíblia ensina compartilhar talentos, habilidades, vocações, dons, conhecimento, disciplina, qualidades, virtudes e experiências. Devemos sempre orar por capacitação, peça! Talentos crescem e se multiplicam! Simplesmente, trabalhe! Não murmure, não conseguimos nada com murmúrio. Compartilhar tempo, bondade, obras, dinheiro, energia com o próximo é algo nobre se for para a glória de Deus, é a maior razão de viver, o maior fundamento.
8º Reflita, aprimore, reveja os pontos anteriores. Os 7 pontos fazem parte de um processo contínuo e interligado.
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MISSÃO MULTIPLICAR CAPELANIA PRISIONAL
Texto não revisado.

6.6.16

C. S. Lewis - O mais amado de todos os hereges (por Yuriy Stasyuk)


C. S. Lewis. Esse nome sai da língua com suavidade amanteigada e emana uma preponderância teológica vivazmente etérea. Faz bilhões de pessoas se sentirem bem com emoção e prazer. É um nome mais amado do que qualquer outro nome na história cristã, que não é encontrado na própria Bíblia. O livro Cristianismo Puro e Simples é listado como o terceiro livro mais influente para Evangélicos(1). Ele está listado em praticamente todas as listas dos melhores livros cristãos de "todos os tempos" (2345678910). CS Lewis é amado por todos, de católicos romanos a dezenas de batistas e pentecostais. Ele continua sendo um dos autores cristãos mais citados de todos os tempos e considerado um dos 50 cristãos mais influentes da história (11).

Eu pessoalmente tenho testemunhado a mais diversa gama de pessoas alegremente citar C. S. Lewis. Isto inclui as pessoas que aderem a todos os tipos de posições teológicas e eclesiológicas, incluindo o fundamentalismo, cessacionismo, continuísmo, calvinismo, arminianismo, molinismo, o teísmo aberto, o movimento profético terceira onda, o movimento pentecostal tradicional, um monte de movimentos! (às vezes sou surpreendido com o grupo diverso de amigos que tenho).

Você está pegando o ponto? C. S. Lewis é um dos mais influentes, amado, estimado, reverenciado e honrado autores cristãos de todos os tempos. Ele é elogiado por calvinistas como John Piper e os teístas abertos como Greg Boyd. Essencialmente todo mundo pensa duas coisas (1) C. S. Lewis é incrível, e (2) C. S. Lewis está em seus times.

Acontece que, enquanto a maioria do mundo cristão absolutamente adora C. S. Lewis, "o autor", bem poucas pessoas conhecem C. S. Lewis, "o herege." Eu, pessoalmente, não acho que C. S. Lewis é um herege, mas (e aqui está a grande ironia), se eu fosse defender suas crenças, 95% das igrejas evangélicas iriam me chutar para fora como um herege, e ainda assim a maioria dessas pessoas avidamente e excessivamente citam Lewis em numerosas ocasiões.

AS "HERESIAS" DE C. S. LEWIS

Heresia refere-se a crença ou ensinamento que é contrário a crenças ortodoxas (aqueles aceitos como vital e verdadeiro). Há, de facto heresias oficiais, tal como definido pela Igreja, no entanto, a maioria dos cristãos usar o termo livremente para se referir a qualquer crença que são consideradas as crenças cristãs não-tradicionais.

1. A evolução é uma explicação científica válida para a vida

C. S. Lewis abertamente aceitou que a evolução era uma teoria científica válida das origens. Na verdade, seu livro mais famoso Cristianismo Puro e Simples inclui o conceito de evolução científica como um exemplo de crescimento espiritual no grande final do livro. Isso nunca foi atualizado, revisado ou alterado ao longo da vida de Lewis.
  • "Há milhares de séculos, criaturas gigantescas e dotadas de cascos pesadíssimos surgiram sobre a Terra. Se naquela época houvesse alguém que observasse o curso da evolução, provavelmente pensaria que ela caminhava na direção de cascos cada vez mais pesados. Estaria errado, porém. O futuro tinha uma carta na manga, uma carta que, naquele momento, não poderia ter sido prevista de modo algum. Estava a ponto de gerar pequenos seres nus, sem cascos nem espinhos, mas dotados de cérebros melhores: seres que, com esses cérebros, viriam a dominar o planeta inteiro. Não só teriam mais poder que os monstros pré-históricos como teriam um novo tipo de poder. O passo seguinte não só foi diferente como também foi marcado por um novo tipo de diferença. A corrente da evolução não seguiria a direção em que nosso hipotético observador a via fluir: na verdade, estava a ponto de fazer uma curva acentuada. (...) Ora, se pretendemos continuar usando essa linguagem, a ideia cristã é que esse próximo passo já foi dado. E, de fato, ele é completamente novo. Não é uma mudança de homens cerebrais para homens mais cerebrais ainda: é uma mudança que parte numa direção completamente diferente — de criaturas de Deus para filhos de Deus."
    (Lewis, Cristianismo Puro e Simples, "As Novas Criaturas")
  • "Durante longos séculos Deus aperfeiçoou a forma animal que iria tomar-se o veículo da humanidade e a imagem de Si mesmo. Ele deu-lhe mãos cujo polegar podia ser aplicado a cada um dos dedos, e mandíbula, dentes e garganta articulados, assim como um cérebro suficientemente complexo para executar todos os movimentos materiais dando Julgar ao pensamento racional. A criatura pode ter existido durante séculos neste estado antes de tomar-se homem: pode ter sido até mesmo inteligente o bastante para fazer coisas que o arqueólogo moderno aceitaria como prova de sua humanidade. Mas não passava de um animal porque todos os seus processos físicos eram dirigidos a fins puramente materiais e naturais. Então, na plenitude do tempo, Deus fez descer sobre este organismo, tanto na sua psicologia como fisiologia, uma nova espécie de consciência que podia dizer "eu" e "mim", que podia olhar para si mesma como um objeto, que conhecia Deus, que podia fazer juízos quanto à verdade, beleza e bondade, e que estava tão acima do tempo que podia percebê-lo passar."
    (Lewis, O Problema do Sofrimento)

