Curso de Teologia Fé Reformada - FAÇA SUA INSCRIÇÃO: cursofereformada.com.br
28.7.14
27.7.14
JESUS CRISTO PERDOA, E VOCÊ?
JESUS CRISTO PERDOA, E VOCÊ?
Raniere Menezes
Nunca
se entra em contato tão íntimo com o oceano do amor de Deus
como
quando se perdoa e ama seus inimigos.
Corrie
Ten Boom
Falar em perdão é mais fácil que perdoar, mas o Senhor quer
ambas as coisas, que falemos sobre essa virtude e que perdoemos na prática.
Perdoar é algo belo, nobre e muito agradável de conversar numa comunhão santa
entre irmãos, principalmente quando estamos citando exemplos de perdão de
outros, contudo quando a coisa é com a gente tendemos a suspirar e gemer, como
é difícil!
A Bíblia é cheia de exemplos de perdão, vale destacar aqui o
perdão de um senhor de escravos a um escravo rebelde e fugitivo chamado
Onésimo, escravo de Filemom. Esta história está registrada na Carta do apóstolo
Paulo a Filemom.
Quem era Filemom? Este homem era um morador da cidade de
Colosso, convertido a Cristo pela pregação do apóstolo Paulo, considerado seu
Pai na fé. Era um cristão rico e mantinha uma igreja reunida em sua casa. Na
época, tanto ser um senhor de escravos era legítimo quanto ter uma igreja
doméstica, algo comum na Igreja Primitiva.
Quem era Onésimo? Como já foi dito, era um escravo de
Filemom, mas também convertido pela pregação de Paulo, evangelizado e batizado
em Roma. Local de sua fuga e provável prisão. Outro filho na fé do apóstolo aos
gentios, companheiro de sofrimento na prisão, o qual "foi gerado nas minhas
prisões", escreveu Paulo. Onésimo além de fugir da casa de Filemom ainda
furtou bens materiais do seu senhor, prejuízo o qual o apóstolo Paulo se dispôs
a pagar.
A pena para o crime de Onésimo era a morte por ser fugitivo
e também por ter sido ladrão, porém Paulo intercedeu pela vida do escravo. Por
causa de sua conversão genuína, Paulo pede que Filemom receba o servo de volta
como um irmão, como se fosse o próprio Paulo -- "Recebe-o como a mim
mesmo", diz Paulo. Se somos um só corpo em Cristo o perdão a outro é como
perdoar a si mesmo. -- Assim nós, que
somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros
uns dos outros. Romanos 12:5-6. -- Estanho isso, não? Não. Perdoar um
inimigo é algo nobre, mas perdoar um irmão (cristão) é como se estivéssemos
perdoando a nós mesmos, é uma resposta afetiva ao próximo, como se colocar no
lugar da outra pessoa:
Irmãos, se algum homem
chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai
o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não
sejas também tentado. -- Gálatas 6:1
A Carta de Paulo a Filemom é uma carta de amigo para amigo,
de irmão para irmão. É uma Carta que defende a causa de um escravo criminoso.
Paulo como apóstolo podia usar de sua autoridade para que Filemon recebesse Onésimo sem
puni-lo, pois seria uma ordem para fazer o que era correto, mas Paulo usa a força
do amor, da piedade e compaixão que deve haver entre os irmãos em Cristo para
pedir a Filemon que perdoasse seu escravo fugitivo. Esta carta é um nobre
exemplo de amor cristão, algo belo e nobre de se conhecer, mas colocar em
prática e ignorar as ofensas é um processo doloroso. Não deve ter sido
diferente para Filemom, porém um grande testemunho certamente.
Filemom possuía uma queixa legitima contra Onésimo, mas como
a Palavra de Deus quebra muitos de nossos paradigmas mundanos, temos que ouvir
e atender a voz do Espírito Santo que diz: Se você tem alguma queixa contra
alguém, perdoe como o Senhor te perdoou. E a chave para abrir o nosso
entendimento é a Cruz de Cristo. Lembre-se, assim como o Senhor te perdoou você
deve perdoar os outros. Simples assim:
Sejam bondosos e
compassivos uns para com os outros, perdoando-se
mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo. - Efésios 4:32.