2. Adão e Eva não foram pessoas literais

  • O pastor proeminente Tim Keller, que é um ávido estudante de CS Lewis (12) escreve: "Um dos meus escritores cristãos favoritos (colocando moderadamente), C. S. Lewis, não acreditava em um literal Adão e Eva, e eu não acho que a falta de tal crença significa que ele não pode ser salvo ". (13)
  • O próprio Lewis escreve o seguinte (que nunca foi revisto, atualizado ou alterado em novas edições de seus livros): " Então, na plenitude do tempo, Deus fez descer sobre este organismo, tanto na sua psicologia como fisiologia, uma nova espécie de consciência que podia dizer "eu" e "mim", que podia olhar para si mesma como um objeto, que conhecia Deus, que podia fazer juízos quanto à verdade, beleza e bondade, e que estava tão acima do tempo que podia percebê-lo passar. (...) Não sabemos quantas dessas criaturas Deus fez, nem por quanto tempo continuariam no estado paradisíaco. Mas, mais cedo ou mais tarde, elas caíram. Alguém ou alguma coisa lhes sussurrou que poderiam tornar-se como deuses. (...) Eles queriam um lugar no universo de onde pudessem dizer a Deus: 'Este negócio é nosso e não seu.'"
    (Lewis, O Problema do Sofrimento)

    3. O Velho Testamento é, em parte, lendário e mítico

    C. S. Lewis não acreditava que as primeiras partes do Gênesis foram uma narrativa histórica literal, mas sim que eles eram formas míticas de apreender a verdade.
    • O mais antigo estrato do Antigo Testamento contém muitas verdades de uma forma que eu considero ser lendária, ou mesmo mítica - suspensa nas nuvens, mas gradualmente a verdade condensa, torna-se mais e mais histórica. De coisas como a Arca de Noé ou o sol que está ainda em cima de Aijalom, você vem para baixo com as memórias da côrte do rei Davi. Finalmente chegar ao Novo Testamento e a História reina suprema, e a Verdade é encarnada. E "encarnada" aqui é mais do que uma metáfora. Não é uma semelhança acidental que o que, do ponto de vista do ser, é indicado na forma "Deus se fez Homem", deve envolver, do ponto de vista do conhecimento humano, a declaração "Mito tornou-se Fato." 
      (Lewis, "Is Teology Poetry?")

    • "Não tenho, portanto, qualquer dificuldade em aceitar, por exemplo, a visão desses estudiosos que nos dizem que o relato da criação em Gênesis é derivado de histórias semitas anteriores que eram Pagãs e míticas. Naturalmente, devemos deixar bastante claro o que "derivado de" significa. Histórias não reproduzem suas espécies como ratos. Elas são contadas por homens. cada um que as reconta repete exatamente o que seu antecessor tinha lhe dito ou então as altera. Ele pode mudá-las inconscientemente ou deliberadamente. Se ele muda-las deliberadamente, sua invenção, o seu sentido de forma, sua ética, suas ideias sobre o que é adequado ou edificante, ou meramente interessante, tudo entra. Se inconscientemente, em seguida, seu inconsciente (que é tão grandemente responsável por nossos esquecimentos) tem trabalhado. Assim, a cada passo no que é chamado - um pouco enganador - a "evolução" de uma história, um homem, tudo o que ele é, e todas as suas atitudes, estão envolvidos. E nenhum bom trabalho é feito em qualquer lugar sem a ajuda do Pai das Luzes. Quando uma série de tais recontagens transforma uma história da criação que a princípio não tinha quase nenhum significado religioso ou metafísico em uma história que alcança a ideia da verdadeira Criação e de um Criador transcendente (como Gênesis faz), então nada vai me fazer acreditar que alguns dos re-contadores, ou algum deles, não foi guiado por Deus."
    • "Se uma determinada passagem é corretamente traduzida ou é um mito (mas naturalmente um mito curso especialmente escolhido por Deus dentre inúmeros mitos para transportar uma verdade espiritual) ou a história (...) Mas não devemos usar a Bíblia (nossos pais tão frequentemente usaram) como uma espécie de enciclopédia dos quais textos...podem ser tomados para uso como armas."
      (Cartas de C. S. Lewis, New York, Harper and Row, 2001)

    • "O ponto é que todo o Livro de Jonas tem para mim o ar de ser um romance moral, um tipo bem diferente de coisa que, por exemplo, o relato do rei Davi ou narrativas do Novo Testamento, não amarradas, como elas, em qualquer situação histórica. Em que sentido a Bíblia "apresenta" a história de Jonas "como histórica"? É claro que ela não diz: "Isto é ficção", mas nem o nosso Senhor diz que o juiz injusto, o bom samaritano, ou o filho pródigo são ficção (eu colocaria Ester na mesma categoria que Jonas, pela mesma razão). Como é que uma negação, uma dúvida, de sua historicidade conduz logicamente a uma negação semelhante de milagres do Novo Testamento? Supondo que (como eu acho que é o caso), aquela leitura crítica sólida revelasse diferentes tipos de narrativa na Bíblia, certamente seria ilógico supor que esses tipos diferentes devem ser lidos da mesma forma?"
      (Lewis, Carta de C. S. Lewis para Corbin)

    4. A expiação substitutiva não é o Evangelho

    A maioria dos protestantes afirma que o que aconteceu na cruz pode ser explicado como Expiação Penal Substitutiva, a ideia de que Deus castigou Jesus como um substituto em vez dos pecadores por seus pecados. Muitos evangélicos modernos, de fato chamam a expiação substitutiva de "O Evangelho", no entanto, C. S. Lewis não aceitava isso:
    • "Ora, antes de me tornar cristão, eu tinha a impressão de que a primeira coisa em que os cristãos tinham de acreditar era uma teoria particular sobre o propósito dessa morte. De acordo com essa teoria, Deus queria castigar os homens por terem desertado e se unido à Grande Rebelião, mas Cristo se ofereceu para ser punido em lugar dos homens, e Deus não nos puniu. Hoje admito que nem mesmo essa teoria me parece mais tão imoral e pueril quanto me parecia, mas não é essa a questão que me ocupa. O que vim a perceber mais tarde é que o cristianismo não é nem essa teoria nem nenhuma outra.A principal crença cristã é que a morte de Cristo de algum modo acertou nossas contas com Deus e nos deu a possibilidade de começar de novo. As teorias sobre como isso ocorreu são outro assunto. Várias teorias foram formuladas a esse respeito; o que todos os cristãos têm em comum é a crença na eficácia dessa morte."
      (Lewis, Cristianismo Puro e Simples)

    5. As pessoas de outras religiões podem ser salvos

    • "Existem membros de outras religiões que, pela influência secreta de Deus, são levados a concentrar-se naqueles elementos de suas religiões que concordam com o cristianismo, e que assim pertencem a Cristo sem o saber. Um budista de boa vontade, por exemplo, pode ser levado a concentrar-se cada vez mais na doutrina budista da compaixão, deixando em segundo plano os elementos doutrinais que versam sobre outras questões (embora possa ainda afirmar crer nessa doutrina como um todo). É possível que muitos dos bons pagãos que viveram antes do nascimento de Cristo tenham estado nessa situação."
      (Lewis, Cristianismo Puro e Simples)
    • "Eu acho que toda oração que é sinceramente feita mesmo que a um falso deus ou a um verdadeiro Deus muito imperfeitamente concebido, é aceita pelo verdadeiro Deus e que Cristo salva muitos que não acham que O conhecem.
      (Cartas de C. S. Lewis, New York, Harper and Row, 2001)

    6. Há um purgatório após a morte

    • "Claro que eu oro pelos mortos. A ação é tão espontânea, quase que de modo inevitável, somente o caso teológico mais compulsivo contra ela me impediria.. E eu mal sei como o resto das minhas orações iria sobreviver se aquelas para os mortos fossem proibidas. Na nossa idade, a maioria daqueles que mais amamos estão mortos. Que tipo de comunicação com Deus eu poderia ter se o que eu mais amo fosse imencionável a Ele? Eu acredito no Purgatório. Parto do princípio de que o processo de purificação normalmente envolverá sofrimento. Em parte pela tradição; em parte porque a maioria dos bens reais que me foram feitos nesta vida o envolveram. Mas eu não acho que o sofrimento é o objetivo da purgação. Eu posso muito bem acreditar que as pessoas nem muito pior nem muito melhor do que eu vão sofrer menos do que eu ou mais. . . . O tratamento dado será o necessário, quer doa pouco ou muito. A minha imagem predileta em relação a esse assunto é o da cadeira de um dentista. Espero que quando o dente da vida for arrancado e eu “voltar a mim mesmo”, uma voz dirá, “enxágue  a sua boca com isso”. Isso é o purgatório. O enxágue pode durar mais do que eu imagino. A sensação do enxaguante pode ser mais ardente ou adstringente que a minha sensibilidade poderia suportar, mas…tal enxaguante não será nem repugnante nem indigno".
      (C. S. Lewis, Cartas a Malcolm: Principalmente sobre a oração)

    7. As pessoas não são jogadas em um inferno de fogo eterno

    Em primeiro lugar, Lewis era um estudante do pastor e autor universalista George MacDonald (1415), no entanto Lewis não aceitou plenamente o universalismo do seu mentor. Em vez disso, ele se tornou conhecido por propor uma ideia radicalmente diferente sobre o inferno. Lewis não tomou as passagens sobre inferno literalmente, incluindo as suas representações de Deus como um juiz jogando pessoas em um lago de fogo, mas sim como simbolicamente um inferno que era auto-imposto.
    • "as portas do inferno são fechadas por dentro. Não quero dizer que os fantasmas não desejem sair do inferno, da maneira vaga como uma pessoa invejosa "deseja" ser feliz: mas eles certamente não querem nem sequer os primeiros estágios preliminares daquele auto-abandono através do qual a alma pode alcançar qualquer bem. Eles gozarão para sempre da horrível liberdade que exigiram, e são portanto auto-escravizados; da mesma maneira que os justos, para sempre submissos à obediência, se tornam através de toda eternidade cada vez mais livres."
      (Lewis, O Problema do Sofrimento)
    • Mesmo em relação a este exílio auto-imposto, Lewis estava inseguro sobre a sua eternidade, dizendo: "noto que Nosso Senhor, embora enfatizando os terrores do inferno com grande severidade, no geral não destaca a ideia de duração, mas de finalidade. A entrega ao fogo destruidor é geralmente tratada como o fim da história e não como o começo de outra nova. Não podemos duvidar que a alma perdida esteja eternamente fixada em sua atitude diabólica; mas se esta fixidez eterna implica numa duração sem fim - ou que dure mesmo - não podemos dizer."
      (Lewis, O Problema do Sofrimento)

    • Ele ainda postulou que o inferno pode ser simplesmente existência solitária, essencialmente, estar sozinho no cérebro de alguém: "Se [inferno] significa ser deixado para uma existência puramente mental, sem coisa alguma senão a própria inveja, lascívia, ressentimento, solidão e auto-conceito de alguém ou se ainda existe algum tipo de ambiente, algo que você chamar um mundo ou uma realidade, eu nunca pretendo saber. Mas eu não colocaria a questão na forma "eu acredito em um inferno real". A própria mente é real o suficiente. Se ele não parece totalmente real agora que é porque você sempre pode escapar um pouco para o mundo físico - olhar para fora da janela, fumar um cigarro, ir dormir. Mas quando não há nada para você, exceto sua própria mente (sem corpo para ir dormir, livros ou paisagem, nem sons, sem drogas) isso vai ser tão real como - como - bem, como um caixão é real para um homem enterrado vivo.
      (Cartas de C. S. Lewis a Arthur Greeves (13 de Maio 1946))