Matthew Henry comentando Colossenses 3.13: Suportando-vos uns aos
outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro;
assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. -- Resume que o
cristão não deve apenas não cometer nenhum dano ou prejudicar o próximo, mas
fazer o bem que puder fazer, a todos. Os escolhidos de Deus devem praticar a
humildade e compaixão para com todos.
Vivemos num mundo terrível de corrupções tanto externamente,
o mundo do lado de fora, que enxergamos, o nosso dia-a-dia, quanto em nosso
mundo interno, em nossos corações. O que mais vemos ao nosso redor são brigas e
confusões, e muitas vezes podemos estar inseridos nelas. Nessas situações o
melhor a fazer é pedir a Deus que a sua paz domine nossos corações, que não
sejamos impulsionados pela ira, rancor e amargura. Numa ira, não adiantará
muito respirar mil vezes antes de falar se o coração não estiver em paz com
Deus. -- Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo. Gálatas 6:2.
O Espírito Santo nos orienta e conduz a SUPORTAR. Suportar é aguentar, resistir; tolerar. Como
colunas que suportam um edifício. Suportar vem do latim SUPPORTARE, "carregar,
transportar." "SUP" significa "SUB", "abaixo"
e "PORTARE", "levar, carregar." A ideia é colocar-se abaixo
de uma carga para apoiar. Algo sofrido, que não é fácil mas que Deus nos dá a
capacidade de carregar e suportar. Como ensina Provérbios 19.11:
A sabedoria do homem
lhe dá paciência; sua glória é ignorar as ofensas.
Esse SUPORTAR muitas vezes é cansativo, dolorido, sofrido,
como já foi dito. Mas nosso modelo do homem perfeito é Cristo que SUPORTOU com
longanimidade todos que lhe queriam e fizeram o mal. A LONGANIMIDADE é um ânimo
prolongado, perseverante em um propósito paciente. A longanimidade é algo que
se pratica em silêncio, sem murmuração. Cristo nos suportou e nos suporta com
paciência e misericórdia. PERDOAR é graça! Se alguém tem alguma queixa contra alguém,
lembremos-nos da história de Filemon e Onésimo e das misericórdias do Senhor,
que são as causas de não sermos consumidos pela Ira de Deus. -- Porque o juízo será sem misericórdia sobre
aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo. Tiago
2:13.
SUPORTAR uns aos outros é levar as cargas uns dos outros, suportar
a fraqueza dos outros, perdoar-nos mutuamente de todas as falhas, delitos, e
orando para Deus perdoá-los, assim como Cristo nos perdoou. NÓS CAUSAMOS TODOS
OS FERIMENTOS EM CRISTO JESUS NAQUELA CRUZ, e ele nos perdoou desses ferimentos
que fizemos nele. Nosso Senhor suportou toda vergonha e zombaria em nosso
lugar, e foi condenado em nosso lugar! Perdoar nosso próximo é algo não tão
pesado quando meditado aos pés da cruz. Nossa religião é a dos perdoados e dos
perdoadores. A cruz é o preço do nosso perdão. Como disse D. Martyn
Lloyd-Jones: "Se realmente conhecemos a Cristo como nosso Salvador, os
nossos corações são quebrantados, não podem ser duros, e não podemos negar o
perdão".