    8. A crença em Satanás não é necessária para a fé cristã

    • Nenhuma referência ao Demônio ou a demônios é feita em nenhum Credo cristão, e é bastante possível ser cristão sem acreditar neles. Eu acredito que tais seres existem, mas isso é problema meu. Supondo que eles existam, o grau de percepção humana com relação a eles varia muito. Isto é, quanto mais um homem está em poder do Demônio, menos ele estará consciente disso, da mesma forma que um homem está bem sóbrio na medida que ele reconhece que está bêbado. São as pessoas que estão completamente cônscias e tentando ser boas é que estão conscientes do Demônio. Só quando você começa se armar contra Hitler é que você percebe que seu país está cheio de agentes nazistas. É evidente que os demônios não querem que você acredite neles. Se os demônios existem, o primeiro objetivo deles é lhe aplicar um anestésico – para lhe fazer baixar a guarda. Somente se isso falhar é que você se torna consciente deles.
      (Lewis, "Respostas a perguntas sobre o cristianismo," God in the Dock (Eerdmans:. 1970)

    9. Uso da razão para descartar passagens bíblicas com atrocidades

    • "No meu ponto de vista é preciso aplicar algo do mesmo tipo de explicação para, digamos, as atrocidades (e traições) de Josué. Eu vejo o grave perigo que corremos ao fazê-lo; mas os perigos de acreditar em um Deus que não podemos mais considerarmos como maligno, e , em seguida, em mera bajulação aterrorizada chama-lo de "bom" e adora-lo, é ainda mais perigoso. A pergunta final é se a doutrina da bondade de Deus ou da infalibilidade das Escrituras que deve prevalecer quando entram em conflito. Eu acho que a doutrina da bondade de Deus é a mais certa das duasDe fato, somente essa doutrina torna essa adoração a Ele obrigatória ou até mesmo permissível. Para isso alguns vão responder 'ah, mas estamos caídos e não reconhecemos o bem quando a vemos.' Mas o próprio Deus não diz que estamos tão caídos em tudo isso"
      (Lewis, Carta aos Beversluis)

    10. A Bíblia é em parte humana e tem erros

    • "A principal dificuldade parece-me não a questão de saber se a Bíblia é 'inspirada', mas o que exatamente queremos dizer com isto. Nossos ancestrais, eu considero, acreditavam que o Espírito Santo apenas substituiu as mentes dos autores (como o suposto 'controle' na escrita automática) ou pelo menos ditou a eles como que a secretários. A própria Escritura refuta essas idéias. ... Eu penso nisso como análogo à Encarnação - que, como em Cristo uma alma-e-corpo humanos são tomados e fazem o veículo da Divindade =, de modo que na Escritura, uma massa de lenda humana, história, ensino moral, etc., são tomadas fazem o veículo da Palavra de Deus. Erros de menor importância estão autorizados a permanecer. (foi Nosso Senhor mesmo incapaz, [como] Homem, de tais erros? Seria uma encarnação humana real se ele fosse?) é preciso lembrar que a nossa atenção moderna e ocidental para datas, números, etc., simplesmente não existia no mundo antigo. Ninguém estava olhando para esse tipo de verdade."
      (Lewis, para Lee)
    • Em relação aos evangelhos, ele não acreditava que eles eram palavra divina, ou infalíveis, mas relatórios bastante humanos: "Tenho lido poemas, romances, literatura de visão (visio), lendas, mitos toda a minha vida. Eu sei o que eles são. Eu sei que nenhum deles é assim. Deste texto há apenas dois pontos de vista possíveis. Ou isso é reportagem - embora possa, sem dúvida conter erros - bem perto dos fatos; quase tão perto quanto Boswell. Ou então, algum escritor desconhecido no século segundo, sem antecessores conhecidos, ou sucessores, de repente antecipou toda a técnica de, romanesca narrativa moderna, realista. Se é falso, ele deve ser narrativa desse tipo. O leitor que não vê isso simplesmente não aprendeu a ler.

    • "Podemos observar que o ensino de Nosso Senhor, em que não há nenhuma imperfeição, não nos é dado de forma clara sistemática à prova de idiotas que poderíamos ter esperado ou desejado. Ele não escreveu livros. Temos apenas palavras relatadas, a maioria delas proferidas em resposta a perguntas, formadas em algum grau pelo seu contexto. E quando recolhemos todas elas, não podemos reduzi-las a um sistema. ... Ela não estará, da forma que queremos, "presas".

    11. A Bíblia inclui contradições

    • "As qualidades humanas das matérias-primas mostram do princípio ao fim. Ingenuidade, erro, contradição, mesmo maldade (como nos Salmos Imprecatórios) não são removidos. O resultado total não é "a Palavra de Deus" no sentido de que cada passagem, em si, dá ciência ou história impecáveis. Ela carrega a Palavra de Deus; e nós (sob a graça, com atenção à tradição e aos intérpretes mais sábios do que nós mesmos, e com o uso de tal inteligência e aprendizado como podemos ter) recebemos essa palavra dela não a usando como uma enciclopédia ou uma encíclica, mas embebendo-nos em seu tom ou serenidade e assim aprender a sua mensagem geral."
      (Lewis, Reflexões sobre os Salmos)
    • "Seja qual for a visão que temos da autoridade divina da Escritura deve abrir espaço para os seguintes fatos:
      • 1. A distinção que São Paulo faz em 1 Coríntios 7 entre ouk ego all’ ho kurios [não eu, mas o Senhor] (v. 10) e ego lego oux ho kurios [digo eu, não o Senhor] (v. 12).

      • 2. As aparentes inconsistências entre as genealogias deMateus 1 e Lucas 2; com os relatos da morte de Judas emMateus 27:5 e Atos 1:18-19.

      • 3. O próprio relato de São Lucas de como ele obteve o seu material (1:1-4).

      • 4. A não-historicidade universalmente admitida (não digo, é claro, falsidade) de pelo menos algumas das narrativas nas Escrituras (as parábolas), que podem muito bem também se estender a Jonas e Jó.

      • 5. Se todo dom bom e perfeito vem do Pai das luzes, então, todos os verdadeiros e edificantes escritos, quer na Escritura ou não, devem ser em algum sentido inspirados.