Pois se perdoarem as ofensas uns dos outros, o Pai celestial também
lhes perdoará. Mateus 6:14
23.7.14
EVANGELHO E WEB 2.0 (OU 3.0)
EVANGELHO E WEB 2.0
(OU 3.0)
PONTUANDO BREVEMENTE O POTENCIAL
DA DIFUSÃO TEOLÓGICA EM PERSPECTIVA ATUAL DO CONHECIMENTO ABERTO
Raniere Menezes
A Internet (e mídias digitais) evolui tão rapidamente que é
controverso tentar defini-la como 2.0, este termo é popularizado desde 2004, quando
se descreveu sobre os usuários da segunda geração do WWW. É algo associado ao
conceito de troca de informações e colaborações dos usuários da Rede. Alguns já
usam o termo Web 3.0, como uma existente terceira geração da Internet por causa
do maior conhecimento de navegação dos internautas e também por causa da
mobilidade, é possível acessar a Internet na palma da mão em qualquer lugar e
hora. Acredito que a maioria dos
usuários comuns ainda estão na Web 2.0, onde o Google, You Tube e Facebook
predominam na navegação. Talvez estejamos numa Web 2.5 para ninguém brigar.
A produção de conhecimento e informações através da Internet
cresce de modo absurdo e o grande desafio para todas as áreas do conhecimento é
o que fazer com tanta informação? Como filtrar montanhas e montanhas de
informações? A palavra do dia é "gestão de conhecimento". Imagine que
exista uma livraria do tamanho da Rússia e que somente sua vitrine dos
lançamentos fosse do tamanho da Grande Muralha chinesa e ainda exista mesas e
mais mesas com os livros mais vendidos com a dimensão do Brasil. Ainda faltam as prateleiras, que
cobrem todo território citado, como pesquisar livro por livro? Quando falamos
em produção de informação no ciberespaço a complexidade é muito maior que a
nossa livraria russa.
A Web 2.0 é uma explosão e a conectividade e interatividade
estão crescendo na mesma velocidade. E a Igreja está inserida dentro dessa
transformação e submersa numa espécie de caos teológicos, nunca se viu tanta
loucura gospel como hoje. Isso significa que, com tamanho fluxo de informações
e novas formações de conexões e compartilhamentos com outras pessoas e
conhecimentos, é impossível adquirirmos toda a quantidade de informação
disponível em determinada área.
Os maiores difusores tradicionais da educação teológica da
modernidade e pós-modernidade até então foram os seminários de teologia. A palavra "seminário" vem do latim
"seminariu", que origina e significa "sementeira; viveiro de
plantas onde se fazem as sementeiras." A ideia era de que o
"seminarista" ficasse separado sob cuidados especiais e protegido
durante o tempo de sua formação teológica. Esse conceito era válido igualmente
para católicos romanos e protestantes. Para os católicos a ideia era proteger
os seminaristas das heresias protestantes, e vice e versa. Hoje, com o
conhecimento aberto e a grande expansão de informações, a aplicação etimológica
não faz tanto sentido, e na prática a difusão teológica deve se adaptar a esta
realidade ainda indefinida e dinâmica. Dificilmente se encontra hoje uma
unanimidade PRÁTICA eclesiológica e
missiológica dentro de uma denominação, em parte resultado da ampla oferta de
cosmovisões. Essa fragmentação de realizações diferenciadas é um fato em todas
as denominações cristãs. Geralmente há uma maior aceitação e tolerância de uma
certa liberdade de atuação. Se isso compromete alguns princípios básicos da fé
cristã, é outro assunto que merece ser tratado a parte.
Voltando a nossa ideia central, a visão de instruir as
massas populares foi enfatizada de maneira peculiar no ambiente da Reforma Protestante
no século XVI. A teologia não deveria
ser mais contida em poucos e restritos lugares, mas houve uma larga expansão
aos mais diferentes contextos geográficos. Assim nasceu a ideia da Academia de
Genebra, na Suíça, com Calvino, para citar um exemplo embrionário. Genebra
tornou-se um centro educacional de preparação teológica como um trampolim para
alcançar as regiões mais distantes. Muitos crentes vocacionados e perseguidos
pela Contra-Reforma buscavam refúgio e preparação na Academia.
A contribuição da Academia de Genebra foi fantástica. Ela se
transformou num centro de difusão teológica
estratégica formando centenas de pessoas de diversas nacionalidades.