      • 6. João 11:49-52 - A inspiração pode operar em um homem mau, sem ele saber, e ele pode, então, pronunciar a mentira que ele pretende (propriedade de fazer um homem inocente um bode expiatório político), bem como a verdade que não pretende (o sacrifício divino).

      Parece-me que 2 e 4 descartam a ideia de que cada declaração nas Escrituras deve ser verdade histórica. E 1, 3, 5, e 6, impedem a visão de que a inspiração é uma coisa simples no sentido de que, se presente como um todo, esteja sempre presente no mesmo modo e mesmo grau. Portanto, eu acho, descarta a ideia de que qualquer passagem tomada isoladamente pode ser assumida como sendo inerrante exatamente no mesmo sentido como qualquer outra: por exemplo,que o número dos exércitos no V. T. (que, tendo em conta a dimensão do país, se for verdade, envolvem milagre contínuo) são estatisticamente corretos, porque a história da Ressurreição é historicamente correta. Que a operação de soberana da Escritura é transmitir a Palavra de Deus para o leitor (ele também precisa de sua inspiração) que a ler no espírito correto, eu acredito plenamente. Que ela também dá respostas verdadeiras para todas as perguntas (muitas vezes religiosamente irrelevantes) que ele poderia fazer, eu não sei. O próprio tipo de verdade que muitas vezes estamos exigindo, na minha opinião, nem foi sequer prevista pelos antigos.
      (Lewis citado em Michael J. Christensen, C. S. Lewis na Escritura)

    12. Outros livros, além de a Bíblia podem ser inspirados

    • Lewis não somente amplia sua visão de inspiração para incluir mitos do Antigo Testamento, mas ele também permitiu a "inspiração" de material extra-bíblico mais tardio. Ele escreveu (em uma carta de 07 de maio de 1959) para Clyde Kilby: "Se todo dom bom e perfeito vem do Pai das luzes, então todos os verdadeiros e edificantes escritos, quer na Escritura ou não, devem ser em algum sentido inspirados."

    13. Jesus encarnado era um homem, capaz de errar

    • "Diga o que quiser", que deve ser dito, "as crenças apocalípticas dos primeiros cristãos provou ser falsa. É evidente a partir do Novo Testamento que todos eles esperavam a Segunda Vinda em sua própria vida. E pior ainda, tinham um motivo, e um que você vai achar muito embaraçoso: Seu Mestre lhes tinha dito isso. Ele compartilhou, e de fato criou, a ilusão deles. Ele disse em tantas palavras, "esta geração não passará até que todas estas coisas aconteçam". E ele estava errado. Ele claramente não sabia mais sobre o fim do mundo do que qualquer outra pessoa." Esse é certamente o verso mais embaraçoso na Bíblia. No entanto, como provocação, também, que, dentro de catorze palavras de que deve vir a afirmação: "Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, não, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senão o Pai."
      (Lewis, A última noite do mundo)
    • A única exposição de erro e uma confissão de ignorância [Marcos 13:32] crescem lado a lado. Que eles estavam assim, pela boca do próprio Jesus e não foram simplesmente introduzidos, dessa forma, pelo relator, certamente não precisamos ter dúvida .... Os fatos, então, são estes: que Jesus se declarou (em algum sentido) ignorante, e dentro de um momento mostrou que Ele realmente era assim".
      (Lewis, A última noite do mundo).


    QUAL É O PONTO?

    Por que estou escrevendo este artigo? Qual poderia ser a razão para colocar esta informação pouco edificante, depreciativa lá fora?? Existem algumas opções possíveis, vamos considerá-las:


    1. "C. S. Lewis é um herege, aqui está uma lista de suas heresias, você deve parar de ser enganado e me ouvir em vez disso. Eu sou mais inteligente, mais sábio e santo! "
    Não, certamente, este não é o meu ponto ou intenção.

    2. "C. S. Lewis é incrível, aqui está uma lista de suas crenças surpreendentes que são todas obviamente verdadeiras, você deve acreditar e conclusivamente aceitar todas estas coisas."
    Não, eu não estou interessado em forçar a crença em alguma coisa porque algum proeminente autor lá fora acredita nisso.

    3. "C. S. Lewis acreditava em coisas que você acha que são realmente malignas, mas você realmente ama C. S. Lewis e acha que ele é o melhor autor cristão, que é uma justaposição estranha; talvez possamos aprender com ele a ser mais abertos e deixar de ser tão rápidos em chamar todos de hereges?"
    Isto é muito mais próximo de onde estou.



    Traduzido por Fernando Frezza do link:
    http://yuriystasyuk.com/cs-lewis-the-most-beloved-heretic

    Revisão: Rev. Jonatas Miranda

    Nota Fernando Frezza:
    O autor faz suas considerações no início e principalmente no final do artigo sobre sua intenção ao expôr esses problemas na teologia de C. S. Lewis, mas creio que vale a pena um reforço (até pela dureza do título).
    C. S. é certamente um dos maiores escritos cristãos da História, e muitos dos seus pensamentos tem sido muito valorosos para grandes líderes e cristãos em geral. Não há dúvidas de que há MUITO o que se aproveitar das suas obras e a intenção aqui não é se sugerir algo como um boicote nem nada semelhante, mas sim de ALERTAR sobre os graves erros teológicos que podem trazer sérias consequências quando "alimentados". 
    Sendo assim, caso você seja leitor ou conheça  algum admirador das obras dele, não é necessário se fazer uma censura, mas simplesmente filtrar (como deve ser em relação a qualquer autor, mas nesse caso com uma "peneira" mais precisa) o conteúdo de suas afirmações e não abraçar tais erros se apoiando na fama dele.

    1.6.16

    O ELEITO DE DEUS: LUTERO E A REFORMA PROTESTANTE (Século XVI)

    Lutero afixando as suas teses publicamente.
    Em 2017 será o ano comemorativo dos 500 anos da Reforma Protestante. Todo livro de história relata que Martinho Lutero rompeu com a Igreja Católica Romana em 1517 e que o protestantismo nasceu aí, que foi um movimento no qual a Igreja Ocidental se dividiu entre Protestantes e Católicos, mas esta ruptura foi reflexo de uma ruptura maior que aconteceu no contexto do século XVI, as estruturas sociais e tradicionais da época estavam em plena mudança e transformação. E estas devem ser entendidas para uma melhor compreensão da Reforma Protestante. Lutero era um homem do seu tempo, e para entender melhor o seu impacto na época, e através desses 500 anos, é preciso se aproximar mais do contexto histórico da Reforma.

    A Reforma Protestante é um conjunto de eventos que envolvem um movimento gradual de secularização da sociedade. Desde então se fragmentou, havendo logo de início uma divisão entre Luteranos e Reformados. Embora ambos tenham direcionado um poderoso foco teológico trazendo luz para dois grandes temas importantes da História da Igreja – Cristo Jesus (Cristologia) e a importância das Escrituras Sagradas como autoridade máxima, acima da Igreja e da Tradição –, a Reforma foi um movimento da PALAVRA. Apesar de tantas controvérsias ao longo dos séculos sobre as motivações da Reforma, podemos afirmar que uma ampla força, sem dúvida, foi teológica. A indignação de Lutero era primariamente teológica, depois, logo a seguir, moral (a corrupção do clero romano). Quando os papistas começaram a vender “livramento do purgatório”, estavam barganhando a graça de Deus e desvalorizando a morte de Cristo. Lutero não admitia que a graça de Deus se transformasse numa troca financeira. Este foi o ponto de partida. E os debates gerados a partir daí trouxeram a centralidade de Cristo para o recém-nascido movimento da Reforma Protestante. A graça de Deus em Cristo dominou toda teologia, catecismos, literatura e liturgias da época. E também dominou toda comunicação do Evangelho aos leigos. A grande teologia de Lutero foi a Teologia da Cruz, o Cristo crucificado no Calvário. Enquanto o Romanismo obscurecia o entendimento do povo com suas missas em latim, confessionários, penitências e indulgências.

    Podemos dizer que Lutero foi um grande homem de Deus? Sim. Que cometeu grandes erros (também!), mas que foi um gigante pelo “simples” fato de colocar Cristo no centro de toda produção da Reforma Protestante. Não só Lutero, mas todos os Reformadores da época foram corajosos em atacar os abusos eclesiásticos, teológicos e morais do seu tempo, e guiar o povo para Cristo Jesus, em linguagem comum da sua região (não em latim!). Muitos pagaram o preço com a própria vida. 

    Por que Lutero não sofreu o martírio como outros anteriores a ele? Uma explicação teológica: Porque Deus como o Senhor da História preparou todo o cenário para a Reforma e preservou sua vida. A Reforma incorpora muitos elementos: teológicos, políticos, sociais, culturais e econômicos. É preciso tentar se aproximar de alguns desses fatores para entender melhor. O Deus dos Reformadores é o Deus Soberano que controla todas as coisas, e este Deus ofereceu bases sólidas para que homens escolhidos influenciassem a Igreja no sentido de trazer Cristo Jesus para o centro da vida religiosa do seu tempo.


    Neste período destacam-se os seguintes aspectos contextuais da Reforma:

    A CRISE DO SISTEMA FEUDAL


    Entre os séculos XIV e XVI, no final da Idade Média, uma das mais marcantes transformações foi a crise do feudalismo. O feudalismo era um sistema econômico, político e social fundamentado na propriedade sobre a terra. Esta pertencia ao senhor feudal que cedia uma porção dessa terra ao vassalo em troca de serviços ocasionando uma relação de dependência. Era uma época de grandes senhores de terras e servos, e a Igreja Católica era mais poderosa do que em qualquer época, pois possuía muitas terras. Some-se isso à ascendência da burguesia protagonista conquistando o espaço deixado pela crise feudal e aos acontecimentos revolucionários que antecederam os séculos XV e XVI, como por exemplo, a dizimação de populações por causa de doenças como a Peste Negra. Uma pandemia de peste bubônica que assolou a Europa durante o século XIV e dizimou milhões de pessoas (mais ou menos um terço da população europeia). 

    Além disso, a última guerra feudal também contribuiu para agravar o quadro da crise feudal. Conhecida como a Guerra dos Cem Anos, foi um dos maiores conflitos da Idade Média, que envolveu duas das principais potências europeias: França e Inglaterra. Apesar do nome, durou mais de um século, pois começou em 1337 e terminou em 1453. Além disso, a guerra não foi um confronto ininterrupto, mas uma série de disputas permeadas por várias batalhas. A guerra dos Cem Anos atravessou eras, ultrapassou o fim da Idade Média e o começo do período moderno. A luta colaborou também para formação dos estados modernos europeus e a queda do feudalismo. Como consequência natural de guerra veio a fome (que também foi ocasionada pela estagnação das técnicas agrícolas aliada ao crescimento excessivo da população), e depois a Europa foi assolada com a peste, que dizimou um terço de sua população, já bastante debilitada pela fome.


    O homem religioso da Idade Média não encontrava respostas para o sofrimento, e o que o poder papal oferecia era sobrecarregar o homem com culpa e medo. O que poderia salvar o homem medieval das desgraças e juízo divino? (esta era a angústia de Lutero): Mais e mais confissões aos sacerdotes e indulgências. Esta percepção criou um tipo de indústria religiosa: Por ignorância achava-se que se podia comprar sua salvação através das indulgências, cargos eclesiásticos, imagens de esculturas e relíquias. Neste cenário de abusos religiosos Lutero rompeu com a Igreja Católica.

    A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL, DESCOBERTA DO NOVO MUNDO E ABSOLUTISMO


    A expansão marítima dos séculos anteriores, que levou à Descoberta do Novo Mundo, principalmente por Portugal e Espanha (posteriormente vieram a hegemonia da Holanda, França e Inglaterra). Encaminhou-se a uma expansão comercial que trouxe à cena uma burguesia forte e uma economia mais urbana, nascendo então, aos poucos, os mercados nacionais libertos dos obstáculos do sistema feudal. A burguesia então favorecia e se aliava aos reis para combater economicamente a poderosa nobreza feudal ligada a Igreja Católica Romana.