Esta visão inicial da Reforma em promover formação teológica para propagação do
Evangelho é fundamental para a expansão
missionária da fé cristã hoje, tanto quanto no contexto da Reforma. Atualmente,
com a Internet devemos manter a mesma visão e espalhar os princípios da
Reforma. Cada vez mais haverá menos necessidade do estudante sair de sua região
para se preparar e então voltar e espalhar o Evangelho como missionário. É
preciso descentralizar nesse sentido de aprendizagem. Se Genebra já foi um
centro missionário, podemos imaginar hoje que pode haver milhares de Academias
em cada localidade geográfica por causa das ferramentas de comunicação que
temos.
Muito tem se falado sobre o conhecimento distribuído após o
início da Era Digital que vivemos. Somos estudantes do século XXI e as aquisições
de conhecimento e informações estão ligadas diretamente a vida do dia-a-dia
para quem faz uso de recursos tecnológicos disponíveis e cada vez mais
acessível e de uso fácil e intuitivo.
Com o avanço dos mecanismos de buscas e filtragens a aprendizagem
avançará mais ainda. Acredito que estamos vivendo hoje muito mais uma fase de
fomentação teológica e que posteriormente virão os ajustes que não surgirão de
vias tradicionais, nos moldes dos seminários presenciais em sua perspectiva
institucional de ensino. Em certa escala isso já está acontecendo.
George Siemens, um autor canadense que trata sobre
aprendizagem e era digital, resumiu bem
sobre esse contexto que estamos vivendo na troca de informações, ele diz que
"a tecnologia reorganizou o modo como vivemos, como nos comunicamos e como
aprendemos." A aprendizagem informal só tende a crescer, é um processo
dinâmico e complexo, que já está acontecendo e é irreversível. Isso é fato, a
mudança na aprendizagem mudou, e é preciso rever paradigmas. As novas
ferramentas vão surgindo e o modo como se trabalha, se estuda, vão sendo
alterados. Este é o novo ambiente do Evangelho na era digital.
Não existe nada de novo na aprendizagem fruto de conexões
entre pessoas, comunidades e conteúdos. Os discípulos da Igreja Primitiva
podiam reunir dezenas e centenas de pessoas para conhecer mais sobre o
Evangelho e essas pessoas ao retornarem para suas comunidades descentralizavam e distribuíam o
conhecimento. Os conteúdos muitas vezes eram preservados e propagados através
de manuscritos, a exemplo das Cartas Apostólicas que circulavam dinamicamente
por todo mundo antigo. Havia uma rede de conexões e o conhecimento circulava
por essas redes. A diferença hoje é a velocidade do compartilhamento e a des-integração, há muito mais
fragmentação e caos. Nesse cenário fica mais difícil conectar o conhecimento
específico e relevante. Daí a importância em termos a teologia como um sistema
(também a confessionalidade, necessária). O que já faz a teologia sistemática
ao longo da história. Sistema nada mais é que um conjunto de elementos
relacionados entre si, também uma reunião de princípios de modo a formar um
corpo de doutrina. O corpo de doutrinas cristãs ortodoxas não nasceram da noite
para o dia, é fruto de muitos debates e confrontos com heresias. O nosso
trabalho é garimpar e propagar.
O maior desafio é saber filtrar e compartilhar em meio ao
caos. É preciso entender que não há nada de novo a ser ensinado na fé cristã,
mas a mudança é relacionada ao que os teóricos da comunicação chamam de
"escalabilidade da comunicação." A igreja em seu ensino-aprendizagem
deve respeitar a história das doutrinas cristãs, da produção de defesas da fé
ao longo do tempo. O armazenamento de informações não é uma ideia nova, as
bibliotecas que o digam. O ponto hoje é como melhorar o acesso, a filtragem e
compartilhamento. Usar bem as novas ferramentas disponíveis e criar outras que
aumentem a colaboração e conexão das redes. Esse é o grande desafio do mundo
sem fronteiras.
Se você pensa em desenvolver algum projeto de propagação do Evangelho na Internet e acha que não tem recursos necessários, lembre-se da famosa frase de Roosevelt: Faça o que pode, com o que tem, onde estiver.