    A crescente riqueza burguesa enfraqueceu progressivamente a nobreza feudal. Com esta tendência se fortaleceu o Absolutismo (a concentração de maiores poderes nas mãos dos reis). Era interessante para a burguesia apoiar os reis politica e economicamente, e ideologicamente ela legislava e desenvolvia a ideia política-administrativa-constitucional do Estado Nacional Moderno, sendo que no campo ideológico os reis se fortaleciam pela teorização religiosa de que o rei recebia seus poderes pela “graça divina”. Esta “graça” é o traço marcante da monarquia absoluta de direito divino e aí começa a fragmentação do poder da Igreja católica Romana. A reação do poder papal foi a Imposição da Inquisição, mas isto fortaleceu a Reforma porque esta encontrava-se fortalecida pelo Estado Nacional, pelos nobres protestantes e a burguesia.

    A burguesia era fortemente ligada ao comércio e apoiava em parte a centralização do poder real para proteger seus interesses, já a nobreza feudal se enfraquecia cada vez mais com guerras para manter seus territórios. O esgotamento das reservas minerais abalou a produção de moedas afetando inevitavelmente as operações bancárias e o comércio, isto enfraqueceu mais ainda o sistema feudal e fortaleceu a necessidade de transformações socioeconômicas e políticas na Europa Ocidental.


    A monarquia absoluta foi fundamentada por teóricos religiosos e não-religiosos pelos séculos XVI e XVII, como por exemplo com: Nicolau Maquiavel (1469-1527), Thomas Hobbes (1588-1679), entre outros menos famosos. Os pensadores posteriores que defendiam o direito divino dos reis que se destacam são: Le Bret (1632), Jean Bodin (1530-1596) e Jacques Bosseuet, considerado o maior teórico do absolutismo. Este afirmava: “Não há poder público sem a vontade de Deus, todo governo, seja qual for sua origem, justo ou injusto, pacífico ou violento, é legítimo.”


    O HUMANISMO, RENASCIMENTO E INVENÇÃO DA IMPRENSA


    Neste movimento de transformação operou uma Revolução Intelectual muito importante para abrir caminho para a Reforma Protestante: O Humanismo e o Renascentismo. Ambos abalaram as forças da Igreja Católica Romana e da nobreza feudal, diminuindo a supremacia universal da Igreja Católica e fortalecendo os sentimentos nacionalistas, identificados com os reis. A Reforma Protestante reforçava essa identidade nacional desligada do Universalismo Católico predominante. O contexto é interligado. A formação do Estado Nacional e o Absolutismo ligaram-se ao Mercantilismo, que formou um sistema Colonial em que a exploração das colônias possuía um forte objetivo de acumular capitais.

    A Expansão Comercial e Marítima alargaram os horizontes culturais, o que possibilitou um maior conhecimento da Antiguidade, gerando uma renovação cultural fortalecida pela Imprensa. A impressão de obras literárias clássicas e da época produzidas em larga escala chegava ao povo através da "inundação" que a imprensa causou no continente com uma enxurrada de milhões de livros no começo do século XVI. Com a Imprensa o Humanismo popularizou a Antiguidade Clássica e tornou-se um movimento intelectual de pessoas letradas. A Reforma não podia acontecer sem a Imprensa e sem a grande produção de livros, o que dinamizou o ministério da pregação (fator preponderante para a comunicação do Evangelho ao povo).

    Houve uma imensa quantidade de livros impressos, sermões pregados, comentários, panfletos escritos durante a Reforma. “Fica muito claro que ela foi um movimento de palavras – palavras escritas, palavras impressas, palavras faladas”, como escreveu Carl Trueman. Devemos relembrar que a maior parte da população era analfabeta, portanto o maior meio de evangelização e discipulado era a palavra falada.

    É interessante notar que Lutero era um monge agostiniano antes da Reforma, e que seu pensamento continuou agostiniano, paulino e humanista. Na época muitos humanistas valorizavam o pensamento de Agostinho, principalmente sobre a Soberania Divina e Predestinação. O Humanismo serviu de ponto crítico para a Reforma em seu início, principalmente pelas traduções em grego, e porque possuía uma vertente voltada para os estudos de antigos textos sagrados e para discussões de temas religiosos.


    O Renascentismo foi, de certa forma, uma expressão do movimento Humanista nas artes, letras, filosofia, música e ciências. O Absolutismo e a burguesia favoreceram o Humanismo e Renascentismo, e todos esses aspectos beneficiaram direta ou indiretamente a Reforma Protestante.

    O MERCANTILISMO


    O Mercantilismo foi uma política de nacionalismo econômico. E esteve conectado ao Estado Nacional e aos reis. Daí seu lema: “Ouro, Poder e Glória”. Neste quadro de explorações comerciais e coloniais havia o grande investimento econômico para manter os poderes na Europa e o desgaste financeiro dos conflitos marítimos. Inserido em toda essa política de interesses e de poder estava o poder papal também. Essa fragmentação de frentes de poderes estabelecidos voltados para o Novo Mundo ofereceram condições para que os príncipes da Alemanha pudessem resistir a Espanha até que a Reforma ganhasse mais força e apoio para se firmar. A Espanha não podia conter os movimentos pró-Reforma dos príncipes do Norte da Europa e os problemas de Conquista do Novo Mundo de uma só vez. – esta é a tese do Dr Cornélio (Neal) Hegeman --. a expansão dos séculos XV e XVI deslocou o eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico. As Companhias de comércios multiplicaram-se. As Instituições financeiras foram se aperfeiçoando e desenvolveram-se bancos e bolsas, letras de câmbios e títulos.

    Esta expansão atlântica fortaleceu o Estado Nacional, a burguesia mercantil e consequentemente fragmentou o poder papal. A Revolução Comercial e o Capitalismo enfraqueceu de vez o Feudalismo (Sistema este que fortalecia o poder papal). A nobreza feudal foi saindo de cena e dando lugar a uma nova civilização europeia.


    O Mercantilismo Europeu em grande parte era abastecido pela pirataria e tráfico de escravos, baseado em conquistas e colonização. Por um lado isso favoreceu o cenário para o surgimento da Reforma, como observou o Dr Cornélio (Neal) Hegeman, por outro lado, muitos protestantes se envolveram na expansão atlântica e colonizações, deixando de lado a oportunidade de expansão missionária evangélica e se envolvendo com guerras por territórios coloniais, piratarias e escravidão. A experiência dessa Era das Explorações além-mar por parte dos países protestantes foi negativa, porém a experiência protestante no Continente Europeu foi em grande parte positiva.

    CONTRA-REFORMA

    Concílio de Trento

    A Resistência dos Príncipes do Norte da Europa e Proteção de Lutero se devem em primeiro lugar a Providência de Deus que preparou todo cenário para acontecer a Reforma. Os reformadores anteriores a Lutero foram contidos facilmente porque não havia todo um contexto favorável. Não podemos entender a Reforma Protestante sem essa série de quadros interligados da Época Moderna. 

    A Reforma se mesclou com lutas por independência nacional e outras variações sociais. A Igreja Católica Romana naturalmente reagiu a todas essas mudanças e como consequência nasceu a Contra Reforma, cuja representação foi o Concílio de Trento, porém não havia uma única frente de combate para manter o poder romanista, mas muitas frentes socioeconômicas e políticas. A Reforma não estava só, mas atuando em conjunto com novas forças, como já foram citadas até aqui: A burguesia em pleno desenvolvimento, os poderes econômicos e comerciais, o Estado Nacional Absolutista. Era a destruição do sistema feudal que tanto fortalecia a Igreja Católica. A Supremacia Universal do poder papal diminuiu consideravelmente com essas mudanças.


    As transformações sociais, políticas e econômicas exigiam mudanças ideológicas. A Reforma chegou no momento certo da história Ocidental. O poder papal teve que ceder espaço para a oposição crescente dos reis protestantes. A nobreza feudal teve de dar lugar para os interesses comerciais da burguesia. O Humanismo nascente combateu e criticou o monopólio intelectual e ideológico da Igreja Católica. Um terrível prejuízo dessa efervescência foram as Guerras de Religião, que derramaram muito sangue na Europa no século XVI. Essas guerras definiram a ferro e fogo os territórios Protestantes e Católicos por gerações. O Luteranismo se espalhou pelos países escandinavos, o Calvinismo se espalhou pela Suíça (e Holanda) inicialmente. Logo surgiram Anglicanismo, Presbiterianismo, Puritanismo e outras denominações.


    ROMANOS 1.17


    O justo viverá pela fé. A extraordinária verdade escrita pelo Apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo de Deus, iluminou a mente e incendiou o coração de Lutero. Concretizou a verdade de que somente a fé em Cristo através da graça divina pode libertar o homem e lhe dá salvação. A fé depende da vontade de Deus, Deus é soberano. Deus concede graça a quem lhe apraz. 

    Dá-se início a uma formulação mais aprofundada e detalhada sobre a DOUTRINA DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ, a qual se transformou numa das mais ricas heranças da Reforma Protestante. Para Lutero era apenas o começo da compreensão do edifício sólido dos princípios teológicos dos reformadores e agostinianos. Na base sólida dessa construção Lutero concretizou a TEOLOGIA DA CRUZ: A cruz de Cristo como supremo exemplo para a vida e prática cristã. Obviamente Lutero bebeu da fonte dos Pais da Igreja Primitiva e de alguns Pais da Igreja Medieval, assim como fizeram outros reformadores, e deu a devida importância da aproximação de Cristo com a Igreja.


    Lutero encontrou território favorável para avançar em seu ministério. O Sacro Império Romano-Germânico (a Alemanha) foi seu campo de atuação. Esse Império foi a união de certas localidades da Europa na Idade Média, Moderna e Contemporânea, e que estavam sob a autoridade do Sacro Império Romano. Era composto por centenas de pequenos reinos, principados, ducados, condados, e cidades livres imperiais, e outras formas de domínios. As dinastias responsáveis pelo governo do Império foram as mais diversas, o sistema feudal era prevalecente e a nobreza feudal de várias localidades deu apoio à Reforma Protestante, diferentemente de outras partes da Europa. Abaixo dois mapas demonstram geograficamente as divisões políticas e religiosas do período aproximado.



          Excomungado pelo Papa Leão X, Lutero recebeu apoio e proteção da nobreza feudal alemã, a qual tinha interesse de descentralizar o poder imperial de Carlos V. A descentralização política dava maior liberdade de ação à Reforma Protestante, mas não sem conflitos e agitações sociais. Gradualmente os príncipes conquistaram o direito de impor sua religião aos habitantes dos seus domínios. 


        É importante ter em mente que Igreja e Estado tiveram uma forte conexão de poderes nesse período. Era uma época de grandes incertezas e agitações sociais e desafiar radicalmente toda a estrutura social de uma vez só era como inverter a ordem social política e religiosa. 

        De modo geral, os movimentos reformados não eram pacifistas. Era preciso, muitas vezes, guerras e alianças religiosa-militar. As divisões geográficas eram claras e bem estabelecidas.

         Este era o mundo dos reformadores. Este era o mundo de Martinho Lutero.

    Lutero queimando publicamente bula papal.

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    Texto: Raniere Menezes

    Revisão: Fernando Frezza

    Referências:

    Da Espanhola até Lutero, autores: Dr Cornélio (Neal) Hegeman, Dr Derk Oostendorp, Dr Sidney Rooy. Seminário Mints.

    Reforma ontem, hoje e amanhã, Carl Trueman, Ed. Puritanos.

    História das Sociedades, Das Sociedades Modernas às Atuais, autores: Aquino, Denize, Jacques, Oscar, Ed. Record.