Se você pensa em desenvolver algum projeto de propagação do Evangelho na Internet e acha que não tem recursos necessários, lembre-se da famosa frase de Roosevelt: Faça o que pode, com o que tem, onde estiver.
***
21.7.14
6 MOTIVOS DE OURO PARA ORAR
1. Para que nosso
coração possa sempre estar inflamado com um contínuo e ardente desejo de
buscá-lo, amá-lo e servi-lo, enquanto nos acostumamos a recorrermos somente
a Ele, como uma âncora sagrada, em cada necessidade.
2. Para que nenhum
desejo, não nos leve a fazer algo vergonhoso diante dele, ou para evitar
que algo entre em nossas mentes, enquanto aprendemos a colocar todos os nossos
desejos à sua vista e, desse modo, derramarmos nosso coração diante dele.
3. Para que possamos
estar preparados a receber todos os seus benefícios com verdadeira gratidão e
ação de graças, pois são nossas orações que nos fazem lembrar que elas
procedem de suas mãos.
4. Para que uma vez
tenhamos alcançado o que lhe pedimos nos convençamos de que ele ouviu nossos
desejos, e por eles sejamos muito mais fervorosos em meditar sobre sua
liberalidade.
5. Para desfrutarmos
com muito mais alegria das misericórdias que nos tem feito, compreendendo
que as temos alcançado mediante a oração.
6. A fim de que a
prática da oração e a experiência confirmem em nós, conforme a nossa
capacidade, sua providência, compreendendo que não somente promete que
jamais nos faltará, que por sua própria vontade nos abre a porta para que no
momento da necessidade possamos propor-lhe nossas petições e que não nos
desapontará se divertindo com seu povo corri palavras vãs , prova-nos ser uma
ajuda presente e real.
O próprio Senhor declara: “Próximo a todos aqueles que
invocam está o Senhor, a todos aqueles que o invocam em verdade” (Sl 145,18).
João Calvino – Breve trecho de O livro de Ouro da Oração –
Editora Cristã Novo Século – 2003 – Tradutor: Cláudio J.A. Rodrigues - Extraído
da : Instituição da Religião Cristã – Livro Terceiro,Cap.XX – Intitulado: Da
Oração. Tópico original: Seis razões principais de orar a Deus.
20.7.14
RAMIFICAÇÕES DA INFIDELIDADE OU O EFEITO DOMINÓ
Vocês se desviaram do caminho e pelo seu ensino causaram a
queda de muita gente. Malaquias 2:8
O pecado começa como teia de aranha, mas torna-se uma camisa de força.
-- J. C. Ryle
Quando alguém com sua boca diz que é fiel a Deus mas com
suas ações é desobediente e rebelde, tudo que gira ao redor dessa pessoa sofre,
corrompe-se e se degrada. Muitos dos nossos maiores prejuízos espirituais são
consequências de pequenos desvios, de pequenos tropeços; a primeira pedra do
dominó. Quando quebramos nossos votos a Deus, nosso relacionamento com as outras
pessoas também são prejudicadas. E não adianta chorar se o coração tiver duro.
Somente o arrependimento verdadeiro restaura a plena comunhão com Deus e com as
pessoas ao nosso redor.
O que Deus requer de nós? Tão somente como Ele declarou ao
profeta Miquéias:
Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o
Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes
humildemente com o teu Deus? Miquéias 6:8
Praticar a justiça é a base ética dos Mandamentos de Deus
juntamente com a piedade, e obedecer (andar humildemente) é o único caminho seguro
para que os outros relacionamentos pessoais andem bem. Aquele que não é fiel a
Deus, ainda que ele seja uma pessoa exemplar e pareça um bom marido, um bom
amigo, sem a fidelidade verdadeira com Deus, tudo desmorona, pois não passa de uma
grande mentira e pecaminosidade. Quando dizemos que Cristo é Senhor mas não
andamos em plena comunhão com ele somos mentirosos e fariseus. A convicção de
pecado é em sua origem a convicção de um relacionamento errado com Deus. Não
adianta chorar, não adianta chamar "Senhor, Senhor!", é o que ensina
a Palavra:
E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu
digo? -- Lucas 6:46
Como em Malaquias 2.10, muitas vezes somos como aquele povo
citado, infiéis uns com os outros. E que fique claro, quando nos encontramos infiéis
para com o nosso próximo é porque antes fomos infiéis para com Deus. E no
contexto de Malaquias, de modo especial, os líderes religiosos, os sacerdotes,
eram grandemente responsáveis pelos danos, pois eles desviavam o povo, e não
podiam manter fidelidade ao povo quando já haviam quebrado seus votos a Deus. Percebe
o efeito dominó?
A apostasia começa quando não se mantém na origem o temor a
Deus e o amor pelos mandamentos. A consequência é que não é possível respeitar
os mandamentos que se relacionam com o próximo. E esta infidelidade se ramifica
atingindo todas as nossas áreas de relacionamentos, trabalho, igreja, família e
sociedade. De modo especial, o campo mais prejudicado é o casamento -- as
primeiras pedras do dominó. Seja através de um relacionamento condenável como
casar com incrédulos, seja com a prática do divórcio, algo abominável para
Deus. Cuide de sua comunhão com Deus, da adoração sincera, da fidelidade. "O temor reverente a Deus é a chave para a
fidelidade em qualquer situação", como já disseram.
17.7.14
COMO CALAR A BOCA DOS INIMIGOS
Parece um tanto "não cristão" um texto que fala em
calar a boca de alguém, mas é bíblico. No entanto, não é um
"cala-boca" qualquer e de qualquer maneira, como um ato agressivo que
triunfa a ignorância e ira. Não é isso! As analogias ligadas aos cristãos, por
si só, já apontam como funciona esse "calar". Os cristãos são
chamados, entre outros adjetivos, de "pedras vivas", "sal",
"luz" e pelos frutos se pode conhecer a natureza.
O simples fato (que não é simples!) de andar nos caminhos do
Senhor e glorificar a Deus através do Espírito Santo INCOMODA os inimigos de
Cristo. O simples fato de se esforçar em santidade e boas obras já é motivo de
incômodo para quem não é de Cristo. Não poucas as vezes, as pessoas que não têm
comunhão com Cristo, acusam os cristãos de fazerem o mal. Mas a Palavra ensina
que, apesar de sermos acusados, chegará uma hora em que eles verão nossas boas
obras e glorificarão a Deus.
A consciência correta sobre o assunto é importante. Por mais
que a gente se esforce para viver praticando o bem e em paz com nossos vizinhos
incrédulos, sempre poderá existir algum tipo de calúnia e difamação. E que não
devemos esperar justiça de pessoas injustas, lembrando que todos nós somos
injustos e que dependemos totalmente da justiça de Jesus Cristo para nos
aperfeiçoar. E que, apesar das injustiças, devemos continuar nos esforçando em
honrar ao Senhor com nosso comportamento e atitudes. Manter uma conduta justa e
piedosa diante de malfeitores não é uma tarefa fácil. Mas a Palavra ensina que
as nossas boas obras glorificam a Deus e em seu tempo, calam a boca dos
inimigos.
Tendo o vosso viver honesto entre os gentios; para que,
naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, glorifiquem a Deus no dia
da visitação, pelas boas obras que em vós observem. 1 Pedro 2:12
Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a
boca à ignorância dos homens insensatos. 1 Pedro 2:15
Tendo uma boa consciência, para que, naquilo em que falam
mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que blasfemam do vosso
bom porte em Cristo. 1 Pedro 3:16
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. Mateus
5:16-17
Lembre-se de Daniel quando seus inimigos tentavam encontrar
motivos para acusações e não podiam encontrar NENHUMA corrupção nele, porque
ele não era corrupto nem negligente. Cf Dn 6.4.
Paulo ensinava que devíamos ter o cuidado de fazer o que é
certo, não só aos olhos de Deus, mas também aos olhos das pessoas. -- Pois
zelamos do que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos
homens. 2 Coríntios 8:21
São muitos os exemplos para que andemos honestamente e em
justiça. A Palavra de Deus nos exorta todo tempo a evitar certos pecados, pois
nossos desejos carnais são destrutivos. Naturalmente, quando somos ofendidos
queremos "matar" a quem nos ofende. Porém, o Espírito Santo ensina a
"morte do pecado"; a mortificação. -- Se teu inimigo tiver fome,
dá-lhe pão para comer... porque assim lhe amontoarás brasas vivas sobre a
cabeça... Pv 25.21,22. -- É constrangedor receber o bem quando se paga com o
mal.
A melhor maneira de calar nossos inimigos é fazendo o bem, é
viver honestamente entre os ímpios. Os cristãos antigos eram acusados de virar
o mundo de cabeça para baixo, de serem subversivos, de serem contra os
governantes, de serem ateus (pois não eram politeístas), de serem blasfemadores
da idolatria do povo, mas eram biblicamente exortados a observar as boas obras
para que calassem a boca dos inimigos e continuavam a fazer o bem.
Segundo as Palavras do Senhor:
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade
edificada sobre um monte; Mateus 5:14
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus. Mateus
5:16
As boas obras falam à vista de todas as pessoas, é como uma
luz na escuridão. Os cristãos devem fazer a coisa certa primeiramente diante de
Deus; aos olhos de Deus, e consequentemente, essas obras falarão por si a
todos, em muitas situações. As boas obras são parte da religião professa, não
toda religião, mas parte importante, tão importante que toda religiosidade
falsa e hipócrita tenta se esconder atrás dessa aparência externa luminosa do Evangelho
de Cristo.
A fé prática cristã tem
o poder de transformar o mundo, o mesmo mundo que odeia, zomba e persegue os
ensinos de Cristo. A escravidão humana era uma prática comum e legal até
recentemente na história, mas de modo gradual desapareceu onde a lei cristã do
amor prevaleceu -- E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira
lhes fazei vós, também. Lucas 6:31. -- Na
antiguidade, quando os pagãos abandonavam seus parentes mais próximos
contaminados com alguma praga, os cristãos que cuidavam dos doentes e mortos.
Quando em guerras, muitos pagãos deixavam seus mortos sem sepultura após as
batalhas e os feridos a perambular pelas estradas, os discípulos de Cristo que ofereciam
sepultamento digno e alívio aos sofrimentos. Todos esse exemplos faziam com que
muitas pessoas não cristãs glorificassem a Deus. E este é o objetivo de fazer o
bem, glorificar a Deus, não a nós. Os
antigos cristãos sempre ensinaram que, embora... os discípulos devam ser vistos
praticando boas obras, eles não devem praticar boas obras para serem vistos. O
ser visto é uma consequência natural da luz que não pode ser escondida.
No capítulo XVI da Confissão de Westminster, parte da
segunda seção, sobre as Boas Obras, diz que: "Estas boas obras, feitas em
obediência aos mandamentos de Deus, são o fruto e as evidências de uma fé viva
e verdadeira (Tg 2:18,22); por elas os crentes manifestam a sua gratidão (Sl 116:12,13;
1 Pe 2:9), fortalecem a sua confiança (1Jo 2:3,5; 2Pe 1:5-10), edificam os seus
irmãos (2Co 9:2; Mt 5:16), adornam a profissão [de fé] do Evangelho (Tt 2:5,9-12;
1Tm 6:1), tapam a boca aos adversários
(1Pe 2:15) e glorificam a Deus (1Pe 2:12; Fp 1:11; Jo 15:8). -- Então que fique
bem claro que, o CALAR A BOCA dos inimigos é uma consequência natural da ação
do Espírito Santo que faz com que o cristão aja em obediência a Lei de Deus,
com gratidão, confiança, edificação e todas as outras coisas para a GLÓRIA DE
DEUS.
Raniere Menezes